As Quatro Estações - Romione escrita por Verônica Souza


Capítulo 7
Inverno 7




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– E então. Como estou? – Perguntei olhando para Rose.

– Uau papai, você tá muito bonito. – Ela respondeu com entusiasmo.

– Não está muito chique? – Perguntei para Gina.

– Não Rony, está perfeito. – Ela sorriu. – Estou orgulhosa de você.

– Gina... Não começa. – Dei uma risada. – Bom, então já estou indo antes que eu me atrase. Se comporte viu pequena? – Eu me inclinei para beijar o rosto de Rose.

– Divirta-se. – Gina disse quando eu me despedi dela.

– Até mais campeões. – Eu disse para Alvo e Tiago.

– Tchau tio Rony! – Eles disseram juntos.

Peguei as minhas chaves e fui para o carro. Estava me sentindo bem e animado, como não me sentia há muito tempo. A ultima vez que fiquei nervoso daquele jeito foi quando eu ia pedir Hermione em casamento.

Dirigi tranquilamente. Por sorte não precisei passar pelo caminho de sempre. Em menos de vinte minutos eu estava na porta da casa dela. Ela me esperava do lado de fora com um casaco vermelho e cabelos amarrados em um rabo de cavalo. Eu saí do carro, abrindo a porta para que ela entrasse.

– Boa noite Rony. – Ela sorriu para mim.

– Boa noite. – Sorri de volta.

– Você está muito bonito.

– Você também está.

– Obrigada. – Ela disse envergonhada e entrou no carro. Fechei a porta e logo depois entrei.

– E então, para onde vamos?

– Eu pensei em irmos para um restaurante tranquilo... Assim podemos conversar com mais tranquilidade.

– Ótima ideia. – Ela disse.

Conversamos enquanto íamos para o restaurante. Parecíamos estar mais a vontade um com o outro, e eu fiquei feliz em saber que nós não ficamos com vergonha por causa do beijo.




**



– Então você se forma esse ano? – Perguntei.

– Eu espero que sim. Ah Rony sonhei tanto com esse dia. Depois que a patinação artística foi para os ares meu sonho foi ser médica. Me sinto bem ajudando as pessoas, e durante o meu estágio descobri que sou boa nisso... Modéstia parte. – Ela riu e eu também.

– Com certeza. Você leva jeito para isso. Uma época eu disse para Hermione ser médica também. Ela sempre sabia como curar a febre de Rose, e sempre tinha um jeito dócil de fazer isso. – Eu sorri abobado. – Desculpe... Toquei no assunto dela de novo.

– Rony, por favor, pode falar dela o quanto quiser. Eu gosto de ouvir sobre ela. – Ela sorriu. – Conte mais.

Olhei um pouco envergonhado para ela, mas notei que ela realmente estava se interessando.

– Bem... Ela chegou a estudar para fazer medicina, mas desistiu um dia antes. Ela disse que não suportaria trabalhar tanto e passar tanto tempo longe da gente. No dia seguinte ela arrumou um emprego na livraria. Ela amava livros sabe. Amava mesmo. Eu chegava a brincar dizendo que ela amava mais os livros do que me amava. – Eu sorri e Iara deu uma gargalhada. – Na verdade acho que qualquer coisa que ela fizesse ela iria ser brilhante.

– Imagino. – Ela disse sorrindo.

– Mas vamos falar de você agora! – Eu me ajeitei na cadeira.

– Bom... Eu comecei a faculdade de medicina e não tive tempo para muita coisa... Na verdade, essa é a primeira vez que eu saio com alguém desde que terminei meu namoro.

– É mesmo? – Eu sorri satisfeito.

– Sim. – Ela sorriu envergonhada. – Eu sou muito difícil com relacionamentos. Gosto de conhecer bem a pessoa antes, e bem... Não tenho muito tempo pra isso. Sinta-se lisonjeado.

– Eu me sinto. – Eu disse sorrindo.

– Bem... Na verdade eu gostava muito dele... Erick era uma pessoa doce, gentil e romântico. Me surpreendia sempre. Mas é um pouco complicado... Depois que perdi o bebê... Eu acho que não poderia ter continuado com ele... Sabe... Eu ia sempre me lembrar de tudo, e foi tão difícil superar. Foi difícil também terminar com ele e excluir todos os contatos que tínhamos. Há dois anos não converso com ele e não tenho notícias.

– E você ainda gosta dele?

– Bom... Eu não sei... Às vezes penso que sim, às vezes penso que não. Mas todas as vezes que sinto falta dele é quando estou sozinha, em casa. Não sei se isso é bom...

Fiquei em silencio ouvindo tudo.

– Olhe só para nós dois. Falando sobre o passado. – Ela riu. – Vamos falar sobre o futuro agora.

– Claro... – Eu sorri.

– Vocês pretendem crescer com a loja?

– Ah sim... Já conseguimos um bom dinheiro para abrirmos outra, já está tudo em andamento. Nossa meta é conseguir abrir em várias cidades.

– Mas isso é ótimo Rony! É claro que vocês conseguem!

– Eu espero. Quero dar um bom futuro para Rose, e uma infância ótima. Eu tive uma ótima infância mesmo com seis irmãos. Nós não tínhamos muito dinheiro, mas éramos muito felizes. Minha família é muito unida e eu nem sei como agradecer a eles todo o apoio que eles estão me dando ultimamente. Mas eu quero que Rose se forme em uma boa faculdade, e tenha uma vida bem sucedida no que ela escolher.

– Sabe Rony... A cada dia que passa eu te admiro mais. É raro um pai como você.

– Eu tento não ser tão chato assim. – Eu brinquei e ela riu.

– Com certeza não é. Você é uma ótima pessoa Rony. – Ela segurou a minha mão.

– Você também. – Apertei carinhosamente a mão dela.




**



– Ah é eu não acredito nisso. – Iara ria enquanto íamos em direção ao carro. Ela estava com o braço entrelaçado ao meu por causa da neve, poderia escorregar.

– Está bem... Agora... Vamos tentar de novo... – Eu tentava me recuperar depois de minutos rindo.

– Certo... Então... É pequena... Brilha um pouco... E pode-se dizer que tem um grande significado para você.

Fiquei um tempo pensando, mas não consegui adivinhar.

– Ok, nessa você me pegou. Eu não sei.

– Sua aliança.

Eu olhei para minha mão esquerda, e só agora tinha reparado que eu ainda estava usando. Nunca tinha pensando em tirá-la, mas agora que ela tinha mencionado, parecia um pouco estranho continuar usando.

– Eu... Tinha me esquecido. – Eu disse sem graça tirando ela.

– Por que está tirando?

– Ah... Acho que não preciso usa-la mais...

– Claro que precisa. Você continua casado. – Ela parecia perplexa. – Até você ter outro relacionamento eu acho que você deveria continuar usando.

– Não... Melhor eu tirar. Não quero ter que explicar toda a situação para as pessoas que não sabem. – Eu a coloquei no meu bolso.

– Bom... Você que sabe.

Continuamos andando em silencio. Estava começando a ficar constrangedor.

– Hey... Você ganhou. – Ela disse finalmente.

– É... Ganhei. – Eu sorri para ela.

– Tem que escolher o seu premio. – Ela parou em frente o meu carro.

– Eu ainda não sei o que escolher.

– Ah pode escolher um doce... Pode escolher um mico para mim... Não que eu goste sabe. – Ela riu.

– Acho que sei o que vou escolher. – Eu disse rapidamente.

– E o que é?

Ela me olhou nos olhos. Eu fui me aproximando calmamente. Ela se escorou no carro, e eu pude ouvir a respiração dela. Ela não parecia estar desconfortável, muito pelo contrário. Parecia que queria tanto quanto eu. Eu estava perto suficiente, quando nós dois fechamos os olhos, o celular dela toca.

– Ah... Me... Me desculpe. – Ela disse envergonhada. Eu me afastei e olhei para o lado. – É do hospital, preciso atender. Rony... Realmente me desculpe.

– Tudo bem... Não se preocupe. – Eu sorri.

– Só um segundo. – Ela atendeu o celular. – Alo? Oi Doutor Alfredo. Sim eu posso falar. O que? Mesmo? Mas... Isso é... Ótimo! – Ela disse animada. – Claro... Claro estou indo. Ok até mais. – Ela desligou e olhou animada para mim. – Você não vai acreditar! Lembra daquela paciente que eu disse que estava em coma? Ela acordou!

– Isso é ótimo! – Eu disse com o mesmo entusiasmo.

– Ele disse que ela está ótima, mas está muito confusa. Ela realmente perdeu a memória. E... Bem... Eu preciso ir até lá.

– Sem problemas, eu te levo até lá.

– Não Rony! Não precisa... Eu pego um táxi.

– Eu insisto.

– Mas Rose deve estar te esperando e...

– Ela vai dormir na casa da minha irmã hoje, não se preocupe. – Eu destravei o carro e abri a porta para ela. – Vamos?



**




– É realmente fantástico isso. – Ela dizia quando descíamos do carro. – Poucos pacientes acordam de um coma igual ao dela. Ela tem muito que agradecer. – Ela olhou para mim e eu sorri. – A noite foi maravilhosa Rony. Eu me diverti muito com você.

– Eu também. Com certeza foi maravilhosa.

– Sinto muito ter acabado assim...

– Teremos outra oportunidade.

– Teremos?

– Mas é claro. – Eu segurei a mão dela e a beijei. – Pode ter certeza.

– Então... Até logo. – Ela sorriu e ficou na ponta dos pés, me dando um beijo no rosto. – Obrigada mais uma vez.

– Eu que agradeço.

– Tchau.

– Tchau.

Escorei no carro vendo ela se afastar. Antes de entrar ela deu uma última olhada para mim, acenando. Acenei de volta e coloquei as mãos no bolso. Quase nos beijamos de novo, e dessa vez eu queria. Dessa vez era ela que estava na minha frente, e não Hermione. Entrei no carro, satisfeito pela noite. Olhei para o banco e percebi que ela tinha esquecido o celular.




**



– Com licença. – Me aproximei do balcão da recepcionista. Ela parecia estar entediada, mas quando olhou para mim logo abriu um sorriso.

– Pois não?

– Pode me dizer onde está a Iara?

– Iara Bittencourt?

– Eu acho que sim.

Ela riu.

– Ela está naquela sala ali em frente. Você não pode entrar, mas pode chamá-la da janelinha na porta.

– Certo. Obrigado.

Saí andando em direção à sala que ela me indicou. Eu estava decidido. Ia aproveitar a oportunidade para chamá-la para um almoço na minha casa, e dessa vez Rose ia participar. Queria ver como ela reagia à presença dela na nossa casa, e se tudo corresse bem, talvez futuramente nós pudéssemos ter um relacionamento sério.

Me senti forte e pronto para dizer tudo aquilo para ela. Me aproximei da porta, mas antes de bater olhei pela janela. Ela estava de pé em frente a paciente. Parecia examiná-la, e ela levava muito jeito com aquilo. Sorri orgulhoso e me preparei para bater na porta, mas fui interrompido quando ela se afastou da paciente.

Não. Não poderia ser. Eu estava ficando louco. Tendo alucinações. Minha mente estava cansada e eu estava enxergando demais. Não era possível. Senti meu corpo ficar completamente frio e minhas mãos suarem. Deixei o celular dela cair no chão de tão assustado que fiquei.

A paciente, sentada na cama, parecendo confusa... Era Hermione.



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