A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 28
Mentiras - £


Notas iniciais do capítulo

Oiii! Espero que estejam gostando da história!
Beijoooos enormes,
Ju!



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Engoli seco e minhas mãos tremeram.

– Helena. – ele disse.

Minhas batidas voltaram com o dobro da velocidade ao ouvir meu nome escapar de seus lábios como um doce. Ele parecia muito mais bonito quando era pronunciado por ele, e isso me deixava desconfortável.

Me abaixei e sem pensar duas vezes, fui recolhendo os papéis o mais rápido que podia.

Isso era ruim. Muito ruim, na verdade!

Estar no mesmo lugar que Kaus deixava meu corpo estranho. Eu tinha a necessidade de esconder meu rosto de seus olhos, e fazer de tudo para não chamar atenção.

– O que você está fazendo aqui? – ele perguntou. Eu podia ouvir a surpresa em sua voz.

Engoli seco, e levantei os olhos para encará-lo.

Seu rosto estava lívido, e um sorriso relaxado se espalhava deixando suas feições mais bonitas e despreocupadas.

– Eu moro aqui.

Kaus levantou uma das sobrancelhas e cruzou as mãos em cima do peito.

– Mora, é?

– Morava. – me corrigi, rápido demais.

Ele sorriu ainda mais – se isso fosse sequer possível, e passou as pontas dos dedos na barba rala.

– Então, o que está fazendo aqui? – ele perguntou novamente.

Juntei todos os papéis do chão, e fui diretamente para o armário, abrindo todas as portas. Achei na última uma mala menor do que a anterior, e enfiei os papéis lá dentro, não me importando muito em os amassar.

Jason que me desculpasse, mas eu não conseguiria passar mais um minuto sequer com um demônio e mentiroso no mesmo cômodo que eu.

– Só estou de passagem. – respondi murmurando.

Um silêncio desconfortável se fez presente, e meu corpo se tensionou completamente.

Cansada de ficar sendo observada por Kaus e dele medir cada movimento que eu fazia, tirei a pequena arma do cinto – que por sorte não havia esquecido de trazer -, e coloquei em cima da escrivaninha de Jason.

Pude ouvir Kaus se aproximar de mim, e apertei a arma ainda mais. Ele tocou em meus ombros, e sem esperar que ele fizesse um movimento mais brusco para me machucar ou coisa parecida, dei-lhe uma rasteira, fazendo-o cair sentado no chão com um baque surdo. A arma apontava diretamente para seu peito, e a bolsa com os documentos jazia esquecida no chão.

– Vá embora, Kaus. Você está atrapalhando minha vida. – balbuciei, tentando fazer minha voz sair o mais convincente possível.

Ele riu com escárnio.

– Belo jeito de agradecer ao cara que te levou para casa quando nem conseguia ficar em pé.

– Está mentindo.

Ele riu, novamente.

– Seu quarto é bem aconchegante, sabe? Quase passei a noite... Pena que não durmo.

Aquilo já estava passando dos limites aceitáveis para uma provocação.

– Me dê um bom motivo para não atirar. – sussurrei ameaçadoramente.

– Você não teria coragem.

Dei um sorriso malicioso e a carreguei com um barulho alto.

– Então você realmente não sabe do que eu sou capaz. – retruquei.

Seu sorriso se desfez em vários pedaços.

A tensão dentro do quarto era tão palpável quanto um picolé. Eu podia facilmente tocá-la e até abraça-la. Minutos se passaram, e tudo o que podíamos ouvir era a música agitada do lado de fora do quarto entrando pela porta aberta, e várias conversas se aproximando de nós.

Um casal passou de mãos dadas pelo quarto e nem ao menos se importou em voltar para verificar o porquê diabos uma menina estava apontando uma arma para um cara caído ao chão. Eles deveriam estar muito ocupados, mesmo.

– Você disse que me ligaria se precisasse de ajuda. – ele disse.

Rolei os olhos nas órbitas, descarreguei a arma enfiando de volta no cinto. Ele observou meus movimentos com cautela, e eu estendi a mão.

– Está de brincadeira comigo? – ironizei. – Não preciso de sua ajuda.

Kaus pegou minha mão e se levantou. Tive que me afastar do contato com seus dedos, já que somente de pensar em tocá-los, um arrepio subia por minha coluna, provocando reações que eu realmente não gostaria de sentir por ele.

Seus braços passaram por minha cintura sedutoramente e ele lambeu os lábios, mordendo-os.

– Posso te matar a qualquer momento.

Me soltei de seus braços, impedindo que ele tentasse me tocar novamente, mantendo uma distância segura de dois braços.

– Se quisesse me matar, já teria feito. – disse mais para mim mesma, ignorando a afirmação que Kaus havia feito.

– Sabe, Helena, pensei que você não estivesse nesta investigação. – sua voz causou arrepios por meu corpo.

– Isso não é da sua conta. – rebati.

Meu rosto agora estava vermelho de vergonha, e tudo o que eu podia pensar era: Deus, como eu queria ter as armas necessárias para matar este filhinho de papai.

Ele riu ainda mais, e arrumou a blusa azul escuro que usava.

Ignorei-o veementemente, e continuei a arrumar as coisas de Jason.

Cogitei a possibilidade de passar em meu quarto antigo e pegar alguns dos meus pertences pessoais, mas ele certamente deveria estar ocupado por algum casal ou esvaziado, já que fazia um bom tempo que eu tinha partido. E só de pensar naquelas hipóteses, uma sensação de ânsia de vômito me tomava.

Caminhei até a bolsa cheia de roupas fechando-a rapidamente, repetindo o mesmo processo com a que continha os papéis – praticamente – amassados.

– Você sabe quem sou eu. – ele disse com a voz mais alta do que a música, soando muito perto de mim.

Aquilo não fora uma pergunta.

Fora uma afirmação.

Engoli seco, mas ainda assim não virei, ouvindo seus passos caminhando até mim. Senti o calor de seu corpo que emanava diretamente para o meu, mesmo que ele não estivesse ao menos me tocando.

Seu hálito quente vinha de encontro com meu pescoço, causando-me arrepios involuntários e desnecessários.

– Sim. – respondi inutilmente.

– Por que não me mata aqui e agora? – Kaus perguntou.

Coloquei as malas extremamente pesadas nos ombros, e me virei para ele. Seus olhos pareciam duas piscinas cristalinas e cintilavam graciosamente. Seu cabelo escuro caía sobre os olhos, e tive que empurrar a vontade de tirar algumas mechas de cabelo que atrapalhavam sua visão – e a minha –, para o fundo de minha mente.

Se controle, Helena.

Kaus riu de algo, e eu dei de ombros.

– Não tenho as armas necessárias para fazer isso.

Suas mãos foram para minha cintura novamente, causando meu corpo a responder imediatamente com ondas de calor. Kaus sussurrou algo em outra língua, e seu aperto em minhas laterais se intensificou. Ele fez questão de retirar uma das mãos, e fazê-la percorrer todo o caminho até minha nuca. Por onde seus dedos passavam, uma sensação de queimação agradável se fazia presente. A bolsa caiu de meus ombros, já esquecida e tudo o que eu conseguia pensar era: me beija, por favor.

Kaus se aproximou ainda mais, quase fundindo nossos corpos em um só, e segurou minha nuca possessivamente como se eu fosse fugir a qualquer momento. E nas circunstâncias, essa não era uma hipótese a se desconsiderar.

Seus lábios roçaram nos meus de leve, e meu coração pareceu bater mais rápido. Meu estômago dava voltas.

Eu não tinha borboletas no estômago numa hora dessas; eu tinha pedras no lugar, e não me importava, realmente. Tudo o que eu podia raciocinar naquele momento era de como eu gostava da sensação da pele quente de Kaus em contato com a minha.

Antes que nossas bocas pudessem fazer contato, abaixei minha cabeça, fazendo com que seus lábios entrassem em contato com a minha testa, pressionando o local por tempo demais.

– Por favor, não faça isso. – sussurrei com a voz falha.

Ouvi Kaus suspirar, e o aperto em minhas nuca e cintura diminuíram consideravelmente.

Quando ele se afastou, o frio tomou conta de meu corpo.

– O que você está fazendo aqui? – tentei perguntar, uma vez que ele se desviava de todas as perguntas que eu tentasse fazer.

Meu rosto provavelmente estava da cor de um tomate, mas não deixaria que isso me abalasse, de jeito nenhum.

Kaus abriu a boca para falar, quando Celeste apareceu na porta. Seus olhos voaram de mim para Kaus, e quando ela o viu, eles pareceram brilhar.

Algo dentro de mim se revirou.

– Alex, estava te procurando! Por onde andou? – ela perguntou.

Alex?

Quase bati a mão na testa. Obviamente Celeste não sabia que o nome de Kaus não era Alex. Ele não seria tão burro de lhe falar o nome verdadeiro. Ou seria?

Kaus botou um sorriso no rosto tão convincente que até eu acreditei, e andou em direção à Celeste, a enlaçando pela cintura, como ele estivera há alguns minutos comigo, beijando-a carinhosamente na bochecha.

Meu rosto ardeu mais uma vez, mas desta vez não era de vergonha, e sim de raiva! Como ele podia ser tão imbecil de fazer aquilo na minha frente, quando segundos antes estava fazendo a mesma coisa, só que comigo?

Minha expressão era de total descrença.

Celeste se virou para mim com o rosto feliz e com um rubor que eu desconhecia.

– Ah, Helena, quero que você conheça meu namorado, Alex Finnik. – ela disse animada, dando um cutucão para que Kaus esticasse a mão para mim em um cumprimento amigável.

Quando nossas mãos se tocaram, tentei esconder o máximo a repulsa que senti.

– Prazer em te conhecer, Helena. – Kaus disse, soando sincero.


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Notas finais do capítulo

Continua?????