A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 44
Será Que Alguém Mais Viu? - £


Notas iniciais do capítulo

Oi leitores e leitoras! Estou postando pq sou uma alma caridosa - mentira, eu já tinha os capítulos prontos e etc... kkkkk -, espero que gostem do capítulo e tudo mais...
Beijooooos,
Ju!
Comentem o que acharam :D



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Vi Claire sorrir de leve, e tirar um telefone do bolso, apertando as teclas incansavelmente, até o enfiar novamente dentro da calça jeans.

Ela apertou meu braço, e começou a me guiar para fora da igreja, mas não poderíamos ir ainda. Mais caçadores estavam feridos, e eu não me sentiria confortável se simplesmente saísse pela porta sem nem ao menos checar se eles estavam realmente bem.

Livrei-me do aperto de Claire, e corri até um dos caçadores de Manhattan que estava apoiado na parede, parecendo bem machucado. O ajudei a levantar segurando-o pelos cotovelos, e ele fez uma careta quando meus dedos esbarraram por seu tronco. Pedi permissão para lhe levantar a camiseta preta, e vi a pele coberta por machucados que sangravam.

Minha expressão deveria ser de puro espanto, porém o caçador simplesmente abaixou sua camiseta, espantando meus dedos para longe suavemente, e disse:

– Estou bem, vá ajudar Cristal.

Ele apontou para uma mulher com cabelos tão pretos que praticamente não eram vistos na escuridão, e olhos como duas piscinas de águas claras. Apesar de estar cheia de machucados pela face, e com a roupa parcialmente rasgada, ainda assim continuava esbelta.

Fui a sua direção, mas ela recusou minha ajuda, se jogando nos braços do caçador que eu havia ajudado.

– George! – ela gritou.

O ouvi expirar fortemente de dor quando ela se chocou contra seu corpo, mas ainda assim enlaçou os braços ao redor de sua cintura. Ela, sem pensar duas vezes, beijou-o nos lábios também feridos.

Uma pontada de inveja se fez presente, e eu sabia que deveria dar a eles um pouco de privacidade.

As luzes da igreja finalmente se acenderam, fazendo com que eu tivesse de colocar as mãos no rosto para proteger os olhos da claridade repentina.

Vozes encheram o cômodo, e quando a claridade de tornou confortável o suficiente para eu poder abrir os olhos, dei de cara com três figuras carregando armas absurdamente grandes e aparentemente pesadas. Seus rostos estavam cobertos por máscaras anti gás e fumaça, e passavam a clara mensagem de não quererem ser vistos.

Uma quarta figura, surgiu e pude perceber que sua presença era tão imponente e forte quanto a de qualquer um ali presente. Aquele homem não era um sobrenatural, já que era possível sentir que ele não emanava uma sensação ruim que percorria todo o corpo. A única coisa que eu sentia vindo dele era a necessidade de respeitá-lo. A qualquer custo.

Observei pelo canto do olho alguns caçadores de Manhattan abaixar as armas e cabeças, e fazerem um sinal com os dedos. E então, os caçadores de Sleepy Hollow abaixaram a cabeça em respeito.

Repeti o movimento, e senti minhas costas queimarem sob o olhar de alguém. Observei atentamente as pessoas ao meu redor, mas nenhuma delas parecia estar prestando atenção em mim. Elas pareciam muito concentradas no homem de terno que ainda estava parado na porta da igreja, analisando tudo ao seu redor.

Ele bateu as duas mãos juntas, e várias pessoas entraram com equipamentos estranhos, peças iguais as que tínhamos destruído, e outro anjo, parecendo ser de cimento.

Eles tinham tudo pronto para qualquer coisa, não? Minha mente gritava.

O homem colocou as mãos para trás, e caminhou pela igreja. Eu o observava, sempre com a mão na arma. Não confiava nele, apesar dos outros caçadores demonstrarem ao contrário.

Sua pele era pálida e sem nenhuma ruga, o que denunciava que ele não era muito mais velho do que eu, porém, aquele homem tinha uma confiança tão grande nele mesmo, que eu duvidava ter sequer metade dela.

– Caçadores, – ele se pronunciou, sua voz rouca e alta fazendo eco na igreja parcialmente destruída. – espero que tenham aprendido que, nem sempre as coisas saem como esperado.

Um traço de confusão passou por todos os rostos presentes.

– Hoje os Finnik fugiram, e tudo por culpa de vocês.

A indireta me atingiu no meio da cara, como uma porta, mesmo que as pessoas ali – e até mesmo aquele cara – não percebessem. Eu os tinha afugentado da morte certa. Eu era a culpada.

E por mais que quisesse chorar naquele momento, senti os dedos enlaçando a balestra cuidadosamente, mas não me dei ao luxo de engatá-la e muito menos de puxa-la mais para meu corpo.

O homem parou na minha frente, e me examinou, com os olhos cuidadosamente passando por meu rosto, mas não indo mais para baixo do que a base do pescoço. Senti meu rosto corar, e da distância que ele estava era possível ver o tom avermelhado começar a tomar minhas bochechas.

– E isso vale também para vocês, caçadores de Sleepy Hollow.

Reprimi a vontade de revirar os olhos, e senti um incômodo no estômago.

Deus, não me deixe vomitar nele!

Seus olhos âmbar claros eram atentos ao meu rosto, e ele trancava a mandíbula quadrada como se reprimisse algo. O homem passou os dedos de leve nos cabelos castanho-escuros e sorriu de leve. Sua barba completava a imagem que eu tinha de um homem perverso, mas seu sorriso não parecia dar continuidade a esse pensamento.

Apesar dele ter dado uma pequena demonstração de que não era mortal, uma parte de meu corpo não me deixava relaxar, e muito menos soltar a besta.

– Helena Jameson, não é? – ele disse como se me conhecesse, e estendeu a mão.

Peguei-a ainda com receios, e ele continuou:

– Sou Ezra Walsh, é um prazer finalmente lhe conhecer.

Engoli seco.

– Parece que o gato comeu sua língua – Ezra comentou, e se virou, saindo de perto de mim.

Minhas mãos tremiam copiosamente, e eu queria me esconder embaixo de um cobertor pelo resto da noite, e não ter que enfrentar mais nada e nem ninguém. Meu corpo estava dolorido e não conseguia pensar em outra coisa a não ser matar aquele lobo.

As pessoas estavam arrumando a igreja apressadamente, como se tivessem um prazo – e eu não duvidava que realmente tivessem –, andando de um lado, enquanto todos os caçadores ficavam de pé desajeitadamente, espalhados pela igreja. Ouvia-se a respiração pesada daqueles que estavam machucados e os passos apressados das outras pessoas.

– Já que estão todos aqui, – Ezra deu uma olhada pelo cômodo e mais uma vez sorriu. – ou quase todos, é melhor já ir falando que teremos uma reunião amanhã de manhã, e a menos que queiram dirigir duas horas para chegar em Sleepy Hollow, aconselho que passem a noite no hotel perto de nossa empresa.

Engoli seco, e não pude evitar lançar um olhar meio desesperado à Claire que encarava Ezra com uma intensidade desnecessária. Dei-lhe um cutucão com o cotovelo, e ela acordou um pouco, ruborizando de leve.

– Não trouxemos dinheiro. – disse Hugh, e eu agradeci mentalmente por não ter de ser a pessoa a dizer aquilo.

Ezra o olhou e disse com a voz arrastada:

– É por isso mesmo que ele fica perto da empresa. Temos muitos contatos ali dentro, e vocês não precisarão pagar nem um centavo.

Uma sensação de alívio e descrença passou por meu corpo como uma onda, me mostrando como Sleepy Hollow estava meio atrasada com essas coisas de “contatos”. O máximo que conseguíamos era uma rosquinha de graça ou até mesmo um café depois das caçadas, mas nunca um quarto de hotel, ou nada disso.

E era por conta disso que minha casa havia virado uma pensão. Edward, e agora meu irmão. Ambos não tinham lugar para ficar, mas eu não teria coragem de manda-los embora, afinal, tinha quartos de sobra.

Vasculhei os rostos de meus companheiros, e pude ver que eles se sentiam da mesma maneira que eu. É claro, sem a parte da descrença, pois eles pareciam muito cansados e precisando urgentemente de uma cama.

– Vamos? – Ezra perguntou cordialmente, indicando a saída para nós.

Deixamos os caçadores de Manhattan irem primeiro, e os seguimos. Eles entraram em carros altos e pretos, e nós fomos atrás com as vans cheias de pessoas. O fato de ir para um lugar desconhecido e sem Edward me aterrorizava mais do que ter descoberto que ele era um metamorfo. Não. O sentimento de estar sozinha pela primeira vez quando eu já estava acostumada a tê-lo ao meu lado, me protegendo e coisa parecida, me fazia ter uma vontade de chorar absurdamente grande.

Mas Claire estava comigo e segurava meu braço como se fosse arrancá-lo, numa maneira tão possessiva que me assustava. Ela não seria um deles, certo?

– Claire, - perguntei enquanto avançávamos pelas ruas. – você não é um dos metamorfos, certo?

Ela fez uma careta, parecendo repudiar a ideia.

– Não! – ela disse, indignada. – Por que você pensou isso?

Ignorei sua pergunta e apenas dei de ombros.

– Por que eu não saí numa briga com um dos metamorfos como você? – sua voz ficou cínica, como se ela me provocasse.

Ri de leve.

– Não é por isso. E foi ele que começou.

Pude ouvi-la revirando os olhos.

– Eu poderia estar bem concentrada matando aquele demônio, mas foi você quem se jogou contra o lobo, Helena. – Claire disse, e meu coração bateu mais rápido. – Belo golpe, a propósito.

E com isso a van ficou em silêncio.

Será que alguém teria visto o que eu tinha feito, além de Edward e Claire?

Minhas palmas pareceram suar ainda mais do que já estavam, e tudo o que eu conseguia pensar era em como eu estaria encrencada se alguém além deles tivesse visto. Mas ele não abriria a boca, afinal, também tinha segredos para guardar. E muitos!


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Notas finais do capítulo

Continua?



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