As Quatro Estações - Romione escrita por Verônica Souza


Capítulo 13
Inverno 13 (Penúltimo Capítulo)




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Já tinham se passado três semanas que Hermione voltou para casa. Não tínhamos a mesma relação de antes, mas pelo menos éramos amigos. Continuávamos dormindo na mesma cama, mas eu continuava com a vontade de abraçá-la. Ela não tocou no assunto de voltarmos a ser um casal, e eu achei melhor esperar um tempo até conversarmos sobre isso.

Iara conseguiu mudar o horário no hospital, e agora estava treinando Rose. Hermione ia todos os dias no treino, e a cada dia ela voltava dizendo que Rose era incrível.

– Isso Rose! Está linda! – Iara falava enquanto Rose rodava. Me aproximei da pista e parei do lado de fora.

– Se continuar assim vai ser a mais nova a ganhar um troféu. – Eu disse animado. As duas se viraram para mim e sorriram.

– Oi papai! – Rose acenou para mim.

– Está linda princesa!

– Continue assim Rose. – Iara disse e patinou em minha direção. – Onde está Hermione?

– Ah, ela inventou de querer arrumar um emprego, e foi até a livraria que ela trabalhava para conversar com o dono.

– Isso é ótimo!

– Eu ainda acho que ela poderia esperar um pouco.

– Rony, ela está tentando ser independente.

Olhamos para Rose, e ela continuava patinando graciosamente.

– Ela está muito melhor!

– Está sim. Ela é muito esforçada. – Ela se virou para mim. – Tenho uma novidade.

– Qual?

– Liguei para o Erick ontem.

– Mesmo?

– Sim! Vamos nos encontrar na sexta. Eu disse que precisávamos conversar sobre algumas coisas, e ele concordou.

– Que ótimo! – Eu disse animado.

– Ai Rony, estou me sentindo bem melhor sabia? Graças a você!

– Não fiz nada de mais. Você merece!

Ela sorriu divertida para mim, e eu estranhei.

– Sabe... Acho que vou te ensinar a patinar. – Ela disse sorrindo.

– O que? Não. Não mesmo.

– Ah vamos Rony, por favor... Por favor...

– Não, Iara.

– Ah papai vem patinar comigo! Vamos papai! – Rose disse com sua cara angelical de sempre.

Não sabia dizer não para ela.




**



– Iara, se eu cair...

– Não vai Rony, eu estou te segurando. – Ela riu.

Andávamos de mãos dadas dentro da pista. Eu até que não era tão ruim andando de patins, mas com certeza se Iara me soltasse eu ia cair.

– Viu? Não é tão ruim assim. – Ela disse.

– É... Não é. – Eu sorri animado. – É legal!

– Agora quero ver fazer isso... – Ela soltou minha mão e eu parei olhando para ela. Ela andou até a metade da pista e de repente girou no ar, caindo graciosamente.

– Uau! – Rose exclamou ao meu lado. – Tia Iara eu quero fazer isso!

– Filha, você ainda é muito pequena pra isso, pode se machucar.

Iara riu e veio em nossa direção.

– Logo você vai aprender Rose. Seu pai é muito pessimista. – Ela olhou para mim.

– Acho que vou ficar devendo esse movimento. – Eu brinquei e ela riu.

– Certo, então tente patinar apenas.

– Acho melhor eu continuar parado aqui, vendo vocês duas...

– Nada disso. Vamos Rony. Você já patinou antes não é?

– Eu era criança...

– Mas é a mesma coisa. Vamos. Primeiro o pé direito.

Fiz como quando era criança. Com um pouco de medo eu comecei a patinar. Percebi que não era difícil como eu imaginava, e quando vi eu já estava patinando normalmente.

– Muito bem! – Iara bateu palmas.

– Você conseguiu papai! – Rose também bateu palmas.

Patinei em direção a elas, animado. Mas eu tinha me esquecido de perguntar como parava aquela coisa.

– Rony... Pare com a ponta dos patins. – Iara disse. – Rony... Você está indo rápido demais.

– Iara como para isso?

– RONY!

Quando dei por mim já tínhamos trombado e caímos no chão, Iara por baixo e eu por cima dela.

– Meu Deus você está bem? – Perguntei preocupado. Ela começou a rir.

– Você é louco! – Ela disse ainda rindo.

– Papai você machucou? – Rose perguntou com as mãos na boca.

– Não princesa, estamos bem. Não estamos? – Perguntei para Iara.

Estávamos muito próximos um do outro. Qualquer um que visse a cena acharia que tínhamos acabado de nos beijar.

– Mamãe! – Ouvi Rose dizer. Olhei para o lado e Hermione estava parada na arquibancada, pálida.

Me levantei rapidamente, com dificuldade por causa dos patins. Ajudei Iara a se levantar e nós olhamos para ela.

– Hermione... – Eu comecei a dizer, mas percebi que ela estava prestes a chorar. Ah não... Era só o que me faltava. Hermione achava que eu e Iara tínhamos nos beijado.

– Eu... Vim avisar que consegui o emprego de volta.

– Isso é ótimo! – Iara exclamou animada.

– Que bom, Hermione. – Também disse animado. Ela continuou séria olhando para nós dois.

– Vocês... Já terminaram o treino? – Ela perguntou com a voz rouca.

– Ah, claro. Eu preciso ir para o hospital. – Iara disse. – Rose, até amanhã.

– Até amanhã tia Iara.

Ela olhou para mim e ergueu as sobrancelhas.

– Até mais Rony.

– Tchau.

Ela patinou para o outro lado do ringue. Eu e Rose saímos e tiramos os nossos patins. Rose correu até Hermione e pulou em seu colo. Me aproximei das duas e Hermione olhava decepcionada para mim.

– Hermione... – Comecei a falar, mas ela me interrompeu.

– Vamos embora. Rose deve estar cansada. - Ela se virou com Rose no colo e as duas saíram conversando.

Durante a volta para casa Hermione não dirigiu a palavra a mim. Ela e Rose conversavam, mas eu percebia que ela não estava totalmente interessada. Chegamos em casa e Hermione foi ajudar Rose no banho. Ela desceu para assistir televisão e Hermione foi para a cozinha. Depois que tomei o meu banho, desci e fui atrás de Hermione, pronto para termos uma conversa séria.

– Podemos conversar? – Perguntei parado à porta, de braços cruzados.

– Não temos nada para conversar. – Ela disse mexendo a panela.

– Você não está bem Hermione, precisamos conversar.

– Eu sou ótima, Ronald. – Ela enfiou a mão em uma vasilha e derramou o ingrediente na panela.

– Tem certeza?

– Tenho.

– Por que está colocando açúcar no molho de tomate?

Ela parou e olhou para a panela.

– É assim que eu faço. – Ela continuou mexendo.

– É mesmo? – Perguntei divertido. – Não me lembro disso.

– Então acho que quem perdeu a memória é você.

– Então prova o molho.

Ela olhou para mim e me fez ter pena, mas ela precisava parar de ser teimosa. Ela encheu a colher de molho e colocou um pouco em sua mão. Olhou para sua mão, e depois lambeu. Ela fechou a cara, e engoliu. Segurei a vontade de rir e continuei olhando para ela.

– Está... Delicioso. – Ela disse tentando não fazer careta.

Continuei olhando para ela, até que ela correu até a pia, cuspindo tudo. Dei uma gargalhada e peguei um copo de água para ela. Entreguei o copo e ela o pegou com raiva. Virou ele todo na boca e depois o jogou na pia.

– Sabe... Eu sei que você nunca gostou desses copos que ganhamos, mas não precisa quebrá-los.

– O que você quer? – Ela cruzou os braços. – Quer me dizer que não aconteceu nada entre você e a Iara hoje no ringue?

– Hermione...

– Quer me dizer que vocês não estavam aproveitando muito bem aquele momento? Na frente da nossa própria filha? – Ela aumentava a voz.

– Mas é que...

– Quer me dizer que você não mentiu para mim quando disse que queria que voltássemos a ser uma família?

– Eu só quero...

– Vamos Rony! Minta na minha cara! Porque é isso que você tem feito durante todo esse tempo! Eu sabia que eu não deveria ter voltado, mas então você me convenceu do contrário, e quando eu estava pronta para recomeçarmos você faz isso. Você é um insensível Ronald Weasley! Um grande legume insensível...

– HERMIONE! – Eu gritei e ela me olhou assustada. – Meu Deus... Como você é difícil. – Abaixei a voz e passei a mão na testa. – Eu não menti pra você! Eu quero voltar a ser uma família.

– Então vai dizer que foi ilusão eu ter visto vocês dois juntos?

– Sim e não. Nós caímos. Não houve nada de mais. Hermione, quando você vai entender que Iara e eu somos amigos, apenas?

– Mas vocês quase namoraram quando acharam que eu estava morta.


(Coloquem play nessa música antes de continuar: https://www.youtube.com/watch?v=SyQ00c8e9v0)



“Quando olho em seus olhos, é como assistir o céu à noite ou um belo amanhecer. Eles carregam tanta coisa.”


– Quase. E mesmo assim, não foi com tanta certeza. Hermione sente aqui. – Eu a puxei até a cadeira, e ela se sentou. Me abaixei em sua frente e segurei suas mãos. – Passei um mês inteiro sofrendo a sua perda. Não havia uma noite se quer que eu não chorava, sentindo sua falta na cama, na minha vida. Eu sou um orgulhoso Hermione. Sou machista. Não choro por qualquer coisa. Você foi a única causa do meu choro em mais de dez anos. A última vez que chorei desse jeito eu tinha cinco anos e foi porque Jorge quebrou o meu brinquedo preferido. Você entende? Eu pensei muitas vezes em me entregar, em desistir de tudo, porque sem você eu não ia conseguir. Mas fui forte por Rose. Fui forte porque ela foi o bem mais precioso que você deixou para mim. Porque ela se parece tanto com você, que muitas vezes eu tinha vontade de chorar e abraçá-la. Ela foi o motivo da minha força.

– Mas você se acostumou com a vida sem mim...


“Eu não vou desistir de nós, mesmo que os céus fiquem furiosos. Estou te dando todo meu amor, ainda estou olhando para cima.”


– Nunca diga que eu acostumei a viver sem você, porque eu não acostumei. Eu estava fingindo estar bem, e fingindo muito bem. Estava fingindo tão bem que eu mesmo cheguei a acreditar que eu estava bem. Mas a noite, na hora de ir dormir, toda a tristeza que escondi por trás de um sorriso aparecia. Hermione, tantas noites eu chorei até adormecer. E eu não tenho vergonha em te dizer isso, porque eu só consigo ser eu mesmo quando estou com você.


“Estou aqui para ficar e fazer a diferença que eu puder fazer (...). Tivemos que aprender como nos virar sem o mundo desabar. Tive que aprender o que tenho, e o que não sou, e quem eu sou.”



Ela continuou em silencio me olhando. Seus olhos começavam a lacrimejar.

– Eu não viveria para amar outra pessoa Hermione. É você que eu amo, e só você que vou amar para o resto da minha vida. Estou lutando por você, e estou me segurando para não te abraçar a noite, e dizer o quanto eu te amo, porque quero que tudo aconteça na hora certa. Quero que você volte a me amar quando se sentir segura. Hermione, eu trocaria a minha vida para salvar a sua.

Ela suspirou, deixando que as lágrimas caíssem. Senti vontade de chorar, mas me controlei.

– Não pense que eu ficaria com outra pessoa se não fosse você, por favor.

– Como posso ter certeza que você está dizendo a verdade.

– Com isso. – Eu mostrei a minha aliança na mão esquerda. – Prometi, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. E eu não descumpro minha palavra.

– Até que a morte nos separe... – Ela disse decepcionada.

– Mas não nos separou. Você está aqui... E mesmo que não se lembre... Você também prometeu. – Eu tirei a aliança dela do meu bolso e mostrei para ela. – Você só precisa cumprir a sua palavra.

Segurei a mão dela, olhando nos olhos dela.

– O que me diz? Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, e que a morte nunca nos separe?

Ela sorriu de lado.

– Você é um bobo.

– Eu sei disso... Um bobo apaixonado por você.

Ela olhou para a aliança na minha mão, e esticou os dedos da mão esquerda.

– Eu prometo. – Ela sorriu.

Abri um largo sorriso e coloquei a aliança em sua mão esquerda.

– E será que você pode dizer a frase que eu quero tanto ouvir? – Perguntei divertido.

– Hum... Vamos pedir uma pizza? – Ela olhou para a panela no fogão. Nós dois rimos.

– Essa seria uma boa também, mas quis dizer uma mais... Romântica.

Ela sorriu e segurou meu rosto.

– Eu te amo Ronald Weasley. Não sei como posso te amar, mesmo sem me lembrar de toda a minha vida. Mesmo sabendo tão pouco sobre você. Eu só sei que te amo. E não é pouco.

Aquele momento foi arquivado como um dos melhores da minha vida. Ouvi-la dizer que me ama, depois de tudo que passamos, depois de tanto sofrimento.

– E eu te amo muito Hermione Weasley. – Eu me ergui um pouco, e me aproximei dela, beijando-a. E Deus... Como foi bom aquele beijo. Foi como se estivéssemos nos beijando pela primeira vez. Percebi que nenhum beijo se comparava aos dela. Nem o de Iara, nem o de ninguém. Os beijos de Hermione eram únicos, e o único que fazia meu coração querer saltar para fora do corpo.




**



– Me diz Ron... Onde você achou a minha aliança? Quando eu acordei no hospital eu não estava com ela. – Hermione me perguntou quando estávamos abraçados na cama, como antigamente.

– Iara me entregou no dia que fui ao hospital. Foi a única coisa que estava com você na hora do acidente. E por falar nisso, de agora em diante eu não quero saber de você saindo de casa sem bolsa e documentos.

– Mas...

– Por favor, Hermione. É só o que eu peço. E se tiver como você grudar a identidade em alguma parte do seu corpo é melhor ainda. Pra falar a verdade, é melhor você tatuar a sua identidade bem aqui no seu antebraço e...

– Rony! – Ela olhou para mim, rindo. – Não vai acontecer nada comigo.

– Não vai mesmo.

– Então não se preocupe. – Ela sorriu e me beijou. – Eu estou aqui agora.

– Ainda bem. – Sorri e a beijei de volta. – Agora eu não te largo nunca mais.

– Assim espero. – Ela sorriu.

– Acho que Rose vai até dormir mais feliz hoje, com a notícia.

– Quem é Rose?

Olhei para ela assustado.

– Brincadeira. – Ela riu.

– Meu Deus Hermione, não faz isso comigo. – Suspirei.

– Relaxa seu bobo. – Ela voltou a deitar a cabeça em meu peito. – Agora você sabe que tem que me contar toda a nossa vida, não é?

– Será um prazer.

– Então comece dizendo como nos conhecemos.

Sorri satisfeito e a apertei mais contra o meu corpo. Comecei a contar a nossa vida para ela, cada detalhe. Lá fora a neve caía, e pude ter certeza de que o inverno era a minha estação favorita. Capaz de trazer alegria, tristeza, e principalmente esperança. E foi com essa esperança que eu nunca desisti do meu amor por Hermione Granger Weasley. E nunca ia desistir.



“Eu não vou desistir de nós.

Deus sabe, sou difícil, ele sabe.

Temos muito a aprender.

Deus sabe que valemos a pena.

Eu não vou desistir de nós.”


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Notas finais do capítulo

Meus amores, queria agradecer pelos comentários, e dizer que estou MUITO feliz por estarem gostando da fic, sério. Muito obrigada pelo carinho de todos ♥