Pov Bella

Já tinha se passado um mês desde o início das aulas. Estava começando a me sentir sozinha, com saudades da minha família. Jéssica e Angela conheceram dois garotos do curso de engenharia civil e estavam saindo com eles. O único que havia me sobrado era Emmett.

Era sábado à noite e como sempre, estava sozinha no meu quarto assistindo F.R.I.E.N.D.S e me enchendo de doces quando escutei três batidas na porta. Apesar da preguiça fui atender e Emmett estava encostado no batente da porta.

– O que quer gordo? – voltei para a minha cama enquanto ele trancava a porta

– O pai do Edward veio visitá-lo e eu não quero atrapalhar os dois – sentou-se ao meu lado e roubou um dos meus pacotes de M&M recebendo um olhar assassino

– E você fala isso com a maior simplicidade do mundo, né querido?– mordi um pedaço da minha barra de chocolate enquanto o encarava.

– Bellita, pode parecer que não, mas o Edward é o cara mais simples do mundo assim como o pai dele – eu o encarava perplexa arrancando risadas dele

Ele acabou decidindo colocar algum filme de terror para assistirmos, como sou muito medrosa quase tive um sério ataque do coração.

– Então Bellita, já vou indo, ta muito tarde – beijou minha bochecha e foi embora.

Já passava das duas da manhã quando decidir ir dormir, mas pouco depois de deitar comecei a ouvir uns barulhos estranhos e consequentemente me lembrei do filme. Quando lembrei que as meninas não iriam dormir no apartamento quase surtei. Peguei meu cobertor, meu travesseiro e sai correndo pelo campus de pijama até chegar no quarto do Emm.

– Gordo, abre aqui – berrava no corredor enquanto batia na porta dele

– Ta louca? – Emmett apareceu irritado na porta com a cara amassada

Depois de explicar para ele o que eu estava fazendo em sua porta, ele me deixou entrar. O apartamento de Emmett era um pouco maior que o meu, havia duas camas – em uma delas Edward encontrava-se sentado me olhando com curiosidade, mas com o medo que eu estava nem liguei para o fato dele estar ali – havia vários pôsteres colados em uma parede e o resto do quarto era todo pintado de preto mas não possuía um ar macabro, na verdade aquele quarto todo se encaixava.

– Dude* a Bella pode dormir aqui essa noite? A idiota aqui ta com medo – Emmett coçava a nuca enquanto perguntava

De repente um surto de realidade me atingiu, eu estava ali, de pijamas e pantufas, esperando o príncipe dar permissão para eu dividir o mesmo quarto que ele durante uma noite inteira.

– Claro, mas de que a bela senhorita está com medo? – Edward abriu um sorriso torto que fez o meu pequeno coração acelerar

– Do Emmett – murmurei desorientada – Quer dizer, do filme que o Emmett me fez assistir

– Terror? – riu levemente quando eu acenei confirmando

Emmett foi até o meu quarto buscar um colchão e me deixou sozinha com Edward. Eu não tinha ideia de como agir.

– Então você é a famosa Isabella? – Edward cortou o silêncio e o direcionei um olhar desentendido – Emmett fala bastante de você. Ele até tentou me apresentar pra você na festa do Collin*²

– Era você? – minha voz aumentou uma oitava o que acabou assustando-o

– Acho que sim

A conversa com Edward fluía naturalmente, agora entendia todas as vezes que Emmett insistiu em dizer o quão simples ele era.

– Ta tudo muito bom, ta tudo muito bem, mas vamos dormir, por favor – Emmett implorou após arrumar a minha “cama”.

Quando eu já estava indo em direção ao colchão Edward me parou afirmando que não deixaria nenhuma dama dormir no chão. Meu coração falhou uma batida com aquela adorável atitude.

Na manhã seguinte precisei acordar mais cedo que os meninos para poder ir até o meu dormitório me arrumar, deixei um bilhete colado na porta e me dirigi ao meu quarto.

Depois de fazer minha higiene matinal fui até o pequeno closet do quarto. O dia estava com ventos bastante gelados então decidi usar um moletom com a estampa da Torre Eifel, uma calça jeans preta e nos pés meu Oxford marrom. Fiz uma maquiagem bem simples, peguei minha mochila e fui até uma das várias cafeterias do campus para poder tomar meu café.

Acabei parando na Sweet November confesso que não entendo o nome dessa cafeteria, mas a comida que havia ali era incrível. Pedi um muffin de chocolate e um cappuccino. Enquanto esperava o pedido meu iPhone vibrou avisando que havia uma nova mensagem.

De: Emmett

Ei idiota, cadê você?

As meninas achavam estranho a forma que eu e Emmett nos tratávamos, mas eu não ligava, essa era a nossa maneira de demonstrar “carinho” um pelo outro.

De: Bella

To na Sweet November

Fiquei esperando a resposta, mas ela não veio então peguei um livro que eu havia trazido comigo e comecei a ler.

– Bellita – ouvi o grito de Emmett e levantei meu olhar em direção a porta e lá estava ele e Edward

Tentei esconder o rosto das pessoas que nos encaravam.

– Com vergonha de mim magrela? Magoou meus sentimentos – Emm fez uma voz afeminada arrancando risos meus e do Edward

– Olá Bella – Edward deu um singelo beijo em minha bochecha e se sentou ao lado de Emmett

Os meninos fizeram seus pedidos e depois ficamos conversando sobre coisas aleatórias até que tocamos no assunto família.

– Quando minha mãe morreu foi muito difícil, éramos muito próximos. Ela era meio que a minha conexão com o mundo real, por assim dizer – Edward lamentou e rapidamente sua expressão entristeceu

– A princesa Chelsea era muito bonita – sorri ao me lembrar da bela princesa de cabelos loiros curtos – Mas tenho certeza que onde quer que ela esteja deve estar muito feliz por você – Edward deu um sorriso fraco e acabei não resistindo e fiz um carinho em sua mão.

Depois de tomarmos nosso café decidimos ir dar uma volta pela cidade, o único problema é que o campus ficava um pouco afastado então levaríamos em torno de 15 min até lá. Decidimos ir no carro do Emm por ser o que estava mais perto.

Emmett e Edward foram na frente e eu atrás. Cantávamos todas as músicas que tocavam no rádio e morríamos de rir quando Emmett afinava a voz para cantar alguma parte. Quando tocou a música das Branquelas eu e Edward só faltávamos rolar de tanto rir.

– Emm, você é tão gay – comentei enquanto esperávamos ele escolher algumas blusas

– Fale com a minha mão

Edward não agüentou as viadagens do nosso amigo e teve uma crise de riso chamando a atenção de várias pessoas ao nosso redor. De repente vi uma luz branca muito forte e começaram a aparecer outras e quando virei eram papparazzis.

– Droga – Edward sibilou baixo e ríspido

Não conseguia enxergar nada, senti alguém segurar a minha mão e deixei me guiar, entramos em um dos milhares provadores e quando consegui voltar a enxergar vi que quem me “salvou” havia sido Edward.

– Desculpa por isso – seu tom era baixo e amargurado – Eu devia ter lembrado desses seres quando decidimos sair.

– Ei Cullen, a culpa não é sua. Quem mandou eu conhecer o príncipe – tentei amenizar o clima e acho que funcionou quando vi Edward rir.

Já estávamos naquele provador a algum tempo mas era possível ouvir o barulho dos papparazzis então não podíamos sair. Estava com a cabeça descansando no ombro de Edward, o sono começara aparecer quando meu celular vibrou.

De: Emmett

Cadê vocês? Acabei me perdendo nessa loucura toda.

Digitei a resposta rápido antes que Edward começasse a se culpar novamente.

De: Bella

Estamos presos no provador. Os papparazzis ainda estão aqui -–‘

– Foi sempre assim? – quebrei o silêncio sufocante que se instalava naquele espaço

– Com os papparazzis? Sim, desde que eu me lembre. Minha mãe ainda tentava controlar isso e nos esconder mas bastava uma única pessoa nos ver e espalhar a informação que eles apareciam do nada – sua face demonstrava o quão perdido em memórias ele se encontrava.

– Sinto muito – seu olhar curioso voltou para mim – pela sua mãe, pelos papparazzis...

– A perda da minha mãe doeu mas Esme fez um ótimo trabalho cuidando de mim e do Jasper e os papparazzis... É algo que tenho que lidar pelo resto da minha vida.

Ficamos ali por mais um tempo até que foi seguro sair, nos encontramos com Emmett no estacionamento e o silêncio que predominava no carro era agonizante.

Era uma ideia estúpida, mas faria de tudo para quebrar aquele silêncio então, comecei a cantar I Feel Good e aos poucos Emmett foi me acompanhando até que estávamos os três cantando igual idiotas.

É, apesar da loucura de ser “amiga”* do príncipe, esses momentos de loucura faziam tudo valer a pena.