A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 35
Algo Assim - £


Notas iniciais do capítulo

Oii!!! chegamos aos 250 reviews, graças à vocês, leitoras lindas e dedicadas, e até mesmo as fantasminhas! Amo todas vcs haha
Beijoooos e espero que gostem,
"HELENA ESTÁ DE VOLTA!" kkkkkkkk
Ju!



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A única coisa possível de se ouvir era o som do motor do carro e como seu ronco preenchia o silêncio melancólico que se instalava ao nosso redor.

Obviamente eu não culpava Jason, afinal, estávamos em uma situação em que ele estava desabrigado e ferido, e eu era a irmã que surgira do meio do nada, pronta para ajudar, depois de três anos sem estabelecer nenhum contato. Nem eu conseguiria perdoar tão rápido se fosse a situação contrária.

Observei pelo canto do olho Jason se remexer desconfortável quando estacionamos na garagem, e pude ver que ele continuava a apertar a bolsa de documentos, deixando os nós dos dedos praticamente brancos.

Quando desliguei o carro, respirei fundo e me virei para olhar para ele, vi que meu irmão encarava o painel como se não esperasse para sair dali tão cedo.

Suspirei e abri a porta do carro, indo até o porta-malas. A única mala que eu havia deixado Jason levar era a cheia de papéis, portanto, a tarefa de levar a outra – mais pesada e gigante – ficara incumbida a mim. Não que eu reclamasse! Fazer algo que ajudasse meu irmão - mesmo que fosse somente para levar uma mala de roupas - me deixava exultante por dentro. Quase como se compensasse por todos os anos que eu passei fora.

Peguei a mala e Jason percebendo minha dificuldade tentou esticar a mão para pegá-la, que eu rapidamente enxotei de perto da alça.

– Não toque. Você está machucado. – disse com os dentes trincados pela força que estava fazendo.

Ele sorriu de leve, e passou a mão por seu cabelo.

– Sempre teimosa, não?

Manejei sorrir em resposta e disse:

– Como uma porta.

Jason riu alto e parou abruptamente, tocando o peito com cautela.

– Ainda está doendo? – perguntei.

Ele deu de ombros e começou a andar até a entrada de casa.

Suspirei aliviada pelo clima não estar tão pesado, e consegui manejar arrastar a mala até a casa.

Jason abriu a porta para mim, e me ajudou a empurrar sua bagagem pela sala. Limpei um suor invisível da testa e ouvi uma voz estrondosa vindo do quarto de Edward, fazendo minhas sobrancelhas se uniram em confusão.

– Fique aqui. – sussurrei o guiando para o sofá, fazendo-o sentar. Joguei a mala em um canto qualquer e subi as escadas de dois em dois degraus.

Aproximei-me da porta do quarto de Edward e tudo o que podia escutar eram palavrões, suspiros e mais palavrões, como se ele tivesse frustrado com algo. Bati levemente na porta, e entrei sem nem ao menos pedir por sua permissão. Ele me encarou com uma das mãos puxando os cabelos, exasperadamente, e seu semblante suavizou-se.

– Ela está aqui. – ele sussurrou. A voz parecia ter descido alguns tons e estava consideravelmente mais leve e suave.

A mão que apertava os cabelos passou por seu rosto, e ele coçou a barba por fazer, voltando a massagear as têmporas.

– Quem é? – perguntei, mais curiosa do que nunca.

Edward disse sem palavras: Fitch. E foi isso que bastou para meu coração praticamente criar vida própria.

– Eu quero falar com ele.

Pude ver o pomo de adão de Edward subir e descer cada vez que ele engolia seco. De longe eu podia ouvir os gritos de Fitch e como ele parecia tão exausto e irritado quanto Edward.

Depois de mais alguns minutos de gritaria e silêncio por parte de Edward, ele finalmente falou:

– Helena quer falar com você.

E sem esperar resposta, esticou o telefone para mim, que eu peguei sem hesitar. Minha respiração estava entrecortada, e parecia que eu não ouvia sua voz há tempos.

– Fitch? – praticamente berrei no telefone.

Ouvi uma respiração baixa e mordisquei a boca, incerta sobre o que falar.

– Sinto sua falta. – sussurrei encabulada por ele não ter falado nada até aquele momento.

Mais alguns segundos de silêncio e tudo o que eu podia ouvir era a respiração que havia ficado pesada.

– Por favor, diga alguma coisa...

“Sinto sua falta também.” Ele disse, mas sua voz não era totalmente.

Sorri igual a uma idiota.

– Quando vai voltar? – perguntei mais animada.

“Daqui alguns dias.” Suas respostas eram curtas demais para meu gosto e a sensação dele não estar totalmente concentrado em mim me incomodava profundamente.

– Está tudo bem com você?

Minha pergunta pareceu o calar por alguns segundos, mas sua resposta fez meu coração palpitar de preocupação.

“Não.”

Houve um momento de silêncio tenebroso dos dois lados da linha e quando pensei que ele tivesse terminado, sua voz rouca soou novamente, como música para meus ouvidos.

“Mas não se preocupe, vou ficar bem para poder voltar para casa.”

– Você está doente ou algo assim? – minhas perguntas não paravam por ai.

Ouvi sua risada baixa, e sorri de leve.

“Algo assim.”

Suspirei e soube que seria inútil tentar falar com ele enquanto ele estivesse longe. Preferiria que ele estivesse do meu lado e falando direito comigo, de preferência.

Os olhos de Edward se arregalaram, e eu tive que me segurar para não bater com a cabeça na parede.

Eu realmente havia falado aquilo em voz alta?

A risada de Edward preencheu o ambiente, assim como a de Fitch, e logo meu rosto ficou da cor de um tomate.

“Desculpe, Helena, é que ando muito ocupado.”

– Percebi.

Ele riu de leve.

“Prometo que quando voltar lhe contarei tudo, certo?”

E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, outra voz – desta vez feminina – se fez presente, baixa, mas ainda assim ali.

“Vamos, Monet. Está na hora de você largar este telefone e dar um pouco de atenção a mim.”

Fitch murmurou um desculpe para mim, e mais alguma coisa que eu não pude escutar direito, e desligou.

Simplesmente desligou na minha cara. Sem nem ao menos dar uma despedida direito. Por que ele era ignorante demais para me dizer que havia encontrado alguém que era mais importante do que eu.

Este pensamento me pegou tão de surpresa, que o telefone ficou grudado em minha orelha por mais alguns segundos depois dele já ter desligado. Eu era importante para Fitch, certo? Mas por que ele estava agindo daquela maneira?

Estiquei o telefone para Edward que carregava nos olhos uma compaixão que eu não sabia existir.

– Helena... – ele começou.

Levantei o rosto vermelho de raiva.

– Não fique assim.

Dei de ombros sem me importar em lhe responder, e me virei para sair pela mesma porta que havia entrado.

– Assim como? – perguntei me fingindo de idiota.

Edward suspirou e quase pude ouvir seus olhos revirando nas órbitas.

– Toda chateada só porque ele não falou direito com você.

– Não é por isso. – rebati irritada.

Edward se surpreendeu por minha grosseria repentina, e eu rapidamente me arrependi de ter pronunciado aquelas palavras. Engoli seco e saí do quarto, não tendo forças para ficar no mesmo ambiente que ele.


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Notas finais do capítulo

Continua?