A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 20
Verdades - ¢


Notas iniciais do capítulo

Mais um! esse capítulo é dividido em três tá? Então aguardem! Tem muuuuuito mais!
Beijoooos,
Ju!
Ps: Deixem seu review, recomendação e etc... Eles me fazem escrever mais rápido :D



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Eu senti o cheiro de seu perfume doce antes mesmo dela surgir em minha vista. Sua presença fazia todo meu mundo parar. Sua proximidade deixava minha mente focada em somente uma coisa.

Ela.

Ouvi sua respiração pesada e seus batimentos acelerados, como se ela estivesse tentando controlar seu nervosismo. Senti que ela não estava sozinha e tive que entornar uma taça inteira de vinho para poder encarar ela e sua companhia.

Quando tomei coragem o suficiente para olhá-la, minha respiração pareceu ficar presa na garganta. Ela estava maravilhosa no vestido que eu havia mandado. Não pude ver suas feições por estarem escondidas pela máscara que ela usava, mas pelo seu olhar admirado tive uma ideia de quão surpresa Helena estava.

Não era por menos, a mansão estava na família fazia mais de cem anos, e toda a pintura, cortinas, bancos, pisos, assim como candelabros e lustres faziam parte da mobília original.

Peguei mais uma taça do garçom que andava calmamente por entre as pessoas e beberiquei lentamente, apreciando as reações que Helena demonstrava.

A mulher que me acompanhava bufou irritada quando percebeu não ter minha completa atenção.

– O quê? – perguntei sem nem me importar de virar para olhá-la.

– Eu te fiz uma pergunta.

– E eu não vou lhe responder. – rebati.

Ela não esboçou nenhuma reação. Só estava ao meu lado porque a mulher que eu realmente queria, estava do outro lado do salão, acompanhada de um cavalheiro que tinha as mãos praticamente coladas em seu corpo.

Não pude esconder o ciúme que me tomou quase por completo.

Faltava muito pouco para eu ir até lá e arrancar as mãos daquele homem de seu corpo quando Margot entrou em meu campo de visão carregando um sorriso amigável, mas que eu bem conhecia.

Ela procurava mais um humano para se deliciar depois.

Mais alguns segundos e duas outras humanas entraram em vista. Elas eram propriedade de Drake, e eu tinha deixado claro que, se ele tentasse atacar qualquer convidado sem minha permissão, estaria marcando sua sentença de morte verdadeira. Não que ele tenha levado à sério a ameaça, afinal, ele era tão poderoso quanto eu.

Forcei os olhos e vi uma das meninas murmurar algo para Helena, sem som algum. Ajude-me.

Drake não iria ficar feliz em saber que sua humana estava tentando manter conversa com Helena. Não mesmo.

Andei até onde elas estavam, parando alguns metros antes delas poderem me ver, e minha companhia veio atrás, fazendo questão de enlaçar seu braço em minha cintura, como se mostrasse que eu estava com ela.

Revirei os olhos pela atitude idiota da mulher, e foquei total atenção ao que acontecia à minha frente.

Helena mordia os lábios nervosamente, e apertava o braço do homem ao seu lado.

A mulher ao meu lado puxou meu braço, e indicou para que entrássemos no teatro. Eu não esperava que ela desse um ataque de ciúmes, mas parecia exatamente isso.

– Podemos entrar logo? – ela perguntou parecendo entediada.

Olhei-a sem saber o que falar, e assenti.

Seu nome era Jade? Jane? Não me lembrava direto. Tudo o que eu me importava naquele momento era o fato de que minha Helena estava se agarrando à um homem que não era eu. E isso me irritava de várias formas diferentes.

Jane – ou qual quer que fosse seu nome – usava um vestido preto grudado e bem curto, que desenhava todas as suas curvas. Ela também estava com um salto preto tão alto quanto a palma de minha mão bem aberta, e lutava para ficar em pé nele, toda desajeitada.

Deixei a mulher me guiar até a escada que nos levaria à melhor área do teatro para assistir uma peça que eu conhecia de cor, minha história, mas ela obviamente já sabia disso. A maioria das mulheres cuja vida se resumia em viver para a sociedade, sabiam da história dos irmãos Finnik, e apesar de saberem que nós éramos perigosos ainda assim faziam de tudo para arranjar uma noite conosco.

Nem que fosse para participar de um baile estúpido.

Subimos as escadas de madeira, e fui recebido por vários gritadores, metamorfos e sugadores acompanhados de suas “presas” que pareciam ter ganhado na loteria pelo jeito que sorriam.

Eles se consideravam especiais por ser o jantar deles? Isso era bastante perturbador.

– Jade, quanto tempo! – uma das acompanhantes gritou perto de meu ouvido, me fazendo recuar levemente.

Então é Jade, e não Jane, me repreendi mentalmente por não ter prestado atenção quando ela se apresentou. Eu normalmente não era tão desatento com detalhes, mas desde que Helena começou a trabalhar para Fitch, minha principal preocupação tinha se tornado ela.

Larguei Jade e sentei-me num canto afastado de todo mundo sabendo que teria paz por pelo menos alguns minutos.

– Por que este teatrinho, Finnik? – uma voz soou como música para meus ouvidos.

A metamorfo à minha frente se sentou na cadeira que seria ocupada por Jade e sorriu triunfante. Seu nome era Cali, e ela ainda era tão pequena quanto eu me lembrava. Seu cabelo estava mais curto e ela ainda carregava o colar que eu havia lhe dado no pescoço.

Sorri abertamente para ela, e ela levantou as sobrancelhas e cruzou os braços no peito.

– Só para dar tempo do pessoal arrumar o salão para a festa. – sussurrei.

– Por favor, diz pra mim que essa “festa” não tem nada a ver com a humana que você e seu irmão estão obcecados. – Cali praticamente riu.

Ri com nervosismo.

Eu sabia que se arrumasse alguma festa e convidasse várias espécies, tinha uma grande chance dos caçadores aparecerem, e que provavelmente Helena estaria com eles... Mas era uma incerteza.

– Teve alguma notícia de Fitch? – ela perguntou, interessada demais para meu gosto.

Foi minha vez de levantar as sobrancelhas, instigando-a a continuar.

– Ele é sua responsabilidade, não minha. – respondi.

Cali fez uma careta e abriu a boca para rebater alguma coisa, quando as luzes do teatro começaram a apagar, uma por uma. O show iria começar.

Não esperei Jade voltar, pelo contrário, Cali pegou a cadeira e trouxe mais para perto de mim, com um sorriso sacana nos lábios.

– Como descobriu sobre ele? – ela tentou novamente.

Sorri desviando minha atenção das pessoas que se acumulavam no parapeito da área VIP para poder ter uma visão melhor, e senti um tremor percorrer minha coluna.

– Isso lhe interessa, realmente?

Mais uma careta, e sorri satisfeito.

– Tenho meus contatos. – resumi.

Cali revirou os olhos levemente.

– E sua humana? Como vai?

– Muito bem, obrigado. – respondi rapidamente, esperando cortar qualquer esperança em que ela tivesse o objetivo de saber de minha vida pessoal com Helena.

Cali riu docemente.

– Ainda a espiona de noite quando a pobrezinha está dormindo? – meu silêncio foi tomado como sim, e isso a fez rir mais. – Uma hora será pego, Polux. Pode demorar, mas vai acontecer.

Me ajeitei na cadeira, desconfortável por suspeitar para que rumo esta conversa levaria e me virei para ela.

– Para mim está bom assim... – respondi. – Por enquanto. – acrescentei baixo.

– Vi seu irmão esses dias. – ela disse mudando de tópico, mas não completamente de assunto.

– Ah, é? – tentei parecer animado.

A volta de Kaus só podia significar uma coisa: problemas à vista. E eu não tinha tempo de me preocupar com quaisquer que fossem eles.

– Sim. Ele estava rondando pela cidade e usando um falso nome. – Cali disse analisando as unhas curtas e pintadas de uma cor marrom agradável.

Minhas sobrancelhas se juntaram em confusão.

– Que nome?

– Alex.

E então a realidade me atingiu. Este era o nome da pessoa que havia salvado Helena de um demônio disfarçado. Ele tinha mentido para ela!

“Não, irmão, não pretendo nunca mais voltar à essa mísera cidade.” Suas palavras ecoaram em minha cabeça várias vezes antes de minha visão ficar escura de raiva.

Eu não podia perder o controle ali.

Fechei os olhos, e procurei os pensamentos de Helena pelo local, achando-os rapidamente. Ela estava perturbada, isso era fato, e sua respiração controlada era o que a mantinha “calma”. Isso se eu não pudesse ouvir seus batimentos descompassados que me diziam completamente o contrário.

– Ele falou com você? – perguntei ainda de olhos fechados.

Meu sangue parecia borbulhar em minha veia por conta da raiva.

– Não. Eu já disse, só o vi. Não sei nem se ele me viu. – Cali disse ficando de pé.

Fiquei em silêncio com meus pensamentos até a peça acabar. Eu não estava no clima para brigar, e nem perder a paciência. Senti Cali se aproximar novamente, e sussurrar em meu ouvido.

– Se você não agir logo pode perdê-la para sempre.

– Já chega! – exclamei atraindo olhares curiosos em nossa direção.

Cali sorriu satisfeita por ter me feito perder a paciência, e cruzou os braços em cima do peito.

– Apesar de não querer admitir, você sabe que se não agir logo irá perdê-la! – ela esbravejou.

Levantei pronto para sair dali o mais rápido possível antes que fizesse alguma coisa que me arrependeria mais tarde, e sobre todo o silêncio que o teatro se encontrava, uma voz melodiosa soou, fazendo com que arrepios involuntários percorressem meu corpo.

– O que aconteceu?

Sua voz era límpida, e não demonstrava o nervosismo que corria em suas veias e fazia seu coração bater mais depressa.

– Como? – Aileen, o homem que tinha narrado a história, retrucou.

Acotovelei algumas pessoas para poder enxerga-la, e pude ver que não era o único curioso. Ela havia atraído atenção demais. Todo o teatro concentrava sua atenção nela e em todos os seus movimentos.

– Eu perguntei o que acontece depois. – Helena disse claramente, surpreendendo-me.

Assim como eu, todas as criaturas dentro do teatro conseguiam ouvir seu coração bater descompassado no peito, e o rubor que se alojava em suas bochechas não ajudava muito a despistar seu nervosismo.

Sorri ao ver que ela podia ser tão corajosa quanto eu me lembrava, cruzando os braços em cima do peito, esperando a resposta de Aileen.

Ele olhou para mim, e riu abertamente, sabendo quem ela era e o porquê estava ali.

– Pelo amor de Deus, Helena. – o homem que a acompanhava sussurrou, parecendo querer livrá-la do foco de atenção, pegando em seu punho para fazê-la sentar novamente.

Rugi enraivado.

Ele não tinha o direito de tocar em Helena! Ela era minha!

– Essa resposta estará assim que vocês cruzarem as portas para o salão. – Aileen disse calmamente, saindo do palco.

Ouvi o acompanhante de Helena a agarrar e leva-la para fora do cômodo, com o coração latejando nas orelhas. Um filete de suor escorria de sua testa, e pude ver que ele rapidamente limpou.

Dei uma olhada no relógio que carregava no pulso e constatei que tudo já deveria estar pronto dentro do salão. E conforme as pessoas saiam, era fácil ouvi-las sussurrando como tudo estava diferente e quase mágico.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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