About Sirius Black escrita por Ster


Capítulo 46
Depois - 1978


Notas iniciais do capítulo

Eu ia postar amanhã, mas vamos acabar com isso logo né? Ainda tenho que responder vocês, e ONDE ESTÃO MEUS LEITORES QUE DESAPARECERAM? Parem de me iludir, aparece e some, parece namorado hahahahahahahahaVamos lá.



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TIME CHANGES EVERYONE

1978

REMO LUPIN

Você já se sentiu sozinho, mesmo estando rodeado de pessoas?

A estranha sensação de que todos estão fazendo algo importante em suas vidas, menos você? Que a única que está perdendo tempo ou simplesmente congelado nele... É você? Eu me sentia assim toda vez que eu me pegava fitando o hall. Existe uma fonte, e um grupo de estátuas douradas, maiores que o tamanho natural ficam no meio do círculo de água. O maior de todos, é um bruxo de nobre olhar apontando sua varinha para o céu, ao seu lado uma bela bruxa, um centauro, um duende e um elfo doméstico, os últimos três olham como que adorando os bruxos. Eu sentia uma espécie de medo, um frio na barriga que nunca passa, eu realmente me sentia totalmente e eternamente sozinho. O tempo passa. Cruel e implacável. E todos nós somos reféns dele. Assistimos, impotentes ou não, nossas vidas tomarem rumos diferentes ou não daquilo que sonhamos.

Ninguém resiste ao tempo.

– Lupin, poderia digitar os relatórios? – pediu Valerie.

– Claro. – era extremamente excitante ter conseguido um estágio no Ministério da Magia. Ainda mais no quinto nível, que era tão disputado. Eu era oficialmente assistente júnior de Bartolomeu Crouch, que era chefe do Departamento de Cooperação internacional em Magia. Em minha apertada escrivania, enquanto eu escrevia ardilosamente as estatísticas do último grande evento bruxo, eu via as pessoas passando de um lado para o outro, ocupadas demais com alguma coisa. Não sei se aquilo era realmente o que eu queria, mas era assim que as coisas estavam caminhando. Era um trabalho cansativo e pesado, mas eu realmente gostava e muito.

Durante o almoço, eu andava alguma quadras até o Zoológico da cidade e observava a garota loura brincar com a foca, fazendo o público ficar agitado entre gargalhadas e aplausos. Ela parecia ter uma intimidade com os animais a sua volta que chegava a ser invejável seu dom para isto. Seu riso contagiante e enorme fazia a foca a abraça-la até mesmo fora de ensaio. Então eu acenava para ela e nós íamos sentar em algum banco e comíamos pipoca doce, observando os patos.

– Kitty está grávida de novo. Parece um coelho. – riu Dorcas. Seu riso era estridente e estranho, ela tinha uma áurea totalmente aversa aos outros. Sorria demais, ria demais, era sempre muito reconfortante tê-la por perto.

– De novo? – perguntei, chocado.

– Sim... E parece que são gêmeos. – disse ela, agitando seus sapatos com ratinhos desenhados por ela mesma. – Como vai no Ministério?

– Como sempre, entediante. – suspirei. – Mas você sabe que eu gosto.

– Sim... Espero que não esteja paquerando as garotas bonitas de lá. – disse ela, séria. Segurei o riso. Jogando toda a minha pipoca para os patos nadando no pequeno lago e beijei Dorcas, fazendo-a dar risinhos entre intervalos. De volta ao Ministério eu finalizava meu trabalho e aguardava Sr. Crouch esquecer de algo e me mandar fazê-lo minutos antes de meu horário finalmente bater. Eu gostava de voltar para casa de transporte trouxa. Eu encostava minha testa na janela e observava as pessoas nos ônibus e nas ruas. Pensando seriamente no que ela estavam fazendo da vida, se alcançaram seus objetivos ou não. Se desistiram ou ainda estão correndo atrás. Então eu chegava na casa azul escura no fim da rua, já ouvindo a barulheira incessante que vinha lá de dentro.

Há duas fáceis maneiras de saber se Sirius está bem.

Se a casa está silenciosa, ele está muito bem, obrigada. Mas se está barulhenta, isso significa que ele está fora de si. Ele era todo ao contrário, pois seria o inverso com as pessoas normais. Girei a chave na porta e entrei, tirando a mochila das costas e colocando no chão, em seguida tirando os sapatos. O cheiro de cigarro e narciso dentro da casa era pesado. Dessa vez as luzes estavam acesas e tinha muita gente lá dentro, conversando de um lado para o outro. No sofá gargalhando entre uma tragada e outra, estava Almofadinhas, com Pontas e Rabicho.

– Weeeeee, Aluado chegou! – sorriu ele, já chapado.

– Toma um suco, Remo. – sorriu Fabian Prewett. Eu gostava mais do seu gêmeo, que era mais centrado e tímido.

– Não, obrigada. – era plena quarta-feira, só Sirius para conseguir dar uma festa em um dia de semana!

– Fomos em um bar com o intuito de almoçar, e agora estamos chapados. Não dá certo andar com Sirius. – riu Fabian. Assenti, pegando uma taça e enchendo de vinho branco.

– Como foi o trabalho, Aluado? – perguntou Almofadinhas, com sua taça de uísque de sempre. Sirius tinha planejado fazer mais umas tatuagens em seu braço, mas ele não teve coragem após a morte de sua tatuadora. Assim como Marlene, Piper estava o colocando nos trilhos novamente, mas isso parece uma tarefa muito difícil para qualquer mulher. Ele estava sem camisa e com uma calça de hippies, toda colorida. Seus cachos também pareciam não ver um pente há muito tempo.

– Normal. – respondi.

– O bar estava caro, então voltamos. – ele sentou-se no balcão. – Rabicho tomou sete copos de tequila, foi muito engraçado, você perdeu. Aí, pega um baseado.

– De onde está tirando tanto narciso? Eram de Piper?

– Ela me dava presentes muito agradáveis. – sorriu ele.

– Sirius, tem rango aí? – perguntou uma garota que nunca vi na vida.

– Tem sim, amor. – Sirius foi até a cozinha e pegou o frango que Lily fizera na tarde anterior. – Pode ser?

Deixei o baseado em cima da mesa e fui até meu quarto, exausto. Terminei meu vinho e tomei um longo banho, rezando para que quando eu saísse, a festa já tenha acabado. Doce ilusão de todo santo dia. Lancei um abaffiato sobre a porta e li o relatório por algumas horas em cima da cama e logo senti-me cansado novamente, apagando as luzes. O efeito do abaffiato passou alguns minutos antes de James fechar sua porta com força, com Lily rindo alto. Havia alguma pessoa na sala andando de um lado para o outro, derrubando garrafas e acendendo um isqueiro o tempo inteiro. Provavelmente Sirius.

– Grande Aluado. – Almofadinhas abriu a porta como sempre fazia quando estava no último nível de chapado. Nos níveis antes desse, ele abria a porta de James apenas. Respirei fundo, dando espaço para ele deitar na cama. Tinha cheiro de uísque de fogo e narciso, como sempre teve. Eu sempre gostei mais de James do que de Sirius, para ser sincero. Eu tinha medo de suas ideias mirabolantemente perigosas e me assustava com seu riso estrondosamente alto. Mas se tinha algo sobre Sirius que eu era encantado, era sua lealdade. Ele, Dorcas e Lily tinham isso em comum, apesar de ser mais forte em Lílian: Não importa o que você fez ou deixou de fazer. Sua cor, sua aparência ou sua voz. Quem você é ou não é, ele sempre será seu amigo. – Quantos dias faltam pra Lua Cheia?

– Vinte.

– Que droga. Queria que fosse Lua Cheia.

– Eu já perdi as contas de quantas vezes eu já te ouvi dizer isso.

– É porque eu gosto da Lua Cheia. – sorriu Almofadinhas. – Gosto de uísque de fogo, de narciso, minha Guzzi, dos Marotos e de mulher.

– Aham.

– Sinto falta da Piper. Se ela estivesse aqui, talvez tivesse algo pra fazer.

– Por que você não dorme, hein? Vamos dormir.

– Você ainda fala com ela? – fitei os olhos verdes de Almofadinhas. Eram profundos e enigmáticos. Eu sabia de quem ele estava falando, porém eu não sabia se era seguro dar-lhe a verdadeira resposta.

– Trocamos cartas. Ela escreve mais para Dorcas.

– E o que ela diz nelas? – suspirei.

– Do hospital... Ela praticamente vive lá agora. Tanto pelo tratamento como pelo trabalho voluntário com as crianças.

– Ela virou uma palhaça, é? – riu Sirius. Acabei rindo também.

– Bem, ela vira para a alegria das crianças.

– É a cara dela. – disse Sirius, baixinho. – Morre todo dia. Típico.

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Dumbledore me chamou de canto e eu soube que receberia uma missão.

Porém, eu não sabia que seria uma missão como aquela. Eu me sentia extremamente desconfortável em ser o que sou, imagine ter que conviver com outros como eu. Dizem que a base para felicidade é você se aceitar, mas isso era uma tarefa muito difícil para alguém que é um lobisomem. Quando contei a Dorcas sobre mim, eu pensei que ela se assustaria ou sorriria, sumindo do mapa no dia seguinte, eu já tinha até me preparado psicologicamente para isso, mas sua reação não podia ter sido mais diferente.

– Ok. – disse assim, do jeitinho que ela é. Quando perguntei se ela não estava com medo ou com nojo, Dorcas sorriu. – Eu amo Remo Lupin. Do jeito que ele é. E se ser um lobisomem faz você ser do jeito que é, eu continuo te amando de todas as formas. Como sempre amei.

Eu gosto muito de Dorcas.

As pessoas normalmente não gostam muito do cheiro de corujas que ela tem, ou de seu cabelo sempre despenteado e forma como ela definitivamente não sabia se maquiar. Torciam o nariz para suas roupas coloridas que nunca combinavam e a forma como ela sempre aparentava estar muito feliz. Ela acrescentava coisas em mim. Me fazia esquecer quem eu realmente era, fazia o mundo não ser uma bolha que poderia explodir a qualquer momento com a minha presença e meu verdadeiro eu colocando as pessoas que amo em perigo. Ela me fazia ver tudo de uma forma que ninguém nunca conseguiu antes.

Dorcas é uma garota muito especial.

– Consegue fazer isso? – perguntou Dumbledore, com seus olhos calmos. Ele não disse aquilo em tom de irônia, apontando incapacidade. Perguntou por mim, sabia que era difícil ser quem eu era. Assenti, confirmando. Como eu poderia dizer não ao homem que me proporcionou os melhores anos que já tive.

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– Valerie, olhe. – Apontei para o relatório. – Os valores mensais não foram atualizados.

– É mesmo? – ela fingiu interesse, pegando meu relatório. – Obrigada, agora vamos para a reunião.

Agradeci a Merlin por eles não terem falado muito. Continuei digitando na máquina de escrever os pontos importantes da reunião e grifando muito bem os ditos de cada um dos presentes. Bartolomeu parecia exausto. Será que ele estava pensando na nova secretária? Pensei que seria demitido quando o vi se atracando com ela no escritório. Ou será que finalmente descobriu que o filho era uma Comensal da Morte? Às vezes eu o via andando pelo corredores, indo em direção do escritório do pai. Será que ele sabia que seu filho era um assassino? Concentrei-me na máquina de escrever, segurando o riso do corte que Bartolomeu fizera com Derek, o organizador.

– Vamos encerrar então.

– Não, Bartô, espere... Olhe só na página dezesseis. Houve um problema com a negociação com os Irlandeses. Eles não atualizaram os valores mensais.

Não acredito... Não acredito! O mundo pareceu parar quando Valerie Zusak disse exatamente a minha observação como se fosse dela.

– Bem observado, Valerie. – Bartô fechou o relatório. – Timmet, corrija o documento. E muito obrigado, sua reunião foi uma merda.

– Mas...

– Sem bajulações, pegue um biscoito e vá pra casa. – e saiu. Olhei as costas de Valerie, desejando intensamente que ela explodisse, simplesmente pegasse fogo e fosse pra casa do inferno. Fechei os olhos com força, sentindo uma súbita vontade de chorar. Respirei fundo e abri os olhos novamente, levantando-me e pegando os papéis para sair da sala.

– Traga-me um café, Lupin. – sorriu Valerie. – Descafeinado.

Sorri antes de fechar a porta, em uma oscilante linha de ódio. Vou cuspir no seu café até ele ficar bem descafeinado.

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Dorcas e eu suspiramos, fitando o teto.

Tínhamos acabado de tentar fazer amor, mas era muito frustrante com os gemidos extremamente altos de quem quer que fosse que estava no quarto com Sirius. Eu precisava urgentemente arranjar uma casa só para mim, pois morar com um maconheiro e com um doente mental não confirmado, definitivamente não era nada bom. Mas era impossível pensar na possibilidade de deixar James e Sirius, os dois eram meus braços, faziam parte de mim, gostando ou não.

Virei-me na cama, fitando Dorcas.

Ela tinha um rosto muito doce e infantil, que parecia sorrir mesmo quando ela não estava sorrindo. Ela virou-se e sorriu para mim também, lamento por ter demorado tanto tempo para nota-la. Poderíamos estar fazendo anos de namoro naquele momento. Poderíamos estar até mesmo casados agora, como Alice e Frank. Talvez eu faça isso. Quando eu juntar dinheiro o suficiente para uma casa, talvez e eu compre uma aliança e a peça em casamento. Eu faria isso com toda a certeza em meu coração. Não havia no mundo uma mulher igual a Dorcas, tinha que ser ela, se não seria mais ninguém.

– Desculpe por isso. – lamentei.

– É assim sempre?

– Toda maldita noite. – suspirei. – Ele não cansa.

– Pode vir morar comigo se quiser. Eu posso deixar Kitty na casa de minha mãe. – morar em uma casa com quatro cachorros, cinco gatos, dois papagaios e um aquário que preenchia toda uma parede? Não, obrigada.

– É ruim, mas eu amo esse lugar. E eles precisam de um pouco na sanidade aqui. – confortei-a. Ficamos nos fitando por mais alguns minutos até quase caírmos no sono. Então a porta se abriu, revelando Almofadinhas.

– Gritem se estiverem pelados, gritem se estiverem pelados. – gritava ele, com as mãos nos olhos. Ficamos em silêncio e então ele descobriu os olhos. – Ah, decepcionante.

– Já acabamos. – ironizei. Ele jogou-se na cama entre nós dois e suspirou.

– Hoje eu caprichei na escolha. Cabelo curto como o de um menino, cinza, olhos negros, e o braço fechado de tatuagem. Ela era muito gata, mas ficou assustada quando Pontas enviou um Patrono bem pra dentro do quarto, dizendo “Vou matar vocês”. A coitadinha saiu correndo.

– Ela era trouxa? – perguntou Dorcas.

– Dã! – retrucou Sirius. E em segundos ele simplesmente começou a roncar. Dorcas apoiou-se na cama pelos cotovelos, olhando Almofadinhas desmaiado.

– Ele sempre faz isso? – sussurrou ela.

– Desde que Piper morreu. – respondi antes de fechar os olhos.

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– Eu não sei porque mandei a carta. Apenas mandei. – disse inexpressivo. Eu precisava fazer aquilo. Não era justo eu passar noites e noites trabalhando incansavelmente, vendo pessoas naquele lugar sendo burras ou deixando oportunidades de investimentos serem passadas sem dizer nada. Olhei Valerie cinicamente, fitando seus olhos azuis.

– Você é só um assistente júnior! – gritou ela. – Não tinha direito!

– Valerie! – finalmente Bartô disse. – Chega. Querendo ou não, Lupin fez um ótimo trabalho. Nos conseguiu um investidor que vale ouro nesse mundo. Ter os Malfoy como um investidor que aposta alto em nossas finanças é um feito que merece ser reconhecido.

– Mas...

– Lupin, gostaria de mudar de cargo? – sorriu Bartô Crouch. Um sorriso brotou no canto de minha boca. Não deviam ter me subestimado. Ousadia é tudo nessa vida, é algo que eu aprendi com anos de convivência com Sirius Black.

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A música alta fazia o chão da casa tremer.

Era verão, mas isso não era desculpa para eu não exibir meu terno. Era grafite e a marca esbanjava minha nova situação financeira. Terminei de arrumar-me no banheiro recém limpado por Lily e saí, indo em direção da sala para pegar minha pasta. James e Sirius estavam desmaiados no sofá, provavelmente em coma alcóolico.

Minha conta bancária estava quase alcançando o teto e eu sempre passava diante da loja de anéis a caminho do Ministério, admirando um lindo diamante que ficaria perfeito no dedo anelar de Dorcas, que se tudo desse certo, em breve seria Dorcas Lupin.

O departamento de investimentos era muito agitado. Palavrões, gritos de excitação, surtos de raiva. Pessoas negociando o tempo inteiro. Eu erguia meu queixo tentando transparecer superioridade, porém eu morria de medo. Eu tinha pavor de pensar na possibilidade de me afogar naquele mar de luxúria, ganância e inveja. A sensação de estar sozinho naquele monte de gente me sufocava. Era mais um dia para ganhar milhões de reais para o Ministério. E eu consegui. Consegui um investimento disputadíssimo, o que fez Bartô Crouch me aplaudir de pé. Quase não me aguentei de orgulho.

Mas Valerie Zusak não sabe perder.

– O que você fez? – perguntou ela, chocada.

– Continue assistindo. – as elevações aumentaram e as ações dos Malfoy bateram no teto. Mais dinheiro para nós.

– Mas que... O quê... – Valerie arregalou os olhos, conferindo as elevações dos Rosier, chocada. Então olhou-me, com as pupilas dilatadas de ódio. – Você!

– Sim, Valerie.

– O que você fez!

– Agora, eu estou vendendo as ações dos Malfoy. – sorri.

– Mas... Mas eu chequei... Eu chequei, eles não iam... – levantei-me, aproximando-me de Valerie delicadamente. Aquilo era algo que James ou Sirius diria, jamais Remo Lupin. Mas eu conseguia sentir minha essência vazar pelos ouvidos quando eu sorri ao dizer.

– Sabe, talvez se você tirasse o pau do chefe da sua boca, conseguisse concentrar-se nas elevações. Mas você não pode, não é? Porque se tirasse o pau dele da sua boca, nem esse emprego teria, certo?

– Vai se foder. – verbalizou ela, ferozmente, apesar de estar em baixo tom.

– Boa sorte.– Bartô passou por nós, assentindo levemente. Valerie segurou as lágrimas e sorriu para mim, abraçando-me.

– Parabéns. – Seus lábios encostaram em meu ouvido e minha alma pareceu congelar quando ela disse. – Espero que suas elevações subam quando eu contar ao chefe que temos um lobisomem entre nós.

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Era previsível.

Parecia que o mundo estava girando em uma velocidade reduzida só para que todos conseguissem me ver. O segurança do departamento andava atrás de mim enquanto eu segurava minhas coisas. Todos ali já saberiam ou Valerie teria o gostinho de contar depois? O sorriso vitorioso contido nos lábios de Tony, a falsa lamentação de Kevin. Eu nunca conseguiria sobreviver naquele mundo onde a confiança e a lealdade eram coisas tão raras quanto uma fênix. Cada passo meu era uma desgraça para mim, porém um triunfo para os outros. A vida adulta era uma linha tênue tão perigosa e fina que qualquer passo em falso poderia me matar.

Bem que dona Iris Lupin já tinha dito: Terei que ser duas vezes melhor somente pelo fato de eu já ter que carregar esse fardo nas minhas costas.

Mas parecia que tinham me deixado uma tarefa impossível. Não me deixaram os atributos suficientes. Como eu iria viver? Como eu iria explicar que quando a noite de Lua Cheia aparece, eu viro um monstro irracional, o que me torna incapaz de sobreviver no mundo real.

Ser gente grande era uma grande ilusão afinal.

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A brisa que rondava a praça era incrível.

Eram tons de cor pastel e as pipas no ar davam uma sensação confortável de que o mundo não estava perdido. Que nem tudo estava acabado. As crianças corriam pelo gramado e eu não segurei o sorriso em meus lábios quando vi a pequena prima de Sirius correr entre os garotos, empinando sua grande pipa azul.

Naquele momento mais do que nunca, eu sentia falta de Marlene. De seu grande abraço Lene Moo. Ela saberia o que dizer, como me confortar, como arrancar de mim aquela sensação de que tudo iria dar errado. Almofadinhas, Rabicho e Pontas me acharam ali e sentaram-se comigo no banco, também observando a paisagem.

– Nada é como imaginei. – suspirei. – Está tudo ao inverso. Como se eu tivesse escrito ao contrário.

– É assim que as coisas não, não é? Digo... Precisamos disso. Precisamos disso para que depois o bom aconteça. – disse Rabicho.

– Crescer é uma merda. Quero voltar no tempo. – emburrou-se Pontas, cruzando os braços.

– Esperamos tanto por isso. Grande decepção. – murmurou Almofadinhas.

– Rabicho está certo. – confirmei. – Tenho certeza que tudo vai melhorar. Não vai ser uma droga pra sempre.

– Como você sabe disso?

Sorri, lembrando-me das milhares de vezes que Dorcas me disse aquilo.

– Pois é a única coisa na qual posso acreditar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo do Remo?Opiniões são bem vindas, e desejos sobre a morte de Dorcas são mal vistas.MUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH ♥