Destroyed escrita por Debby Valdez


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Heyo! Minha, o que? Quinta fanfic! Pra quem estava esperando a interativa, amanhã eu posto.
Enfim, aproveitem!



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Acordo tossindo. Dobro-me pra frente e tateio a cama até pegar o travesseiro e cubro a boca. Minhas mãos estão tremendo e aperto contra meu tórax para aliviar o formigamento. Me acalmo e a tosse passa. Minha garganta arde. A fumaça no Distrito 3 é horrível. O cheiro invade nosso pulmão e parece arrancar cada molécula de gás oxigênio puro. A maioria do distrito sofre disso, mas ninguém pode se dar o luxo de baixar o rendimento do trabalho.

Assim funcionam as coisas no distrito 3. Temos que viver para produzir.

Mas produzir não nos salva de nada. Tudo que produzimos vai para a capital e nós continuamos a viver nossas vidas medíocres e pobres. Nunca visitei a capital, mas pela nossa única TV velha de tubo, pude ver que vivem como se não houvesse amanhã. Roupas caras e bizarras e festas toda noite. Me pergunto se eles nunca notaram o quanto ficam ridículos com aqueles trapos coloridos. Para piorar a imagem que tenho dos capitólios, eles ainda celebram os Jogos Vorazes como uma festividade linda e feliz. Se fossem com seus filhos e netos, duvido que estivessem tão animados para aquela carnificina.

Deslizo meus pés para fora da cama. O chão está frio, muito frio, mas ainda sinto calor na nuca. Por causa do frio, meus pés ficam roxos como tatuados de carvão. Olho para a cama ao meu lado e vejo Alexander ainda deitado. Meu pequeno irmão só tem 11 anos. Sempre tento me convencer que vai demorar até ele participar da colheita, mas ano que vem ele já fará parte. Será um papelzinho, poucas chances. Esse ano, como todos os anos, eu peguei tésseras o que me deixa com mais chances de ser sorteada. Com quinze papeizinhos meus, mas com milhares de outros, acho que não serei escolhida. Talvez a sorte esteja mesmo ao meu favor. Essa seria a primeira vez.

Vou ao banheiro e ligo a torneira, deixando um pouco de água suja sair. Água limpa começa a cair e ponho minha cabeça debaixo dela para tentar limpar minhas ideias. A água está gelada, e apesar do calafrio, continuo. Quando minha cabeça está fria, tiro minha roupa e começo a me lavar. Enrolo-me com uma toalha e passo pelo espelho tendo o cuidado de não olhar. Sei o que vai ter lá e não gosto.

Pego uma roupa normal: Uma blusa branca, um casaco, calça e botas. Quero chegar ao prédio antes do Jeremy pra terminar o meu presente de colheita pra ele. Pego também minhas mais recentes invenções e enfiei na bolsa.

Eu não sou popular ou coisa assim, mas muita gente me compra algumas “reproduções” de maquinas da capital, que produzimos, mas não podemos usar. Podemos ser o Distrito 3, o distrito da tecnologia. Mas pouca gente tem acesso a uma simples TV que não chie vez ou outra. Com peças sobressalentes consigo montar algumas coisas que tem a mesma função, não são iguais ou tão bonitas, mas funcionam.

Deixo um bilhetinho em cima da mesa afirmando que voltou a tempo da colheita e pego uma maçã para ir comendo. Perto da porta, estava dormindo Guy, nosso labrador branco. Ele tem ajudado meu pai depois do acidente. Meu pai é cego de um olho, o esquerdo, fazendo com que tudo sempre pareça desequilibrado e Guy ajuda muito. Acaricio sua cabeça e murmuro um tchau, desço pelas escadas e saiu do nosso prédio. No distrito 3 tudo é tomado por fábricas e a área residencial é basicamente uma favela vertical. Muito difícil achar casas propriamente ditas.

Passo por prédios, poucas casas velhas e fábricas – muitas fábricas – e depois de muito andar, já consigo ver a cerca. Bem perto, tem um prédio de uns três andares á muito desocupado e com os andares cedidos, fazendo dele um galpão muito alto de concreto. Entro nele e posso ver seu familiar interior. Uma coisa completamente diferente do distrito. As paredes são cheias de hera, o chão quase tomado de grama selvagem, até um punhado de rosas espinhentas no canto.

Mas o melhor desse lugar é uma grande arvore que nasceu do nada, rodeada de chão rachado, seus galhos formavam um piso onde um dia foi o primeiro andar do prédio e sua copa ocupando o terceiro andar. Acho que esse é o único lugar em todo o distrito que tem alguma coisa verde que não doa os olhos.

Quando eu piso na escada improvisada que corre todo o tronco da árvore vejo que meu plano foi por água abaixo, Jeremy já está aqui.

– Hum... Você chegou atrasada. – Ele fala e desce pelo tronco.

– Droga, Jeremy! Quando eu conto que você seja preguiçoso você me vem com essa. Pode voltar pra casa e ir dormir, que eu tô mandando! – Digo e ele ri.

– Você vivia reclamando que eu chegava muito tarde! E eu não queria ficar muito em casa... – Ele fala, mas eu entendo. Jake, irmãozinho do Jeremy, fez 12 anos á uma semana. Os pais deles deviam estar loucos. Eles tinham outro filho, antes do Jeremy nascer, que morreu nos Jogos. Nunca nem descobri o nome dele. Nunca quis saber.

– Você estragou a surpresa, besta. Agora vai ficar sem presente.

– Ah, se eu soubesse teria ficado lá fora. Mas, vai ter que fazer mesmo assim.

– Ok, mas eu quero um favor em troca.

– Eu acho que posso descontar com um presente...

– Uh, que seria?

– Fecha os olhos. – Obedeço. Sinto algo frio roçar no meu pescoço. – Agora abre.

Abri. Era um colar com um pássaro alçando voo. Queria ser como o pássaro e escapar daqui, mas não sei pra onde iria.

– Obrigada Jeremy. Eu amei. Vou buscar o seu.

Vou subindo o tronco até chegar a uma parte do piso do segundo andar onde fizemos um quartinho escondido pelas folhas da árvore. Uma bancada, algumas cadeiras, frutas, projetos e ferramentas desorganizados por todo o lugar. Pego um relógio que eu tinha feito. Desço novamente e entrego pra ele.

– Woa... Incrível. – Ele falou sem tanto espanto. Apertei o botão lateral e uma faixa de pano felpudo correu a pulseira até virar uma tira de pano grosso. Assim, ninguém ia desconfiar de um produto tecnológico no distrito da tecnologia. – Certo. Duas vezes incrível.

Ficamos conversando bobeira e arengando com a Capital, imitando a mulher negra dos cabelos coloridos, Lizz Angie, que vem sempre apresentar a colheita. Esse é o único lugar onde eu esqueço o mundo lá fora. Jeremy é a única pessoa com quem eu esqueço todos os meus problemas e mais pareço uma adolescente “normal”. Rindo de besteiras e falando coisas sem sentido. Nada como um pouco de verde nesse mundo cinzento.

Mas não sai da minha cabeça uma sensação entranha. Como se algo importante estivesse para acontecer. Esfrego as mãos na calça tentando tirar o suor das palmas. Jeremy para de repente e me fita.

– O que foi?

– Nada...

– Sério. O que foi?

– Eu... – Nunca consegui esconder nada dele – Eu só tenho a sensação que não estaremos mais juntos aqui.

– É só o nervosismo da colheita. Acontece comigo também. Falando em colheita, hora de ir – Ela fala sorrindo e apontando para o relógio novo. Acaricio o pássaro do meu pingente.

– Ah, e que a sorte... – Falo brincando.

– Esteja sempre em seu favor.

– Seria uma novidade.

– Não fala assim. Boa sorte. – Ele me deu um beijo na testa e me ajudou a descer. Despedimo-nos e fomos para nossas casas.

Uma coisa sobre sensações é que muitas vezes é apenas o puro nervosismo. Confesso que fiquei nervosa com a colheita, não só por mim, mas pelo Jeremy, pelo Jake. Por quem quer que fosse escolhido. Mas algo me dizia que essa seria a última. Algo realmente grande estava para acontecer. Minha intuição é aguçada, modéstia á parte. Muitas vezes ela acertou. Essa era uma delas.


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Notas finais do capítulo

Quem quiser, o Dream Cast está aqui:
http://migre.me/fdnsq
E o look da Audrey (vou colocar aqui, quando preciso), está aqui:
http://migre.me/fdntN
Comentem se gostaram ou não e favoritem se curtirem. Beijinhos!