Anjos Da Noite escrita por Murillo França


Capítulo 9
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

O sol começa a se por lentamente, e quando a escuridão toma conta, as estatuas de gárgulas começam a se quebrar, o que era pedra agora era escama, pelo, pele, pena, e variando. Os cem gárgulas rugem quase como trovão quando despertam de seu sono. Mas quem notaria isso no Rio de janeiro, mesmo o barulho sendo grande, a cidade maravilhosa consegue abafa-lo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/382278/chapter/9

POV Golin.

Reuni dez de meus melhores irmãos pra tomarem a poção, amanhã iríamos nos dividir em dois grupos de cinco pra vigiar os dois pontos do pentagrama que poderiam ser alvo de um homicídio. Enquanto Valentin fazia a poção o clã se dividiu normalmente pra fazer a ronda, só que esses dez gárgulas que ficariam acordados durante o dia, voltariam mais cedo pra base pra que pudessem dormir direito.

Antes que eu começasse a minha ronda, eu tinha alguns pontos a acertar, levei Valentin comigo para o deposito que servia como base, estavam vários gárgulas e divertindo e ou se preparando pra fazer a ronda, mas eu só precisava saber sobre um deles, Artie:

-Descubra porque ele mentiu! – pedi a Valentin – entre na mente deles.

-Achei que era contra eu xeretar as mentes dos gárgulas! – comentou Valentin.

-Eu era, até um deles mentir pra mim! – respondi.

-Vou te levar junto comigo! – avisou ele.

Valentin segurou no meu braço e colocou a outra mão em sua cabeça, fechei meus olhos, e quando abrir, estava em um dos aposentos subterrâneos da base, obviamente todos tínhamos quartos, aquele devia ser o de Artie já que estávamos na mente dele. Ele e Cecília estavam na cama se beijando e se abraçando:

-Descubra a quanto tempo isso acontece! – pedi.

-Golin! – Valentin me chamou – Olhe essa memória.

Agora estávamos no alto de um terraço, cinco caçadores lutavam contra Cecília... Não era Cecília, era a Hebe, aquela era a noite em que ela morreu, o sol estava nascendo, e ela estava encurralada, e se essa memória era de Artie...

-Temos que ajuda-la! – olhei pro lado e vi Artie falando com Cecília.

-Deixe minha prima se virar sozinha! – respondeu Cecília – O que não mata-la pode fortalecê-la, e o Golin será fácil de conquistar com ela morta!

-Vai deixar sua prima morrer? – perguntou Artie.

-Meu bem, se ela morrer, eu tomo o lugar dela! – comentou Cecília dando risadinhas e se aproximando sedutoramente de Artie – E você pode ganhar muitas coisas estando ao meu lado! – comentou ela.

Quando vi o sorriso no rosto de Artie, meu coração começou a bater mais forte, e a raiva tomou conta de mim:

-Me tira daqui! – pedi pra Valentin.

-Vou adorar ver isso! – respondeu ele depois que saímos da mente de Golin.

Ele já devia saber o que eu iria fazer. Voei na garganta daquele filho de esfinge. Ele parecia já esperar p ataque, mas não teve tempo de se defender. Não foi a traição, mas por causa dele e de Cecília, a Hebe estava morta, eles não a ajudaram quando ela precisou. Eu podia quebrar o pescoço dele naquele momento, mas parei.

-Artie, está acusado de Traição! – gritei pra que todos me ouvissem, e me afastei um pouco dele – Valentin me mostrou as memórias dele, ele não só negou ajuda a Hebe quando ela precisava, como ele e Cecília esse tempo todo tem tramado contra mim!

Vários de meus irmãos rugiram pra eles, e outros ainda tentaram bater mais ainda nele, algumas mulheres voaram em cima de Cecília, eu nem percebi que ela estava ali, e não fiz nada pra impedir que meus irmãos esmurrassem os dois. Eles negaram a ajuda a um irmão, e Cecília me traiu de varias maneiras possíveis, os dois seriam julgados, e provavelmente banidos.

POV Clara.

-Você não parece surpresa! – comentou Valentin depois que me contou o que acabara de fazer.

-Eu imaginava que os dois tinham um caso... mas acredite, eu nunca imaginaria que eles seriam capazes de fazer o que fizeram com a Hebe. – comentei.

-Bem, o bom é que agora Cecília está fora de seu caminho pra sempre! – comentou Valentin, aquilo sim me pegou de surpresa, eu parei na hora.

Nós dois estávamos no hospital, afinal aquela noite eu tinha que voltar ao trabalho, ele estava na minha sala desde que um de meus pacientes foi embora, e  esse outro que eu atendia parecia nem notar a presença dele ou a nossa conversa, mas ele notou quando eu virei minha cadeira e olhei pra Valentin.

-O que quis dizer com isso? – perguntei.

-Aff... Vou ter que mexer na memória dele pra que ele volte a achar que você estava conversando com ele – comentou Valentin antes de responder – quero dizer, que eu sabia que rolava alguma coisa entre você e Golin, e hoje de dia eu segui vocês e vi o clima.... a mente dele estava repleta de ideias deliciosas, e nem precisa ser telepata pra ver isso!

-Acha que ele gosta de mim? – perguntei enquanto examinava os batimentos cardíacos de meu paciente.

-Acho...  – respondeu Valentin. – Vocês dois tem alguma ligação! Afinal ele te salvou quando você tinha oito anos...

-Ele que me salvou? – perguntei espantada, eu lembro de um gárgula agora que o efeito da nevoa saiu... mas era ele? – Na época ele devia ter uns dez anos, onze talvez... e sozinho me salvou daqueles caras? – perguntei – Tem certeza?

-Ele te reconheceu pelo seu cheiro, e não parou de pensar nisso desde que você salvara a vida dele naquele dia! – contou Valentin.

-Valentin, quais as chances de dar certo? Deu e ele ficarmos juntos? Como nossos filhos nasceriam, isso é possível? – pergunto.

-Como você é fêmea, e vai gerar a criança, ele nasceria humano, com o tempo de gravidez normal, e aos treze anos, o feitiço do pai cairá sobre ele, Gárgula durante a noite e humano durante o dia! – respondeu – Esse tipo de coisa já aconteceu com vários outros clãs, não vejo o que impediria de acontecer agora!

-Eu sinceramente estou confusa sobre o que eu penso! – confessei.

-Relação intra espécies é complicado! – comentou – Mas aconselho que pelo menos o... Você sabe o principal... ocorra de dia!

-Você tem catorze anos, não tem moral pra me aconselhar em assuntos desse tipo! E mesmo que tivesse acho que eu já sabia disso! – argumentei terminando de examinar o meu paciente, agora eu teria apenas que examinar o sangue dele pra ver se acho alguma coisa, se bem que pelos sintomas já estava bem obvio o que ele tinha.

-Como eu disse acontecem muitas relações intra espécies, mas quantas dela o gárgula vira humano? – perguntou ele.

-Pera... tem como...

-Claro que tem... mas ele humano é melhor porque ele como gárgula deve ser grande e desconfortável...

-Pare! – pedi – chega, esse assunto não, vamos falar sobre amanhã! O que vai acontecer?

-Humanos eles continuam fortes como você bem sabe, quando um dos sacrifícios acontecer eles usam a velocidade e a força pra impedir, descobrem quem está por trás disso, e os monstros param de te perseguir! Simples assim!

-Espera! – pedi! – Eu fui falar com a policia... e o vampiro veio atrás de mim.... Acho que eles estão envolvidos nisso! Vamos investigar! – disse pegando minha bolsa e encerrando as anotações.

-Você pode sair agora? – perguntou Valentin – por isso que os hospitais públicos são tão ruim!

-Pare de drama, não tenho mais nenhum paciente marcado agora, e qualquer emergência tem os substitutos, só preciso falar que tenho que levar meu primo pra casa porque ele quebrou o braço! – comentei.

-Eu seria seu primo né? – perguntou Valentin.

-Na mosca! – respondi puxando-o.

-Ninguém pode nos ver! – disse quando chegamos na porta da delegacia – entramos no prédio, e você invade a mente do policial!

-E se ela estiver preta igual a mente dos caçadores? – perguntei.

-Não acho que esteja, acho que ele sabe muito bem o que está acontecendo – comentei – talvez possamos descobrir a razão dos sacrifícios.

- Eu posso fazer com que ninguém note nossa presença, mas o único jeito de te levar pra dentro da mente do delegado junto comigo é se você...

-Tirar o colar! – completei desabotoando o colar e guardando-o no bolso do jaleco.

-Eu posso te contar tudo, não acho prudente você ficar sem seu colar! – comentou ele.

-Eu preciso que você entre na minha mente pra ver exatamente o mesmo que você ver, e o único jeito é fazer isso sem o colar! – respondi.

Nos dois andando pela delegacia de mãos dadas, ninguém parecia notar a nossa presença, ninguém fez nenhuma pergunta, quando entramos na sala do delegado ele usou a habilidade de mover as coisas para fechar as cortinas da sala, persiana acho que é esse o nome, depois eu me sentir levitando, mas na verdade estava entrando na mente dele.

-Isso foi o que ele pensou no minuto em que você fez a queixa dele! – disse Valentin me mostrando o pensamento dele.

Uma mulher alta e negra de cabelos cacheados estava em um salão iluminado por uma dezena de velas:

-Você deve cuidar pra que os sacrifícios não vazem! – avisou a mulher – use sua magia pra manter a imprensa longe de tudo!

-Minha senhora – disse o delegado, só o notei quando ele falou – Acha que pode absorver tanto poder? – perguntou.

-Sim! – respondeu ela – Esse feitiço irá me dar poderes espirituais, e eu poderei destruir os norminhos!

-Foi esse pensamento que passou na mente dele, e o medo de você arruinar tudo! – disse Valentin.

-Tem como descobrir porque ela quer destruir todos os norminhos? – perguntei.

-Vou checar ainda mais fundo na memória dela! Mas muitos servos da natureza que se desviam do caminho da luz tem pensamentos homicidas em relação a alguma espécie! – comentou – estou vendo.

-Meus pais morreram nas mãos daqueles caçadores! – a mulher estava falando pra o delegado e pra mais um grupo de bruxos da natureza. – Todos nós e todos os nossos irmãos portadores de magia temos que viver escondidos por causa desses norminhos que não conseguem usar nem ao menos 11% de sua capacidade mental.

Eu ouvi o pensamento do delegado, ele amou uma trouxa que o dispensou quando descobriu que ele tinha magia, na escola ele sofria ataques porque espalharam uma historia de que ele falava com os animais. Ok, ele sofreu por ser diferente, mas todos sofrem com isso, os gays, os negros, judeus, até brancos sofrem com suas diferenças, e ela quer acabar com uma espécie inteira.

-Vamos sair daqui, já temos tudo que precisamos! – disse Valentin.

-Vamos! – concordei.

Saímos da mente dele, ele ainda estava sentado, e nem parecia notar nossa presença. Saímos o mais rápido possível são três da manhã, o sol nasce em pouco tempo.

-O sol já vai nascer, que horas os corpos chegam no necrotério? – perguntou Valentin.

-Duas ou três da tarde. – respondi.

-Então o sacrifício deve ser ao meio dia! Perfeito de acordo com as crenças de ocultismo! – respondeu Valentin – Vamos, temos que nos preparar, vou avisar ao Golin e aos guerreiros dele.

-Não tão rápido! – exclamou uma voz, dois homens pálidos e extremamente atraentes estavam parados a nossa frente.

-Vampiros! – comentou Valentin ficando na minha frente – coloque o colar Clara – eu obedeci – Sabe, na Inglaterra, os bruxos tem o costume de adotar vampiros como animais de estimação, sabe o que eles fazem? Fazem um feitiço onde você fica entre sua aparência humana, e sua aparência normal, sabe com o que são comparados? Com ogros de presas, agora, eu sou um bruxo da natureza, controlo os seres da natureza, eles apenas colocam vocês em seu devido lugar, então não queiram se envolver com alguém que pode realmente acabar com vocês! – até eu fiquei assustada.

Os dois vampiros assumiram sua verdadeira forma, que pareciam morcegos humanoides, e saíram voando em alta velocidade pra longe de nós. Aquele garoto ganhou o meu respeito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Qui tal fazer igual a aquelas series de televisão:
No próximo cap de Anjos da noite.
Golin e seu clã conseguem ver a Wicca responsável pelos sacrifícios:
—Temos que detê-la! - exclamou Golin.
Clara tem uma conversa com a Wicca:
—Porque faz isso? - pergunta a doutora.
Não perca o proximo capitulo de Anjos da Noite



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Anjos Da Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.