Tempo De Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 8
Tão romântico como um soneto de Vinicius de Moraes


Notas iniciais do capítulo

Peeta e Katniss engando o mundo com a historinha de seu "amor" hehehehe



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– Podemos começar a entrevista? – pergunta Cressida, indicando que nos sentemos nas poltronas.

Me sento em uma das poltronas. Porém, Haymitch me lança um olhar bem sugestivo. Sei o que ele quer dizer, uma namorada apaixonada não ficaria um momento se quer longe de seu namorado. Vou até a poltrona em que Peeta está sentado, e me sento no braço da poltrona. Peeta segura a minha mão entre as suas. Uma das pessoas que acompanham Cressida fecha a porta que dá acesso à sacada do camarote.

– Vocês não se importam, não é mesmo? – pergunta Cressida sorridente. – É que com o barulho do show não podemos fazer a entrevista adequadamente.

Sorrio, não me importo nem um pouco, até estou de certa maneira agradecida por Cressida ter fechado a porta do camarote, assim não escuto a voz daquele que tanto odeio. O camarote é a prova de som, por isso a voz que tanto odeio é silenciada.

Não sei se estou pronta para atuar neste momento. Depois de ter encontrado com a pessoa que tanto me feriu. No entanto, sou uma atriz, tenho que atuar. Sim, vou encarar isto como um teste, um teste para um papel muito importante, o papel que pode decidir toda a minha carreira.

– Vamos começar! – olha para as câmeras. – Estamos aqui, em uma entrevista de primeira mão, com o casal que está deixando o mundo das celebridades abalado. Estou falando de Katniss Everdeen e Peeta Mellark!

A câmera nos foca.

– E agora a pergunta que todos querem saber, como vocês se conheceram?

Olho para Peeta, lançando um sorriso. O que eu digo? Esta pergunta me pegou totalmente desprevenida.

– Nos conhecemos durante as gravações... – explica Peeta. – Acho que foi amor à primeira vista. Assim que vi Katniss, tudo o que eu queria era falar com ela.

Amor à primeira vista? Está mais para ódio à primeira vista.

– Mas tive que me esforçar para conquistar o coração dela – ele me olha, sorrindo.

– E como foi que você conquistou? – pergunta Cressida.

– Hum... – lança um olhar misterioso para a câmera. – Digamos que tive que fazer muito esforço!

– Katniss, podemos saber por que você não se rendeu os encantos de Peeta tão cedo?

Sorrio.

– Peeta é uma pessoa muito... especial. Tão gentil – minha voz tem uma ponta de ironia, que só Peeta percebe, pois aperta a minha mão com mais força. – Tão agradável... Quando vi Peeta pela primeira vez fiquei encantada com sua gentileza – recebo outro apertão dele. – Mas, eu sou uma pessoa... que não conhece o mundo de Peeta, sou uma atriz iniciante e tudo...

– Então, você ficou com medo de namorar uma estrela tão famosa como Peeta? – pergunta Cressida gentilmente.

– Sim, fiquei...

– Mas eu mostrei para ela que sou uma pessoa muito normal... – interrompe Peeta, que leva minha mão até sua boca e a beija. – E se ela não me aceitasse, acho que largaria tudo – diz sorridente para as câmeras.

– Ah! – diz Cressida, colocando a mão em seu coração. – Katniss, devo te parabenizar, se fosse eu acho que nunca conseguiria resistir tanto tempo a uma pessoa como Peeta Mellark.

Peeta sorri, parece até um garotinho tímido que fica envergonhado ao receber um elogio, se ele corar alguém precisa dar um oscar para este cara. Oh, não! Não me diga que ele realmente está preste a corar.

– E sobre o show, gostaria de saber se vocês gostam da música de Finnick Odair?

Ao ouvir o nome, involuntariamente, aperto a mão de Peeta.

– Finnick Odair é um grande cantor – diz Peeta, sorrindo. – Não poderíamos perder o seu show. Eu adoro música, sempre que possível vou aos shows, mas com todo o trabalho que tenho tido nestes últimos tempos, uma folga é impossível para mim...

Peeta começa a falar sobre seus trabalhos. Não sei o que ele fez, mas conseguiu tirar o foco da entrevista de nosso “relacionamento” e de Finnick Odair.

– Foi ótimo ter feito esta entrevista – fala Cressida. – Gostariam de dizer mais alguma coisa?

Peeta me olha.

– Só que eu não posso mais viver sem Katniss – ele passa os braços por meus ombros, me levando até ele. Seus lábios vão parar em minha bochecha, me dando um beijo demorado.

Eu apenas sorrio, lhe lançando o olhar mais apaixonado que consigo. Cressida nos olha, só falta sair coraçãozinhos de seus olhos. Haymitch sorri, satisfeito com nossa atuação. Fazendo um discreto sinal com a cabeça de aprovação.

– Obrigada pela entrevista – diz Cressida, enquanto as câmeras são desligadas. – Vocês realmente estão apaixonados!

Peeta me lança um olhar. Sei o que significa, devo dar os parabéns pela sua ótima atuação. Mas eu também fiz direitinho o meu trabalho! Até lancei meu olhar de apaixonada!

– Vou deixar vocês aproveitarem o show – fala Cressida, enquanto sua equipe sai do camarote. – Espero fazer mais entrevistas com vocês.

Eu e Peeta sorrimos.

Assim que Cressida sai do camarote, retiro minha mão da mão de Peeta e me levanto.

– Haymitch, por que você não avisou que iria trazê-la aqui? – pergunto, olhando para Haymitch.

– Eu não sabia que o presidente Snow iria estar tão interessado assim no meu filme! Fui pego de surpresa também, com ele me dizendo que queria aproveitar o casalzinho apaixonado para promover o filme.

– Não me diga, Haymitch, que agora vamos usar o namoro para divulgar o filme? – pergunta Peeta, se levantando.

– É isso aí, Peeta. Parece que vocês estão fazendo muito sucesso. Até acho que vou ter que mudar o roteiro do filme!

– Ahã? – digo, não entendo nada.

– No final, Lory, fica sozinho, enquanto Peter e Mary se casam, e Nick resolve esquecer-se de tudo ao ver seu amado se casando com outra. Mas com tudo isto, o presidente Snow resolveu que seria muito melhor, se eu transformasse Lory e Nick em um casal, o público iria adorar...

– Perfeito, agora somos um casal também na ficção! – falo irônica.

– E mais uma coisa, o presidente Snow irá dar uma festa este final de semana...

– Ah, não, uma festa de Snow! – diz Peeta, enfadado.

– E? – pergunto, olhando para Peeta e Haymitch.

– Snow organiza festas quando quer divulgar um de seus filmes... E nestas festas... – fala Haymitch.

– Aparece praticamente toda a mídia – acrescenta Peeta com uma expressão aborrecida. – Haverá mais jornalistas, repórteres, câmeras de TV, de que convidados... E quando será esta festa?

– Neste final de semana, na sexta – responde Haymitch.

– Já?! – fala Peeta surpreso.

– Snow acredita que devemos explorar este romance agora, já que é recente, e isso atrairia a atenção das pessoas... – explica Haymitch, andando pelo camarote. – E ele está certo, vamos vender a imagem do casal que ultrapassou a ficção. Isso vai garantir muita atenção para o filme.

É impressão minha ou Haymitch está gostando da ideia de nos vendermos como “o casal” do seu filme? Até percebo um leve sorriso em seus lábios.

– Ok... – a essas alturas nem sei mais o que estou falando, apenas quero sair daqui, pois me lembro do que me espera em cima daquele palco. – Posso ir embora? – pergunto, olhando para Haymitch.

Haymitch nos olha, parece analisar a situação.

– Qual é Haymitch? Já demos fotos o suficiente para estampar a capa de umas dez revistas de fofocas! E ainda demos uma entrevista, que foi tão romântica quanto um soneto de Vinicius de Moraes! Não acha que já foi o suficiente? – fala Peeta.

Olho com uma das minhas sobrancelhas levantada para Peeta, ele sabe quem foi Vinicius de Moraes?

– Que foi? – pergunta, me olhando.

– Nada – respondo, balançando minha cabeça.

– Acho que por hoje... foi suficiente – diz Haymitch, finalmente.

– Ótimo. – falo.

Haymitch sai primeiro, depois eu e Peeta saímos. O som da voz de Finnick me acolhe ao sair do camarote. Meu coração ferido começa a doer. Não quero ficar aqui. Sinto raiva, uma vontade imensa de acabar com ele, assim como senti há quatro anos. Até hoje, nunca havia visto, Finnick depois daquilo. Pensei que poderia controlar melhor meus sentimentos depois de todos estes anos, porém vejo que continuo sendo aquela garota de dezessete anos. Me odeio por isso.

Peeta passa seu braço por meus ombros. Agora, tenho que atuar. Ao ver Finnick, mais do que nunca recordo qual é o meu objetivo em me tornar uma grande atriz. Derrotar Finnick Odair, fazê-lo perder aquilo que mais ama, a fama.

Sorrio para Peeta, que me devolve o sorriso, vamos até o estacionamento. Um manobrista aparece com o carro de Peeta. Ele, como um bom moço (afinal deve ter um paparazzo por perto), abre a porta para eu entrar.

Ficamos durante todo o trajeto em silêncio, enquanto uma música suave toca no rádio do carro. Observo a paisagem, na verdade, não vejo nada, é apenas um disfarce para esconder meus pensamentos.

– Acho que vejo você na sexta... – digo, tirando o cinto de segurança, assim que chegarmos em meu prédio.

– Katniss... – olho para Peeta, que me observa, parece em dúvida sobre algo.

– O quê?

– Nada – diz como se falasse de algo sem importância. – Te vejo na sexta, então.

Saio do carro e vou em direção ao prédio. Sinto um ar gelado arrepiar minha pele, ou será que foram todos estes últimos acontecimentos que provocou isto em mim?


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Críticas? O que acharam da atuação da Katniss e do Peeta?