Destroyed escrita por Debby Valdez


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Hey, só pra quem não sabe, essa fic é a primeira de uma trilogia, certo. Então mesmo eu apressando, ela não acaba tão cedo.
Bem, aproveitem.



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Uma coisa estranha que eu admito ter é uma mania horrorosa de guardar as piores dores só para mim. O pior tipo de egoísmo. Sempre quando alguma coisa me deixa muito triste ou nervosa pra valer, eu não choro, não grito, não quebro coisas. Apenas interiorizo e me privo de demonstrar emoções. Meu pai sempre dizia que se eu estava calada demais, tinha algo errado comigo.

Nesse momento, exatamente isso acontecia. Eu não tinha vontade de gritar, chorar ou simplesmente sair correndo. Eu estava lá parada e séria vendo meu pai tentado controlar Alexy e Jeremy abrindo espaço entre garotos de 16 anos enquanto seu irmão autista continua submerso em pensamentos aleatórios. O que me puxa de volta á realidade é Jeremy falando com dureza.

- Eu me ofereço. Essa é minha chance de vencer os Jogos – Ele fala com a determinação de um carreirista. Se não o conhecesse, diria que é nada mais que um garoto-monstro que quer trazer honra e glória para seu distrito. Mas, ele só queria que seu irmão sobrevivesse. Seu irmão que se preocuparia mais com as cores de uma borboleta e em alinhar pedras do que reunir suprimentos e cuidar para que sua cabeça não fosse cortada por um machado.

Acho que deixei transparecer um pouco de terror, porque de repente todas as faces e câmeras desviaram de Jeremy para mim. Engoli em seco e voltei para minha cara de paisagem. Um parafuso, dois parafusos. Jeremy sobe. Três parafusos, quatro parafusos. Effie pede que ele diga seu nome. Cinco parafusos, seis parafusos. Jeremy Richmond. Sete parafusos, oito parafusos. Apertamos as mãos como estranhos. Resisto em puxa-lo para um abraço. Nove parafusos, dez parafusos. Entramos no Edifício da Justiça.

Fiquei numa sala do edifício entre parafusos e números. Meus garotos entram. Papai me abraça forte e não se detém em dizer “Você é forte, você vai vencer, você vai voltar sã e salva”. Ele sabe que não tenho como matar Jeremy. Posso talvez ser forte, mas não é preciso força pra matar um amigo. É necessário sangue frio e ser uma completa idiota. Coisa que não tenho ou sou.

Alexy soluça sentado em meu colo com a cabeça em meu peito. Não dizemos nada, apenas nos abraçamos e tentamos nos sintonizar para que possa saber o que sentem quando partir. Saber que sempre seremos uma coisa só. Os pacificadores aparecem e eles me apertam com mais força, quase me deixando sem ar. Não reclamo. Meu pai deixa uma coisa em cima do meu colo. Um embrulho com sanduiche de ovo. Sorrio.

- Faça valer a pena. – Meu pai diz.

- Seja forte! – Alexy diz.

- Vou tentar. – Falo.

Pergunto-me que ele quer dizer com “Faça valer a pena” e com que eu poderia ser forte? Com certeza não estão se referindo a matar meu amigo. Pior do que não querer mata-lo, não quero que outra pessoa o faça. Decido naquele momento, sozinha, acariciando meu sanduíche de ovo, que esse será meu último dia respirando o ar poluído do Distrito 3. Voltarei para ir direto para a terra em um caixão de madeira. Mas eu vou sobreviver até a última batalha. Eu trarei Jeremy de volta.

Afinal, mais gente precisa dele do que de mim. Ele tem um irmão autista e a os pais já á muito sem sanidade no que se refere aos Jogos. Ele precisa voltar. Posso pedir que ele sempre olhasse Alexy e papai. Yeah, eles ficarão bem sem mim. O pensamento me deixa mais leve, apesar de que confirme minha morte.

Os próximos a entrar são Mari e Nicholas. Eles me abraçam e Nicholas parece mais vermelhinho ainda. O que o deixa com um tom engraçado, como uma criança crescida. Logo depois de ter o pensamento, o jogo fora. Nunca mais vou vê-los, deveria ocupar minha mente com algo como armas e sobrevivência e não em como Nicholas Shada fica lindo com bochechas rosadinhas.

- Bem, eu queria poder dizer que vocês foram meus melhores amigos e... – Comecei. Tinha que dizer o que nunca foi dito agora, não terei chances depois.

- Pelo amor de Deus, Audrey! Para de falar como se fosse para a forca agora! – Mari grita e eu me encolho.

- Mas é a mesma coisa! – rebato – A diferença é que vai ser lenta e dolorosamente e o pior, televisionado para toda Panem! – Me arrependo do que falo por que Mari fica muda e Nicholas engole com força.

Por incrível que pareça, Mari fala:

- Bem, mas você vai ficar bem mais bonita no processo.

- Então você também deveria ir para os Jogos Vorazes, está um caco.

- Oh, eu não duvidaria que te escolheram de proposito. Está deteriorando o Distrito.

Começamos a rir e Nicholas nos olha confuso.

- O que foi isso?

- Ah, preferimos rir que nos lamuriar como você – Mari responde.

O que veio a seguir foi bem surreal. Começamos a falar de coisas triviais e rir como bobos nos nossos prováveis dois minutos juntos. Nicholas foi se soltando, mas de vez em quando ficava encabulado e continuava a rir com a orelha vermelhinha. Depois de um tempo, lembro d chave em meu pescoço e chamo os dois para mais perto.

- Quero que guardem isso pra mim. – Falo tirando a chave do colar e entregando para Mari. – Guardem com as suas vidas. Se o pior acontecer, a destruam.

- Mas o que...

- Shiu. Apenas guardem e depois destruam.

Eu não sei por que estava tão receosa á uma coisa minúscula que gruda e pisca. Mas talvez fosse algo realmente importante. Talvez não ela em si, mas o fato de eu ter uma e saber como funciona.

Os pacificadores vieram e Mari me abraçou com força, beijando minhas bochechas.

- Nada de adeus. Um até logo. – Falou e saiu. Nicholas me abraçou e dei um beijo na sua bochecha.

- Uh, até logo – Ele fala e saiu murmurando alguma coisa.

Uma última visita chega. Suspiro forte ao ver que eram os pais e o irmão de Jeremy. Eles apenas se sentam e Jake vai olhar cada tom de bege da parede. Seus pais nada falam. Apenas beijam o todo da minha cabeça e chamam Jake.

Aí vem a coisa estranha. Jake vai até mim e diz no meu ouvido.

- Você não quer voltar? – Fico gelada – Sei que não quer. Mas o mundo não é seu, certo? Tome. – Ele seguiu seus pais e eu olhei para o que ele me entregou. Um simples recorte de livro com um foto e um parágrafo.

Nada menos que uma águia-real. O recorte mostrava uma silhueta dela alçando voo. No momento, cheguei apenas a uma conclusão. Era a ave do meu colar. Comecei a ler o parágrafo.

“A águia-real era uma espécie de ave de rapina que habitada o oeste da América do Norte e a Ásia. Era a ave protegida pelo governo e símbolo da América. Depois dos desastres ambientais, a ave foi extinta. Aves conhecidas por sua caça, sua força e seu voo certeiro agora são apenas uns poucos exemplares criados em cativeiro, protegidas dos seus predadores, mas cuidada pelo pior deles.”

Apenas acaricio o pingente. Dobro o recorte continuo o segurando. Os pacificadores entram e pedem que eu os siga. “Pedir”, nesse caso, é o primeiro estágio, se você nega, eles te obrigam. Uma opressão mal disfarçada. Pego um carro junto com Jeremy e Lizz. Olhamos pela janela, vendo o mundo passar pela janela como um borrão. Nunca andei de carro, e não gostei. Deixa-me enjoada.

Por fim, entramos num trem de alta tecnologia. Na janelinha, da porta onde eu entrei, posso ver meu Distrito ir embora. Tento gravar o máximo de imagens dele, enquanto o trem vai embora. Ponho na cabeça que nunca mais o verei e tento resistir à vontade de pular pela janela e me jogar no trem.

Talvez não passasse tanto tempo para o inevitável. 


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Notas finais do capítulo

Eu to me empolgando demais com essa fic, né? Mas é porque eu quero postar o máximo que puder dela e de Do Tratado da Traição para que eu possa, na outra semana, acelerar The Half Blood Games e Greek Demigod Life, pra depois acelerar o Guia do Semideus (e provavelmente concluir). Então, nessas férias todas as fic vão ficar bem mais na frente.
Beijos e comentem.