About Sirius Black escrita por Ster


Capítulo 76
Depois - 1994




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1994

THE TRIBUTE

“Caro Sirius,

Você me disse para mantê-lo informado do que está acontecendo em Hogwarts, então aqui vai: não sei se você já sabe, mas vão realizar um Torneio Tribruxo este ano e, na noite de sábado, fui escolhido para ser campeão. Não sei quem pôs o meu nome no Cálice de Fogo, mas não fui eu. O outro campeão de Hogwarts é Cedrico Diggory da Lufa-Lufa.

Espero que você esteja bem, e Bicuço também.

Harry”

– Esse moleque está zoando? Como ele fala tudo isso na maior tranquilidade? – surtei quase rasgando a carta ao meio. Torneio Tribruxo? HARRY POTTER CAMPEÃO? CEDRICO DIGGORY? Como assim, como Dumbledore permitiu isso? Como Moody permitiu isso? – Como vão deixar um garoto de catorze anos competir? Harry nunca nem beijou na boca!

– O que beijar tem a ver com isso, Sirius Black? – exaltou-se Emmeline. – Ele corre risco de vida... Ele... Oh meu Deus, James e Lily vão nos matar...

– O que a gente faz? – perguntei desesperado.

– Eu não sei... Talvez.... Vamos escrever para Dumbledore? Deixe que eu mesma faço isso. Mando uma para Moody e outra para Dumbledore.

– Que carta o caralho, Emmeline! Vai lá e resolve isso na raça, temos que tirar o Harry dessa competição o mais rápido possível! É uma armadilha, querem matar o garoto! KARKAROFF!

– Por que ele faria isso? – perguntou Emmeline, inquieta. Não sei, mas eu preciso culpar alguém do que estava acontecendo. O que eu faço? Estou de mãos atadas. Não posso ir a Hogwarts e nem tirá-lo de Hogwarts. Lá era para ser o lugar mais seguro do mundo, mas agora me parece o mais perigoso possível.

– Nada vai acontecer, ele está debaixo da vigilância de Moody e Dumbledore. Alastor jamais permitiria que nada de ruim acontecesse à ele. É quase uma dívida. – assegurou Emmeline mais para si mesma do que para mim.

– Vou ter que ir vê-lo. Tenho que ajuda-lo. – decidi. Ela arregalou seus olhos azuis, deixando-os maiores do que já eram.

– Como assim? Você é um foragido, esqueceu?

– Eu sei disso... Mas agora ele realmente precisa de mim, eu... Eu preciso vê-lo, eu... – eu prometi que quando tudo passasse, seríamos uma família. Mas era um sonho muito otimista para alguém como eu, que já viu tudo de ruim que poderia acontecer, acontecer. Mas Harry me enchia de esperança e otimismo da mesma mágica forma que James o fazia. Vê-lo em ação, me deu esperanças que naquela noite nós realmente poderíamos ter entregado Pedro e minha inocência ser provada... Se tivesse sido uma realidade, e não apenas mais um sonho, onde eu estaria agora? Não estaríamos nós dois na Mui Antiga Casa dos Black? Eu não poderia ir a Hogwarts nesse exato momento e exigir que Harry fosse tirado da competição e mandar um belo “vai se foder” para as regras?

Não é isso que James e Sirius sempre faziam?

– Tem que ser antes da primeira Tarefa. – cocei a cabeça. – Eu lembro que James rezava para reabrirem o Torneio Tribruxo para poder participar.

– Não, quem fazia isso era o Diggory. Ele sim deve estar orgulhoso de ver o filho na competição.

– Eu também estaria orgulhoso se fosse Harry que tivesse colocado de livre e espontânea vontade e nem tivesse quase sido assassinado quando pequeno.

– Onde vai se encontrar com Harry? – questionou Emmeline.

– Isso é o de menos, o mais importante é conseguir falar com Dumbledore. – Caminhei até a escrivania de Emmeline e comecei a escrever, um pouco nervoso.

“Harry,

Não posso dizer tudo que gostaria em uma carta, é arriscado demais se a coruja for interceptada – precisamos conversar cara a cara. Você pode dar um jeito de estar junto a lareira na Torre da Grifinória à uma hora da manhã, no dia 22 de novembro?

Sei melhor do que ninguém que você é capaz de se cuidar, enquanto estiver perto de Dumbledore e Moody, acho que ninguém conseguirá lhe fazer mal. Porém, parece que alguém está tendo algum sucesso. Inscrever você nesse torneio deve ter sido muito arriscado, principalmente debaixo do nariz de Dumbledore.

Fique vigilante, Harry. Continuo querendo saber de tudo que acontecer de anormal. Mande uma resposta sobre o dia 22 de novembro o mais cedo que puder.

Sirius”

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POV REMO

Moody lecionando em Hogwarts após três meses de aposentadoria me deixou preocupado.

Não que houvessem motivos para aposentarem Moody contra a sua vontade, digo, ele sempre foi meio doido, nada que impressionasse. Porém, por conta da idade, as pessoas começaram a desconfiar mais ainda de sua sanidade mental e talvez até mesmo cansado de seu sempre presente “VIGILÂNCIA CONSTANTE”. E preciso admitir que não consigo pensar em nenhum professor de DCAT melhor do que ele.

Mas o Ministério da Magia parecia mais assombroso e horripilante sem Alastor Moody. Cada fragmento conhecido daquele lugar se fora, e só restava a mim basicamente. Apaguei a bituca de cigarro, jogando-a longe, pronto para acender outra. Todos os Marotos fumavam, sem exceção. Na época, fumar era algo para pessoas descoladas. Como éramos idiotas, isso só acaba com o meu pulmão e me dá uma aparência mais idiota do que descolada.

– Ops. – a porta abriu-se bruscamente, revelando quem eu menos queria ver. Aquela porta era quase secreta, dava para um beco, mesmo com o Ministério sendo subterrâneo. James descobriu na vez em que roubou uma missão de Moody e fugiu dele aos gritos e azarações do mesmo, que mancava feito um doido atrás do Potter. – Desculpe, eu posso...

– Não, tudo bem, já estou terminando. – retruquei, quase engolindo o cigarro o mais rápido possível. Eu não queria ficar no mesmo ambiente que Ninfadora Tonks nem forçado. Agora que perdera seu protetor, ela estava esperando um novo Auror para ser guiada, enquanto isso não acontecia, ela ficava vagando pelos corredores do Ministério, tentando a todo custo entrar em missões.

Ninfadora era uma pessoa engraçada.

Ela era extremamente desastrada, sempre tropeçando ou quebrando algo, esquecendo ou deixando de lado. Ela tinha uma personalidade... Indescritível. Deve ser algo dos Black, ter sempre algo de especial, que atrai as pessoas como magnetismo. Sem contar a sua beleza estonteante. Ela era diferente de tudo que já tinha visto, vários brincos nas orelhas, o cabelo curto e cor de rosa, os olhos castanhos e as sardas escuras... Ela era linda.

– Remo? – despertei, engasgando-me com o cigarro. Ela riu. – Você tem fogo? A última vez que tentei acender com a varinha quase queimei minha cara.

– Sim, claro. – acendi seu cigarro rapidamente, sem graça. Preciso parar de divagar tanto.

– Tudo bem?

– Ah, tudo... Tudo, e você?

– Eu vou bem. Sinto falta de Olho Tonto, mas bem. Digo, agora eu até estranho que não tenha ninguém me chamando de McKinnon o tempo todo. – riu ela. Forcei o riso. Não era engraçado Moody confundir Tonks com Marlene. Ele e Sirius foram os que mais ficaram marcados pela trágica morte dela. – Aliás, eu nem sei que é essa mulher! Ela era algo do Moody? Eu pergunto, mas ele nunca responde.

Limpei a garganta, fitando a fumaça.

– Ela... Ela foi a última protegida dele. – respondi.

– Hm, onde ela trabalha agora?

– Ela morreu. – Tonks desviou o olhar rapidamente. Ótimo, não volte ao assunto, por favor.

– Quando? O que aconteceu? – Como sou inocente. É tão Sirius Black!

– Em 79, Voldemort planejou um atentado contra a família... Eles eram os bruxos mais poderosos da época, todos conheciam os McKinnon, eles eram muito bons... Descendência direta com Godric.

– Uau. – assobiou Tonks, risonha. – Gostaria de ter a conhecido.

Mas você conheceu! Droga, como sou velho, ela não deve lembrar. Não dos nomes, talvez lembre que seus vizinhos morreram, talvez lembre de uma adolescente de rosto marcado e um garotinho sorridente. Queria poder esquecer tudo isso também.

– É... Ela era ótima. – finalmente acabei o cigarro, pronto para me despedir, mas Tonks deu um pulo, como se tivesse se lembrado de algo.

– Eu... Bem, eu... Olha, você gosta de música trouxa? – Céus, não, por favor! Faça ela entender que não vai acontecer nada entre nós dois, por favor.

– Gosto. – retruquei o mais educadamente possível.

– Ah, ótimo! – sorriu ela. – Gosta de Oasis? Você conhece?

– Sir... Digo, um amigo meu gosta muito dessa banda. – quase, essa foi por pouco.

– Eu tenho dois ingressos para um show deles aqui... Vai ser em Bristol, eu estive pensando e... Bem, eu só... Digo... – Olhei Tonks, extremamente envergonhado. Eu não tinha um encontro há exatamente quinze anos. A última mulher na minha vida foi Dorcas e eu pretendo que ela continue sendo a última. Eu não consigo passar por tudo que passei novamente, não há paciência e nem forças para reconstruir novamente um coração já foi tão remendado.

– Tonks, eu agradeço, mas pensariam que seu pai está te levando para o show. – brinquei, tentando não ser indelicado. Mas ela apenas sorriu, e ela tinha um sorriso tão infantil, que era impossível não me lembrar de certas pessoas.

– Eu não ligo para o que os outros pensam. – De tantas pessoas no mundo, por que eu? Tentei não desviar o olhar, ainda desconfortável.

– Tonks...

– Por que você não me deixa gostar de você? – perguntou ela, assim, sem nenhuma hesitação. Porque eu sou um lobisomem. Porque eu sou um fantasma. Porque eu já não sei amar. Porque estou preso no passado. Porque eu não poderia aguentar ter minha vida destruída mais uma vez.

Fiquei em silêncio, sem saber o que responder. Parecia que dias haviam se passado até ela falar novamente.

– Você é casado? – e apontou para a aliança em meu dedo. Por instinto, acabei tocando-a, sentindo o gélido anel em meu dedo.

– Não. – respondi calmamente.

– Então por que essa aliança?

– É da minha noiva.

– Ah... – Tonks perdeu o ar por alguns segundos. – Eu não sabia.

– Ela morreu há dezessete anos. – O passado é apenas uma história, não é? Uma história que contamos a nós mesmo. Uma história que não importa o quanto você tente vive-la, nunca acontecerá. Às vezes eu acho que eu senti tudo o que devia sentir. E de agora em diante, eu não vou sentir nada novo. Apenas versões menores do que eu já senti. E por mais que eu tente sair, eu estou preso no passado há longos quatorze anos.

– Desculpe, eu realmente, eu... – ela ficou extremamente vermelha. – Eu sinto muito.

– Tudo bem. – sorri mecanicamente, como sempre. – Se me dá licença...

Virei as costas, como sempre, evitando, fugindo, me afastando.

“Vai tudo ficar bem”

Os pés de Ninfadora se arrastaram pelo chão.

“Como você sabe?”

Às vezes, o futuro muda rapidamente e completamente, e ficamos apenas com a escolha do que fazer a seguir. Podemos optar por ter medo dele, para ficar ali a tremer sem se mover, assumindo que o pior que pode acontecer ou damos um passo à frente em direção ao desconhecido...

“Pois é a única coisa na qual posso acreditar”

Virei-me para Tonks novamente.

– Ainda posso ir no show com você?

...E assumir que poder ser brilhante.


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Notas finais do capítulo

Gente please, esse:

“Vai tudo melhorar pois é a única coisa na qual posso acreditar” é marca registrada da Dorcas, não me envergonhem.

Ai esse capitulo preguiça, mal posso esperar pelo próximo..............................

Beijos



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