Anjos Da Noite escrita por Murillo França


Capítulo 6
Verdade revelada, infância triste, e lobisomens...


Notas iniciais do capítulo

O sol começa a se por lentamente, e quando a escuridão toma conta, as estatuas de gárgulas começam a se quebrar, o que era pedra agora era escama, pelo, pele, pena, e variando. Os cem gárgulas rugem quase como trovão quando despertam de seu sono. Mas quem notaria isso no Rio de janeiro, mesmo o barulho sendo grande, a cidade maravilhosa consegue abafa-lo.



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POV Golin

Despertei.

Não achava que iria acordar de novo quando vi a luz do sol nascendo. Eu achava que aquele seria meu ultimo grito. Mas eu despertei. O primeiro rosto que eu vi, foi o de Clara, o segundo, foi o rosto de Dirian. Minha Dirian. Meu anjo da noite.

-Pai! – exclamou Dirian vindo me abraçar. – Pensei que nunca mais te veria!

–Meu anjo! – murmurei abraçando-a, e enrolando as minhas asas ao redor dela.

Dirian olhou pra mim clara. Depois saiu de meus braços, e a abraçou:

-Você o salvou, você disse que salvaria e o salvou! Muito obrigada Clara! – disse ela apertando Clara num abraço carinhoso.

-Ela me salvou? – perguntei olhando pra Valentin.

-Sim, ela lutou contra três caçadores, e estava indo muito bem, mas eu cheguei e terminei com a luta! – respondeu o jovem bruxo. – aqueles caçadores estavam atrás dela, mas aproveitaram a chance de pegar um gárgula perto do sol nascer!

-Obrigado Clara, lhe devo minha vida! – eu disse.

-Eu apenas retribuir o favor! – respondeu ela.

-Acha que eles estão por trás disso? – perguntei.

-Não, eles devem ter sido contratados pelo verdadeiro mandante! – respondeu Valentin – Caçadores são mercenários natos!

-Você os interrogou? – perguntei.

-Sim, mas eles não queriam falar nada, e meu interrogatório foi bem... persuasivo, por isso sei que alguém os enfeitiçou pra não revelar nada! – respondeu Valentin.

-Mais alguma coisa? – perguntei.

-Sim, descobrir que o Trindade deu o colar a Clara, e que ele a quer viva e protegida! – respondeu.

Trindade era alguém que eu fui instruído a confiar. Se ele a quer viva, ela deve ser muito importante pra alguma coisa.

-Golin, podemos conversar? – perguntou Clara.

-Sim Clara! – respondi.

Ela me levou até um quarto grande espaçoso decorado de azul e com desenhos de varias aves diferentes. Eu já havia ido para a casa de Valentin, então essa deveria ser a casa de Clara, e esse o quarto dela.

-Você decorou? – perguntei.

-Sim, mas não temos tempo pra isso! – respondeu ela – escuta, ontem quando a Cecília estava aqui, ela tratou a Dirian muito mau, gritou com ela, e foi uma louca autoritária.

-COMO OUSA FALAR ASSIM DELA? – perguntei.

-Eu estou falando a verdade! – defendeu-se Clara.

-CECÍLIA É UM AMOR DE PESSOA, NUNCA TRATOU DIRIAN MAU E...

-NA SUA FRENTE! – gritou Clara.

-ACHA QUE EU NÃO SEI COM QUEM ME CASEI? – perguntei.

-Golin, se acalma, eu digo isso porque eu vi, ela rugiu pra sua filha! – disse Clara mantendo a calma na voz. – Olha, minha mãe morreu depois que eu nasci, e meu pai achou que eu precisava de uma nova mãe, quando era ele que precisava de uma nova mulher, ela era uma monstra comigo, e sempre traia meu pai com o jardineiro ou com um limpador de piscina, meu pai só acreditou em mim quando ele a pegou na cama com o cozinheiro. Acabou que, meu pai me deu um apartamento pra tentar se reaproximar de mim, mas eu me afastei dele, e nunca mais vai ser como antes! Cuidado pra não perder sua filha!

-Não posso terminar com Cecília sem dar a ela a devida chance de defesa! – respondi.

-Essa não deve ter sido a primeira vez que ela fez isso, e Dirian já deve ter te contado – argumentou Clara. – faça algo antes que seja tarde!

-Prometo que vou checar! – respondi andando em direção a janela do quarto dela, era pequena mas consegui pular.

-Golin, eu nunca fiz nada disso! – respondeu Cecília, pedi pra ela e Artie me encontrarem no telhado do deposito abandonado que nós transformamos na base de operações. Abaixo de nós estavam vários gárgulas jovens ou adultos cansados conversando, lendo, assistindo televisão, ou jogando jogos eletrônicos.

-Porque ela inventaria algo assim? – perguntei.

-Eu não sei, eu pedi pra Dirian vim comigo e com o Artie pra que ela ficasse num telhado protegido, mas ela que não quis vim, eu insistir, mas nunca levantei a voz pra ela!

-É verdade Golin – Artie me confirmou. – Eu estava lá, mas aquela humana  chamou Cecília de...

-Artie! – rugiu Cecília – não diga!

-Diga, do que Clara a chamou? – perguntei.

-Clara chamou nós dois de monstro! – respondeu Artie.

POV Clara.

Sai do meu quarto e quando abri a porta vi Valentin correndo de volta pra o sofá da sala. Ele ouviu. Desligo a TV e fico na frente dele:

-Você ouviu não foi? – perguntei.

-Não! – mentiu.

-Ouviu sim! – respondeu Dirian – Ainda usou um copo!

-Eu respeitei você fazer segredo com aquela coisa de se elevar, e você ouve algo que nem minha psicóloga sabe? Eu só contei aquilo pra ele pra evitar que a Dirian tenha o mesmo destino que eu!

Peguei a chave do meu carro e sai do apartamento. Dirigi por alguns minutos até uma pizzaria, podia ver claramente Dirian me seguindo durante todo o caminho. Desci do carro e esperei ela pousar.

-Quer comer comigo? – perguntei – Valentin comeu tudo que eu tinha!

-Obrigada, mas tou sem dinheiro no momento! – respondeu Dirian.

-Eu tou convidando – argumentei – vamos lá, pelo que o Valentin me disse, o véu vai esconder você não é?

-É, vai sim! – respondeu Dirian.

Estávamos prestes a entrar, quando o Golin pousou na minha frente rosnando.

-Você chamou a Cecília de monstro não chamou.

-Só mentalmente! – admiti. – e ela é uma monstra!

-VOCÊS HUMANOS SÃO TODOS IGUAIS! PROTEGEMOS VOCÊS, LUTAMOS POR VOCÊS, MAS VOCÊS SÓ CONSEGUEM ENCHERGAR MONSTROS ALADOS! – rugiu ele.

-PARA COM ISSO! – gritei – EU NUNCA VI VOCÊS COMO MONSTROS, NÃO JULGUE TODOS OS HUMANSO POR CAUSA DE ALGUNS POUCOS! E NÃO SEJA TÃO ESTUPIDO AO PONTO DE CONTINUAR COM AQUELA VÍBORA!

-NÃO A CHAME ASSIM! – gritou.

-Pra mim chega! – disse recuperando a calma e entrando no meu carro.

Dirigi pra longe deles. Aquele cabeça dura vai acabar se decepcionando muito. No carro, me lembrei de algumas coisas, algumas lembranças de quando eu era criança. A primeira, eu estava fugindo da minha madrasta, e fui sequestrada por uns homens, um gárgula me salvou, e depois espirrou gás de amnésia no meu rosto, e eu me esqueci. Valentin disse que como eu sou uma fiel ao segredo, seria natural eu e lembrar de tudo de mágico que aconteceu na minha vida. Lembrei das fadas que eu via no jardim da mansão, da sereia que eu vi enquanto nadava na praia, e como eu me esqueci dos dragões que voavam quase todas as manhãs pela cidade?

Eu mergulharia em mais memórias, porem meu pensamento foi cortado quando algo grande e peludo se jogou na frente do carro. Eu quase capotei com o carro mas consegui controlar e impedir que ele virasse. Sai do carro, e olho a fera que eu atropelei, parecia um lobo, mas era muito maior, e andava sobre duas patas, e tinha olhos vermelhos. Olho pro céu e vejo a lua cheia, não era um lobo!

POV Golin

-Não acredito que você fez isso! – exclamou Dirian

-NÃO QUERO MAIS QUE FALE MAU DE CECÍLIA, ELA SÓ QUER SEU BEM E...

-CALE A BOCA PAI! – interrompeu ela – VOCÊ PRECISA APRENDER A CONTROLAR SEUS NERVOS! QUEM TE DISSE QUE CLARA CHAMOU DIRIAN DE MONSTRO? E SE CHAMOU, ELA ESTÁ CERTA!

-COMO OUSA DIZER ISSO? – perguntei.

-EU ESTOU QUERENDO DIZER, QUE NÃO QUERO UMA NOVA MÃE, MINHA MÃE MORREU, MORTA POR UM CAÇADOR ENQUANTO EU AINDA ERA UM OVO, E SINTO FALTA DELA, MAS NINGUÉM VAI PRENCHER O ESPAÇO DELA NA MINHA VIDA! – gritou chorando – AGORA SAIBA QUE TUDO QUE EU DISSE É VERDADE, E PAI, CUIDADO, CUIDADO PRA NÃO ME PERDER!

Ela pulou com as asas abertas e planou na mesma direção que Clara foi. Eu a segui, tinha que proteger Clara, e a ela também. Eu planei por cinco minutos e vi o carro de Clara sendo atacado e saindo da estrada. O carro foi parar no meio da praia, mas aparentemente intacto, exceto pelo vidro quebrado. Clara saiu dele assustada e eu pude ver o porque. Era lua cheia, e aquilo era um lobisomem.

Pulei em cima dele mas outro lobisomem surgiu do nada e me atacou. Eu lutei contra os dois lobisomens, nem sabia que tinha lobisomens no Rio de Janeiro, eles preferem o campo ao invés das cidades. Outro lobisomem tentou me atacar, mas aquele foi mais fácil, eu enfiei minha calda pontuda em seu peito e arranquei seu coração, mas aqueles outros dois me mordiam e me arranhavam. Sou contra matar. Mas não tive escolha, matei esses dois quebrando os pescoços. Olhei pra Clara, ela estava paralisada me olhando, foi minha ultima visão antes de desmaiar.


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Notas finais do capítulo

desculpa a demora pra esse capitulo, mas é que aconteceram algumas coisas, prometo que isso não vai se repetir!



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