A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 19
O Inimigo - £


Notas iniciais do capítulo

Oiiii!! Espero que gostem do capítulo!
Beijooos,
Ju!
Ps: COMENTEM QUEM DEVE NARRAR O PRÓXIMO! Valeu kkkk



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Edward se levantou ao meu lado, e pegou em meu punho, me arrastando para fora do teatro o mais rápido possível. Quando Hugh encontrou meus olhos, fiz um sinal para ele não nos seguir. As portas foram abertas, e o salão entrou em nossa vista, fazendo com que nós dois estancássemos no meio do caminho.

Meu queixo caiu com a imagem à minha frente.

O salão parecia completamente diferente do que tínhamos visto antes. Obviamente o espaço era o mesmo, mas as cortinas de veludo vermelho estavam fechadas, somente alguns candelabros acesos e nenhum dos lustres iluminando. Uma musica mais pesada tocava, e eu me perguntei como era possível estar tamanho silêncio na sala ao lado. Numa parte do salão era possível ver uma cabine de DJ com apetrechos que nem em um milhão de anos eu seria capaz de entender. Tinha uma mesa encostada num canto mais escuro cheio de petiscos e bebidas estranhas e atraentes. Quadros representando partes da história que acabáramos de ouvir fazia parte da decoração monstruosamente assombrosa que causava arrepios involuntários percorrerem minha coluna.

O salão estava decorado, literalmente, como se fosse parte da história. Como se nós estivéssemos vendo a continuação dela. E um clique se estalou em minha cabeça. O homem não tinha continuado, pois o baile era a continuação da história.

– Tem certeza de que entramos por aqui? – perguntou Edward, vendo que as pessoas começavam a passar por nós, jogando-nos olhares de escárnio, como se tivéssemos alguma doença.

– Certeza. Agora fique quieto e me siga. – sussurrei levando-o para perto de um dos bancos, mais longe possível da entrada do teatro, vendo que o salão começava a lotar de pessoas que encaravam abismadas a mudança no local.

Encostamo-nos perto de um dos bancos de veludo vermelho, e me abanei tentando fazer a sensação de tontura passar. Tudo girava de uma maneira nada agradável, e o que me mantinha em pé era o braço de Edward segurando meus ombros.

– Está tudo bem? – ele perguntou se abaixando para ficar com os olhos na altura dos meus.

– Não. – admiti.

Ele abriu a boca para fazer alguma coisa, mas eu o interrompi.

– Tem alguma coisa muito errada acontecendo aqui. – sussurrei.

Edward rolou os olhos nas órbitas.

– Estamos em um baile cheio de criaturas que não deveriam existir, trabalhando em uma empresa que é desconhecida por todo mundo. – ele fez uma pausa breve. – E você tem dúvidas de coisas erradas acontecendo?

Coloquei a mão na testa, e me sentei no banco encostando a cabeça na parede mais próxima, tentando controlar a respiração o máximo que conseguia.

– Você tem razão. – sussurrei.

Ele tirou o braço de meus ombros, e cruzou-os em cima do peito, se recostando na mesma parede que eu estava.

Vi uma das janelas abertas, e levantei bruscamente, com Edward em meu encalço. Tudo bem, éramos parceiros, mas não era como se ele fosse meu segurança ou algo do tipo.

Eu precisava de ar.

E urgente.

– Aonde você vai, Helena? – ele perguntou me seguindo.

O ignorei e saí do salão, vendo que a janela dava acesso à uma varanda grande e com vista para o lado da mansão. Além da mansão ser absurdamente grande, eles ainda tinham um quintal que parecia mais uma floresta. Tudo bem, Sleepy Hollow não é tão grande para se ter uma floresta, mas sem dúvida alguma pelo menos 60% das árvores e etc estavam aqui.

Deixei meus cotovelos relaxarem em cima do parapeito de pedra e inspirei algumas vezes antes de me virar para Edward.

– Anne e Charlotte precisam da minha ajuda. – disse ainda sem olhá-lo.

– Quem?

– As duas meninas que entregaram os papéis com nossos lugares. – respondi. Ele ainda parecia confuso. – Aquelas meninas que eu segui para o banheiro? – tentei novamente.

Edward pensou por alguns segundos, e sorriu de canto, parecendo finalmente recordar.

Suspirei aliviada.

– Anne está machucada. Ambas estão, mas Charlotte parece ter tudo menos sério.

– O que essa tal de Anne tem? Um machucado nos joelhos? – ele tentou fazer graça.

As imagens das mordidas que ela apresentava pelo corpo fizeram minha cabeça girar.

– Ela está inteira mordida. Pernas, braços, e até mesmo barriga. Edward, ela me pediu ajuda. Não posso ignorar. – sussurrei me aproximando dele.

Sua boca se retorceu em uma careta nada amigável, e pude ver que ele lutava entre querer justiça por aquilo, e não querer se meter em minhas coisas. Mas eu já o havia arrastado para meu problema. Então agora era nosso problema, de certa forma.

– Helena... Por que toda vez que deixo você sozinha você acaba arrumando encrenca? – ele perguntou ainda com a careta, olhando para as árvores, pensativo demais para meu gosto.

Toquei seus ombros de leve.

– Precisamos ajuda-las. – disse.

Ele me olhou por alguns segundos.

– Elas ao menos lhe falaram o nome do bastardo...

– Drake. – respondi interrompendo-o.

Edward ficou mais alguns segundos em silêncio, quando vi um homem se aproximar da porta, nos encarando com curiosidade. Talvez curiosidade demais para meu gosto.

– Por que enquanto pensa em minha oferta, não vai buscar uma bebida para mim? – sugeri tentando focar minha cabeça em algo que não fossem as malditas mordidas que insistiam em povoar meus pensamentos.

Ele olhou para mim, e se voltou para a porta. Quando percebeu a presença do homem, simplesmente se inclinou e beijou minha bochecha suavemente, antes de murmurar.

– Qualquer coisa use a arma dos peitos. – Edward disse.

Eu ri da frase, mas seu semblante ainda estava frio e distante, como se ele estivesse concentrado em algo que eu não conseguia entender. Ele apertou minha mão antes de sair da varanda para buscar nossos drinks.

Virei de costas para o salão e esperei. O homem certamente se aproximaria de mim, e eu estava mais do que nervosa por isso.

Ouvi seus passos lentos e calculados, como se ele estivesse pensando duas vezes antes de se aproximar de mim. Eu também teria dúvidas se fosse ele. Eu não era a pessoa mais agradável aquele momento.

E ainda estava armada.

Ele se aproximou do lugar que eu estava, e apoiou as costas na bancada, segurando um copo contendo um líquido escuro parecendo vinho. Virei-me para olhá-lo melhor.

Ele era alto, tinha cabelos louros, mãos fortes... Mas suas feições eram cobertas por uma máscara preta, deixando somente a boca cheia e avermelhada por conta da bebida, à mostra. E foi o que bastou para minha mente viajar de quantos xavecos eu teria que jogar para cima dele para podermos fazer uso daquela boca. Tantas imagens obscenas chegaram a cruzar minha mente, que fui obrigada a corar.

Eu mataria por lábios iguais ao dele.

– O que a traz aqui? – ele perguntou com um leve sotaque britânico, parecendo verdadeiramente interessado.

Ele tomou um gole de sua bebida, esperando paciente por minha resposta.

– Quem recusaria uma festa quando não há nada para fazer?

O homem abriu a boca para falar alguma coisa, mas sorriu ao invés disso, mostrando que além de ter uma boca e sotaques maravilhosos, tinha dentes perfeitos.

Aquele sorriso fez a junta de meus joelhos derreterem um pouco, fazendo com que eu perdesse levemente o equilíbrio.

– Acho que ainda não nos conhecemos. – sussurrei estendendo-lhe uma mão. – Helena.

Ele pegou-a com a mão livre, e balançou de leve. Sua mão estava quente e macia.

Merda, preciso parar com esses pensamentos.

– Polux.

Seu nome atingiu meu peito como uma faca. Fez algo se apertar em meu estômago. Minhas feições escondidas pela máscara traziam puro choque, e eu tive que agradecer algumas várias vezes por estar usando-a.

– Polux? – perguntei retirando minha mão devagar.

Por favor, diga que eu ouvi errado. Diga que seu nome é William, e não Polux!, implorei mentalmente.

Ele sorriu e assentiu, ainda amigável.

– Então, Polux, o que o traz aqui? – tentei manter minha voz controlada para não gaguejar.

Ele baixou a bebida por alguns segundos e me olhou profundamente. Seus olhos eram sim pálidos, mas nada como as fotos traziam. Eles irradiavam uma energia sobrenatural que fazia a adrenalina correr por minhas veias, loucamente. Eles eram hipnotizantes. E algo dentro de mim parecia querer explodir de felicidade. Afinal, Polux estava ali, do meu lado, e vamos encarar os fatos, ele não me parecia tão ruim assim.

– Trabalho. – ele simplesmente disse.

Levantei a sobrancelhas esquecendo que ele não podia ver, e ri de leve, tentando livrar meu corpo da tensão que se alojava de meus músculos desde que ele havia falado seu nome.

– Por que não aproveita a festa, Polux?

Foi sua vez de rir.

– Gostou de dizer meu nome? – ele rebateu mudando completamente de assunto.

Corei como um tomate, agradecendo mais uma vez à máscara, e mordi os lábios.

– É um n-nome diferente. – sussurrei enrolando a ponta de meu cabelo nos dedos, tentando olhar para tudo, menos ele.

Eu fazia tudo errado, não? Eu e minha grande boca!

Polux apontou para o céu acima de nossas cabeças, e murmurou:

– Meu nome é Polux porque minha mãe era uma fanática por estrelas.

Assenti de leve, ainda parecendo estranhamente interessada na ponta de meu cabelo que voltava a ficar liso com o tempo.

Polux tocou meus dedos que incansavelmente enrolavam o cabelo de volta, e pegou minha mão. Meu coração acelerou e minha respiração ficou presa em minha garganta.

– Não precisa ficar com vergonha. – ele sussurrou colocando a bebida apoiada na bancada, enlaçando minha cintura logo após.

Eu tinha que lembrar como respirar, se não iria desmaiar!

Seu rosto chegou perto do meu conforme ele me apertava contra seu corpo, e eu sorri de canto, provocando um pouco.

Isso é errado! Isso é errado! A voz irritante em minha cabeça continuava a cantar. Ok, eu sei que é errado, mas ninguém além de mim sabe quem ele é.

– E além disso, gosto do som de meu nome em seus lábios.

Mordi os lábios, e me inclinei lentamente para alcançar seu ouvido, sabendo que eu provavelmente me arrependeria depois.

– Polux? – perguntei.

Ele resmungou e seu corpo se arrepiou de leve.

– Por que está demorando tanto para me beijar?

E um segundo depois, seus lábios estavam sobre os meus, enquanto meus braços iam para seu cabelo e costas, tentando manter o contato com seu corpo o máximo possível.

Separamo-nos e Polux mordeu meu lábio inferior, atiçando-me ainda mais.

– Tem alguém vindo. – ele sussurrou dando-me um beijo de leve nos lábios, e saindo tão rápido pelo mesmo lugar que havia entrado, que por alguns segundos duvidei que aquilo tinha realmente acontecido.

A confusão ainda pairava quando Edward se aproximou de mim com duas bebidas nas mãos, em taças chiques.

– O que foi? – ele perguntou me entregando uma delas.

Sorri meio triste e suspire me encostando na bancada, esbarrando no copo com a bebida vermelha, derrubando-a no chão, fazendo-o quebrar em vários pedaços, mas não nos atingir.

O copo que eu acabara de derrubar era minha certeza de que ele era real, e de que eu tinha realmente dado um amasso delicioso no inimigo.

Peguei a bebida da mão de Edward e virei completamente, sentindo-a descer queimando pela garganta. Ouvi sua risada, e fiz uma careta.

– Hoje é dia de aproveitar. – disse mais solta e menos corada, o arrastando para dentro do salão, para o meio da pista de dança cheia de corpos se remexendo ao som da batida contagiante.


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Notas finais do capítulo

Continua?