A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 29
Suportável - £


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, obrigada de coração por todas que comentam nos capítulos, e até as que não comentam, obrigada mesmo assim! hahaha
Espero que gostem!
Beijooos,
Ju!



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Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, puxei minha mão para o corpo e o encarei mortalmente.

– Ele não é um anjo? – Celeste perguntou.

Controlei o impulso de revirar os olhos, e pensei sozinha: Está mais para um demônio idiota.

Kaus grunhiu para mim, e naquele momento tive certeza absoluta de que ele podia ouvir meus pensamentos.

Saí da minha cabeça, seu manipulador barato!

Em resposta ele riu.

– Então? - a voz de Celeste ecoou, causando certo sobressalto.

Ela esperava a resposta para uma pergunta que eu desconhecia.

Esfreguei a testa fingindo estar me concentrando, e olhei-a de soslaio.

– Desculpe, Cel, estou tão avoada esses dias. O que disse mesmo?

Atrás dela, Kaus parecia estar se divertindo com minha desgraça, o que me fez querer voar em seu pescoço e o estrangular até a morte. Estando ele morto ou não.

– Eu perguntei se você precisa de ajuda com as malas.

Sorri amigável.

– Isso seria ótimo.

Fui entregando a mala com os documentos para Celeste, e ela balançou a cabeça, pegando a mais pesada do chão, entregando-a para seu “amado” Alex, que teve o sorriso arrancado do rosto.

– Querido, pode ajudar minha irmã com isso? – ela perguntou, soando doce demais para meu gosto.

Mais uma vez a sensação de que meu estômago sairia pela boca a qualquer momento voltou, e eu não pude dar uma resposta além do sorriso compreensivo.

Kaus pegou a bolsa e colocou nos ombros, esticando a mão para a outra mala mais leve que se encontrava nas mãos de Celeste, que o entregou sem rodeios.

Antes de se virar e ir embora ela me abraçou fortemente, e sussurrou em meus ouvidos:

– Se sumir novamente, te caço, menina!

Rimos alto, e retribui o abraço, mas era possível ouvir a ameaça verdadeira por debaixo das palavras doces.

Apesar da aparência destruída de alguns minutos atrás, ela parecia bem mais animada. Empurrei para um canto escuro de minha mente que essa felicidade repentina estava ligada à Kaus. Mas tudo parecia tão óbvio que era impossível não ligar uma coisa na outra.

Quando Celeste saiu do quarto, pude finalmente respirar em paz.

– Me chamar de imbecil e coisas do gênero não vai fazer com que eu saia do seu pé, amor. – ele murmurou.

Trinquei os dentes, e fechei os punhos, controlando a vontade súbita que tive de socar sua cara múltiplas vezes.

– Nada além da realidade.

Ele levantou as duas sobrancelhas, surpreso.

– Ah, não?

– Não. Além de imbecil e ridículo, você também é falso, manipulador e imbecil. – minha voz era como ácido.

Kaus estalou a língua para mim, achando a maior graça na pequena discussão que acontecia entre nós.

– Você já disse imbecil, duas vezes. – ele indicou com dois dedos levantados o número dois, e eu fechei a cara.

– Uma vez não era o bastante.

E saí do quarto batendo os pés no piso, deixando um Kaus nada feliz atrás de mim, em um quarto que fedia a cachorro molhado e esgoto.

Foi um alívio poder finalmente respirar ar limpo quando desci as escadas. Ainda que não fosse tão limpo assim, por causa das pessoas suadas e molhadas, era muito melhor do que o cheiro do quarto de Jason.

Como ele conseguia dormir ali?

Pude sentir que Kaus me acompanhava, e desta vez não foi preciso acotovelar ninguém para poder passar. Elas simplesmente davam espaço, mas não ousavam a nos encarar como se fossemos pedaços de carne.

Agradeci mentalmente por isso, e ouvi Kaus sussurrar um “de nada” baixo em meu ouvido, fazendo com que meus pelos da nuca se arrepiassem de leve.

Andei de cabeça erguida até a porta, e a abri, mantendo-a aberta para que ele passasse antes de mim. Caminhamos até o carro, e eu fiz de tudo para não demonstrar quão afetada ele me deixava. Abri o porta-malas, e Kaus colocou as malas lá dentro.

Vi que ele as carregava como se não pesassem nada, e isso me incomodava um pouco. Eu não sabia qual era sua força total, mas não estava inclinada a descobrir tão cedo.

– Obrigada – sussurrei fechando o porta-malas, e entrando pela porta do motorista.

Antes que eu pudesse fechar, Kaus a segurou, e enfiou a cabeça, ficando mais perto de mim do que eu gostaria. Suas mãos passaram por minha barriga, e repousaram mais uma vez em minha cintura.

– Eu vim por você, Helena. – ele murmurou, lambendo os lábios.

Ri sarcasticamente.

– Lógico. Vamos imaginar por um segundo que você veio aqui para me ver, e não ver sua namorada que está lá dentro esperando você voltar, enquanto o querido está dando em cima de outra.

Minhas palavras pareceram o atingir, e assim que elas saíram de minha boca, as quis forçar a voltar. Mas já era tarde demais.

– Ela é só um passatempo, Helena. Você é a pessoa que eu quero. – ele soou tão confiante em suas palavras que eu dei um passo para trás, sentindo o perigo se instalar em minha alma.

– Você não me conhece. – terminei, sentindo o coração mais leve.

Kaus deu um sorriso sacana, e mordiscou minha bochecha de leve, me fazendo suspirar.

– Isso tudo é ciúmes? – ele perguntou.

Uma pontada no peito me atingiu, e eu ri jogando a cabeça para trás.

Sem responder nada, o empurrei com todas as minhas forças o fazendo cambalear para trás, fechando a porta, dando partida no carro, cantando pneu.

Eu andava em alta velocidade, esperando que ela fosse um empecilho para Kaus pensar duas vezes antes de correr atrás de mim. Não era, mas eu gostava de pensar que sim.

Você ainda será minha, Helena, a voz rouca de Kaus se propagou em minha mente.

Ri mais uma vez.

Se depender de mim, não serei, não, respondi.

Dirigi o mais rápido que podia, até chegar ao hospital, e decidi fazer hora dentro do carro até resolver sair.

Enquanto uma parte de mim sentia repulsa por Kaus ter mentido para mim, a outra se deleitava e gostaria de tê-lo atacado quando estávamos sozinhos no quarto de Jason. E quando eu disse que se dependesse de mim, nunca ficaria com Kaus, essa pequena parte petulante e rebelde que clamava por ele sussurrava calmamente: Nós duas sabemos que isso é mentira.


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Notas finais do capítulo

Continua?