Sala de estar (mansão Fullbuster): http://s.glbimg.com/og/rg/f/original/2010/05/03/casagouveia-606_.jpg

Chegaram à mansão Fullbuster que parecia agitada pela música alta que corria pelo ar:

- Não se separe de mim, Romeo... Eu detesto festas... Ainda mais quando serei o centro das atenções...

- Não se preocupe, senhorita Heartfilia... Talvez nem demore muito pra acabar...

Ela sorriu carinhosamente para o garoto:

- Me chame de Lucy, Romeo... Apenas Lucy.

- Sim, Lucy.

Saíram do carro e se dirigiram a entrada. Romeo tocou a campainha e ambos puderam ouvir a voz de Erza soar estridente do lado de dentro:

- Deve ser ela!

A música cessou no mesmo instante e tal ato levou o coração de Lucy a palpitar: odiava chamar atenção. Sem nem pensar, a garota agarrou a mão de Romeo e a apertou. A porta abriu.

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Erza abriu a porta e todos os convidados puderam ver que de fato era Lucy e para a surpresa de todos, acompanhada de Romeo, e para mais surpresa ainda, de mãos dadas. Sim, todos notaram; alguns chegaram a pensar que segunda seria um ótimo dia onde fofocas e mais fofocas iriam rolar.

A garota ruiva recebeu a amiga com um abraço: de fato ficara preocupada. Natsu deu algumas batidinhas no ombro de Romeo, parabenizando-o por ter trazido Lucy a salvo. Todos os presentes voltaram a suas conversas anteriores. Todos, exceto ele.

Gray não conseguia deixar de encarar o casal recém-chegado. O copo de Red Label em suas mãos escorria e suava por entre seus dedos, mas ele sequer sentia a friagem. Não conseguiu despertar de seu devaneio nem quando alguém passou ao seu lado, esbarrando em seu ombro; sua mãe correra para receber a convidada especial.

- Gray-sama... Gray-samaaa! – o moreno despertou a tempo de ver uma jovem azulada lhe fazer bico – Juvia ainda está carente... Por que não subimos e ficamos longe desse monte de gente...?

- Agora não Juvia.

- Mas é só um tempinho...

- Já disse que agora não, Juvia! – e ele foi ríspido. A garota o encarou emburrada e então seguiu seu olhar, se deparando com Lucy. Sua face se contraiu numa expressão de desconfiança, mas sua boca não emitiu som algum.

- Lu-sama! – Ur a abraçou fortemente – Não sabe a saudade que senti! Oh, meu Deus! Como você cresceu! E está tão linda! Quem diria que aquela garotinha de aparelho iria se transformar num lindo cisne! Oh Lucy! Você é a filha que sempre sonhei em ter!

Gray viu Natsu puxar Romeo para um canto e tudo pareceu mais bonito a ele. Tudo menos Lucy, pois seria impossível. A claridade que vinha de fora projetava ao redor da garota uma áurea de luz que fazia seus cabelos brilharem mais que o normal e sua pele clara tornar-se neve. Mesmo de longe, o moreno conseguiu avistar um tímido brilho celestial que emanava de sua cabeça e ele começou a achar que tinha bebido demais.

- Obrigada, senhora Fullbuster...

- Filhooo! – a morena gritou – Venha falar com a Lu-sama! Anda filho!

Gray sentiu sua garganta secar. Estava para dar um passo em direção a Lucy quando uma camisa social cinza entrou em sua frente, lhe tapando a visão. Lyon tomou a mão da menina e beijou delicadamente:

- É um prazer conhece-la. Gray havia me dito que sua beleza era comum e singela. Mas vejo que ele é um perfeito cego... És a mulher mais bela que já tive o prazer de avistar em minha vida.

Lucy abaixou o rosto, corando e sorriu envergonhada:

- O-obrigada.

Nesse momento Gray sentiu o copo em suas mãos prestes a trincar, tamanha a pressão que exercia sobre ele. Como Lyon havia sido canalha! Inventou todas aquelas coisas sobre si para enganar Lucy e ainda ganhar créditos com ela! Ele iria pagar! Mas pagar pelo quê? Por que diabos iria se importar com esses dois?!

 Gray não sabia responder por que se importava tanto. Ao invés de buscar respostas, simplesmente largou o copo em cima de uma mesa e se dirigiu a cozinha. Atravessou-a e saiu para o jardim dos fundos, passou a mão pelo rosto e sentiu sua cabeça latejar.

Estava sendo ridículo. Não tinha motivos para se importar com tudo isso. Só precisava voltar lá e demonstrar que não ligava como sempre fizera. É, talvez fosse apenas cansaço do trabalho ou do noivado.

Pensando isso, ele voltou a entrar pela porta da cozinha e percebeu que de fato não estava a fim de ignorar tudo.

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Gray entrou na cozinha e deu de cara com uma Erza enxugando os cabelos com uma toalha e uma Lucy comendo morangos. A loirinha deu um pulo assustada quando o rapaz entrou de surpresa:

- Desculpe, não queria assustá-las.

- Tudo bem – Erza deu de ombros – Só a Lucy que se assustou...

- Ah... – ele olhou ao redor para arrumar um motivo para estar ali; pegou uma garrafa de Martini que havia sobre um balcão e encheu um copo – Minha mãe está lhe enchendo muito? Sei que deve estar...

- Não, magina! Ela é super legal – Lucy sorriu e deu de ombros.

- E seu par? Te deixou aqui sozinha?

- Par? Que par? Ah, sim! Romeo! Não... – ela riu – Ele está com Natsu procurando alguma coisa pra fazer... Eles também não curtem festas...

A menina voltou a comer morangos e Gray não sabia explicar por que, mas não conseguia parar de observá-la. Sua boca foi abrindo levemente e ele entrou em transe:

- Gray! Para de babar! – Erza riu. O moreno despertou assustado, sem entender o que estava acontecendo.

- Oi?

- Você aí babando que nem criança!

- Não sei do que está falando Erza, vou ver a Juvia...

O rapaz saiu massageando a têmpora; precisava de um comprimido. Erza virou-se para Lucy, com cara de malícia, querendo saber se a loirinha também havia percebido a atitude de Gray, mas teve que revirar os olhos ao ver que a garota estava mais interessada em se esticar no armário para alcançar um pote de amoras.

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- Gray! Estava te procurando! Você viu a Lucy?

- Pra que quer saber dela, Lyon?

- Como pra quê?! Quero conversar com ela... Conhece-la... Por quê? Eu não posso?

Gray pensou em responder algo, mas a dor em sua cabeça latejou e ele decidiu não discutir no momento:

- Você não tá a fim dela não, né cara? – o garoto de cabelos prateados perguntou desconfiado.

- Que?! Não! Ah, faz o que você quiser, Lyon... Só me deixa em paz...

- Valeu cara!

O rapaz correu em direção a cozinha e Gray disparou para as escadas:

- Gray-sama!!!

- Ah não, Juvia! Eu não tô legal... Me deixa em paz...

- Não! Juvia cuida de você... Eu prometo ficar quietinha...

- Aaagh, que seja!

O moreno subiu as escadas com sangue nos olhos e a azulada correu atrás, como um cachorrinho fiel.

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Lucy ria como nunca. Segurava sua barriga que já doía de tanto gargalhar:

- Ai Lyon! Você é demais... Como pode ser tão diferente do seu irmão...? – ela perguntou enxugando uma lágrima com o dedo. O rapaz deu de ombros e começou a servir duas taças de vinho.

- Eu faço o que posso... Além disso, gosto de vê-la sorrindo.

- É? – Lucy perguntou surpresa – Por quê?

- Seu sorriso é lindo.

A menina corou furiosamente e tomou um grande gole de vinho, se engasgando e tossindo:

- Ai, desculpe... É que eu não tenho costume de beber...

- Ah, mas dizem que vinho faz bem ao coração – Lyon sorriu de forma galanteadora. Lucy não teve coragem de recusar e continuou a beber.

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Gray notou que todos os convidados já tinham ido embora. Sua dor de cabeça melhorara após os comprimidos e a quietação de Juvia. Tirou o smoking e trocou-o por uma camiseta branca e bermuda preta. Estava planejando já ir dormir, depois de beber muita água.

Juvia adormecera em um sofá, a um canto. Gray a carregou no colo e a deitou em sua cama; ela merecia. Ele então foi em direção às escadas, mas já no mezanino ouviu cochichos de alguém. Se aproximou e avistou Erza brigando com Lyon. O moreno desceu as escadas as pressas:

- O que houve?

- Nada – Lyon respondeu emburrado.

- Nada uma ova! Seu querido irmão embebedou a coitada da Lucy! Ele sabia que ela era fraquinha pra isso!

- Se ela bebeu, foi porque quis... – Gray respondeu friamente.

- Mas ela não sabia! – Erza contestou – Lyon enfiou álcool em tudo quanto é coisa: suco, refrigerante... E agora Lucy está passando mal!

- Então levem-na ao hospital – o moreno encerrou.

- Não será preciso... – Lucy saía do banheiro se segurando na parede, um braço apertando a barriga e a testa suando.

- Se sente melhor, Lu? – a ruiva perguntou preocupada.

- S-sim... Mas não posso ir pra casa... Não desse jeito... Se meus pais me virem nesse estado...

- Tudo bem, você dorme na minha casa – a ruiva ajudou a amiga a andar.

- Não, você vai dormir aqui – a voz de Gray soou autoritária. Todos o encararam – Lyon foi o culpado por isso, então você irá dormir no quarto dele.

- Não Gray, não precisa de nada disso... – a menina começou a ficar irritada. O rapaz estava voltando a ser o chato de sempre.

- Eu faço questão disso! E se Erza quiser, pode ficar também... Minha mãe também ficará feliz com isso. Faça isso por ela.

Lucy pensou um momento, olhou para a amiga e então concordou com a cabeça. Erza a ajudou a subir as escadas. O quarto de Lyon estava uma verdadeira bagunça. Gray o mandou organizar tudo – parecia pai do rapaz – mas Erza recusou e disse que daria um jeito.

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Quarto de Lyon: http://construdeia.com/wp-content/gallery/quarto-masculino/quarto-masculino-2.jpg

O silêncio voltara à mansão. O senhor e a senhora Fullbuster já dormiam em sua suíte; a mulher totalmente acabada de ressaca. Gray pensou em pegar alguma roupa de sua mãe para levar as meninas, mas ficou com receio de entrar no quarto. Ao invés disso, escolheu duas camisetas e bermudas, as menores que tinha e foi levar até elas.

O corredor estava movimentado: Erza estava acabando de entrar no banheiro enquanto Lyon estava com a cabeça expiando. O prateado esperou a porta fechar e correu até seu quarto. Gray soube o que ele tramava.

Lyon estava prestes a entrar no quarto onde provavelmente Lucy estaria sozinha quando Gray chegou em seguida:

- O que pensa que está fazendo?

- Aargh Gray! Que isso! Não me assusta desse jeito!

- Vai embora Lyon! Se você quer tanto parecer um cavalheiro na frente da Lucy, então haja como um!

O rapaz o encarou irritado:

- Você está protegendo demais essa menina! Tem certeza de que não está a fim dela?! Pois é o que está parecendo!

- Não te interessa, apenas deixe-a em paz!

- Espera só a Juvia saber disso!

- Porra! Chega de falar de Juvia!!!

- Por que não “chega de Lucy”?!

Gray o encarou e ambos se fuzilaram com o olhar. Lyon vendo que a briga não daria em nada, saiu bufando e desceu as escadas. Erza pôs a cabeça pra fora do banheiro:

- Tudo bem Gray – ela disse – Eu agradeço pela gentileza e Lucy também. Mas não precisa defendê-la... Ela tem a mim e Natsu pra isso.

- Mas vocês não estão fazendo isso direito... Toma – ele entregou as roupas – Tentei pegar alguma coisa da minha mãe, mas fiquei com medo de acordá-la... Ela fica um monstro quando é acordada de uma ressaca...

- Obrigada mais uma vez. Agora vá cuidar da sua noiva.

Gray ainda lançou um olhar de impaciência para a ruiva e então saiu, batendo a porta de seu quarto.

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