About Sirius Black escrita por Ster


Capítulo 60
Depois - 1980




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SHE'S GONE

1980

“Marlene,

Aqui é o lugar onde coisas horríveis acontecem.

Você tinha razão em ir embora. Você é, provavelmente, uma sobrevivente. Olhe para mim. Eu praticamente cresci aqui. E você tem razão. Está me fazendo mal. É bem provável que eu nunca supere. Tenho muitas lembranças de pessoas… Pessoas que perdi para sempre. Mas também tenho outras lembranças. Foi aqui que me apaixonei… Foi aqui que encontrei a minha família… Foi aqui que aprendi a ser eu. E foi aqui que conheci você. Acho que esse lugar me deu o mesmo tanto que me tirou. Vivi aqui o mesmo tanto que sobrevivi. Só depende da forma que for analisar. Vou analisar desse jeito. E lembrar de você desse jeito.

Espero que esteja bem.

Sirius”

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– Senhor? Senhor, não é permitido dormir aqui. – abri os olhos lentamente, conseguindo ver aos poucos o rosto do policial. Sentei-me lentamente, ainda disperso. Olhei ao redor e não me assustei ao ver que estava dormindo em cima da mesa de um café. Os cliente me olhavam assustados, inclusive o dono do café. – E... Bem, eu sugiro que arranje calças.

Ah ótimo, novamente só de cueca.

– Obrigada senhor. – pulei da mesa e saí andando pela rua sem me importar por estar apenas cueca. Aquilo já estava virando algo costumeiro desde que eu caí na real que tinha pedido Emmeline em casamento. Fala sério, eu sou um sociopata, não posso fingir ser uma pessoa normal com esposa e filhos. Esperei estar em um lugar afastado e tirei a varinha de trás da orelha, aparatando na casa de James.

– Jesus Cristo! – gritou Lily quando apareci na cozinha. Ela colocou as mãos sob sua barriga como proteção. – Sirius!

– EU MESMO! – corri para a pia e abri a torneira, enfiando minha cara na mesma e sacudindo-me feito um cachorro em seguida. Oh não, eu perdi mais uma Lua Cheia com Remo, que ótimo amigo eu sou!

– O que... Você... Está só de cueca!

– Eu não sei onde deixei minhas roupas. O que tem pra comer?

– Você está bêbado? Sirius, por favor, vá embora, James não está aqui. – olhei Lily, chocado. Ela estava me expulsando? Oh meu Deusssssssss, não, espere, acho que ainda estou um pouco bêbado.

– Lílian, isso é tudo que eu tenho, OK? Pega leve comigo, eu não tenho família, meu papai não foi bonzinho comigo e Lily... Eu adoro você, adoro James e o bebê sem nome. Deixe eu fazer parte da família, hã? Podemos ir ao parque nos domingos.

– Você ainda está bêbado, vou chamar Emmeline.

– Ahhhh, vamos lá Lily, podemos ser uma família feliz, esse mundo está tão louco que isso seria totalmente normal... Lílian Evans Potter... Você quer casar comigo?

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– Então você pediu minha esposa em casamento, bêbado, sujo e de cueca? – Virei a garrafa de uísque e dei de ombros para James.

– Acontece nas melhores famílias. – continuamos caminhando pela movimentava Avenida. Eu estava enlouquecendo aos poucos e Emmeline estava fingindo que não estava vendo, comprando revistas para noivas, escolhendo a cor do convite e visitando locais para a cerimônia.

– Sirius, você está fazendo um despedida de solteiro longa demais.

– Já te contei da vez que acordei em Nova York? Eu não faço ideia de como eu fui parar lá, pior que isso, me roubaram tudo que eu tinha e os policiais de lá não são muito gentis com pessoas apenas de cueca. – entramos no banheiro público e seguimos a fila para poder usar o banheiro. Era uma verdadeira demora do inferno e se não bastasse um dos engravatados ficar fitando minhas tatuagens e minhas botas sujas de sangue. Dei uma piscadinha para ele e ergui as sobrancelhas antes de entrar no banheiro. Subi em cima da privada e dei descarga aterrissando no Ministério em seguida.

Eu amava aquilo!

– A coisa é: Deus existe e ele preparou muitas mulheres para mim, especialmente para mim, então que caralhos eu tinha em mente quando me comprometi a ficar apenas com uma e unicamente com uma?

– Bem, eu acho que você ama Emmeline, sempre amou, não é?

– Ah, sem viadagem.

– Sirius, você nunca disse que ama ninguém. Eu te conheço há dez anos e nunca te vi dizer um ‘eu te amo’, como isso é possível! – James parou no meio do hall, fitando-me.

– Bem, eu ia dizer uma vez, mas a pessoa foi embora bem na hora. Foi melhor assim. – James suspirou e pegou em meus ombros, sério. Ele não mudou muito por todos esses anos, a não ser que agora ele vestia roupas de “adutlo” sempre bem passadas, nunca amassadas ou rasgadas como as minhas. Mas seu cabelo bagunçado e seu sorriso não enganavam ninguém que o conhecia há tempos feito eu.

– Você vai sentir medo como nunca sentiu antes. Vai querer desistir, fugir pra bem longe ou ficar com qualquer outra apenas para se livrar da sensação de que está preso a ela. Mas eu juro, quando você a vir naquele vestido, vindo em sua direção... Tudo vai valer a pena.

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– Ah, você... – Uma mulher de meia idade agarrou-me pelos braços e deu uma grande analisada. A casa onde eu moro estava infestada de gente e todos haviam parado para me analisar. Emmeline mordia os lábios, nervosa. Droga, logo hoje que eu estava tão de ressaca? Fechei os olhos com força quando eles começaram a analisar minha regata tie dye que mostrava mais do que deveria e meus shorts sujos, sem contar minha bota que sobreviveu a guerra. Literalmente.

– Emmeline? – Perguntou uma velha no sofá, visivelmente traumatizada.

– Hmmmmmm. – uma mulher e meia-idade com roupas de uma pessoa trinta anos mais nova que ela aproximou-se de mim, olhando-me de um jeito estranho. – Ela pegou um motoqueiro de estrada! Os melhores.

– Tia! – Emmeline levantou-se do sofá.

– Esse garoto é trouxa? Pois eu tenho uma história sobre trouxas... Teve uma vez, lá no Ministério... – o velho começou a falar sozinho enquanto um cara mal encarado no fundo da sala começou a fala.

– Espero que esse cara tenha dinheiro pra te sustentar, prima. De pobre já basta os Vance.

– Bem, só você é pobre, garoto, eu sou tenho tanto dinheiro que meu cofre vai explodir em breve. VOCÊ, GAROTO! – um homem alto marchou em minha direção e a suposta mãe de Emmeline me deu um sorrisinho solidário.

– Não se assuste garoto, esse é cão que late mas não morde.

– Muito Isobel, um ótimo começo.

– É engraçado se você achar que realmente assusta alguém, Owen. – Prendi a respiração quando o homem olhou no fundo dos meus olhos com o olhar mais congelador que pode existir. Eu odeio pais, odeio famílias e tias.... Tomara que Owen Vance me mate.

– Um Black, hã? – ele debochou. – Sua família só traz prejuízo ao mundo bruxo.

– Pai! – Emmeline marchou até nós.

– Eles não são minhas família, senhor. – e nisso, todos da sala riram. Até Emmeline.

– Garoto, não conte piadas. – sorriu a avó de Emmeline. – É claro que são sua família.

– Está no sangue, em seu rosto, sua voz e no sobrenome. Não adianta fugir. Você acha mesmo que eu gosto de Owen? – Isobel gargalhou enquanto o avô de Emms ainda monologava sozinho. – Ele é minha família eu gostando disso ou não.

– Quando você se casar com minha filha, ela se tornará uma Black. E você será um Vance. Não há como fugir disso, garoto. – Owen Vance depositou sua mão em meu ombro e apertou com toda a força que ele tinha. Quase não consegui segurar a passividade. O telefone tocou pela primeira vez em anos que eu morava ali. Sorri mecanicamente antes de correr para ele e colocar no ouvido.

– ALÔ? – berrei entre a barulheira daquela família maluca. Ouve um breve gemido e eu não consegui segurar um sorriso pensando se não era alguém do meu passado com saudades, mas quando uma voz chorosa saiu, eu paralisei.

Sirius.... Não precisa... Não precisa gritar. – Marlene parecia estar fazendo um esforço enorme para conseguir falar.

– LENE? O QUE FOI?

– Ah! Emmeline, ele está falando com uma mulher! – chocou-se Isobel Vance.

Sirius, você está ocupado?

– NÃO, O QUE ACONTECEU?

Bem... Será que você não... Não poderia vir aqui? Por.... Por favor.

– Marlene, o que aconteceu?

Eu... É que... Comecei a sangrar muito e.... Uau... – larguei o telefone imediatamente, não hesitando em aparatar na frente de todo mundo sem dar explicações.

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Foi espontâneo.

Na verdade, o Curandeiro explicou que Marlene poderia ficar grávida quantas vezes quisesse, mas seu útero nunca conseguiria abrigar o bebê por tempo necessário, o que a faria passar por isso todas as vezes. Fechei a porta do quarto de Marlene lentamente e caminhei até sua cama, me sentando na beira da mesma. Seu cabelo estava todo quebrado, bagunçado, e seu rosto pálido mostrava as olheiras vermelhas ao redor dos olhos verdes.

– Quando Alice anunciou que estava grávida... Eu fiquei com tanta inveja. – ela já sabia. Há dois anos atrás, ela já sabia. A Varíola de Dragão deixa sequelas, e sua esterilidade fora uma delas. Ela estudou isso na escola de Medicina Bruxa, ela sabia que não podia ter filhos. – Eu fiquei com inveja porque ela conseguiu ficar grávida sem tentar. E Cadaroc e eu tentamos... – seus olhos começaram a se encher de lágrimas. – Tentamos tanto, mesmo sabendo que era 90% de chance de tudo dar errado. Tem uma razão pra isso? Por que tudo de ruim acontece comigo? Por tod minha vida eu fui uma garotinha feia e horrorosa, quando eu finalmente achei minha alma gêmea, ela é dada como desaparecida... Quando eu finalmente consigo ficar grávida meu bebê morre... – Marlene começou a chorar e eu a abracei, tentando achar respostas, mas eu não pude. Quando coisas ruins acontecem, é de repente, sem aviso. Raramente conseguimos ver a catástrofe se aproximando. Não importa o quanto nos preparemos bem para ela. Tentamos ficar seguros. Tentamos tanto nos proteger, mas não faz a menor diferença, porque quando coisas ruins acontecem, elas vêm do nada. Coisas ruins vêm de repente, sem avisos, mas nos esquecemos que, às vezes, é assim que as coisas boas acontecem também.

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BIRDY - WINGS

– Você está fugindo, não acredito.

– Sim, eu estou fugindo, Sirius! Estou fugindo como Bambi fugiu do incêndio na floresta e Merlin, você também devia fugir! Coisas horríveis acontecem aqui!

– Ok, isso é um motivo para ficarmos juntos, não para no separarmos!

– Nós ficamos juntos por dez anos e isso não impediu de tanta merda acontecer, Sirius! Somos quase sobreviventes!

– Sobreviver ao quê, Marlene? Isso é a vida! Coisas ruins acontecem, aceite!

– Jesus Cristo, sua família é demoníaca! Você assistiu a morte da mulher da sua vida diante dos seus olhos, e olhe pra mim... – seus olhos se tornaram aquosos. – Eu tive uma doença durante anos que quando eu finalmente a superei, conseguiu me deixar estéril! Eu perdi meu marido, minha casa pegou fogo, não há uma semana que não fiquemos em paz sem sermos atacados, eu não vou ficar aqui esperando morrer. Chega.

– Essa é minha vida! E você está aqui, comigo! Jesus, você parece aquela garota estranha do primeiro ano, agindo por cima, agindo como se esses dez anos não tivessem acontecido!

– Eu agradeceria se não. – parei, chocado.

– Bem, então talvez você deva mesmo ir.

– Sirius...

– Não, Marlene, ok, eu entendi. Eu não posso pedir, exigir nem implorar nada para você, eu não tenho direito de fazer isso depois de todas os erros que eu cometi, mas eu nunca vi você ser tão egoísta como está sendo agora. Não está pensando em mim.

– Você não pensou em mim três anos atrás. – ela cruzou os braços.

– Ah vai se foder, Marlene. Pare de viver de passado, eu estou falando de hoje, de agora! Quer saber? Eu não sou seu melhor amigo. Seu único amigo sempre foi você mesma.

– E o seu sempre foi James.

– O que você está esperando pra fugir? – Marlene maneou a cabeça negativamente e simplesmente aparatou com suas malas, deixando-me encarando a porta principal da casa dos Dearborn.

Seu mundo todo se transformou.

Você se dá conta de que o chão embaixo de você mudou. As coisas estão incertas. E não há como voltar atrás. O mundo ao seu redor é diferente agora. Irreconhecível e não há nada que você possa fazer sobre isso. Você está preso. O futuro está na sua frente. E você não tem certeza de que gosta do que vê.

Como eu disse, não sou muito fã de mudanças.


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Notas finais do capítulo

Me perdoem por fazer tanta desgraça na vida da Marlene.

E é nessas desgraças que minha amiga fez um tributo muito bonitinho pra Marlene:
http://www.youtube.com/watch?v=vlS3rFgHCs0

AHHHHH, e se vocês notarem, a cena do aborto da Marlene estava o tempo inteiro no trailer e ninguém notou hahahahahahahaha

MUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH



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