A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 27
Inesperado - £


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI DE VIAGEM PESSOAS!!
Espero que gostem desse capítulo!
Beijoooos,
Ju!



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A gritaria continuava. Percebi que, além da gritaria, uma música alta também tocava.

Aquilo parecia uma... festa na piscina?

Percebi um aviso pregado na porta, e passei os olhos rapidamente: “Se você veio para a festa, pode entrar. Se não, ignore este aviso e vaze daqui”.

Sutil, pensei chocada.

As vozes que vinham do jardim eram joviais e eu tinha minhas dúvidas sobre meus “pais” estarem dando aquela festa. Não havia nenhum adolescente a não ser eu, Jason e Celeste na casa. Mas Celeste tinha ido para algum tipo de intercâmbio durante alguns anos, e provavelmente ainda estaria lá.

Forcei a porta de entrada, e entrei.

E de repente, eu parecia estar muito vestida.

As pessoas ao meu redor usavam vestidos absurdamente curtos, biquínis, shorts e tops que mal cobriam as partes necessárias.

– Deus do céu. – murmurei comigo mesma, quando vi uma das meninas usando um biquíni rosa fluorescente, praticamente engolindo um garoto perto do sofá, deixando que ele passasse a mão em lugares abaixo da linha do pescoço.

Essas pessoas não tem um pingo de vergonha?

Minha bolsa pequena escorregou um pouco, levando a alça de minha regata junto. Tentei não ligar muito pelo fato de estar vestida espalhafatosa para uma festa na piscina, que eu nem ao menos sabia de quem era.

Atravessei o mundaréu de gente que se esfregava uns aos outros ao som de alguma modinha do momento, e cheguei à porta de vidro que dava acesso para a piscina que eu até agora desconhecia. Eles deveriam construído com o dinheiro que tinham economizado por não ter uma boca extra para alimentar.

A porta já estava aberta, só que ao ver aquele monte de gente dentro d’água, jogando conversa fora, e bebendo cerveja, minha vontade de sair correndo somente aumentou.

Vi uma cabeleira preta e sedosa vindo em minha direção, e me virei para sair de lá o mais rápido que podia. Um grito soou por cima do som alto, chamando meu nome, e todos viraram para procurar de onde havia vindo. Diferentemente deles, eu nem ao menos importei em me virar, já que fazia uma ideia de quem era a dona da voz.

– Helena Jameson? – a voz gritou novamente.

Arrumei a alça da blusa, assim como a bolsa, e joguei o cabelo para trás, sorrindo forçadamente.

Me virei para Celeste, que sorria animadamente. Seus olhos verde escuros faiscaram com uma emoção desconhecida, e antes que eu pudesse reagir, todos os olhos caíram em mim, assim como os cochichos.

Até mesmo a música havia abaixado.

– Droga. - sussurrei para mim mesma, angustiada.

Sempre odiei ser o centro das atenções. E agora, sendo a diversão de pessoas que eu nem ao menos conhecia, me deixava com vontade de sumir.

– Celeste, quanto tempo! – tentei ser o mais amigável possível.

Ela correu para encurtar o espaço que nos separava, e me abraçou fortemente. Agradeci mentalmente por ela não estar molhada, e retribui o abraço, meio sem jeito.

Todas as cabeças estavam viradas para nossa direção, e eu queria sumir mais do que nunca.

Por que um buraco não podia se abrir no chão, neste exato momento, e me engolir viva?

O abraço que Celeste me dava durou mais tempo do que eu gostaria, mas considerando todos os anos que passamos separadas, deixei-a curtir aquele momento, fazendo o possível para não demonstrar que não estava confortável em seus braços. Quando me soltou seus olhos brilhavam com uma excitação que eu desconhecia.

– O que faz aqui? – ela perguntou não conseguindo parar de sorrir.

– Vim buscar as roupas de meu irmão. – respondi brevemente.

O sorriso sumiu de seu rosto, tão rapidamente quanto apareceu. Suas sobrancelhas se juntaram em confusão, e sua boca abria e fechava como um peixe, tentando pronunciar as palavras que pareciam entaladas na garganta.

– M-Mas... Por quê?

Engoli seco, lançando um olhar para as pessoas que nos encaravam, fazendo-as desviar os olhos.

– Ele vai ficar em Sleepy Hollow comigo, Celeste.

Pude ver que seus olhos se encheram de lágrimas, e ela respirou fundo, tentando controla-las.

– Jason te falou, não é? Que eles não aparecem muito por aqui, e que eles ainda se culpam por você ter fugido. – ela sussurrou parecendo angustiada.

Então era isso o que eles estavam falando para Celeste? Que eu havia fugido de casa? E não ao contrário? Isso era hipocrisia demais, até para eles!

Toquei de leve nos ombros dela, e pude sentir que ela se encolheu como uma criança ressentida.

– Não fui embora por uma opção, Cel...

Seus olhos pareceram ainda mais confusos.

– Como assim? – perguntou.

Sorri amigavelmente.

– Não é nada que você tenha que se preocupar, não se preocupe. – disse.

Mas pelas suas feições sofridas e muxoxas, percebi que a festa já tinha acabado para ela.

– Eu senti a sua falta, Helena. Todos esses anos eu tive que ficar longe de vocês dois, e quando voltei você nem estava aqui. Foi como se meu coração tivesse um pedaço arrancado de mim. – sua voz perdeu a força. - Éramos como irmãos, eu, você e Jason.

Prendi a respiração.

– Éramos inseparáveis. – ela terminou como um fiasco.

Engoli o bolo que se formava em minha garganta e tive a sensação que iria desabar em lágrimas em sua frente à qualquer momento. Ignorando todas as minhas preocupações, e sentimentos misturados, puxei-a para um abraço, passando as mãos em seu cabelo, levemente. Ela afundou a cabeça em meu pescoço.

– Sinto muito por você ter passado por isso. – Celeste sussurrou.

Respirei novamente, e forcei um sorriso no rosto, a empurrando para trás depois de alguns minutos.

– Tudo bem, quero dizer, se nada disso não tivesse acontecido, não estaríamos aqui hoje, certo? – perguntei tentando deixar a tensão no ar mais leve.

Ela deu um meio sorriso, e socou de leve meu ombro.

– Nunca mais perca contato, baixinha.

Ri passando a mão pelo local sentindo uma dorzinha incômoda, e vi Celeste se afastar. Seu cabelo preto e volumoso sumindo por entre o mar de gente molhada na beira da piscina. Antes de desaparecer completamente a vi colocar o cabelo para trás e balançar os braços bronzeados para chamar a atenção de alguém.

E se eu bem conhecia Celeste, ela com certeza iria fofocar algo com alguém. Eu só esperava que não fosse sobre a aparição de sua “irmã fugitiva” numa festa na piscina.

Ignorei a sensação de que algumas pessoas estavam ouvindo nossa conversa perto demais e me observavam com certa curiosidade, e rumei em direção a casa, mais uma vez, torcendo para não ser interrompida por alguma alma do passado que pudesse estar naquela festa.

Depois de acotovelar várias pessoas e finalmente chegar à escada comprida que levava ao segundo andar, pude ver que pessoas conhecidas estavam naquela festa. Talvez conhecidas até demais. Mas elas não dariam o trabalho de se lembrar de mim, certo? Afinal, eu era conhecida como a menina que fugiu de casa porque tinha problemas mentais e não conseguia conciliar a vida pessoal com a profissional e escolar.

Vi Chad, um ex-namorado de longa data parecendo perdido perto da mesa de bebidas. Mas quando um homem sarado o suficiente para entrar num concurso de fisiculturismo se aproximou, um sorriso largo se espalhou por seu rosto, e ele espalmou o peito do cara, piscando os olhos repetidas vezes, parecendo jogar charme.

Ah, então foi por isso que ele me deu um pé na bunda...

Tudo parecia fazer sentido agora! E pensar que eu chorei noites por pensar que não era boa o suficiente para ele. O que eu não tinha era o extra no meio das pernas, isso sim.

Ri sozinha subindo as escadas ao lembrar de como era idiota, e finalmente cheguei na frente da porta do quarto de Jason. Ela ainda tinha as mesmas inscrições de quando eu morava naquela casa. “Vá embora!”, “Pare” e “Garotas não permitidas!”. Eu achava muito provável de que ele não estaria inclinado a respeitar a última “lei” atualmente.

Quando abri a porta, me deparei com tudo revirado, como se ele tivesse saído dali correndo, e o cheiro daquele lugar... Parecia que um bicho tinha morrido!

Ignorando o odor que impregnava ali, entrei no quarto, não me importando em fechar a porta atrás de mim se não provavelmente morreria asfixiada.

Vasculhei as pilhas de roupa, e achei uma mala aberta jogada em algum lugar perto da escrivaninha cheia de papéis. Peguei-a comecei a colocar todas as roupas que encontrava pelo quarto, dentro dela. Abri também as gavetas e fiz um amontoado dentro da bolsa grande. Bati a mão de leve nos fundos de todas as gavetas para ver se nenhuma delas havia um fundo falso, e não encontrei nada.

Quando já tinha terminado com as roupas fui em direção à escrivaninha, pegando os papéis com cuidado nas mãos. Não queria estragar nada, e muito menos amassar qualquer coisa.

O primeiro papel da pilha toda desarrumada, chamou minha atenção por conter vários nomes que eu desconhecia, e números de telefones. Decidi levar também. Mas as coisas não caberiam somente em uma mala daquele tamanho, mesmo sendo grande. Eu precisaria de outra.

Disse um palavrão baixo, e me concentrei em achar mais uma mala. Deitei no chão, tateando embaixo da cama, achando uma caixa pequena, trancada, com uma letra infantil com os dizeres: “Se achar essa caixa, devolver para Jason Melborne e Helena Melborne.

Meu coração pulou uma batida ao ver meu antigo sobrenome escrito na tampa, e sem pensar duas vezes, decidi a levar comigo. Não precisava abrir a caixa para saber o que tinha dentro dela. Fotos, segredos, cartinhas de admiradores secretos que juramos em manter segredo...

Enfiei a caixa embaixo do braço, e peguei as folhas soltas, tendo certeza de que não deixaria nada para trás.

Uma batida na porta me assustou, fazendo com que eu derrubasse a caixa, juntamente com as folhas.

E meu coração parou quando olhei para pessoa que tinha me atrapalhado.

Kaus.


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Notas finais do capítulo

CONTINUA???