Anjos Da Noite escrita por Murillo França


Capítulo 11
A visita. O casamento.


Notas iniciais do capítulo

Voltamos.
O sol começa a se por lentamente, e quando a escuridão toma conta, as estatuas de gárgulas começam a se quebrar, o que era pedra agora era escama, pelo, pele, pena, e variando. Os cem gárgulas rugem quase como trovão quando despertam de seu sono. Mas quem notaria isso no Rio de janeiro, mesmo o barulho sendo grande, a cidade maravilhosa consegue abafa-lo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/382278/chapter/11

POV Clara

Ele ouviu. Simplesmente parou e ouviu o som do coração de seu filho. Ele nunca desconfiou de mim, mas deu pra ver a emoção nos seus olhos quando ouviu o coração de seu filho.

-Clara! – exclamou Golin – É tão...

-Queria ter seus ouvidos de gárgula pra ouvir também. – admiti.

Queria mesmo ter esse poder. Não é justo que ele ouça e eu não, mas ele é um gárgula, ele tem a audição sobre-humana, e eu sou apenas uma humana.

Não é a primeira vez que me sinto em desvantagem, estávamos em 2009, e desde 2005, quando começamos a namorar, eu tenho desejos de poder fazer o que ele faz, ele tem asas e pode planar melhor que ninguém, eu tenho apenas... Nada, o que eu estou dizendo? Deve ser um sintoma da gravidez. O Golin é meu coração, é meu anjo da noite. Como posso me sentir rebaixada?

Dirian e Valentin começaram um relacionamento. Em 2007 ele a pediu em namoro, e desde então eles dois me abandonaram... Como posso ficar num casamento com um meio gárgula sem meus conselheiros amorosos? Não vejo o Sr. Trindade desde aquela vez no meu consultório, até ele poderia me ajudar nesse momento.

Voltando pra o momento em que meu namorado ouve o coração de meu filho:

Golin teve que sair pra ir fazer a ronda noturna de gárgula. Duas semanas e nós nos casaríamos, como eu podia estar sentindo tanta confusão dentro de mim? Eu recebi uma visita inesperada. Alguém bateu na porta, e eu caminhei calmamente pra atender, sem nem imaginar o que me esperava do outro lado. Abrir a porta e me deparei com um senhor alto, de cabelo e barba branca, pele pálida, e olhos idênticos aos meus:

-Pai?! – exclamei sem acreditar.

-Ola Clara – respondeu ele.

-O que faz aqui? – perguntei.

-Vim visitar a minha filha – respondeu.

-Depois de todo esse tempo? – perguntei.

-Sempre! – respondeu ele.

-O que? – perguntei.

-Desculpa, eu quis dizer, que eu sempre vou querer ver minha garotinha! – explicou ele.

-Chega, pai eu...

-Você vendeu seu apartamento e comprou esse aqui perto do hospital onde trabalha? Era um apartamento de luxo e...

-Eu o troquei por uma cobertura perto do hospital, pra mim foi muito mais pratico, e...

-Você se casou com um delegado, e nem ao menos me disse...

-PARE! – gritei – pai, como sabe que eu estou casada?

-Eu devia te levar ao altar, como pode fazer isso sem mim?

-Ok, não sei quem é seu informante, mas eu apenas moro com ele, o casamento vai ser em duas semanas – expliquei – e eu não ia te excluir disso, ainda é meu pai.

-Quando parou de me contar as coisas? – perguntou ele – eu nem ao menos conheço seu noivo.

-Quando parei? No minuto em que sair de casa, eu tive uma infância terrível com aquela mulher, e você me ignorava, então desculpa por cada vez que eu ver seu rosto, eu me lembrar dela e...

-CLARA! – gritou Valentin entrando no apartamento – PARE! – mandou.

-Que foi? – perguntei.

-Seu filho, se você continuar a se irritar você vai ter um sangramento! – avisou e eu me acalmei quase instantaneamente.

-Do que ele está falando? – perguntou meu pai. – Está grávida?

-Calma senhor... Não sei seu nome, mas isso não é bom pra seu coração! – disse Valentin, ele estava desesperado.

-Como sabe de me coração? – perguntou meu pai.

-O nome dele é Hudson... meio estranho mas... – disse pra Valentin.

-Senhor Hudson, fique calmo e...

Meu pai teve um treco e caiu desmaiado no chão. Levamos ele pra o hospital, e eu e Valentin começamos a conversar.

-O Sr. Trindade me contatou mentalmente e me passou uma visão, você estava perdendo seu filho, e seu pai tendo um ataque cardíaco no mesmo momento. – explicou Valentin.

-Minha amiga tá cuidando do caso dele, o problema é grave. – comentei.

-Por isso ele te procurou, e mandou te investigar.... – comentou Valentin – Conheço alguém muito poderoso que pode resolver os problemas de vocês, ele pode passar suas memórias pra seu pai, fazê-lo entender como você se sente, e passar as memórias dele pra você pra você entender o lado dele, e ainda por cima, pode curar o problema cardíaco dele!

-Quem? – perguntei interessada.

-Eu! – respondeu – quem mais seria?

-O Trindade... Sei lá...

-Apenas confia em mim? – perguntou ele.

-Ele vai entender como me sinto? E vai aceitar o Golin.

-Sobre aceitar um gárgula, eu não sei, mas ele vai entender o quanto você o ama.

-Então... – tirei meu crucifixo pra permitir que ele entrasse na minha mente – faça!

Meu pai queria apenas que eu fosse feliz, por isso acreditava que minha madrasta era o melhor pra mim. Como se eu já não soubesse disso. Valentin passou a ele todas as minhas memórias, e depois fez um feitiço de cura. Meu pai despertou.

-COMO PODE NÃO ME CONTAR QUE ESTÁ GRÁVIDA DE UM GÁRGULA? – gritou ele.

-Pai, não grita...

-ESSE ANORMAL ME CUROU, ENTÃO EU POSSO GRITAR e não pretendo... Parar... como fez isso – perguntou ele olhando pra Valentin.

-Basicamente, invadir sua mente, e o fiz parar de gritar! – respondeu Valentin.

-Clara... Você nem sabe o que vai sair de você...

-Sei sim, ele vai ser humano até os treze anos, depois será um meio gárgula igual ao pai, e será fantástico! Entendeu? – perguntei – agora, você pode aceitar, e pela primeira vez na sua vida me dar apoio, ou pode ficar quieto! – disse.

-Desculpa! – pediu ele.

-Quer conhecê-lo? – perguntei.

-Sim – respondeu.

-Ótimo – respondi – Te espero quando receber alta.

Ele talvez nunca aceite, mas pra me agradar, fingiu dar sua benção.

Em duas semanas, eu estava me olhando no espelho, observando meu longo vestido branco e decotado com alguns detalhes vermelhos na costura. Eu caminhei lentamente para o altar, com meu pai me acompanhando. O padre perguntou a Golin, se ele e aceitava. “Sim” foi a resposta dele. Quando ele me perguntou, eu disse as duas palavras mais perigosas que eu pude dizer:

-Eu Aceito.

Nos casamos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estamos de volta, e eu não pretendo sumir até dar um fim a essa aventura.
No próximo capitulo:
—Que convite é esse? - perguntou Dirian.
—É um cruzeiro de lua de mel! - respondeu Clara.
[...]
—Por que não? seria uma lua de mel perfeita! - comentou Valentin.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Anjos Da Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.