Always escrita por CKS


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/382962/chapter/1

Dentro daquele quarto de motel existia algo que provavelmente não deveria nunca ter acontecido. Talvez não tivesse acontecido... talvez fosse apenas um sonho ou pesadelo dela... Em breve acordaria e descobriria que nada daquilo era real, que estaria numa cama grande, fria e vazia... que tudo não passava de sua imaginação, que nada seria real ... O problema que quando estavam naquele quarto, tudo parecia real, com sentido lógico, perfeito... Mas fora dele, no mundo que a esperava lá fora, era vazio... uma solidão inigualável e que não tinha fim.

Ele tinha acabado de levantar da cama e ido para o banheiro tomar uma ducha, como sempre fazia depois de horas de sexo com ela. Era uma rotina, as roupas deles espalhadas pelo chão, o cheiro deles misturado pelo quarto... Mas havia algo diferente aquela manhã. Quando se levantou da cama, ele sentiu o cheiro de lágrimas. Ela estava acordada e chorando, mas por quê? O que seu meio-irmão bastardo tinha feito a ela para ela chorar agora? Sabia que não era da sua conta, entre ele e ela só era sexo... Mas isso o incomodava de certa forma. Alguma coisa iria acontecer...

Depois de um banho quente e demorado, ele saiu do banheiro e a viu, sentada na cama. As roupas, antes espalhadas, agora estavam dobradas e colocadas sobre a cama. Ela não estava vestida ainda, usava apenas o roupão do motel. Quando ela o percebeu entrar no quarto, lhe deu um sorriso triste e um olhar melancólico. Realmente, alguma coisa iria acontecer em breve... ou ela não fingiria naturalidade quando seus olhos demonstravam exatamente o contrário. Ela estava triste, melancólica... mas mesmo assim sorria forçadamente, e ele odiava aquele tipo de sorriso.

- Bom dia Sesshoumaru. - respondeu ela parecendo tentar se controlar para esconder a tristeza, agindo o mais normal possível

- Bom dia Kagome. - respondeu ele com a toalha presa à cintura, e outra sobre a cabeça, secando os cabelos. Normalmente ela ficava excitada por o ver sair do banho ainda molhado e se propunha o ajudar a se secar, ou pelo menos era a desculpa que ela usava para poder passar as mãos novamente por seu corpo... Mas agora, parecia querer manter a maior distancia possível. - Pode usar o banheiro agora se quiser, eu peço o café-da-manhã pra gente.

- Certo... - respondeu Kagome se levantando da cama num pulo, pegando suas roupas e foi para o banheiro, sem olhar nos olhos dele. Parecia querendo se esconder, talvez fugir dele...

Ele pediu o café-da-manhã e em 30 minutos chegou até aquele quarto, o mesmo tempo que ela havia demorado no banho. Quando saiu do banheiro, ela estava devidamente vestida, com os cabelos secos e escovada, presa num rabo-de-cavalo. Mas Sesshoumaru percebeu só de olhar do rosto dela que ela havia chorado enquanto tomava banho, podia ver claramente os olhos meio inchados e o nariz que estava meio avermelhado. Porque ela chorava?

Pela primeira vez o desjejum deles foi em um total silencio, apenas comiam. Sesshoumaru tomava o café e olhava para Kagome, que estava com a cabeça baixa, ocultando o rosto com os cabelos. Entretanto ela parecia não estar com fome, parecia estar brincando com a comida. Algo estava a incomodando, mas porque não lhe falava? Normalmente ela não parava de falar de manhã, conversava de tudo, e apesar de ser meio irritante esse lado dela, era fascinante sua sinceridade para com ele, suas expressões. Ela contava sobre o trabalho voluntário, sobre sua família materna e amigos... Mas evitava falar no marido quando estavam juntos. Era um pacto que eles tinham feito quando tudo começou, nunca falar de nada relacionado aos compromissos que os esperavam quando saíssem daquele quarto. Mas hoje era um dia diferente...

- Fale. - mandou Sesshoumaru colocando a xícara do café sobre a mesa, olhando para Kagome atentamente. Ela pareceu se assustar quando ele disse isso... e olhou pra seu rosto pela primeira vez naquela manhã, mas continuava a evitar olhar nos olhos.

- O que foi? - indagou ela com um sorriso forçado

- Não minta pra mim Kagome, você sabe o que tem que falar pra mim. - respondeu Sesshoumaru - Apenas fale de uma vez e acabe com essa tortura que se submete. Apenas diga...

- Eu acho... - falou Kagome, apertando as mãos uma na outra de tal forma que ficaram brancas as áreas de atrito. Parecia estar querendo juntar forças para falar com ele. – Eu... Eu acho que devemos parar com isso.

- Isso o que Kagome? - insistiu Sesshoumaru, apesar de adivinhar do que se tratava, precisava a fazer falar.

- Da gente se ver... - respondeu ela fechando os olhos, um sinal claro que estava lutando para não chorar - Não é certo...

- O que é certo Kagome? - indagou Sesshoumaru calmamente - Ficar em casa esperando seu amado maridinho voltar dos encontros com a amante e fingir que não sabe?

- Não... - respondeu Kagome quase com um sussurro

- Você sabe muito bem que Inuyasha jamais vai deixar Kykio, mesmo estando casado com você. - comentou Sesshoumaru sendo direto

- É... Eu sei. - respondeu Kagome - Só casou comigo por que Kykio não pode ter filhos... Cruel, não acha?

- Inuyasha nunca pensou em nada a não ser nele mesmo e naquela mulher. - respondeu Sesshoumaru - Mas isso não tem a ver o conosco, nesse momento. Porque está tomando essa atitude de querer parar? Porque agora?

- Acho que Inuyasha está desconfiado dessas minhas viagens de trabalho e porque eu nunca estou em casa quando ele chega das viagens dele. - respondeu Kagome - Não quero causar mais problemas do que já faço.

- Está com medo por quem, por mim ou ele? - indagou Sesshoumaru sério

- Inuyasha não tem chance contra você... - respondeu Kagome dando um leve sorriso, desta vez sincero - Mas eu não quero ser motivo para aumentar o ódio de vocês.

- Eis que fala a pobre e Santa Kagome... - comentou Sesshoumaru - Muito bem, se é o que quer, não o faremos mais. Essa foi a ultima vez...

- É... -respondeu Kagome, mas parecia mais deprimida agora que o assunto  se resolveu

- Tome seu café Kagome, ou vai se atrasar em voltar para sua vida infeliz do mundo real. - respondeu Sesshoumaru meio irritado pela situação. Algo lhe dizia que ela estava ocultando algo... e o que irritava, estava desistindo dele, e não daquele maldito casamento, com aquele bastardo.

- Não precisa ficar bravo... Ainda podemos ser amigos, não é? - indagou Kagome tentando alcançar a mão dele - Ainda conto com sua amizade, não é?

- Não somos amigos Kagome. - respondeu Sesshoumaru esquivando sua mão da dela - Não somos nada um do outro.

- Eu sei... É só sexo mesmo. - respondeu Kagome ficando de pé - Desculpe por falar tantas bobagens sem sentido, não sei o que deu em mim, mas eu realmente gostei dos momentos que compartilhamos e espero não esquecer...

- Esqueça Kagome. - respondeu Sesshoumaru - Esqueça de tudo que houve entre nós.

- Nem que eu queira... - respondeu Kagome indo pegar a bolsa de viagem, indo em direção a porta - Adeus Sesshoumaru.

- Adeus Kagome. - falou Sesshoumaru sem virar o rosto para vê-La partir. Sabia que esse dia mais cedo ou mais tarde chegaria, mas não pensava que poderia aparentar ser tão doloroso para ela. Kagome estava chorando quando saiu do apartamento, deixou o cheiro de suas lágrimas pelo quarto. Ela parecia estar sofrendo muito com aquela decisão, parecia ser tão frágil agora... Era como se ela clamasse para ser protegida e amada, mas isso Sesshoumaru não podia fazer por ela, pois Kagome ainda não tinha decidido seu futuro ainda. Se queria se divorciar de Inuyasha e tentar ser independente, dar uma chance para aquele amigo do trabalho chamado Kouga, continuar o "relacionamento" com Sesshoumaru ou ainda não fazer nada e seguir casada com alguém que não a merecia. O mais estranho foi que as lagrimas do rosto dela o afetaram de certa forma, ficou preocupado com ela, teve vontade de ir atrás dela... Mas a partir de agora não podia mais se aproximar dela como fazia ali, somente como cunhado poderia a ver de longe, mas somente de longe. Nunca foram amigos a ponto de conversar, não fora daquele quarto... Mas algo dizia que Kagome precisava dele, o problema que ele não poderia definir que era esse sentimento. Estaria por perto, apesar de tudo... perto o suficiente para a ver, mas nunca a tocar...

 ---x---

Se passou um mês desde a ultima vez que Kagome se encontrou com Sesshoumaru naquele quarto, desde então não se falaram ou se viram, apesar de frequentarem praticamente as mesmas festas e ambientes sociais. Sesshoumaru era o presidente da empresa de construção e arquitetura mais antiga e respeitada do continente asiático, Inuyasha era o vice, mas era um total inútil comparado a Sesshoumaru. Os bailes de caridade, eventos culturais ou sociais eram sempre frequentados por ambos os irmão, na qual Inuyasha sempre ia e exibia Kagome como sua esposa fiel e apaixonada... Ou pelo menos representava esse papel muito bem, mesmo com a presença de Kykio nesses eventos. Por muitas vezes Inuyasha convidava Kykio para dançar com ele, e Kagome assistia sem poder fazer nada, pois não iria causar escândalos e manchar a imagem da empresa. Normalmente ela se isolava num lugar do salão e ficava tomando um ponche, as vezes algo mais forte, e rezando para que aqueles eventos acabassem logo e ela pudesse se refugiar no seu quarto ou qualquer lugar longe dali.

Essa noite não era diferente das outras, pelo menos o comportamento de Inuyasha não havia mudado... Mas para Kagome havia mudado, não lhe doía mais o ver dançando com Kykio "socialmente". Havia-Lhe doido muito mais dizer adeus para Sesshoumaru e pelo que viveram do que isso... Se não tivesse sido tão idiota, agora poderia ir embora sem que ninguém percebesse e iria direto para aquele motel onde ela e Sesshoumaru sempre se encontravam. Provavelmente Inuyasha nem perceberia que ela não estaria em casa, ou que estava nos braços de outro enquanto ele se divertia naquela festa.

- Porque a cara melancólica Kagome? - indagou a voz feminina familiar perto de Kagome

- Sango!!! - falou Kagome eufórica abraçando a amiga - Eu achava que não vinha...

- Como se eu confiasse em Miroku e o deixasse sozinho num baile com essas caça-fortunas descaradas. - comentou Sango fingindo estar brava

- Que isso... Miroku é incapaz de te trair, ele te adora. - falou Kagome sorridente olhando para enorme barriga da amiga - Como está a futura mamãe?

- Enorme! - respondeu Sango passando a mão sobre a própria barriga - Estou com quase 8 meses, não consigo ver mais meus pés e me sinto gorda. Mas Miroku continua a falar que sou a mulher mais linda e sexy da vida dele...

- Ele é um amor. - comentou Kagome - Tem sorte de ter alguém como ele a seu lado, e ser tão apaixonado por você.

- Muita sorte... - comentou Sango olhando para o salão, vendo Inuyasha dançando com Kykio de relance - Eu queria que seu casamento tivesse sido como o meu Kagome. Queria que fosse feliz...

- E fui, no inicio... Quando eu não sabia da verdade. - comentou Kagome bebendo de uma vez o ponche.

- Você devia ir lá naquele salão e rasgar o vestido daquela sirigaita, ou jogar a bebida e apagar o fogo deles ali! - falou Sango muito irritada - Se não o fizer, eu posso o fazer...

- Não Sango, deixe como está. - respondeu Kagome dando um sorriso triste - Você não deve se meter nisso, muito menos se irritar, não faz bem para o bebê.

- Como pode suportar tamanho descaramento e fingir que não vê?! - indagou Sango mais irritada ainda

- Anos de pratica... Além disso eu já deixei de me importar. - respondeu Kagome fazendo um sinal para o garçom lhe trazer um champanhe. Após lhe entregar a bebida e se distanciar, Kagome voltou a falar - Vê-los juntos já não me machuca mais.

- Kagome, porque não pede o divorcio de uma vez? - indagou Sango pegando nas mãos da amiga - Você merece ser feliz e encontrar o verdadeiro amor também. Peça o divorcio e venha morar comigo, vou adorar sua companhia e eu deixo até me ajudar a cuida do bebê.

- Não vou interferir na sua família Sango. - respondeu Kagome - Você já tem Koraku, Miroku e em breve o bebê, não tem porque cuidar de uma mulher com o casamento problemático também.

- Não é qualquer mulher, é minha melhor amiga! - respondeu Sango - Prometa-me que ira pensar no assunto, por favor.

- Certo! - respondeu Kagome sorrindo docemente

- É sério Kagome, você tem que jurar que... Ui! - falou Sango colocando a mão da barriga

- O que foi? -indagou Kagome assustada - É o bebê?!

- É... Ele está agitado. - respondeu Sango - Acho melhor me sentar.

- Veem, eu te levo para a sala de descanso e chamo o Miroku. - falou Kagome prestativa ajudando a amiga a sair do salão. Após entrar na sala de descanso, ajudou-a a se sentar e relaxar no divã. - Como está?

- Parece que meu filho está fazendo natação ou jogando futebol aqui dentro. - respondeu Sango passando a mão sobre a barriga - Está muito agitado.

- Ele puxou você quando irritada. - respondeu Kagome rindo - Vou chamar Miroku, fique aqui e descanse. Não se mexa até eu voltar!

- Como se eu pudesse fazer outra coisa... - comentou sango ao mesmo tempo em que Kagome saia à procura de Miroku pelo salão. Não demorou muito tempo para ela o achar, pois ele estava ao lado do ponche conversando com outros homens, sendo admirado por mulheres caça-fortunas. Com um pouco de dificuldade, Kagome conseguiu se aproximar de Miroku.

- Com licença, posso interromper? - falou Kagome chegando perto dos homens

- Claro! - respondeu um dando passagem para ela se aproximar mais deles

- Kagome, que surpresa a ver por aqui! - falou Miroku se inclinando educadamente para ela

- Posso falar com você Miroku, em particular? - indagou Kagome

- Pois não, com licença amigos. - falou Miroku puxando Kagome para fora daquele circulo com ela apoiada em seu braço. - Sabe, é meio irônico isso.

- O que? - indagou Kagome sem entender

- Agora que sou casado, prestes a ser pai, as mulheres me deram valor. - comentou Miroku sorrindo docemente para Kagome - Não precisa se preocupar em me salvar daquele bando de harpias. Kagome, eu amo muito minha esposa e nunca iria fazer algo que a incomodasse... Muito menos que a irritasse.

- Não foi por isso que fui... - comentou Kagome - Vamos para a sala de descanso, Sango espera pela gente lá.

- Alguma coisa aconteceu com ela? - indagou Miroku preocupado

- É o bebê, ele está... - antes que Kagome pudesse completar a frase, Miroku saiu correndo a puxando para a sala de descanso, sem se importar que os outros comentassem. Chegando na sala, Miroku se ajoelhou ao lado do divã, muito preocupado.

- Sango? Sangozinha? Meu amor, o que houve? - indagou Miroku nervoso pegando na mão de Sango - É o bebê? Contrações? Estourou a bolsa? Vai nascer?! ... Kagome, chame a ambulância! Um medico! Uma parteira! Qualquer um!!!

- Para com isso! Você está me deixando nervosa falando assim. - respondeu Sango meio sonolenta e irritada - Estou bem, o bebê também. Não vai nascer, mas ele se mexeu demais e agora ambos estamos  muito cansados.

- Graças a Kami-sama, eu estava assustado. - respondeu Miroku, afrouxando um pouco o no da gravata - Quer ir pra casa?

- Não precisa, eu apenas...

- Acho melhor vocês irem Sango, chega de emoções por hoje. - respondeu Kagome se aproximando do casal - Ela precisa descansar.

- Só vou se Kagome for com a gente. - respondeu sango olhando seriamente para Miroku, deixando clara que caso não o fizesse, ela não iria embora.

- mas Sango, eu...

- Vou falar com Inuyasha. - falou Miroku ficando de pé, de imediato para resolver a situação - Kagome, por favor cuide de minha esposa. Não se preocupe com nada, você ira conosco.

- Nossa... - comentou Kagome ao ver Miroku sair da sala, sério e decidido - Não sabia que Miroku tinha essa faceta tão seria.

- Ele mudou muito, por mim e pelo bebê. - respondeu Sango - Você vai conosco, me levar em casa e me fazer companhia.

- Não quero ficar segurando vela ou invadindo sua privacidade Sango. - comentou Kagome se sentando num banco, perto do divã.

- Não vai ser nada disso, eu só não quero que fique aqui com esses idiotas metidos e o vira-lata do Inuyasha. - respondeu Sango energicamente

- Hai! Hai! - falou Kagome rindo, afinal a amiga só queria seu bem. Era melhor não contraia-La.

Em poucos minutos, Kagome, Sango e Miroku estavam saindo da festa, pegando a limusine indo para casa. Após chegarem, Miroku ajudou Sango a trocar de roupa em quanto Kagome preparava um chazinho para ela tomar. Meia hora depois Sango estava dormindo em sua enorme cama, em quanto Miroku e Kagome conversavam na cozinha, em quanto bebiam um chá.

- Kagome... - falou Miroku, quebrando o silencio que reinava na cozinha - Obrigado pela ajuda.

- Não foi nada Miroku. - respondeu Kagome sorrindo - Se fosse o contrário, certamente vocês teriam feito o mesmo. Fico feliz em poder ajudar vocês.

- Você já ajudou demais Kagome. - comentou Miroku - Por sua causa eu conheci Sango, nos apaixonamos e casamos e em breve terei meu primeiro filho. Nada disso seria possível sem sua ajuda... Quero retribuir esse favor algum dia.

- É só colocar meu nome em sua primeira filha que estaremos quites. - respondeu Kagome brincando com ele. Ambos riram, e voltaram a tomar o chá em silencio, até que Miroku puxou a conversa novamente.

- Kagome, eu tenho que te contar uma coisa. Mas isso não é um assunto fácil de dizer, principalmente a uma mulher... - falou Miroku olhando para xícara em suas mãos, tomando coragem. - Eu sou amigo de Inuyasha a algum tempo, gosto muito dele, mas não aprovo o que ele está fazendo com o casamento de vocês... Principalmente com você, que é uma amiga mais que especial para minha família. O Inuyasha está te...

- Traindo? - indagou Kagome calmamente, ao ver o semblante de Miroku ficar confuso, ela sorriu - Eu já sei que ele me trai, Miroku.

- Já sabe?! - indagou ele perplexo - Como? Quando?

- Uma mulher sabe disso... - respondeu Kagome colocando a mão na base pescoço, massageando a área.  - A gente sente isso de longe.

- A quanto tempo sabe? - indagou Miroku

- Já faz um bom tempo... - respondeu Kagome, evasiva - Sei que ele me trai com Kykio, e só se casou comigo por pena e talvez porque eu posso ter filhos e a outra não.

- Droga, eu vou matar o Inuyasha! - falou miroku batendo a mão na mesa, irritado

- Não precisa Miroku. - respondeu Kagome pegando na mão dele - Você tem sua esposa e em breve seu filho, concentre-se apenas neles.

- Que droga Kagome... - falou Miroku mais irritado pela cara compreensiva que ela fazia, mas lhe deixava na cara quanto ela sofria com aquele casamento com Inuyasha a muito tempo, e ele não tinha percebido nada. - Por favor, se divorcie dele e venha morar conosco. Sango e eu adoraríamos a ter por perto.

- Você e Sango são realmente almas gêmeas. - comentou Kagome sorrindo - Vocês combinaram em falar a mesma coisa pra mim hoje?

- Sango te propôs isso hoje também?

- Foi... - respondeu Kagome rindo - Eu prometi que vou pensar no assunto.

- Sério Kagome, você jura que pensará no assunto? - indagou Miroku sério, segurando a mão dela

- Prometo. - respondeu Kagome olhando para o relógio - Olha só a hora, é melhor eu ir andando.

- Não precisa, pode dormir aqui está noite. - respondeu Miroku - Tem um quarto de hospedes preparado para...

- Não, obrigada. - respondeu Kagome docemente pegando as xícaras e as colocando na pia

- Então eu te levo. - insistiu Miroku

- Não Miroku, eu pego um taxi. - respondeu Kagome - Vai ficar tudo bem, não se preocupe. Posso ir sozinha... sou adulta.

- Tem dinheiro pelo menos? - indagou Miroku, visto que ela estava decidida a não ficar e nem permitir que a levasse.

- Sim. - respondeu Kagome. Miroku contatou a recepção do prédio, pedindo um taxi. Poucos minutos depois Kagome desceu, pegando o taxi e foi embora. Apesar de Miroku continuar preocupado, achou melhor não pressionar Kagome. Ela provavelmente sabia que poderiam contar com eles no futuro...

 ---x---

O taxi parou em frente a mansão que Kagome vivia com Inuyasha, seu marido. Era um lugar muito bonito, a arquitetura era belíssima no estilo romano clássico com alguns toques moderno. Realmente morava num lugar sem igual, o problema que aquela casa não era mais do que uma "gaiola de ouro" para Kagome. Não sentia calor daquela casa, ela era sempre fria... Assim como seus habitantes. Aquela casa era feita para impressionar, não para se chamar de lar. Não queria passar a noite sozinha ali, preferia qualquer lugar, menos aquela mansão que a sufocava.

- Por favor, poderia me esperar? - indagou Kagome calmamente para o motorista

- Posso, mas o taxímetro está rodando. - comentou o motorista

- Não irei demorar muito. - respondeu Kagome sorridente em quanto entrava em casa. Foi correndo para o quarto, trocou o vestido chique pelo jeans e camiseta de algodão e uma jaqueta de aviador. Em seguida pegou uma bolsa de viagem e colocou um par de roupas-intimas, um pijama de seda e sua maquiagem, depois pegou um pouco mais de dinheiro que o escondeu na bolsa. Amarrou o cabelo, colocou a touca de aviador na cabeça e saiu da mansão rapidamente, trancando-a. O taxista a esperava, em frente ao portão, cantarolando alguma musica americana...

- Desculpe a demora, podemos ir. Por favor, me leve nesse endereço. - falou Kagome entrando no carro, entregando um papel para o motorista. Sem argumentar sobre a direção que ela estava querendo ir, ele a levou até uma esquina no centro da cidade. - Obrigado, pode ficar com o troco.

- A senhora tem certeza que quer ficar aqui? - indagou o taxista preocupado - Não é local para uma mulher de seu tipo ficar andando por aqui. É um bairro perigoso.

- Estarei bem, obrigada. - respondeu Kagome demonstrando confiança. Apesar de relutar, o taxista foi embora para atender outra chamada. Ela ficou o vendo se distanciar, depois de ver que ele não estava mais por perto, Kagome começou a caminhar e procurou um moto-taxi ‘clandestino’. Era preferível esse tipo de serviço, pois eles nunca olhavam para cara do cliente, muito menos se lembravam de onde os deixaram desde que pagasse. Em pouco tempo chegou a seu destino, a rua de Motéis. Conferiu se não estava sendo seguida e foi para o motel que sempre se encontrava com Sesshoumaru. Sabia que não o encontraria mais lá, mas aquele lugar era meio que especial para ela... Poderia dormir sem se sentir sufocada pelas mentiras de Inuyasha ou daquele maldito casamento.

- Por favor, minha chave. - pediu Kagome a recepcionista, que sabia exatamente qual chave era. Sesshoumaru e Kagome pagaram uma certa quantia para aquele quarto especifico estar sempre vago para eles...

- Pois não. - respondeu a recepcionista pegando a chave e a entregando. Ainda bem que Sesshoumaru não havia cancelado o contrato que tinha feito com o motel pelo quarto, agora poderia ir dormir tranquilamente.

Kagome subiu ao quarto calmamente pelo elevador de serviços, onde não havia câmeras de segurança. Depois que chegou ao seu andar indicado, ela entrou no quarto e jogou a bolsa de viagem na mesinha de centro. O quarto estava vazio, arrumado, alinhado, limpo... Mas vazio. Bom, o que ela esperava encontrar ali? Sesshoumaru? Kagome começou a rir de si mesma e foi para o banheiro tomar uma ducha relaxante e ir dormir... não havia necessidade de ligar a luz do quarto, então simplesmente trancou a porta do quarto e logo depois foi para o banheiro, decidida a tomar um banho bem demorado na banheira.

Enquanto tomava banho, Kagome achou ter escutado algo no quarto, mas provavelmente devia ser o barulho do quarto ao lado. Era impossível alguém estar naquele quarto com ela. Quando terminou de secar o corpo, Kagome colocou a toalha nos cabelos e foi nua para sala para colocar seu pijama e dormir. Antes poderia sentir vergonha de andar nua pelo quarto, mas agora não tinha razão pra esse pudor. Andou até a mesinha de centro a abriu a bolsa de viagem, tirando a roupa que tinha preparado para aquela anoite... Colocou a calcinha, mas antes de conseguir colocar o pijama escutou uma voz meio que familiar no quarto.

- Não sabia que fazias Strip-tease. - falou a voz masculina sentada na cama. Ao ver o semblante dela assustado, ele sorriu. Ele ainda estava usando o terno do baile daquela noite, mas o no da gravata já tinha se desfeito e a camisa de linho estava 4 botões aberta.

- Sesshoumaru?! - indagou Kagome um pouco duvidosa, tentando olhar através da escuridão do quarto.

- Quem mais poderia ser? - indagou Sesshoumaru calmamente

- O que faz aqui? - indagou Kagome sem entender mais nada do que estava acontecendo, olhando para os lados.

- Eu sabia que a encontraria aqui. - comentou Sesshoumaru se levantando da cama, indo na direção dela. - Algum problema deu estar aqui? Está esperando alguém?

- Não! - respondeu Kagome rapidamente

- Bom, se eu soubesse que sim, eu mataria o infeliz. - respondeu Sesshoumaru parando na frente dela, colocando a mão sobre o queixo dela, fazendo-a olhar para seu rosto - Fale comigo, o que houve hoje a noite? Estava muito pálida e assustada... Inuyasha fez alguma coisa?

- Não fez nada de novo... - respondeu Kagome abaixando o olhar, não tinha coragem de o olhar nos olhos

- Fale comigo Kagome. - mandou Sesshoumaru calmamente - O que houve para fazê-la fugir do baile e de casa essa noite para vir aqui?

- Eu tinha que pensar no meu futuro, e naquela gaiola não tinha como pensar em nada. - respondeu Kagome dando um passo para trás, afastando a mão de Sesshoumaru de seu rosto.

- Vamos nos sentar. - falou Sesshoumaru pegando a mão dela a levando para a cama. Sentiu a mão dela tremer quando a tocou, pode escutar até mesmo o seu coração acelerar quando se aproximavam da cama. - Não se preocupe, falei apenas que vamos conversar Kagome. Quer que eu pegue seu pijama?

- Sim... - respondeu ela em quanto se enfiava entre os cobertores da cama. Ela lhe parecia uma ratinha assustada. Típico dela... Depois de se aproximar da cama e lhe entregar o pijama, ele se sentou por cima dos lençóis, para evitar contato de pele, que a deixaria mais nervosa do que devia estar.

- Fale comigo Kagome. - falou Sesshoumaru a olhando para ela, que estava coberta até o pescoço com os lençóis. - Está com medo de mim ou das lembranças desse quarto?

- Medo do meu futuro, apenas dele tenho medo. - respondeu Kagome - Hoje vi meus amigos, Sango e Miroku. Lembra deles?

- Sim, o tarado e a gata selvagem. - respondeu Sesshoumaru sarcasticamente - O que tem eles?

- Eles se casaram no mesmo ano que eu, e já vão ter um filho. - respondeu Kagome - Senti inveja do casamento deles... Queria um casamento feliz como o deles.

- É o que toda a mulher quer. - respondeu Sesshoumaru - O que mais que aconteceu?

- Sango se irritou por causa do Inuyasha e o bebê se agitou também. - respondeu Kagome - Eu fiquei assustada, chamei Miroku e ele pediu para ir pra casa deles para ajudar. Sango não queria ir embora sem que eu fosse com ela...

- Entendo... Foi por isso que ele saiu no salão correndo puxando você. - respondeu Sesshoumaru relembrando do que viu na festa - Não foi só isso, foi?

- Não... - respondeu Kagome - Eles me aconselharam a me divorciar de Inuyasha, e ir morar com eles por um tempo.

- Pra ser a babá do filho deles? - indagou ele cético

- Eu gosto de crianças Sesshoumaru, não me importaria. - respondeu Kagome, na defensiva

- Você não foi feita pra cuidar do filho dos outros, e sim dos seus. - respondeu Sesshoumaru olhando para ela. No entanto Kagome cobriu o rosto com os lençóis e começou a chorar, por sua vez ele se inclinou sobre ela e tirou com cuidado os lençóis do rosto, olhando-a nos olhos - Realmente Kagome, acho que merece ser feliz com um cara que a ame de verdade e tenha um monte de filhos bagunceiros e emotivos como você. Seria uma boa mãe... Só precisa achar o cara certo.

- Mas pra isso eu tenho que pedir o divorcia de Inuyasha, e só Kami-sama sabe quando conseguiria efetivá-lo. - respondeu ainda chorando - Sei que se começasse a procurar advogados para isso, Inuyasha iria tentar me persuadir a não o fazer... Juraria inúmeras mentiras para eu continuar ao lado dele... me prometeria o céu e o inferno pra que continue ao seu lado.

- Se já sabe que vai ser mentira as promessas dele, porque insiste em continuar nesse casamento? - indagou Sesshoumaru - Ainda o ama tanto assim?

- Não... não mais. - respondeu Kagome - Mas agora eu me sinto oca... totalmente vazia pro dentro. Meu futuro nesse casamento é uma total perda de tempo... Mas o que eu faria ao me divorciar? Não tenho mais emprego efetivo, nem minha família mora perto de mim. Não quero depender de meus amigos... não sei o que fazer Sesshoumaru!!! - falou Kagome aos prantos o abraçando. Sesshoumaru se deitou na cama, trazendo Kagome para mais perto de si, deixando-a chorar sobre seu ombro. Mais do que nunca ela precisava dele, mesmo que ele não quisesse, ele iria a ajudar. Quando ela estava naquele estado ele não podia lhe negar absolutamente nada...

- Primeiro Kagome, peça divorcio. - falou Sesshoumaru passando a mão sobre os cabelos de Kagome, tentando a acalmar - Depois eu irei lhe ajudar a voltar ter uma vida. Irei lhe proteger... Não se preocupe. Apenas acabe logo com esse casamento...

- Hai! - respondeu Kagome ainda abraçada a ele. Tinha absoluta certeza que ele faria o que estava lhe prometendo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Always" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.