As Quatro Estações - Romione escrita por Verônica Souza


Capítulo 12
Inverno 12




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Acordei com Hermione gritando. Pensei ter sido um pesadelo, mas quando me sentei no sofá ela estava se debatendo na cama. Me levantei assustado e corri até ela, a segurando.

– HERMIONE! – Eu a sacudi, tentando fazê-la parar de se debater. Ela abriu os olhos e me olhou assustada. – Meu Deus! O que aconteceu?

– Rony... – Ela respirava ofegante. – Eu... Tive um pesadelo.

Respirei aliviado. Tive medo de que ela tivesse tendo alguma convulsão ou algo do tipo. Sentei aliviado na cama. Olhei para ela, e ela parecia em pânico.

– Calma... Foi só um pesadelo. – Eu segurei a mão dela.

– Foi horrível. – Ela começou a chorar. Há muito tempo não via Hermione chorando. Agi por impulso e a puxei para um abraço. Ela deitou a cabeça em meu peito e continuou chorando.

– Como foi? Dizem que se você contar o pesadelo, você fica mais calma.

– Eu estava... Estava no carro. Eu estava presa nele. As pessoas ao redor gritavam e choravam. Eu tentava sair, mas não conseguia. Diziam que eu estava morta, mas eu sabia que não estava. E então de repente eu estava presa em uma caixa... – Ela começou a tremer.

– Tudo bem... Já passou.

– Eu não quero mais ter pesadelos assim Rony.

Eu nunca soube o que dizer para ela naquela situação. Sempre que ela tinha um pesadelo eu a abraçava e ela dormia enquanto eu acariciava os cabelos dela. Mas como fazer aquilo naquela situação?

– Posso... Posso te pedir uma coisa? – Ela me perguntou.

– O que quiser.

– Pode ficar aqui comigo até eu dormir?

Ela se lembrava! Sentiu falta de quando eu esperava ela dormir.

– Claro...

– Obrigada.

Ela se ajeitou na cama e eu me deitei ao lado dela. Passei a mão entre os cabelos dela e comecei a acariciá-los.

– Você nunca diz não para mim? – Ela perguntou.

– Raramente.

– Sempre foi assim?

– Não. Quando éramos adolescentes nós não nos dávamos bem. Vivíamos brigando. Prometi para mim mesmo quando me casei com você, que nunca mais te faria chorar.

– E deu certo?

– Que eu saiba você nunca chorou por causa de uma briga.

– Nós brigávamos muito?

– Não. Discussões pequenas algumas vezes, mas nunca dormimos brigados.

– Você parece ser um bom marido.

– Eu tento.

– Se sai muito bem.

Fiquei em silencio, ainda acariciando os cabelos dela.

– Já se sacrificou por mim alguma vez?

– Acho que nunca precisei.

– Mas se precisasse, iria se sacrificar?

– Sem dúvidas.

– Por quê?

– Por que eu te amo.

– Arriscaria sua própria vida pela minha?

– Você faz parte da minha vida. Não seria completa sem você.

– Mas você sobreviveu sem mim.

– Só por fora.

– Como assim?

– Por dentro eu estava morto.

Senti que ela se apertou mais contra o meu corpo.

– Me desculpe por não querer morar com vocês.

– Tudo bem.

– Só preciso de um tempo.

– Tem o tempo que quiser.

– Você não vai desistir de mim?

– Você acha que eu deveria?

– Não sei... Talvez fique cansado de me esperar.

– Não me canso fácil assim.

– Mas e se cansar?

– Então eu teria que pegar uma cadeira e esperar sentado.

Ela riu. Não ouvia a risada dela há tanto tempo, que foi como se eu a ouvisse pela primeira vez, mas com o mesmo impacto de sempre. Meu coração disparou.

– Acho que posso me esforçar mais... Sabe... Para lembrar.

– É uma ótima ideia.

– Mas sem pressão Rony. Quero ir aos poucos.

– Tudo bem.

– Acho que estou ficando com sono.

– Tudo bem... Espero até ter certeza que está dormindo.

– Espera?

– Só se prometer que vai sonhar comigo.

– Tudo bem... Eu prometo. – Ela riu. – E você... Vai sonhar comigo?

– Meu sonho é a realidade, quando me lembro de que me casei com você.

Ela suspirou e se ajeitou em meu peito. Continuei acariciando os cabelos dela, e sorrindo. Sentia que estávamos começando a nos acertar. Me lembrei da conversa que tive com Iara, e percebi que eu estava errado. Hermione não estava desistindo de mim, assim como eu não ia desistir dela.




**



Hermione acordou e olhou para o lado. A cama estava vazia. Ficou um pouco decepcionada. Ela esperava que ele tivesse pegado no sono ao lado dela. Ela se sentou na cama e pisou no chão, mas sentiu algo macio e um gemido.

– Meu Deus! – Ela pulou em cima da cama. Rony se sentou no chão com a mão na barriga. – O que você estava fazendo aí Rony?

– Ai Hermione... – Ele respirou fundo. – Acho que fiquei com falta de ar.

– Você está bem? – Ela se aproximou dele. – O que deu em você pra ficar deitado aí no chão?

– Minhas costas doeram durante a noite.

– Ah, eu disse não disse? E você acha que deitar no chão ia resolver alguma coisa?

– Bom... Não tive dor nas costas depois que deitei no chão.

– Rony, o chão está frio! Você é louco? – Ela pegou a coberta e o travesseiro do chão. – Pra que isso? Por que não ficou na cama?

– Pra você brigar comigo depois?

– Eu não ia brigar com você!

– Eu não sabia disso. Você pediu para que eu ficasse com você até que pegasse no sono.

– Mas se eu soubesse que você ia dormir no chão eu não tinha dito isso.

– Tudo bem Hermione. – Ele se levantou e esticou o corpo, estralando as costas.

Hermione continuou observando ele. Depois de estralar as costas umas cinco vezes ele olhou para ela.

– Sabe o que eu estava pensando?

– Não...

– Poderíamos ir almoçar na casa da minha mãe hoje.

Ela olhou para ele assustada.

– Mas... Assim? De repente?

– Acho que seria bom pra você começar a se lembrar ficando com toda a família. Você vai gostar, são todos divertidos.

– Eu não sei Rony... E se eles não gostarem de mim?

Ele deu uma gargalhada extremamente alta.

– Eles gostam mais de você do que de mim, Hermione.

– Mas com toda essa situação...

– Eles continuam gostando.

– Não sei se eu ia me sentir muito a vontade.

– Bom... Você pode chamar Iara se quiser.

– Chamá-la? Por quê?

– Eu não sei... Você está mais acostumada com ela. Talvez ela indo seja melhor.

– Tudo bem... Você que sabe.

– Vou ligar para ela. Tem uma toalha limpa no banheiro, e na primeira porta do guarda roupa tem alguns vestidos seus.

– Ok.

Ele deu uma ultima olhada para ela e saiu do quarto.




**




– Ah mamãe você vai adorar! Tio Fred e tio Jorge sempre brincam comigo e me ensinam muitas coisas. – Rose falava no banco de trás.

– Coisas erradas você quis dizer não é? – Eu disse enquanto dirigia.

– Que tipo de coisas Rose? – Iara que estava no banco de trás perguntou.

– Uma vez eles me ensinaram uma mágica muito legal...

– E você acabou desaparecendo com os meus brincos. – Hermione disse rapidamente e nós ficamos em silencio. Ela olhou para mim. – Que foi?

– Como... Você sabia disso? – Iara perguntou por mim.

– Ah... Eu não sei. Apenas lembro.

Olhei para Iara rapidamente, e ela ergueu as sobrancelhas.

Chegamos logo na casa dos meus pais. Estacionei o carro no jardim e Rose saiu correndo em direção a casa. Ela ficava bem à vontade ali. O jardim era enorme e tinha lugar de sobra para ela correr.

Esperei Hermione e Iara descerem do carro, e elas seguiram comigo até a casa.

– Cheguei! – Eu disse abrindo a porta.

– Olá querido! – Minha mãe apareceu na porta, mas parou de repente, olhando para Hermione.

– Oi. – Ela disse sorrindo.

Minha mãe se apressou e a puxou para um abraço. Percebi que Hermione ficou um pouco assustada no início, mas depois retribuiu o abraço.

– Meu Deus como é bom te ver querida! – Ela segurou o rosto de Hermione, sorrindo.

– Obrigada.

– É realmente muito, muito bom! Você não sabe como ficamos felizes com a notícia. Muito felizes, aliás. Sinto muito por tudo o que você está passando, mas nós vamos te ajudar...

– Mãe, acho que Hermione precisa respirar um pouco.

– Desculpe o meu jeito surpreso, mas é que esse cabeça dura não me avisou que você vinha! Eu teria preparado um almoço especial.

– Tudo bem. – Hermione sorriu envergonhada.

– Ah... Mãe... Essa é nossa amiga, Iara.

– Oh me desculpe meu bem. – Ela olhou para Iara e a abraçou também. – Muito prazer. Fique a vontade está bem?

– Obrigada. O prazer é meu. – Iara sorriu e minha mãe se afastou, conversando. Olhei para as duas e elas começaram a rir. – Sua mãe é uma graça.

– Vamos. O pessoal deve estar na varanda.



**



Fiquei satisfeito por Hermione estar se dando bem com a minha família. Eu sabia que a presença de Iara seria melhor pra ela. As duas conversavam animadas com as mulheres na cozinha enquanto ajudavam minha mãe a fazer o almoço. Nem preciso dizer a festa que foi quando viram Hermione. Gina parecia ter gostado de Iara também, e isso era uma coisa boa. Gina não gostava de muitas pessoas.

Eu estava sentado na varanda, com os homens. Sempre ficávamos ali antes do almoço, jogando conversa fora e tomando um vinho. Rose e as crianças brincavam no jardim à nossa frente, com bolas de neve.

– Então quer dizer que o Roniquinho agora é casado de novo? – Jorge perguntou rindo.

– Eu sempre fui. – Respondi sorrindo.

– E aí... Me conta, Roniquinho... Vocês já mataram a saudade? – Fred perguntou.

– Como assim?

– Ah você sabe... Matar a saudade. – Ele olhou divertido e Harry e Jorge começaram a rir.

– Não Fred! Quanta idiotice! Hermione não ficou lá em casa a semana inteira.

– Ah, mas mesmo assim... Essa noite você poderia ter aproveitado.

– Não seja idiota. Hermione ainda está confusa, não posso ir tão rápido assim.

– Por isso você tem saído com essa tal de Iara?

– Claro que não!

– Então por que trouxe ela hoje?

– Oras... Ela e Hermione passam muito tempo juntas. Pensei que seria bom para ela ter uma companhia, e está dando certo.

– E você não acha que Hermione pode pensar errado de vocês não?

– Para a sua informação... Foi Hermione que induziu o nosso ultimo encontro.

– Talvez ela quisesse testar a sua fidelidade.

Fiquei em silencio. Harry e Jorge olhavam para nós dois.

– Isso é besteira Fred! Hermione sabe que sou fiel a ela.

– Ela não se lembra, esqueceu?

– De qualquer maneira eu e Iara não vamos ter nada juntos. Ela gosta de outro, e eu amo Hermione. Fim de história.

– Então acho melhor dizer isso para Hermione. – Harry disse tomando um gole do seu vinho.

– Ela já sabe disso.

– Talvez não.

– Olha aqui, eu sei o que estou fazendo está bem? Hermione já deixou claro que não sente ciúmes, e nem tem motivos para isso. Fim de história.

Eles olharam um para o outro e mudaram de assunto. Não consegui participar muito do outro assunto, porque eu não prestava atenção. Olhava pela janela da cozinha e só conseguia olhar para Hermione. Como ela parecia feliz e à vontade. Mas então toda aquela história ficou confusa para mim. Será que ela na verdade tinha ciúmes e só queria me testar? Se for assim... Eu fui o pior dos homens.




**




– Eu já disse para vocês não ensinarem essas coisas para ela. – Eu disse mau humorado para Fred e Jorge, durante o almoço.

– Qual é Rony, não tem nada de mais nisso. – Fred disse rindo.

– Não tem mesmo. – Jorge completou.

– Olha só papai, consigo fazer de novo. – Ela pegou a colher e colocou uma azeitona. Segurou a ponta da colher e a soltou, fazendo a azeitona voar em sua boca.

Todos da mesa riram e acharam bonitinho.

– Tudo bem filha, foi ótimo, mas agora coma a sua comida. – Eu disse paciente, ajudando ela a colocar a comida na colher.

– Sabe Hermione, sempre fiquei lisonjeada em como Rony é um ótimo pai. – Minha mãe começou dizendo. – Quem diria que um adolescente rebelde se tornaria um homem assim?

Meus irmãos começaram a rir e eu fiquei envergonhado. Hermione sorriu para mim e Iara também.

– Mãe...

– Desculpe. É que fico tão animada quando percebo que meus filhos estão crescendo. – Ela disse emocionada e meu pai segurou a mão dela. Eu e meus irmãos reviramos os olhos. Ela sempre dizia aquilo durante um almoço.

– Então, Iara... – Harry mudou o assunto. – Fiquei sabendo que você vai ser a treinadora de Rose.

– Vai mesmo? – Rose perguntou animada.

– Bom... Ainda não sei... Preciso ver se consigo mudar de horário no hospital... Se conseguir eu posso sim.

– Isso é ótimo tia Iara! Você pode me ensinar muitas coisas.

– Sim Rose. – Iara sorriu.

– Bem que você poderia ensinar Rony a andar também. Ele tá precisando de umas aulas. – Fred brincou e todos riram.

– Seria um honra. – Ela olhou para mim.

– É, pode até ser. Se você prometer que não vai me deixar cair. – Eu brinquei.

– Claro que não. Eu estou lá para isso. – Ela riu.

– Imagina um homem desse tamanho caindo no gelo? Acho que seria um grande estrago. – Gina disse.

A mesa inteira ria, mas notei que Hermione estava séria. Eu ia perguntar se estava tudo bem quando ela se levantou.

– Com licença. – Ela disse saindo da mesa. Ninguém entendeu o que tinha acontecido. Me preparei para levantar mas Iara e Gina se levantaram e pediram para eu ficar.

A mesa ficou em completo silencio constrangedor.




**




Hermione parou na varanda e suspirou. Estava sendo difícil. Ela não se sentia naquela família. Parecia que eles gostavam mais de Iara do que dela. Aquilo não era justo. Ela era a esposa. Ela fazia parte daquela família e carregava o nome deles, e não Iara.

– Hermione... – Gina se aproximou. – Está tudo bem?

– Sim. – Ela forçou um sorriso. – Só precisava de um pouco de ar.

– Hermione nós sabemos o que aconteceu. – Iara chegou logo depois. – Eu sinto muito por isso ter acontecido.

– Isso o que Iara?

– Eu não quero tomar o seu lugar Hermione.

– Mas eu não pensei isso...

– Eu sei que pensou. Não se preocupe, eu só vim hoje porque Rony disse que você ficaria mais a vontade. Eu quero te ajudar a se sentir em casa novamente.

– Não precisa ter ciúmes da Iara Hermione. – Gina olhou para ela. – Rony ama você, e todos sabem disso. – Iara confirmou com a cabeça.

– É que... Eu sinto... Que você faz mais parte da vida deles do que eu. E isso não é certo. Você deveria ficar com ele e...

– Hermione pare já com isso. – Gina olhou brava para ela. – Ninguém vai tomar o seu lugar, independente de tudo que aconteceu! Iara é apenas amiga de Rony.

– Mas vocês se dão tão bem...

– Isso não é nada! – Iara disse. – Se você se lembrasse... Saberia que fez parte da vida dele muito mais do que eu. Hermione, vocês se conhecessem desde quando eram crianças. Ele se apaixonou por você aos treze anos! Acha que eu teria alguma chance, mesmo se quisesse?

Ela ficou em silencio, e abaixou a cabeça envergonhada.

– Meu Deus, eu sou uma boba.

– Não Hermione... – As duas se aproximaram e a abraçaram. – Você só está com ciúmes, e isso é ótimo! Quer dizer que sente alguma coisa por ele ainda. – Gina sorriu para ela.

– Eu... Eu acho que sim.

As duas olharam uma pra outra e sorriram.

– Então agora vamos voltar para a mesa, e você vai participar da conversa. Está bem?

– Podem ir na frente... Eu já estou indo...

As duas saíram deixando-a sozinha na varanda. Ela não sabia o que estava acontecendo... Antes ela não ligava para ele, muito menos se importava se ele e Iara ficariam juntos. Mas agora ela sentia que estava perdendo ele, e ela não gostava nada dessa ideia.



**



Gina e Iara voltaram sem Hermione. Olhei para Gina e ela fez um gesto para que eu fosse atrás dela. Pedi licença e me retirei da mesa. Cheguei à varanda e ela olhava para o jardim.

– Algum problema?

Ela se virou para mim.

– Não... Nenhum. – Ela disse rapidamente. – Desculpe. Já estava voltando. – Ela se preparava para sair quando eu segurei o braço dela carinhosamente.

– O que está acontecendo Hermione?

– Nada Ronald, eu já disse.

– Então por que está me chamando de Ronald?

– Eu não sei!

Me aproximei dela mas ela não se afastou. Senti a respiração dela, e coloquei os cabelos dela atrás da orelha.

– Você e a Iara são muito amigos.

– Sim, somos.

– Acho que estou atrapalhando essa amizade.

– Por quê?

– Porque você não vai namorá-la se ainda estiver casado comigo.

– Não, não vou.

– Então podemos resolver isso... Você... Você pode assinar um divórcio e...

– É isso que você quer?

Ela não me respondeu.

– É isso Hermione?

– Não.

– Então por que está me pedindo isso?

– Porque é o certo.

– A única coisa que é certa é que eu sei que te amo, e que não ficaria com outra pessoa se não fosse você. Mas eu não posso fazer tudo por nós dois Hermione. Se você não quer ficar comigo, se pretende seguir a sua vida, você me diz logo. Me diz porque não quero insistir em algo que nunca vai dar certo. Eu te amo, e muito, mas não posso amar por nós dois.

Ela continuou me olhando e seus olhos estavam enchendo de lágrimas.

– Não... Não é isso que eu quero. – Ela abaixou a cabeça e eu a levantei delicadamente.

– Então me diz o que você quer.

– Do que adianta eu dizer?

– Ontem você me perguntou por que eu faço tudo por você. Eu disse que não consigo dizer não para você. Então essa é a sua chance, porque se me disser que quer ter a sua família de volta, eu faço tudo e mais um pouco para que isso aconteça.

– Eu quero... Rony. Quero nossa família de volta. Mas eu não sei como vamos fazer isso. Eu não me lembro de absolutamente nada! Iara sabe muito mais coisa sobre você do que eu. Ela te conhece melhor do que eu. Eu não sei nada sobre Rose, não sei qual foi a primeira palavra que ela disse. Isso pode atrapalhar tudo Rony!

– Não Hermione! – Eu segurei as mãos dela. – Não vai atrapalhar, porque nós vamos te ajudar. Todas aquelas pessoas ali na sala se importam com você, e todos eles vão te ajudar a se lembrar. Mas você tem que querer Hermione.

– Eu quero... – Ela olhou para mim.

– Então faz uma coisa por mim... – Eu coloquei a mão no rosto dela. – Volta pra casa Hermione.

Ela abriu um de seus melhores sorrisos.




**




– Mantenha contato comigo Hermione, por favor. – Iara disse para ela quando nos despedíamos.

– Eu venho te visitar. Não se preocupe. E você também pode ir nos visitar. – Ela olhou para mim. – Não é Rony?

– Claro. – Eu sorri.

– Fico feliz por você estar voltando. – Ela olhou para nós dois. – Estou torcendo para que tudo dê certo.

– Obrigado. – Dissemos juntos.

– E você vai me treinar não vai tia Iara?

– Talvez sim. – Ela sorriu para Rose. – Amanhã eu apareço lá no ringue.

– Então até amanhã.

Nos despedimos dela e fomos para o carro. Rose insistiu para comermos crepe, e Hermione concordou. Foi como nos velhos tempos. Sentamos no banco da praça, e conversávamos sobre o almoço. Não estava tão frio como nos outros dias.

Voltamos para casa e Rose estava exausta. Hermione ajudou ela com o banho e a colocou para dormir. Já era o segundo dia que Rose dormia sozinha em seu quarto. Entramos no nosso quarto em silencio. Preparei a poltrona para dormir quando Hermione saiu do banheiro.

– Não vou deixar você dormir aí.

– Hermione, o sofá de baixo é muito duro.

– Eu sei... Você... Pode dormir na cama comigo.

Olhei assustado para ela.

– Quero dizer... Apenas para dormir. Você do seu lado, e eu do meu.

– Certo. – Eu sorri.

Ela foi até a cama e se deitou. Tirei a minha camisa e me deitei do outro lado, mantendo distancia dela.

– Não entendo como você consegue dormir assim nesse frio.

– Já me acostumei. E normalmente você dormia abraçada comigo então eu não sentia tanto frio.

– Não adianta que eu não vou dormir abraçada com você.

– Eu não disse isso. – Apaguei a luz e sorri, me virando para o outro lado.

– Porque você dormiu na poltrona se ela também te da dor nas costas?

– Porque não queria te deixar sozinha.

– Por que não?

– Porque não quero que nada te aconteça.

– Na sua própria casa?

– Não, na nossa casa. – Eu me virei para o lado dela. – Não quero correr o risco.

Ela sorriu para mim e se cobriu mais.

– Boa noite Rony.

– Boa noite Hermione.

A vontade de abraçá-la era grande, mas a felicidade de saber que ela tinha voltado para casa era maior ainda.


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