Anjos Da Noite escrita por Murillo França


Capítulo 5
Aprendendo sobre a Magia


Notas iniciais do capítulo

Os mistérios rondam a vida de Clara. Agora ela cansou de ficar cega com relação ao mundo, e decidiu aprender sobre a magia.



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POV Clara

–Você sabe quem ele é não sabe? – perguntei a Valentin, ele o chamou de senhor, com um respeito que desde ontem quando o conheci, nunca imaginei que ele teria por alguém.

–Ele é uma lenda, concentra em seu corpo três personalidades, ele é um bruxo, um vidente, mas ninguém faz a mínima ideia de qual seja a terceira face dele! – respondeu Valentin sentando-se numa das cadeiras da cozinha, estava atordoado e preocupado – Se ele está envolvido, os nossos inimigos são piores do que pensávamos.

–Porque ele quer me proteger? – perguntei.

–O senhor Trindade faz tudo o que suas visões dizem pra fazer! – respondeu.

–Trindade... – repeti – Esse é o sobrenome dele?

–É apenas um apelido, Trindade foi o melhor que acharam pra representar a união de três poderes! Tipo, poderia ser tríade, ou vários outros nomes pelo que me lembro, mas Trindade faria referencia ao “nome do pai, do filho e do espírito santo”!

–Então vocês o comparam a Deus? – perguntei pasma, como alguém podia ser comparada a Deus?

–Claro que não... Se fosse o Merlin ok, mas não, é que ao fazer referencia ao pai, filho e espírito, e como ele tem o poder da visão, e a visão é ligada ao mundo espiritual...

–Entendi – interrompi – o nome é pra fazer referencia a proximidade dele com os espíritos, ao mesmo tempo que faz referencia as três personalidades dele né?

–Exato! – responde.

–Ok, se eu estou envolvida nisso, tenho que saber de tudo! – digo.

Um sorriso maléfico e brincalhão surgiu no rosto de Valentin, pela primeira vez o achei semelhante a um adolescente normal. Uma musica instrumental agitada soou em meus ouvidos, ele disse que essa era a lição numero um, a musica era uma forma de artes, e toda arte, era magia, e era o meio dos “norminhos” sentirem-se próximo aos mágicos:

–Norminhos? – pergunto.

–É um dos nomes, trouxas e mequetrefes são outros mais populares, norminhos é usado apenas por servos da natureza como eu, e o ultimo é azêmola. Agora, segunda parte de seu ensino, os mágicos humanos são cinco, bruxos, bruxos da natureza, como eu, feiticeiro, magos, e semideuses!

Ele me explicou cada um deles, os bruxos normais conseguiam fazer qualquer tipo de magia, e os poderes amadureciam aos onze anos, existem varias escolas de bruxaria espalhadas pelo mundo, cinco só no Brasil, uma em cada região, onde as do sul e do sudeste os bruxos só eram chamados aos treze anos, e nas demais tanto no Brasil e no mundo eram aos onze, os bruxos são muito complexos, a varinha deles são especiais, escolhem os bruxos e só funcionam de acordo com o território:

–Se você estiver na Europa, os feitiços são em latim, aqui no Brasil, pode ser em tupi, se for no centro oeste, no sul e no sudeste do país, ou em latim e tupi se for nas regiões norte e nordeste, porque são as regiões que carregam ares europeus, e brasileiros ao mesmo tempo...

Ainda tinha a categoria de bruxo hacker, que eram bruxos especiais, mas com a magia voltada para tecnologia. Os bruxos da natureza como ele, tinham poderes voltado apenas pra natureza e pra criaturas mágicas ou não delas, ele me explicou sobre como eles criaram o feitiço de preservação dos gárgulas, elaboraram as fraquezas dos vampiros, e contou sobre a origem do lobisomem que na verdade veio de outra dimensão, ele disse que entraria nesse tema mais a diante, mas no momento era importante eu saber que:

–Os bruxos servos da natureza criam o equilíbrio desse mundo, fazem as coisas ficar em seu devido lugar!

Sobre os feiticeiros, ele me disse que esses tinham seus poderes amadurecido as vezes aos treze, e as vezes aos dezesseis, e que tinham varinhas ou anéis de poder, mas não precisavam usar, amenos que fossem feitiços de extremo padrão e poder. Os magos são ou bruxos que ficam tão poderosos que se elevam a esse nível, ou uma junção de feiticeiro com um bruxo, e tinham duas espécies de magos, essa que foi dita, e os que incorporavam poderes de divindades egípcias.

Sobre os semideuses, ele disse que existiam os gregos, os romanos e os nórdicos. Disse que os deuses gregos e romanos viajam de acordo com a chama ocidental, vivendo de potencia em potencia, ou seja, hoje estavam nos Estados Unidos. Mas de acordo com Valentin, existiam semideuses aqui no Brasil, porque os deuses não se importavam em prosperar fora de seu território.

–Agora, indo pra os que não são seres humanos, primeiro os meio humanos, como os vampiros e lobisomens. Os lobisomens, vem originalmente de uma outra dimensão, e lá não são só lobos, tem leões, ursos, e tudo, é o mundo “were”

–Were? – perguntei – porque mundo were?

–Werewolf é lobisomem, lá tem werelion, e vários outros, dai o nome é were! – justificou. – a alguns milênios, um lobisomem caiu numa fenda dimensional e por acidente veio parar aqui, aqui a lua o enlouquecia, e a mordida se tornou contagiosa, coisa que não existia lá, as Wiccas (nome feminino dos servos da natureza) o mandaram de volta ao mundo dele, e criaram meios de controlar os lobisomens que ficaram aqui.

Sobre o vampiro ele não me disse nada que eu já não soubesse, exceto que o modo de se virar um vampiro, era quando se bebia o sangue de um.

–Passando pra os não humanos, temos as sereias. – continuou.

Ele me contou a lenda da fundação de Atlântida e sobre a diferença básica entre sereias de água doce e salgada. As de água salgada são as clássicas que vemos nos filmes, mas elas ganham pernas quando saem da água, e tem muitos mais poderes do que eu imaginei, as de água doce são mais difíceis de se explicar, ele disse que são sereias originais já que as de água salgada são descendentes de humanos, os antigos habitantes de Atlântida. Depois ele me falou das fadas, eu não pude resistir e perguntei:

–Vai me falar sobre as fadas madrinhas e os vestidos de baile?

–Claro! – respondeu ele.

Eu estava brincando, não imaginei que existisse fada madrinha! Mas ele me disse que existem dois tipos de fadas, as fadas modernas, com poderes capazes de fazer qualquer coisa, como feiticeiros, só que com asas, e essas fadas modernas se dividiam pela forma de poder, ai tinham as fadas da tecnologia, fadas madrinhas, fadas da paixão... Eu não lembro de mais nenhuma que ele disse. E as fadas da natureza, que vivem na terra do nunca! Quando ele disse isso comecei a achar que eu estava num programa de TV e que aquilo era uma pegadinha, até procurei as câmeras.

Depois de me dizer sobre cada ser mágico, ele entrou nos assuntos das dimensões, e dos guardiões. Mais uma vez ouvir o respeito que nunca imaginei ouvir dele, só em dizer “guardiões” o tom de voz dele mudou. Pelo que ele me disse são um grupo que luta contra demônios e protegem todas as cinquenta dimensões mágicas existentes, e nesse grupo tem de tudo, fadas, bruxos, feiticeiros...

As dimensões foram mais fáceis de entender, haviam dois tipos, as mágicas, e as alternativas, essa ultima ele disse que a própria ciência norminha estuda, com milhares e incontáveis realidades. Já as mágicas não são planos paralelos, mas sim outros mundos em outros planetas, existem cinquenta, todas numeradas pela ordem de criação, e batizadas com nomes que caracterizam seus moradores, essa é Terra 1ª, a segunda é Terra dos Dominadores, a terceira é Animália... eu sinceramente não lembro dos outros quarenta e sete nomes.

Depois de me explicar tudo isso, ele foi pra mim. Eu agora não era mais uma norminha, eu era uma “fiel ao segredo”, uma humana sem magia, mas que mesmo assim sabia dela. Fieis ao segredo era algo que só existia no continente americano, porque em outros países os bruxos não são tão próximos dos trouxas, e os feiticeiros sempre foram próximos, mas só existem no Brasil e nos Estados Unidos.

–E os caçadores? – perguntei, essa era minha maior duvida.

–Ainda não, primeiro as criaturas mágicas! – respondeu ele.

Serio isso produção? Mais textos? Confesso, é muito interessante, e eu não podia deixar de imaginar historias sobre os mundos que ele fala, ou sobre as pessoas desses mundos, mas ele ainda não deve ter entendido o ponto que eu queria chegar. Ele me falou primeiro sobre os dragões, disse que existem em todas as dimensões, que aqui no Brasil as dez espécies não eram domesticáveis, mas que seu sangue e coro tinham propriedades excelentes, alem de poderem ser retirados sem ferir o dragão.

Na dimensão 2, eles eram os mestres do fogo originais, muito amorosos e ligados fielmente aos humanos que os adotavam. O ponto que ele queria, chegar, e que depois eu notei ser importante pra eu entender os caçadores, foi os dragões de origem na dimensão 3, mas que hoje vivem aqui, que são humanos que se transformam em dragões, e protegem as criaturas mágicas, como os gárgulas grifos, fênix, e toda a bicharada mágica!

–Não são gigantescos quanto os outros... são do tamanho de Golin mais ou menos! – comentou Valentin.

Golin era alto, muito alto. Ele disse a diferença entre as espécies de grifo, falou sobre os hipogrifos, e por fim, depois de citar todas as criaturas mágicas e me entediar com um assunto que deveria ser muito divertido, ele chegou nos caçadores. Os gárgulas e os dragões lutam contra eles a séculos, eles querem o fim de todos que tem magia, existem caçadores espalhados por todo o globo, e são perigosos.

–Espera! – pedi – um vampiro me tacou, e você acha que os caçadores estão envolvidos com as Wiccas responsáveis pelos corpos, porque caçadores e dois seres mágicos trabalhariam juntos?

–Acho que não estão trabalhando juntos! – respondeu Valentin – minha teoria, é que os caçadores foram contratados por alguém, mas não fazem a mínima ideia de quem seja, e esse alguém, também mandou o vampiro atrás de você!

Depois daquilo ele se levantou e voltou pra minha cozinha, e colocou uma panela no fogão, perguntei o que ele estava fazendo, e ele responde que era uma poção que devia ser espalhada pra proteger meu prédio contra invasores mau intencionados, mas que como a minha panela era pequena, ele só faria o suficiente pra proteger meu apartamento, enquanto dizia ele tirava uns trecos de sua bolsa e ia jogando dentro da panela.

Enquanto ele meche a poção ou sei lá como aquilo devia ser chamado, e também não queria perguntar pra não entrar em outra aula de magia, eu peguei a pulseira que tinha colocado sobre a mezinha de centro da sala, e coloquei em meu pulso. Até que era bonita. Valentin terminou a poção e colocou a panela no chão perto da porta, começou a murmurar umas palavras sem sentido, e o liquido evaporou liberando uma essência verde, depois que a panela se esvaziou, a fumaça verde sumiu se misturando com o ar.

–Ninguém entra sem ser convidado, exceto, eu você, e aqueles dois! – disse ele. – bem, já são 10:00 da manhã, o que tem pro café?

Mau pude acreditar, mas passei a tarde toda com ele, ele era legal, quando não falava. Depois que realmente nos tornamos amigos, ele confessou que ele se empenhou ao maximo pra aula ficar chata apenas pra me irritar... Mas naquele momento ramos apenas duas pessoas que não tinham outra opção a não ser ficar juntos durante o dia.

–Você não tem família? – perguntei.

–Tenho um elo empático com minha irmã caçula, ela sabe que estou bem, e já deve ter explicado tudo pra minha mãe!

–Você disse que é indefinido a idade que as Wiccas ganham os poderes, com quantos anos ganhou o seu? – Perguntei.

–Lembra que eu também disse, que em todo bruxo servo da natureza que consegue se elevar vai pra Animália? E que lá eles cuidam do equilíbrio de todas as dimensões?

–Lembro! – respondi.

–Pois é, amadureci com onze anos, não é normal pra servos da natureza amadurecerem tão jovens, meus pais acham que eu estou destinado a me elevar e a ir pra Animália.

–E porque não iria? – perguntei.

–Isso é pessoal!

Claro, ele sabe que estou sendo perseguida, usou as panelas da minha casa (afinal ele ainda inventou de cozinhar mais coisas depois da poção, e usou varias panelas), mas não posso perguntar algo tão simples. A noite finalmente chega, e depois que o sol se põe, observo pela primeira vez em minha vida, um gárgula despertar. Primeiro as estátuas racharam, em seguida Dirian e Golin voltam a vida rugindo.

–Não! – gritou Golin, entendi depois de alguns segundos, que o grito, ele havia começado a dar quando o sol ainda estava nascendo, mas que foi abafado quando ele virou estátua.

–Pai! – exclamou Dirian abraçando Golin. – Pensei que nunca mais te veria!

–Meu anjo! – murmurou Golin abraçando a filha e enrolando as asas ao redor dela.

Dirian olhou pra mim. Achei que ela ficaria com raiva, e que me rasgaria em duas, mas ao invés disso, ela veio me abraçar:

–Você o salvou, você disse que salvaria e o salvou! Muito obrigada Clara! – disse ela enquanto quase quebrava minha coluna com um abraço apertado.

A lembrança de Cecília veio a minha mente. Não posso permitir que essa jovem gárgula continue a viver com aquela monstra controladora. Tenho que contar.


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Notas finais do capítulo

Desculpa o momento propaganda, mas: a maioria dos fatos relacionados aos seres mágicos não pude colocar aqui, tive pena de Clara, mas eles estarão presentes no livro que como eu disse no aviso da descrição da fic, irei publicar em breve!
Espero que tenham gostado, por favor comentem com criticas ou elogios!



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