About Sirius Black escrita por Ster


Capítulo 6
Antes - 2º


Notas iniciais do capítulo

Finalmente esse segundo ano chegoooooooooou! Já não aguentava mais, meu deus!
Vamos ver um pouco mais da bagunça dos Marotos?



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THE LONELY GIRL

2º ANO

HOGWARTS





– Vocês me dão tanto trabalho quanto os gêmeos Prewett, não, retiro o que disse, nem eles conseguiram pegar detenção no primeiro dia de aula, francamente. – Filch jogou os baldes de tinta para nós e sorriu. – Tenham uma boa noite.

– Velho filho da... – É, mais um ano em Hogwarts. Nada mudou além do fato que eu cresci belos dez centímetros, James também, e até mesmo Remo. Pedro não, mas faz parte. É o último ano de metade das pessoas ali então a escola em breve é nossa. – Pintar bancos? Ninguém merece, qual é!

– É sua culpa estarmos aqui! – acusei, pegando meu pincel. – Foi sua ideia!

– Foi sua também! – disse Remo, ele parecia muito bem, sem olheiras, sem estar magro demais ou pálido. – Definitivamente, eu não sei porque ando com vocês! Detenção no primeiro dia de aula!

– Olha, ninguém sabia, ok? Deixamos o terceiro andar vazio no último ano, ninguém sabia que quando voltássemos teria um Trasgo nos aguardando. – disse Pedro, torcendo as mãos.

Resumidamente foi: Chegamos na escola, assistimos a seleção (Regulo foi para a Sonserina, eu já estava esperando, milagres não acontecem duas vezes), comemos e fomos direto para o nosso terceiro andar, felizes, alegres por estarmos juntos novamente e quando abrimos a porcaria da porta um monstro de três metros de altura nos aguardava. A sequência foi: Gritos, mais gritos, correria e finalmente uma bela bronca da professora Minerva e do diretor Dumbledore. Havia mais duas pessoas conosco na detenção. Uma garota e um garoto. Olhando bem, a garota era até gatinha, tinha uma cara de bobinha, mas era bonita. James percebeu meu olhar e deu um risinho. O garoto tinha um olhar amedrontado, receoso e nos olhava como se fossemos marginais.

– Tudo bem, garoto estranho? – sorri para ele, ironicamente claro. Ele desviou o olhar, molhando seu pincel na tinta.

– Humpf, abaixa a crista, moleque. Acha que é melhor do que nós, hã? – UAI, James não conseguiu segurar e riu quando um ronco da gargalhada atravessou minha garganta. Segurei e olhei para a garota bonitinha.

– Que porra de sotaque é esse? – gargalhei. Era um britânico muito, mas muuuuuuito forte.

– Isso é sério? – riu Pedro.

– O que quer dizer com isso? – ela colocou as mãos na cintura. Novamente eu gargalhei, olhando para todos, desesperado.

– É só barulho! Não dá pra entender o que ela fala! Garota, você fala inglês? – gargalhei.

– Entende isso, querido? – e mostrou o dedo do meio.

– Eu amei essa garota. – riu James. – Qual é seu nome, princesa?

– Vão se ferrar. – e continuou pintando o banco. – O QUE É? – berrou para o garoto estranho. Ele deu um pulo e recomeçou seu trabalho.

– Ok, então o que você fez, amor? – perguntei. – Roubou alguma coisa? Hm?

– Olha, para de agir como se me conhecesse, hã? Porque não conhece, hã! – aquele sotaque era muito engraçado, eu nunca vou esquecer. E esse “hã” no fim de frase.

– Só estou puxando assunto! – continuei assistindo ela pintar o banco. Ela era engraçada demais, mas parecia ter ficado um pouco magoada com a zoeira que fizemos com seu modo de falar. Mas era demais, ela engolia metade das palavras quando ia falar, emendava tudo. – Vai, diz aí o que você fez.

Ela continuou pintando o banco.

– Briguei com uma monitora chefe. – ela sorriu ao me ver gargalhar. – Sem varinha. A vadia está com o nariz quebrado e o olho roxo, hã.

– E você, esquisito? – virei-me para o garoto no cantinho, pintando o último banco. Ele tinha muita cara de inocente, bem concentrado nos estudos.

– Parece um cheirador de calcinha. – disse James, concentrado em seu banco. Todo mundo riu, menos o garoto, pareceu ofendido.

– Eu não sou cheirador de calcinha! Não sou um pervertido. – ele disse. Sua voz era toda atropelada, meio muscosa. – Eu tentei incendiar o compartimento de uma pessoa.

– Uhhhhhhhhhhh! Temos um marginal aqui, pessoal. – sorri. – Clássico!

– É Alice. – disse a garota. – Meu nome é Alice Wonder. O esquisito é o Longbottom e vocês são os Marotos.

– Quê? – riu Pedro.

– Os Marotos. É assim que chamam vocês. Fizeram fama no primeiro ano. – que nome ridículo! Mas James pareceu encantado.

– É assim que nos chamam? Nós quatro?

– Vocês não sabiam?

– Não... Não sabíamos.







Já na gloriosa sala comunal, eu levei um susto assim que entrei. Lily, Emmeline e Mary falavam de alguma coisa com uma garota, Marlene. Mas ela estava diferente. Preso perto de seus cachos louros, ela segurava uma máscara que cobria o lado esquerdo de seu rosto. Ela conversava com as meninas e segurava a máscara, até que Lily disse algo a ela e sorriu, tirando sua máscara. O ar em meus pulmões simplesmente desapareceu. Havia um monstro rondando a minha sala comunal, esperando para me atacar.

O lado direito do rosto de Marlene estava marcado por alguma doença, que semelhava a pele de um dragão. Era asqueroso e verde, uma imagem muitíssimo feia de se ver, o jantar em meu estomago ameaçou sair depois de eu fita-la. Ela notou meu olhar enojado e desviou o olhar, colocando sua máscara novamente.

– Que porra aconteceu com seu rosto? – perguntei. Marlene tentou esconder-se, e Lily foi ao ataque.

– Não é da sua conta!

– Eu... Eu acho que estou passando mal. – e estava mesmo. Encostei-me na parede, enjoado com a visão que acabei de ter. Eu sei que aquilo era rude, mas eu não pude evitar, era muito feio. Eu não tinha notado a presença da Professora McGonagall na sala Comunal, falando com alguns alunos novos. Ela pegou meu braço com violência e me empurrou para fora da sala comunal. – Ah, obrigada, eu estava ficando sem ar.

– Eu não consigo acreditar no porque o Chapéu Seletor lhe colocou na minha casa, se você tem todas as características de um Sonserino. Aquela garota lá dentro, a senhorita McKinnon, contraiu uma doença terrivelmente dolorosa tanto fisicamente quanto emocionalmente. A Varíola Dragonina transformou seu rosto e só saíra quando a doença for totalmente expelida de seu corpo e enquanto isso não acontece o senhor será responsável por ela.

– Desculpe?

– É isso mesmo que ouviu, senhor Black. O senhor fará dupla com ela, estudará com ela, fara tudo com Marlene McKinnon ao seu lado. Se o senhor é um Sonserino eu não sei, mas está em minha casa então terá que aprender a ser um Grifinório. E Grifinorianos não tem atitudes desprezíveis como a que o senhor teve ao entrar na sala. – Ela olhou-me com desprezo. – Passar bem, senhor Black.

E saiu andando. Aquela era zoeira, não é possível. Mas na manhã seguinte, eu descobri que não era. Na aula de Transfiguração a professora Minerva realmente me fez sentar com Marlene. E enquanto escrevíamos eu tinha medo de tocá-la e aquilo grudar em meus rosto também de alguma forma. Ela percebeu meu receio e afastou sua cadeira de perto da minha. Após a primeira aula, Marlene e eu passeamos ao redor do lago. Eu podia ouvir a gargalhada de James não muito longe dali e a vontade de sair correndo quase me pegou. Andávamos em silêncio, eu sempre há alguns passos na frente, não queria ninguém me zoando por andar com a Dragão (apelido que já inventaram para Marlene).

Nos sentamos na árvore mais próxima do lago e eu rezei pela primeira vez na vida para a aula começar logo e eu não ter que ficar naquele silêncio desconfortável.

– Você não precisa fazer isso. – disse ela. Eu não queria olhá-la, mesmo com a máscara. Olhar Marlene fazia meu corpo tremer e uma sensação horrível invadia meu corpo, aquela pele asquerosa sob a superfície de seu rosto... Ela nunca foi muito bonita, coitada...

– Isso o que?

– Sabe, não gosto disso tanto quanto você. – então olhei-a. Ela segurava a máscara por conta do vento. – Você é um idiota.

E levantou-se e saiu andando. Argh, que inferno. Eu não vou atrás dela, não mesmo. Assisti a Dragão entrar no Castelo novamente e fui em direção dos Marotos. Ainda era bem estranho falar esse nome e saber que eu estava incluído naquele meio. Junto com eles, estava Alice, Frank Longbottom, Sibila e Rita.

– Olha só se não é o namorado da Dragão. – riu Rita. Simulei o riso dela, ficando sério em seguida.

– Muito engraçado. – falei, colocando as mãos no bolso. – Só faz quatro horas que eu estou andando com ela e não suporto mais.

– Ninguém mandou você ser idiota. – disse Remo. – Não sei porque todo aquele nojo dela, é só Varíola Dragonina, ela continua sendo a Marlene McKinnon.

– É, e caso você tenha esquecido, eu a detesto. E queria ver você no meu lugar, ter que ficar perto daquela coisa estranha. Parece que um alienígena grudou no rosto dela. – gargalhei, todos riram, menos Frank, Alice e Remo.

– Era pra você estar apoiando ela, hã! – disse Alice, nervosa. – Só está atrapalhando, ela precisa de um amigo, seu otário.

– Ela tem amigos!

– Só Emmeline. Lily e Mary são só conhecidas. – disse Pedro. Falando em Emmeline, ela estava sentada com as meninas perto do lago. Linda, voltou mais gata ainda esse ano. Eu daria tudo para ser obrigado a ficar com ela até sua Varíola passar.

– Emmeline, até com varíola aquela garota ficaria bonita! – constatei, olhando-a no lago. – Digo, nós dois fazemos um belo casal, né?

– Sinceramente, você combina com a Marlene. – disse Frank, baixinho. – Sabe, minha mãe lia para mim a Bela e a Fera. É tipo uma mocinha que se apaixona por um monstro. Só que vocês dois são ao contrário.

– Nossa, cala a boca. – mandou Alice.

– Não, ele tá certo! Eu sou o cara bonito e ela é o monstro! Só que e a se apaixona por mim e não eu por ela. O mocinho tem outra garotas em mente. – Mary disse algo para Emmeline e ela virou-se para me olhar. Eu acenei e sorri, tirando os cachos do meu rosto. Mas tudo que ela fez foi mostrar o dedo do meio. O grupo riu quando o sinal bateu. Ótimo, mais horas com o monstro.







OUTUBRO






A convivência com Marlene tornou-se algo suportável.

Nós não trocávamos muitas palavras. Estudávamos em silêncio na biblioteca, trocávamos o material nas aulas e nas horas vagas às vezes andávamos pelo jardim, sempre em silêncio. Ela até que não era tão insuportável assim. Ela não falava para o professor que era eu quem estava jogando as bolinhas de papel nos Sonserinos. Também nunca contou à ninguém que fui eu quem colocou cola no assento do Snape. Marlene era quase um túmulo, quantas vezes ela não viu eu e James sumindo debaixo da capa? Ela também sabia das minhas saídas a noite.

Ela continuava a usar a máscara e não houve nenhuma melhora considerável em seu rosto. Remo até tentava animá-la, a convidando para sair conosco, mas aquela garota vivia chateada. Mas quer saber? Eu estava começando a gostar da companhia dela. E já não era tão ruim assim ter que sentar com ela nas aulas, os professores ficaram encantados, começaram até a me elogiar. James ficou com ciúmes, claro.

– Como vai sua namorada, hein? – sorriu James quando passei pelo buraco do quadro para a sala comunal.

– Namorada? – perguntou Alice.

– Você e a Dragão estão juntos? – quis saber Pedro. – Você beija aquela parte estranha da cara dela?

– Você e Marlene Dragonina? – riu Fabian Prewett. – Ah, Sirius, assim você me decepciona!

– Ah, qual é, o que que tem ele pegar a Cara de Dragão? – perguntou Arthur, virando-se para mim. – Como é beijar aquela superfície asquerosa, hm?

– Como cheira? Tem gosto de dragão? – quis saber Frank Longbottom.

– Me disseram que quando ela tosse, sai fogo. Verdade? – quis saber Molly.

– Ela não é minha namorada! – foi tudo que eu consegui dizer entre todas aquelas perguntas retardadas.

– Você e Marlene estão juntos? – esganiçou Mary, tirando seus fones de ouvido. Bufei.

– NÃO! – gritei. – E parem com esses apelidos idiotas. Já deu.

– Não é a gente, é a escola toda. – esclareceu Gideon Prewett. Mas eu sabia que era ele e seu gêmeo safado que inventaram metade daqueles apelidos. Mas quem começou foi James.

– Por que todo esse medinho de assumir sua paixão pela Dragão McKinnon? – sorriu James, ajeitando-se na poltrona. – Vai, assume.

– James, faz um favor, cala essa boca. – pedi, mas tudo que ganhei foi zoação. Até mesmo Remo estava rindo, que canalha! Acabei me rendendo e rindo também, os apelidos não eram criativos, mas eram engraçados.

BREATHE ME - SIA

Mas ela não achava nada engraçado. Marlene era uma garota muitíssimo introspectiva, retraída e tímida. Ela sempre achava que os outros estavam rindo dela e acabava se fechando mais e mais. Eu fazia tudo que podia para enturmá-la, mas estava difícil. Na véspera do dia das bruxas, quando estávamos tomando café e Marlene inclinava sua máscara para poder comer seu mingau, Lily largou seus talheres com força.

– Marlene, eu quero que saiba que não precisa usar essa mascara aqui nessa mesa. Somos sua família e você não precisa ter vergonha de nós. É só isso que quero dizer. – ela olhou Lily, tímida, e depois para mim. Assenti para ela, e lentamente, Marlene retirou sua máscara. E quando ela olhou-me, fiz questão de não desviar o olhar, por mais que eu quisesse. Não era algo agradável de se olhar, mas era questão de costume, afinal, eu não convivi com a cara feia de Bellatrix toda a minha vida? James e Pedro fizeram cara de nojo e tudo que eu fiz foi erguer meu punho e descer no braço dos dois, que pararam imediatamente.

Depois disso, a vida dela virou um inferno.

Parecia que ninguém ali nunca tinha visto varíola dragonina. As pessoas ficavam esperando ela sair das salas onde estávamos e ficavam na ponta dos pés para vê-la. Eu nunca senti tanta pena em toda minha vida. Se ela já era problemática em fazer amigos, depois daquilo foi pior. No jantar especial do Dia das Bruxas, eu e James já tínhamos armado nossa armadilha para o Simon Chang na Corvinal quando eu notei que Marlene não estava lá. Eu já tinha comido metade das coisas na mesa, bagunçado com os Gêmeos Prewett e jogado coisas nas pessoas da mesa da Sonserina e só agora notei que McKinnon não estava ali.

Acredite ou não, eu girei o castelo inteiro atrás dela.

O último lugar foi a sala comunal, e lá estava ela, encolhida no canto com um livro.

– Eu procurei você pela escola toda. – coloquei as mãos no bolso. Marlene olhou para mim, dando-me a visão da parte verde de seu rosto. – Pra falar a verdade, nem sei porquê.

– Porque você se importa comigo. – ela disse, ainda concentrada em seu livro. Caminhei até ela e aguardei. Marlene fechou seu livro e olhou-me com descaso.

– Vamos, Pirraça e James vão fazer um showzinho. – ela forçou um sorriso.

– Não quero ir.

– Por quê? A comida está ótima. – eu sabia que não era pela comida, e sim pelas pessoas. Eles agiam como se estivessem num circo e Marlene era a atração. Apoiei-me em sua cadeira, ficando bem próximo de seus olhos. Não desviei em nenhum momento. – Marlene, eu não tenho vergonha de você. Nem eu, e nem suas amigas. Isso basta, não?

Ajeitei-me e ergui minha mão para ela.

Demorou, afinal, ela era tão teimosa quanto eu. Mas ela pegou e levantou-se. Quando fez menção de pegar sua máscara, eu apertei sua mão. Ela olhou-me um pouco assustada e então ajeitou seu cabelo. Descemos as escadas em silêncio e continuamos em silêncio em direção do salão barulhento. Quando Marlene olhou-me, pensando que eu soltaria sua mão, eu adentrei. Olhares, sussurros, risinhos de gozação e muitos rostos chocados. Eu não estava me reconhecendo. Eu estava andando de mãos dadas com a garota mais estranha da escola! Mas tudo que importava era os acenos felizes das amigas de Marlene para ela e a forma como ela sorriu, feliz, quando nos juntamos aos nossos amigos.

Remo apertou meu ombro sorridente, James parecia chocado, igualmente Pedro. Até Narcisa me olhava indignada, mas Andrômeda sorria. Principalmente Emmeline, aliás, todas as meninas da mesa sorriam para mim. Mas por incrível que pareça...

Nenhum sorriso me deixou tão feliz como o de Marlene McKinnon.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?