Anjos Da Noite escrita por Murillo França
Notas iniciais do capítulo
Voltamos.
O sol começa a se por lentamente, e quando a escuridão toma conta, as estatuas de gárgulas começam a se quebrar, o que era pedra agora era escama, pelo, pele, pena, e variando. Os cem gárgulas rugem quase como trovão quando despertam de seu sono. Mas quem notaria isso no Rio de janeiro, mesmo o barulho sendo grande, a cidade maravilhosa consegue abafa-lo.
POV Clara
Ele ouviu. Simplesmente parou e ouviu o som do coração de seu filho. Ele nunca desconfiou de mim, mas deu pra ver a emoção nos seus olhos quando ouviu o coração de seu filho.
-Clara! – exclamou Golin – É tão...
-Queria ter seus ouvidos de gárgula pra ouvir também. – admiti.
Queria mesmo ter esse poder. Não é justo que ele ouça e eu não, mas ele é um gárgula, ele tem a audição sobre-humana, e eu sou apenas uma humana.
Não é a primeira vez que me sinto em desvantagem, estávamos em 2009, e desde 2005, quando começamos a namorar, eu tenho desejos de poder fazer o que ele faz, ele tem asas e pode planar melhor que ninguém, eu tenho apenas... Nada, o que eu estou dizendo? Deve ser um sintoma da gravidez. O Golin é meu coração, é meu anjo da noite. Como posso me sentir rebaixada?
Dirian e Valentin começaram um relacionamento. Em 2007 ele a pediu em namoro, e desde então eles dois me abandonaram... Como posso ficar num casamento com um meio gárgula sem meus conselheiros amorosos? Não vejo o Sr. Trindade desde aquela vez no meu consultório, até ele poderia me ajudar nesse momento.
Voltando pra o momento em que meu namorado ouve o coração de meu filho:
Golin teve que sair pra ir fazer a ronda noturna de gárgula. Duas semanas e nós nos casaríamos, como eu podia estar sentindo tanta confusão dentro de mim? Eu recebi uma visita inesperada. Alguém bateu na porta, e eu caminhei calmamente pra atender, sem nem imaginar o que me esperava do outro lado. Abrir a porta e me deparei com um senhor alto, de cabelo e barba branca, pele pálida, e olhos idênticos aos meus:
-Pai?! – exclamei sem acreditar.
-Ola Clara – respondeu ele.
-O que faz aqui? – perguntei.
-Vim visitar a minha filha – respondeu.
-Depois de todo esse tempo? – perguntei.
-Sempre! – respondeu ele.
-O que? – perguntei.
-Desculpa, eu quis dizer, que eu sempre vou querer ver minha garotinha! – explicou ele.
-Chega, pai eu...
-Você vendeu seu apartamento e comprou esse aqui perto do hospital onde trabalha? Era um apartamento de luxo e...
-Eu o troquei por uma cobertura perto do hospital, pra mim foi muito mais pratico, e...
-Você se casou com um delegado, e nem ao menos me disse...
-PARE! – gritei – pai, como sabe que eu estou casada?
-Eu devia te levar ao altar, como pode fazer isso sem mim?
-Ok, não sei quem é seu informante, mas eu apenas moro com ele, o casamento vai ser em duas semanas – expliquei – e eu não ia te excluir disso, ainda é meu pai.
-Quando parou de me contar as coisas? – perguntou ele – eu nem ao menos conheço seu noivo.
-Quando parei? No minuto em que sair de casa, eu tive uma infância terrível com aquela mulher, e você me ignorava, então desculpa por cada vez que eu ver seu rosto, eu me lembrar dela e...
-CLARA! – gritou Valentin entrando no apartamento – PARE! – mandou.
-Que foi? – perguntei.
-Seu filho, se você continuar a se irritar você vai ter um sangramento! – avisou e eu me acalmei quase instantaneamente.
-Do que ele está falando? – perguntou meu pai. – Está grávida?
-Calma senhor... Não sei seu nome, mas isso não é bom pra seu coração! – disse Valentin, ele estava desesperado.
-Como sabe de me coração? – perguntou meu pai.
-O nome dele é Hudson... meio estranho mas... – disse pra Valentin.
-Senhor Hudson, fique calmo e...
Meu pai teve um treco e caiu desmaiado no chão. Levamos ele pra o hospital, e eu e Valentin começamos a conversar.
-O Sr. Trindade me contatou mentalmente e me passou uma visão, você estava perdendo seu filho, e seu pai tendo um ataque cardíaco no mesmo momento. – explicou Valentin.
-Minha amiga tá cuidando do caso dele, o problema é grave. – comentei.
-Por isso ele te procurou, e mandou te investigar.... – comentou Valentin – Conheço alguém muito poderoso que pode resolver os problemas de vocês, ele pode passar suas memórias pra seu pai, fazê-lo entender como você se sente, e passar as memórias dele pra você pra você entender o lado dele, e ainda por cima, pode curar o problema cardíaco dele!
-Quem? – perguntei interessada.
-Eu! – respondeu – quem mais seria?
-O Trindade... Sei lá...
-Apenas confia em mim? – perguntou ele.
-Ele vai entender como me sinto? E vai aceitar o Golin.
-Sobre aceitar um gárgula, eu não sei, mas ele vai entender o quanto você o ama.
-Então... – tirei meu crucifixo pra permitir que ele entrasse na minha mente – faça!
Meu pai queria apenas que eu fosse feliz, por isso acreditava que minha madrasta era o melhor pra mim. Como se eu já não soubesse disso. Valentin passou a ele todas as minhas memórias, e depois fez um feitiço de cura. Meu pai despertou.
-COMO PODE NÃO ME CONTAR QUE ESTÁ GRÁVIDA DE UM GÁRGULA? – gritou ele.
-Pai, não grita...
-ESSE ANORMAL ME CUROU, ENTÃO EU POSSO GRITAR e não pretendo... Parar... como fez isso – perguntou ele olhando pra Valentin.
-Basicamente, invadir sua mente, e o fiz parar de gritar! – respondeu Valentin.
-Clara... Você nem sabe o que vai sair de você...
-Sei sim, ele vai ser humano até os treze anos, depois será um meio gárgula igual ao pai, e será fantástico! Entendeu? – perguntei – agora, você pode aceitar, e pela primeira vez na sua vida me dar apoio, ou pode ficar quieto! – disse.
-Desculpa! – pediu ele.
-Quer conhecê-lo? – perguntei.
-Sim – respondeu.
-Ótimo – respondi – Te espero quando receber alta.
Ele talvez nunca aceite, mas pra me agradar, fingiu dar sua benção.
Em duas semanas, eu estava me olhando no espelho, observando meu longo vestido branco e decotado com alguns detalhes vermelhos na costura. Eu caminhei lentamente para o altar, com meu pai me acompanhando. O padre perguntou a Golin, se ele e aceitava. “Sim” foi a resposta dele. Quando ele me perguntou, eu disse as duas palavras mais perigosas que eu pude dizer:
-Eu Aceito.
Nos casamos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Estamos de volta, e eu não pretendo sumir até dar um fim a essa aventura.
No próximo capitulo:
—Que convite é esse? - perguntou Dirian.
—É um cruzeiro de lua de mel! - respondeu Clara.
[...]
—Por que não? seria uma lua de mel perfeita! - comentou Valentin.