A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 3
Misterioso - £


Notas iniciais do capítulo

Mais um! kk
aproveitem!
Beijooos,
Ju! :D



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Acordei com a luminosidade que se espalhava pelo quarto, incomodando meus olhos, e gemi cobrindo o rosto. Uma música irritante me despertou completamente – ou quase -, e tive que tatear a cama em busca do telefone que insistia em tocar.

– O quê? – perguntei sem um pingo de paciência, ainda de olhos fechados.

“Helena? Oh, meu Deus! Ainda bem que está viva!” ouvi Claire do outro lado da linha.

Esfreguei os olhos demoradamente, tentando espantar o sono

– Por que não estaria?

“Ouvimos uma gritaria alta ontem, e depois o telefone ficou mudo. Pensei que algo tivesse acontecido com você.”

Lembrei-me de parte da noite de ontem, e percebi que Claire tinha razões o suficiente para estar preocupada comigo. Eu não fazia a menor ideia de como havia ido parar em casa, e nem quem era o estranho que tinha me salvado daquela criatura.

Como diabos ele havia entrado em minha casa?

Olhei para baixo vendo que ainda estava com a roupa da noite anterior, agradecendo mentalmente por ele não ter visto nada além de meus jeans e camiseta.

Abaixei a gola em V da camiseta e pude ver grandes roxos que se acumulava logo em meu peito e costelas. Toquei o lugar, e gemi de dor.

“Helena? Ainda está aí?”

– Sim. – respondi num sussurro.

“O que aconteceu ontem?” Claire perguntou um pouco mais preocupada desta vez.

Sentei na cama e me deparei com um bilhete apoiado na mesinha de cabeceira, com um copo d’água e aspirinas.

Peguei o bilhete com as mãos trêmulas e o abri.

“Tome cuidado da próxima vez. Não vou sempre estar à sua disposição.

“P. F”

Quem diabos era P. F? Seria talvez o nome de meu salvador? E por que ele me deixaria um bilhete?

Várias perguntas rondavam minha cabeça, e a maioria delas eu não tinha certeza se gostaria de saber as respostas. Elas provavelmente seriam muito cruéis e devastadoras, mas mesmo assim era o que eu procurava naquele momento. Eu não conseguiria ficar sem explicações, de maneira alguma.

– E-Eu estava dentro da igreja, e uma coisa apareceu. Ela me machucou e eu pensei que fosse morrer. – ouvi Claire arfar de surpresa do outro lado da linha. – Mas alguém apareceu e simplesmente a fez se despedaçar, Claire. Matou a criatura no meu lugar. – respondi, com um tom de surpresa na voz maior do que esperado.

Houve uma hesitação por parte de Claire, e pude ouvir sua respiração ficar mais carregada.

“E depois disso? O que aconteceu depois, Helena?”

Engoli seco.

E escolhi lhe responder da maneira mais sincera que conseguia encontrar.

– Não faço a mínima ideia.

Pude ouvi-la suspirar, e falar numa voz tão baixa que eu quase não era possível escutar.

“Escute, precisamos de você aqui, e o mais rápido possível. As coisas estão fugindo do controle, e pelo que eu saiba você é a única pessoa que o Fitch não tem coragem de mandar ir se ferrar.”

Ri levemente, esquecendo-me por alguns segundos dos meus problemas pessoais, e tentei focar a mente no trabalho. Minha cabeça doía, e engoli a aspirina com a ajuda de água.

– Quer que eu vá para aí? – perguntei massageando as têmporas.

Sabia que não precisava ouvir uma resposta clara para a pergunta. Era óbvio que eles precisavam de minha ajuda. E eu realmente esperava poder ajudar.

Pela risada sarcástica do outro lado da linha, percebi que a minha pergunta havia sido inútil.

– Ok, não precisava ser sarcástica. – disse lhe zombeteira. – Vou me arrumar e em meia hora estou aí.

“Quinze minutos!” Claire berrou em meu ouvido e desligou.

Soltei uma risada baixa e empurrei a coberta para longe de meu corpo, me espreguiçando e levantando de vez, tropeçando algumas vezes em sapatos jogados no chão. Pude sentir algo me incomodando no bolso da frente da calça, e na hora que enfiei a mão nele para poder me ajeitar, quase caí para trás.

O colar ainda estava comigo.

E por sorte, intacto.

O admirei por alguns segundos e pensei comigo mesmo: O que um simples colar poderia fazer de mal?

Abri a gaveta de calcinhas – o último lugar que qualquer ladrãozinho de meia tigela iria procurar – e o enfiei em um compartimento falso que eu tinha para emergências. Não, eu não estava roubando o colar, só estava o mantendo seguro de qualquer coisa que pudesse o querer de volta.

Se alguém fosse procurar este colar, com certeza eu já seria a primeira suspeita de tê-lo pego na igreja, logicamente, uma vez que a joia se encontrava comigo, e eu a estava escondendo em lugares indevidos. Pensei em contar para Claire, mas eu sabia que certas pessoas conseguiam arrancar informações muito facilmente daquela “ingênua” criatura. Andei de um lado para o outro no quarto por uns bons cinco minutos, e quando me cansei, caminhei em direção ao banheiro, aproveitando para recolher algumas bagunças pelo chão, me encarando no espelho. Eu estava um caco! O cabelo todo emaranhado, a pele pálida, os olhos vermelhos e um machucado no canto da boca, que ardia de leve. Sem contar que meu pescoço e peito estavam cheios de manchas arroxeadas e doloridas.

Tive que me concentrar para tentar lembrar de algo da noite passada, mas mais uma dor de cabeça me atingiu em cheio, e minha visão ficou parcialmente escura, uma vertigem tomando conta.

Joguei água no rosto, nuca e pulsos para tentar fazer a pressão voltar ao normal, e rapidamente me recompus.

Eu tinha a pressão baixa, e qualquer coisa já passava mal.

Até mesmo uma chuvarada muito quente.

Resolvi tomar um banho rápido para tirar o cansaço e me vesti pronta para um dia cheio de trabalho. Calça jeans, – desta vez mais confortável – uma blusa branca de mangas ¾ e botas de combate bem macias e antigas.

Peguei a bolsa de franjas que se encontrava pendurada na cadeira de minha escrivaninha, e coloquei meu celular lá dentro, checando a quantidade de dinheiro que ainda tinha e acabei enfiando a carta de qualquer jeito nela, pegando as chaves do carro rapidamente e saindo de casa sem ao menos separar nada para comer no caminho.

Meu estômago roncou enquanto eu dirigia até o trabalho, e por isso resolvi parar em qualquer cafezinho de esquina para comprar algo para comer ou tomar. Além de tudo, eu ainda estava com a cara acabada e cansada, com olheiras que vinham desenhando todo o contorno de meus olhos, deixando-me com uma aparência amedrontadora, e a boca toda machucada.

Por sorte, eu sempre guardava um corretivo e um kit cheio de maquiagens, que tinha sido uma ideia de Claire. Antes eu acharia uma idiotice carregar rímel, corretivo, batons e blush para cima e para baixo, mas ele realmente resolveu a calhar numa situação de emergência.

Cheguei à empresa algum tempo depois, e estacionei o carro mais próximo da entrada o possível. Apesar dela ser localizada no centro de Tarrytown – a cidade vizinha à Sleepy Hollow –, nunca houve nenhum problema com as pessoas descobrirem nada. Apertei o botão do andar 4 e esperei pacientemente enquanto dava os últimos retoques no rosto. Quando o elevador indicou que havíamos chegado ao destino, respirei algumas vezes antes de encarar a possível bronca que viria de Fitch. E Claire.

Coloquei todas as minhas coisas em cima da mesa de Claire, que se encontrava na sala de reuniões, peguei meu café, e fui me encontrar com todo o resto do pessoal. Mas no meio do caminho, algo capitou minha visão, e vi uma mulher escultural, com cabelos na altura dos ombros cacheados e vermelhos, com um corpo perfeito sair da sala de Fitch, e praticamente desfilar em direção aos elevadores.

Não podemos deixar que eles descubram sobre esta sede! Eles não podem, em hipótese nenhuma, descobrir que estão sendo observados de perto! – ouvi a voz estridente de Fitch ecoar pelos corredores.

Mas ele não está em uma reunião? O que aquela mulher estava fazendo em sua sala?, pensei sozinha.

Olhei em direção aos elevadores, e pude ver de relance que ela usava um colar triangular com várias insígnias no meio, e uma pedra bem bonita, esverdeada, se destacando da joia em si, chamando mais atenção do que os detalhes que ela retinha. Ela combinava com seus olhos verdes e penetrantes que pareciam observar tudo e a todos.

Mas além de mim, ninguém parecia onisciente de sua presença. As pessoas chegavam a quase esbarrar nela e ninguém fazia a menção de pedir desculpas ou nada disso.

Devo confessar que meu estômago se embrulhou com a possibilidade de termos um ser místico dentro de nossa empresa. Andei alguns passos até a mesa de Claire e tateei sob ela em busca de um botãozinho tinhoso que faria com que boa parte dos seguranças ficasse atento a qualquer movimento. Logo que apertei o botão, o telefone tocou estridente.

Não dei nem tempo para a pessoa do outro lado da linha falar, e já soltei em seu ouvido.

– Código Azul no andar 4. Criatura mística desconhecida indo pelo elevador Sul. – disse rápido, desligando logo em seguida.

Tateei mais algumas vezes em busca da arma reserva que sempre colocavam em pequenos compartimentos embaixo das mesas, mas a única coisa que achei foram frascos e mais frascos de um líquido que eu supunha ser de água benta.

– Merda, Claire! – disse quase caindo, pegando alguns frascos somente para me precaver.

Acabei desistindo e correndo para o elevador que estava praticamente fechado. Pude ver a mulher lá dentro sorrir maliciosamente, e então acenar cinicamente antes que eu pudesse ao menos alcançar a porta para impedi-la de fechar. Ouvi sua risada sacana, e bati de frustração na porta. Olhei para todos os lados, e as pessoas que passavam pareciam pensar que eu era louca. Olhei para um dos seguranças parado na porta da escada de incêndio e lhe arranquei a arma da cintura.

– Hey! – ele berrou comigo.

O ignorei veementemente, abrindo a porta da escada de incêndio e descendo rapidamente até o térreo.

Surpreendi-me ao ver que o elevador não iria parar no térreo, mas sim no subsolo, e praguejei baixo saindo correndo mais uma vez. Sorte minha que as botas eram confortáveis, se não já estaria com os pés moídos e não conseguiria dar nem mais um passo.

Por sorte acabei chegando mais rápido do que o elevador ao subsolo, e carreguei a pequena arma, apontando-a diretamente para a porta que se abria demasiadamente lenta.

De dentro do elevador a mulher me olhou e sorriu. Seu sorriso era tão largo que realmente quase alcançava os olhos verdes. Ela parecia inofensiva, e parte desta mentira que ela tentava implantar em minha mente me fazia ficar tentada a abaixar a arma. Mas eu sabia que, se abaixasse a arma, seria definitivamente o fim para mim, e eu passaria desta para melhor em questão de segundos.


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Notas finais do capítulo

continua?