About Sirius Black escrita por Ster


Capítulo 68
Depois - 1989




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BAD BLOOD

1981

MINISTÉRIO DA MAGIA

– Anthony Dolohov. – Bartolomeu Crouch mexeu em seus papéis, acalmando o tribunal lotado e barulhento. Velho idiota, se soubesse que o filho faz coisas piores que todos nós juntos, nem teria coragem se sentar onde estava. Bella continuou com sua cabeça encostada em meu ombro enquanto eu assistia o julgamento dos Comensais capturados como se eu fosse um deles. Todos que eu julgara serem meus amigos, assistiam, passivos. – Acusado por tortura de inúmeros trouxas, morte de Gideon e Fabian Prewett, e possível tortura e morte dos McKinnon...

– Eu ajudei! – debochou Bellatrix, ajeitando-se em meu ombro. – Põe aí no seu caderninho, não esquece.

– SILÊNCIO! – berrou Barty Crouch. Mas isso não impediu Bellatrix e Rodolfo de gargalharem alto o suficiente para deixar claro o descaso que tinham a suas leis imbecis. Eu estava exausto o suficiente para se quer me incomodar com as piadas que eles faziam com todas as pessoas que eles mataram. A forma como eles mataram Marlene já não me incomodava. Continuei fitando Remo ao longe, incansavelmente, enquanto ele fazia tudo para ignorar minha presente. Toda a Ordem da Fênix estava ali. Não importa se vamos para Azkaban ou não, quem se importa? Nada disso vai mudar o que fizermos, nossos nomes continuaram gravados na mente de todos os vermes que se deitarem a noite.

– Assume que teve participação na morte dos McKinnon.

– Talvez eu tenha comido a mais velha... Como é nome da vadia mesmo...

– Marlene. – gritou Yaxley, sorrindo. – Uma delícia.

– Pode acreditar. – riu Dolohov. Eles gargalharam enquanto eu fechei meus olhos, exausto. Emmeline Vance começou a chorar e apertou mais ainda seu véu verde envolta do rosto, uma homenagem para Dorcas. Bella beijou minha bochecha, sussurrando:

– Dolohov estava com raiva da loura, e foi caprichoso quando cortou cada pedacinho da pele dela. – não ousei olhá-la. Se eu olhasse Bellatrix, eu a mataria. Com as mãos. Assim eu teria um motivo real para ser preso.

– Você, Anthony Stonem Dolohov, está condenado há 122 anos em Azkaban, há algo de que se arrepende ou queira dizer, tem liberdade de fazê-lo agora. Caso queira revelar algo sobre o seu superior ou as pessoas que trabalhavam para ele, sua pena pode reduzir cerca de...

– Blábláblá, espero que tenha um bom conhaque nesse lugar. – debochou Dolohov. Os aurores tiraram Anthony de sua gaiola e o levaram para um lugar que em breve eu seria levado. Alastor Moody veio mancando até Bellatrix e não foi delicado ao agarrar seus braços presos sob encantamentos em direção da gaiola onde Dolohov acabara de sair. Olhei seu rosto deformado e o olho de cristal. Mas Moody parecia não me ver.

Virei um fantasma.

– Bellatrix Rosier Black Lestrange, condenada pela morte de Edgar Bones e sua família, participação na morte de Fabian e Gideon Prewett, tortura de trouxas, tortura da família Evans, ataque a Alastor Moody, tortura de Alice e Frank Longbottom, sequestro e execução de Benjamin Fenwick e possível participação na morte dos McKinnon...

– Epa, espera aí, eu matei esses sim, mas a vaca eu não matei não. Talvez eu tenha matado os irmãos dela, mas ela eu não toquei. Juro. – sorriu ela, lambendo as lâminas afiadas da gaiola, abrindo bem meus olhos. A expressão de repugnância no olhar daquele homem fazia Bella se agitar.

– Meu Deus, ela acabou de assumir, Barty, isso não são provas o suficiente? – Amélia Bones parecia extremamente abalada.

– Que eu matei seu irmão? Matei mesmo, ele chorou feito um bebezinho. Foi o último, primeiro eu torturei o bebê, depois o segundo bebê... – gargalhou ao vê-la tentar se levantar para vir até Bella e ser segurada por Dumbledore e Kingsley. – Eu ia te matar também, mas você teve a sorte de não estar em casa.

– Sua maldita... Irá apodrecer em Azkaban!

– AI QUE MEDINHOOOOOOOOOOOOOO! – berrou Bellatrix, fazendo todos os Comensais gargalharem.

– BASTA! É o suficiente. Bellatrix Rosier Black Lestrange condenada a 198 anos de prisão. Há algo que queria revelar? – Bartô organizou seus papéis, ignorando-a. Lambeu a grande lentamente, olhando para o velho Dumbledore.

– Severus Snape. – sorri. – Finge ser um bom homem, mas é mais podre que todos nós juntos. Mal consigo contar nos dedos quantos matou. Will, ele não participou da tortura dos... De quem mesmo?

– Severus torturou a vermezinha da Jones. – sorriu Yaxley. – Durante uma hora inteirinha.

– É, ele também cortou o pé daquela sangue-ruim, não foi? – relembrou Rodolphus. – Inesquecível. Fez o Lorde das Trevas rolar de rir.

– Ahhh, esse dia foi muito bom, não, Bella? – sorriu Rookwood.

– SÃO DOENTES! MALDITOS! – gritou Molly Weasley no fundo do tribunal. – SEUS VERMES!

– ALGUÉM SEGURA ESSA VACA! – berrou. – VOCÊ IA SER A PRÓXIMA, CADA WEASLEY, UM ATRÁS DO OUTRO!

– CALADA! LEVEM-NA! – ordenou Amélia Bones. – Severus Snape já foi inocentado de todas as acusações, ao contrário da senhora. Passar bem.

– Cuidem do meu priminhoooooo! – berrou ela enquanto era levada para fora do tribunal. Moody veio até mim e me empurrou agressivamente até a gaiola. Continuei olhando Remo, enquanto todo o tribunal vaiava e comentava sobre meus crimes.

– Caralho, ta bem hein, Black? – riu Rookwood. – Mais amado que a gente.

O Ministério ficou em silêncio absoluto quando Bartolomeu Crouch achou minha ficha.

– Sirius Orion Black. Responsável por seis ataques a Ordem da Fênix, dupla vida, prometendo fidelidade para com o Ministério da Magia e Lord Voldemort. Traição e execução de Lílian Evans Potter e James Charlus Potter, explosão seguida de morte de 12 trouxas e execução de Pedro John Pettigrew. Condenado a 150 anos de Azkaban.

– CADÊ O JULGAMENTO DELE? – questionou Rodolfo. – Isso não foi julgamento!

– É cara, julga nosso amigo aí, isso não tá certo. – debochou McMillian. Os xingamentos e vaias das pessoas no Tribunal eram a música enquanto eu era tirado da gaiola e direcionado para fora da sala. Primeiro precisamos ficar enfileirados feito bebês em um quarto escuro e gélido até o julgamento acabar. Então, um por um aparatou com um auror de frente para o mar. Cerca de dezesseis barcos nos aguardava, e cada um de nós fora transportado sendo escoltado por três aurores. Fiz questão de dormir todo o trajeto e quando abri os olhos, eu não consegui acreditar que ainda tinha sentimentos:

Aquele longe prédio feito de pedras era assustador. Acho que só estando ali que eu realmente me toquei que estava sendo mandado para morrer, que minha vida estava acabando naquele momento. Nada de arrependimentos, Sirius, não há lugar para arrependimentos. Passamos por uma avaliação ridícula ao chegar. Nos fizeram ficar nus e fizeram diversos testes para identificar algum tipo de doença. Senti meu estômago embrulhar quando me deram um uniforme listrado para vestir, semelhante a um pijama.

Fui escoltado até uma cela semelhante a um armário. Fui chutado para dentro dela com tanta brutalidade que acabei caindo. A cela finalmente se fechou e eu olhei ao redor, a minha nova casa: Uma cama sem colchão, um sanitário e uma pia. Sentei-me no fundo da cela e fechei meus olhos, exausto. Cento e cinquenta anos naquele lugar. Eu morreria antes dos vinte e cinco. Quando trouxessem a refeição viesse com a faca, eu iria enfiar em meu estomago até ficar inconsciente. A imagem de Ninfadora vagou pela minha mente, e apenas a sombra de cores em tanto cinza atraiu os Dementadores para minha cela. O medo prevaleceu, o lugar ficou mais gélido do que já era e toda a cor em Ninfadora desapareceu.

Que viessem.

Que engolissem o último sopro de vida de dentro de mim.

1989

Os aurores estavam me arrastando para algum lugar.

Eu perguntei para onde estavam me levando enquanto Bellatrix fazia o mesmo. Aqueles primeiros dias em Azkaban estavam passando devagar. Bartô sempre ficava pedindo para Bella perguntar qual era a profundidade do mar. Também teve a vez em que eu dormir por três dias e acordei com Bellatrix me berrando. Ela ficou assustada, pois pensou que eu tinha morrido. Então eu perguntei se ela ficou triste por isso, mas ela apenas respondeu que a pouparia de me matar depois.

Fui jogado para dentro de uma sala e demorei um pouco para conseguir me levantar. Tinha luz naquele lugar e aquilo faziam meus olhos doerem, e até me roubou a visão por alguns minutos. Uma voz abafada me chamava enquanto eu tentava recuperar a visão. Quando eu finalmente consegui abrir os olhos, uma mulher de olhos azuis batia no nada, tentando chamar minha atenção. Emmeline!

Corri em sua direção, mas bati a cara duramente em algo. Toquei o nada, sentindo aquela parede invisível entre nós. Ela parecia terrivelmente assustada e chocada enquanto me olhava entre lágrimas. Já faziam-se dias que ela não me visitava!

– Emms! – chamei, desesperado. – Por que demorou tanto? Disse que voltaria na semana passada!

– Sirius, eu vim aqui há oito anos atrás. – sussurrou ela, com as mãos e a ponta do nariz encostada na parede, igual a mim. Olhei-a, confuso. Não... Ela veio semana passada, eu tenho certeza.

– Onde está... E minha Dora? Onde está minha Dora?

– Eu não posso trazê-la aqui, ela precisa fazer dezessete primeiro. E eu sequer falo com os Tonks...

– Dezessete? Mas ela só tem nove! – Emmeline parecia sentir pena de mim. Colocou sua mão sob a minha na parede invisível e continuou chorando, como se eu fosse um quadro muito triste. Eu já não me lembrava muito dela, aliás, eu não lembrava nada sobre Emmeline, apenas que eu a conhecia e que ela matou meu bebê. Eu até falava de Dora, mas não me atrevia a lembrar dela, pois eu não queria que me tirassem o pouco de cor que ainda tinha em mim.

– Eu... Eu passei na rua em que Harry mora ontem e... Ele é o próprio James. Se você pudesse vê-lo agora...

– Harry é um bebê muito bonito. – lembrei.

– Não, Sirius. Agora ele já é um garotinho, lembra? Meu Deus, a loucura desse lugar é inevitável. – choramingou ela.

– Bobagem, só estou aqui há um mês! – sorri para ela, colocando os braços nas costas e observando o lugar. Emmeline fechou os olhos, ainda chorando. – Sirius, sua mãe morreu.

ATLAS - DAVE DEROSE

Olhei Emmeline.

– Morreu? Walburga Black? – sussurrei, assustado.

– Sim, foi ano passado, mas como as visitas são de sete em sete anos... – não consegui ouvir o resto. Eu jurava que ela iria viver pra sempre... Puxa. Se tivesse sido semana passada, quando eu ainda estava livre, eu poderia ter ido em seu enterro. Será que Régulo ficaria ao meu lado, será que os Black deixariam eu me despedir de minha mãe? Comecei a andar de um lado para o outro, ainda assustado. Não consigo imaginar minha mãe morta. Fiquei desesperado. Um som grutural saiu de minha garganta quando comecei a chorar escandalosamente. Bati na parede invisível, assustando Emmeline, que deu vários passos para trás.

– EU QUERO SAIR DAQUI, EMMELINE! – berrei. Ela tapou a boca com as mãos. – EMMELINE, ME TIRA DAQUI, POR FAVOR, ME TIRA DAQUI...

– Eu não posso, meu amor... Me desculpa... – Eu rezava tanto. Rezava até mesmo para que o Lorde das Trevas realmente viesse e salvasse seus Comensais, já que ele era Jesus naquele lugar. Os trinta minutos de visita acabaram e a mulher assustada prometeu que voltaria, mas ela sempre demora. Ela demora muitas noites...

– Mamãe morreu. – avisei a Bella.

– Minha mãe?

– Minha mãe.

– Ah.

– Sim.

– Eu gostava de tia Walburga.

– Eu também.

– Eu gosto de você.

– Eu também... – eu também, Bella... Eu também.

E aquela conversa durou por doze anos.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo é da Ninfadora!

MUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH