POV Golin

O sol nasceu, eu e meus irmãos nos vestimos como humanos e nos dividimos para vigiar as duas áreas que faltava pra formar o pentagrama, não sabíamos qual seria a escolhida, então teríamos que ficar nas duas. O Valentin e a Clara me avisaram que o sacrifício seria feito as 12:00. Uma van preta chegou no local que meu grupo estava vigiando as 11:45.

Três homens, e uma mulher saíram da vã, e começaram a colocar algumas velas no chão, e ascendê-las com apenas algumas palavras baixas. Eu aviso pra meus irmãos que estão no outro ponto com Dirian usando um comunicador, mas essa foi a resposta da minha filha:

–Pai, aqui também tem bruxos da natureza que saíram de uma van preta! E eles estão colocando algumas velas no chão.

–Valentin, tá na escuta? – perguntei.

–Estou, e já adiantando sua pergunta, sim, eles podem matar as duas vitimas ao mesmo tempo! – respondeu o garoto.

–Olhem! – um de meus irmãos apontou pra mulher – é o rosto que Valentin colocou em nossa mente!

Ele estava certo, era a Wicca que liderava tudo aquilo. Os três homens carregavam um corpo de um rapaz desmaiado. Eles o posicionaram no centro do circulo de velas, iriam começar o ritual.

–Temos que detê-la – exclamei.

–ATACAR! – gritou o meu irmão mais próximo de mim.

Todos corremos numa velocidade sobre humana, como Valentin prometeu, ainda tínhamos os poderes. Mas a Wicca líder se virou pra nós, e todos caímos, simplesmente caímos no chão, e ficamos lá:

–Gárgulas! Em forma humana! – comentou ela – Podem ser fortes, mas não mais do que eu!

Senti como se uma faca atravessasse meu corpo, eu e todos meus irmãos gritamos de dor, e no fone, eu ouvir minha filha gritar, ela também estava sendo torturada.

–Pare! – gritou um dos homens que estava com ela – Ele é um gárgula, não fez nada!

–Deixe-o imobilizado, mas não o torture! – pediu o outro.

A dor parou. Minha filha, ela também parou de gritar! Como uma Wicca seria tão poderosa ao ponto de torturar minha filha e o grupo dela também afinal eles estavam muito distantes dela. Eu apurei minha audição, e ouvi pelo fone da minha filha uma das pessoas do outro lado da linha falar:

–São gárgulas, dá pra sentir! – disse uma voz masculina.

–Quem os torturou? – perguntou uma voz feminina.

–Não sei, mas deixe-os imobilizados, e não os machuque – mandou uma terceira voz, masculina – Vamos terminar logo isso.

Olhei pra Wicca que me torturou, ela parecia ter gostado, que Wicca gostaria disso?

POV Clara.

Eu fui instruída pra ficar no hospital ou no meu apartamento. Não. Sou uma medica, não posso ficar por ai enquanto um ser humano corre risco de vida. Então eu sair assim que Valentin me deixou sozinha pra ficar com Dirian no posto dela. E fiquei escondida num canto que dava pra ver Golin, e mais quatro de seus irmãos, esperei, apenas esperei.

[...]
–Deixe-o imobilizado, mas não o torture! – pediu um dos três homens.

Demorei um tempo, mas vi que tinha que agir. Corri até o circulo, a bruxa me olhou e apontou a mão pra mim, eu esperei que algo acontecesse, mas como nada aconteceu eu continuei correndo. o olhar dela mudou pra surpresa, mas depois foi raiva, ela não conseguia me atingir, ela ergueu as mãos de novo, um circulo de fogo surgiu em volta de mim.

–É imune a minha magia, mas pode atravessar as chamas? – perguntou.

–Porque faz isso? – perguntei.

–Os sacrifícios? Sobrevivência! Eles nos obrigam a nos esconder, e alguns nos caçam! – respondeu ela.

–Não iremos mata-los, iremos apenas manda-los pra outra dimensão, como aconteceu com outros povos! – disse o mais jovem dos três homens que estavam com ela.

–Isso que ela disse pra você? – perguntei – Eu entrei na mente de um delegado, ele é um bruxo igual a vocês, ele e alguns outros sabem do plano dela, ela deve ter dito uma coisa pra um, e outra coisa pra outros para ter apoio!

–Ela é uma Wicca, não pode dar o fim a uma espécie, ela não faria isso! – respondeu o garoto.

–Não acreditem nela, ela é uma norminha! Não quer sair daqui! – defendeu-se a mulher.

Eu rezei pra que minha pulseira e meu colar me protegessem das chamas. Deu certo, pois quando eu atravessei o circulo de fogo, não sentir nem ao menos um calorzinho, corri e me joguei em cima daquela bruxa, ela tentou me bater, mas as mãos dela, não só as mãos todo o corpo dela, queimou quando nossas peles se encostaram. O mais estranho foram os olhos dela, ficaram negros, completamente negro.

–A Meg é um demônio! – gritou um dos homens.

–Sai de cima de mim sua vaca! – rosnou ela, mas a voz... eram duas vozes.

–Moça, saia de cima dela – pediu um dos bruxos que rodeava a nós duas despejando um pó negro no chão.

–Isso vai prender o demônio ai prá que nós o exorcizemos! – explicou outro.

Eu sai de cima dela, então era um demônio, um demônio que estava no corpo dela.

Golin e seus irmãos se levantaram, tudo parecia bem com eles.

–Ligue pra Marta, avise pra parar o sacrifício e explique sobre o demônio! – mandou o que parecia ser mais velho falando com o mais novo – Você não ia manda-los pra outra dimensão não é? Iria mata-los!

–Tolinho, nesse corpo eu tenho poder pra continuar com os sacrifícios apesar do sal grosso encantado. – respondeu o demônio.

Uma faca prateada voou até o rapaz desmaiado, vai mata-lo. Golin foi mais rápido. Segurou a faca a centímetros do corpo dele. Os três homens ergueram a mão e apontaram pra bruxa e começaram a falar em latim, ela gritou de dor, e começou a brilhar, a bruxa saiu do circulo, e uma mulher loira vestida de preto continuou nele:

–Agora, vocês vão despertar o meu pior lado! – avisou a mulher.

–Ela não ia matar os humanos, ela ia matar o Avatar – disse a verdadeira bruxa, acho que o nome dela é Meg. – Ela quer impedir a profecia dos maias, quer impedir que os gêmeos vençam Lúcifer nas sete batalhas de 2012!

–A profecia é verdadeira? – perguntou um dos bruxos que tentava acalmar Meg.

–É, eles foram separados ao nascimento – ela estava agitada – o Avatar nasceu com um irmão gêmeo bruxo, como disse a profecia, ela precisava dos sacrifícios, pois esse feitiço iria impedi-los, a mãe deles, era uma bruxa, ela e as irmãs lançaram um feitiço que protege os dois, e que mantém os demônios longe deles, com os sacrifícios ela poderia mata-los!

–Você está brincando com fogo mocinha! – avisou a demônia.

Os dedos dela ficaram pontudos e ela duplicou de tamanho um par de asas cresceu nas costas dela. A transformação final deu em um ser bizarro, era serpente da cintura pra baixo, e humana da cintura pra cima, e em suas costas, estavam enormes asas de morcego.

–Ela ainda não pode sair do circulo, vamos manda-la pro inferno! Tire a Meg daqui! – mandou um do bruxos. – você nos iludiu e nos corrompeu – ele disse ao demônio – tentou cada um com promessas vazias, é bem sua da sua espécie.

–Sabe como virei uma demônia queridinho? Minha mãe estava morrendo, e um homem extremamente lindo apareceu, ofereceu a cura dela, em troca era só eu dar minha alma, agora, sou linda em forma humana, e poderosa nessa nova forma! Devo minha nova vida, e a vida da minha mãe a esse demônio, e a cima de tudo a Lúcifer, e vou terminar isso!

Ela saiu do circulo e foi pra cima de mim. Claro, sempre o mostro vem pra cima de mim. “Ok, estou pronta vadia!” pensei tirando meu colar e amarrando na minha mão. Quando ela se aproximou eu bati nela com ele como se fosse um chicote, o rosto dela queimou no lugar que eu bati. Golin, e seus irmãos pularam em cima dela, se ele tivesse a calda era só enfiar nela e ela morria, mas como ele estava humano.

–Você – Valentin chegou correndo – vai parar de lutar!

Ela parou, ele estava dentro da mente dela, controlando-a:

–Valentin, você é dez! – exclamei, mas eu não queria dizer isso. Aquele pirralho, eu coloquei meu colar pra que ele não fizesse de novo.

–Vamos, ela vai ficar quieta! – disse Valentin aos bruxos, depois ele ergueu a mão, e pra ela, e os três começaram a falar em Latim.

Ela gritou de dor, mas depois explodiu no ar e uma bola de fogo voou pra longe dali.

–Acabou? – perguntei.

–Um demônio não pode ser morto, mas eles saem do inferno como eu já te disse, e quando nós o matamos, ele volta pro inferno e fica preso lá por tempo indeterminado! – respondeu Valentin – essa vaca não vai voltar!

–Então, os vampiros não vão mais me seguir? – perguntei.

–Nunca mais! – garantiu ele – Mas pare de ser tão...

–Intrometida! – rosnou Golin – Podia ter morrido, porque não ficou em segurança?

–Se eu ficasse, vocês, e aquele rapaz estariam mortos, e provavelmente mais duas garotas, e também dois irmãos gêmeos que nem se conhecem ainda! – respondi.

–VOCÊ É MUITO TEIMOSA! – gritou Golin.

–E VOCÊ TEM QUE APRENDER A CONTROLAR SEUS NERVOS – gritei de volta.

Nenhum de nós percebeu quando Dirian, em sua forma humana, e Valentin, se posicionaram as nossas costas e nos empurraram um contra o outro. Olhamos um nos olhos do outro, ele podia continuar gárgula, humano, tanto fazia naquele momento, mas ficaremos juntos. Nós nos beijamos, simplesmente nos beijamos apaixonadamente.

Eu e Golin dormimos juntos naquela noite. Ok, eu acho que devia ter ouvido os conselhos de Valentin, mas não vou reclamar de nada. Eu tinha que mostrar pra ele que o aceitaria não importa sua forma, e aquele foi o melhor jeito de fazer isso.

Três dias depois...

–Boa noite Clara! – trindade entrou no meu consultório a noite.

–Boa noite senhor Trindade – cumprimentei.

–Soube que os gárgulas voltaram a ser gárgulas apenas né? – perguntou o bruxo.

–Sim senhor, menos o Golin, mas eu não ligaria se ele voltasse a ser gárgula! – respondi.

–Porque ele ficou humano? – perguntou.

–Você não é vidente? – perguntei de volta.

–Claro... Valentin armou pro delegado ser demitido depois que descobriram que ele sabia a real identidade de Meg. – respondeu Trindade. – E Golin ficará no lugar dele, acho que o crime no rio vai diminuir muito.

–Ainda vou precisar disso? – perguntei.

–Nunca se sabe né mesmo? – respondeu ele, se é que isso era uma resposta.

–Qual é seu terceiro lado? – perguntei.

–Não conte a ninguém, amenos que lhe perguntem! – respondeu ele fechando a porta – Sou um cego, mas tenho três lados que me fazem ver melhor que todos, sou um bruxo, um vidente, e um... – duas lindas asas brancas cresceram em suas costas, eu me sentir calma e serena, só de olhar pra elas.

–Você é um anjo? – perguntou.

–Minha mãe era uma bruxa, meu pai... era um anjo! – respondeu – Deus me deu missões a cumprir, essa não é a ultima vez que nos veremos Clara, quero dizer, essa não é a ultima vez que você vai me ver! – as asas sumiram, e ele saiu da sala batendo a bengala na frente pra poder enxergar. – Aliais, em 2009, quando engolir a melancia, confie em Dirian pra dar um nome descente, o que ela escolher vai servir pra mostrar exatamente o que ele irá significar!

Depois que ele saiu, aliais, depois de muito tempo, que eu entendi o que engolir uma melancia tinha haver com escolhas do nome. Mas isso é assunto pra outra hora!