Tempo De Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 33
Rose


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Bailarina imaginaria e Lime Lime. Obrigada pelas lindas recomendações. Depois de receber estas recomendações maravilhosas o minimo que eu poderia fazer era escrever este capítulo o mais rápido possível. Obrigada!!!!



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Olho para meu vestido branco que agora está sujo de sangue. Finnick em uma poça de sangue é uma imagem que não sai da minha mente. Estou em choque, não consigo assimilar o que aconteceu. Finnick salvou minha vida? Finnick ferido?

Agora estou em uma sala de emergência no hospital, esperando por notícias de Finnick.

– Katniss, o que aconteceu? – pergunta Madge, assustada ao ver o sangue em meu vestido.

– Finnick – minha voz está fraca, não estou recuperada do susto. – Ele sofreu um acidente.

– Katniss, você está bem? – Madge me analisa.

Estou tão assustada, me jogo nos braços de Madge, enquanto as lágrimas que segurei até agora começam a cair.

– Vai ficar tudo bem – sussurra Madge. – Calma, Katniss.

Aos pouco vou me acalmando. Boggs e Johanna surgem na recepção.

– Como ele está? – Boggs pergunta a mim.

– Não sei... Os médicos ainda não disseram nada – tento manter uma voz calma.

Johanna começa a telefonar para várias pessoas. Parece que ela está tentando manter a mídia longe do hospital.

Uma interminável meia hora transcorre. Tudo me parece tão surreal. Finalmente um médico aparece.

– Estamos levando ele para a sala de cirurgia – avisa o médico. – O estado dele é grave, tudo vai depender do resultado da cirurgia. Mas ainda bem que Finnick é forte, se fosse qualquer outra pessoa que não tivesse o porte físico de Finnick não teria suportado o impacto.

Olho para o médico tentando entender o significado de suas palavras.

– Katniss – Madge me puxa, me fazendo sentar. – Tudo vai ficar bem, se acalme.

Tento acreditar em suas palavras.

As horas passam, não consigo parar de pensar se Finnick está bem. Era eu para estar naquela cama, era sobre mim que aquele lustre iria cair. No entanto, Finnick escolheu tomar o meu lugar. Por que ele fez isso? Por quê?

Madge tenta me animar, me puxando até ao restaurante do hospital e colocando um prato de comida em minha frente.

– Coma – pede.

Olho para o prato, porém não sinto a menor vontade de comer.

– Você precisa se alimentar – insiste. –Já faz mais de seis horas que o Finnick entrou na sala de cirurgia e até agora você não tirou o pé de lá. Você deve estar exausta...

Com esforço imenso levo uma garfada de comida a boca, porém não sinto sabor algum, automaticamente levo uma segunda garfada a boca, já que Madge me observa.

– Eu realmente não estou com fome... – começo a mexer com o garfo a comida no prato. – Madge, Finnick... salvou minha vida – pela primeira vez falo sobre isso.

Madge faz uma expressão interrogativa.

– O lustre estava quase caindo em cima de mim, foi Finnick que me empurrou... Era eu... – lágrimas começam a escorrer de meus olhos ao me lembrar do estado de Finnick.

– Katniss, já passou! Se acalme. Tenho certeza que Finnick logo estará bem.

– Mas se... e se ele não conseguir se recuperar, eu serei... – hesito. – A responsável.

– Não pense nisto!

– Estou tentando, mas eu não consigo...

Boggs se aproxima da mesa em que estamos.

– Alguma notícia? A cirurgia terminou? – pergunto.

– Por enquanto nada... Conseguimos pelo menos despistar a imprensa, mas isso não vai durar muito, logo aqui estará cheio de jornalistas, querendo informações. Ah! Johanna – Boggs a avista vindo em nossa direção. – Alguma notícia sobre o Finnick?

O rosto de Johanna está tenso. Isso é preocupante.

– A cirurgia terminou e... – ela nos olha. – Finnick... está em coma, seu estado é critico.

Em coma? Em coma! As palavras fazem ecos em meus ouvidos. Finnick está em coma... Olho para Johanna tentando compreender suas palavras, como se eu não soubesse mais os significados das palavras...

Os dias passam. O estado de Finnick não se altera, ele ainda está em estado grave, porém mais estável. Finnick não acorda de seu sono.

– Katniss, você não vai comer nada? – pergunta Madge ao me ver se preparando para sair.

– Não, vou chegar atrasada. Está quase na hora da entrevista com Enoboria...

Vários jornalistas vêm tentando uma entrevista para falar sobre o acidente de Finnick. Todos estão curiosos para saberem mais detalhes sobre o acidente. Boggs decidiu que estava na hora de eu me manifestar e falar sobre este assunto, por isso ele marcou esta entrevista com Enoboria.

Madge está sentada no sofá com seu notebook ligado, me aproximo dela.

– Você está vendo isso de novo?

– É uma boa música e um bom clipe – responde Madge.

Ela está vendo o clipe da música de “As carreiristas”, em que Peeta participa. O clipe está sendo um sucesso, milhões de visualizações em apenas uma semana. Ele foi lançado semana passada. Peeta... venho tentando não pensar nele, com tudo o que aconteceu com Finnick minha mente tem se mantido ocupada o suficiente para que isso não ocorra. Ele começou a rodar o filme em Los Angeles, é apenas isso que sei dele no momento, e eu não quero saber mais coisas. Nosso falso namoro se mantem, Haymitch achou melhor não anunciar nada agora, pelo menos até o filme estrear.

Olho para a tela do computador. Começa o clipe de “Rose” de “As carreiristas”. Annie aparece em um quarto escuro chorando, enquanto olha para um porta-retratos de ela e Peeta felizes.

Naquele tempo, quando eu estava na escuridão

No canto do meu quarto, com meus lábios trêmulos, eu chorei

Quanto mais luto, mais essa mágoa penetra em mim

Promessas quebradas me machucam

Annie começa a lembrar-se dos tempos felizes, como ela e Peeta se conheceram. Ela está em uma festa e dança, o ambiente é escuro. “As carreiristas” estão no palco tocando.

Ninguém pode me salvar

Somente Deus pode fazê-lo

Meu amor parece me parar e me despedaçar

Peeta se aproxima de Annie e sorri para ela. Annie fica um pouco confusa e começa a fugir de Peeta, que a persegue. Os dois se encontram em um beco escuro. Peeta pega na mão de Annie e os dois começam a correr, rindo.

Eu preciso do seu amor

Eu sou uma rosa quebrada

Sua música dispersou a tristeza

Minha vida solitária não tinha rumo

Eu preciso do seu amor

Eu sou uma rosa quebrada

Oh, querido, me cure dessa gélida dor

Com seu sorriso, olhos, cante apenas para mim!

Surgem os dois andando pelas ruas, fazendo caretas engraçadas. Eles tiram fotos em vários lugares, com várias poses divertidas. Peeta filma Annie dormindo.

Eu quero contar com seu amor

Eu sou uma rosa quebrada

Eu quero contar com seu amor!

Naquele tempo, quando você estava comigo

Eu corria descalça perseguindo

Sua sombra e você me parou

Quanto mais me tranco, mais complicado este amor cresce

Beije-me lenta e gentilmente

A cena volta para o dia em que se conheceram. Os dois surgem correndo novamente. Eles param ofegantes e cansados em um parquinho, deitam-se na grama. Peeta olha para Annie a beija.

Eu preciso do seu amor

Eu sou uma rosa quebrada

Sua música dispersou a tristeza

Minha vida solitária não tinha rumo

Eu preciso do seu amor

Eu sou uma rosa quebrada

Oh, querido, me cure dessa gélida dor

Com seu sorriso, olhos, cante apenas para mim!

Eu quero contar com seu amor

Eu sou uma rosa quebrada

Eu quero contar com seu amor!

Há um retorno a cena iniciar do clipe com Annie chorando, abraçada ao porta-retratos. Annie surge na praia descalça e sozinha, ela começa a chorar, desesperada. Ela começa a perseguir a imagem de Peeta que surge em sua frente, porém a imagem não é real, e desfaz-se no ar.

Ninguém pode me ajudar...

Ninguém pode me ajudar...

Ninguém pensa em nós

Eu preciso do seu amor

Eu sou uma rosa quebrada

Minha alma mergulha na tristeza e murcha

A garotinha solitária está esmigalhada

Eu preciso do seu amor

Eu sou uma rosa quebrada

Oh, querido, me cure dessa gélida dor

Com seu sorriso, olhos, cante apenas para mim!

Annie surge na tela com um buque de rosas vermelhas em um cemitério, há uma lápide com a foto de Peeta. Ela deposita as flores e lança um sorriso triste para a câmera. “As carreiristas” surgem tocando no bar em que Peeta e Annie se conheceram, a cena é entrecortada com várias imagens de Annie e Peeta juntos.

Eu quero contar com seu amor...

Eu sou uma rosa quebrada

Eu quero contar com seu amor!

A música termina, ainda estou com meus olhos presos no computador. Eu também sou uma rosa quebrada...

– Eles estão tão lindos que nem parecem deste mundo! – exclama Madge admirada, me fazendo voltar a realidade.

– Eles são perfeitos juntos... – murmuro.

– O quê?

– Nada, não. Vou chegar atrasada, preciso ir – digo, enquanto vou até a porta.

Fico feliz em não precisar descer as escadas, finalmente moro em um lugar em que o elevador não está quebrado dia sim, outro dia também.

Consigo não chegar atrasada na entrevista, que é no mesmo hotel em que eu e Peeta demos nossa entrevista a Enoboria. Ainda não me esqueci do casal mais quente do momento e a vergonha que esta entrevista me causou...

Encontro-me com Enoboria, ela faz algumas perguntas iniciais, não muito importantes, até chegar ao tema que realmente quer.

– Você presenciou o acidente de Finnick, como foi para você vê-lo naquele estado? – me questiona.

Olho para a mesa que está no meio de nós. Lá está o seu pequeno gravador negro com a luz acessa indicando que está ligado. Dou um suspiro.

– Eu fiquei em choque, em um momento Finnick estava lá, no outro... ele estava caído e ferido...

– Você poderia me contar os detalhes do acidente?

– Isso é um assunto delicado – olho para ela, que anota algo em um pequeno bloco de papel. – Nos estávamos voltando para a seção de fotos... Eu não lembro ao certo, apenas que Finnick me empurrou, e quando percebi o motivo já era tarde demais, o lustre havia caído em cima de Finnick.

– Então os rumores são certos? Finnick salvou sua vida? – ela me olha como se eu acabasse de lhe dar o prato mais delicioso de um jantar. Mas eu sou uma espécie de prato, todos os jornalistas estão loucos para ter em suas mãos este prato.

– Sim, ele salvou.

Enoboria sorri, ela está satisfeita. O sorriso dela é assustador. Sei qual será a capa das revistas e jornais amanhã: Finnick, o salvador. Mas é exatamente isso que pessoal da campanha Sinsajo quer, com isso sua campanha terá ainda mais atenção. O mundo da fama é muitas vezes assustador, enquanto Finnick está lá na cama de um hospital, todos só querem saber como lucrar com isto.

Finalmente termino a entrevista. Um carro me espera na frente do hotel, foi mandado pelo pessoal da Sinsajo, vou visitar Finnick, e sei que enfrentarei uma multidão de repórteres, que estão praticamente fazendo acampamento perto do hospital. Tenho ido visitar, Finnick todos os dias, é claro que Sinsajo está adorando isso. Afinal, eles têm um herói para explorar agora. Coloco óculos escuros enormes e um boné. Tenho um aspecto cansado, não tenho dormido muito nestes últimos dias, quando muito, quatro horas por dia.

Chegamos ao hospital, tento sair do carro sem chamar atenção, coisa que não consigo em poucos minutos tenho vários jornalistas me fazendo perguntas. Eu não respondo nenhuma e apenas trato de entrar no hospital. Se continuar assim, não vai demorar muito para eu usar um daqueles escudos que os gregos antigos usam nos filmes. Aquilo seria bem útil para mim, agora.

– Boggs! – avisto Boggs que fala com o médico de Finnick

Ele faz sinal para que eu me aproxime. Boggs parece agitado.

– Katniss! Finnick acabou de acordar! – fala agitado.

Olho para Boggs surpresa. Finnick acordou? Sinto um enorme alívio, como se uma pedra enorme houvesse acabado de ter retirada de minhas costas.

– Posso vê-lo? – ouso perguntar.

– Sim – o médico responde. – Mas ainda estamos fazendo alguns exames.

– Ele está bem? – pergunto

– Acreditamos que sim. Mas só saberemos depois dos exames.

O médico se retira. Mal posso acreditar que Finnick despertou. Não quero que ele morra por minha causa, e ele salvou minha vida. Isto tudo é tão confuso, estou um completo caos, uma mistura de diversos sentimentos. E por mais que eu odeie Finnick no presente, ao vê-lo naquela cama cheio de aparelhos, me recordei daquele garotinho frágil que eu salvei de valentões no colégio. Aquele garotinho que por muitos anos foi toda a minha família, foi meu melhor amigo, foi meu amor.

O médico reaparece depois de uma longa espera.

– Ele está bem? – pergunto apreensiva.

– Sim, ele está.

Solto um enorme suspiro.

– Você já pode vê-lo.

Faço um sinal afirmativo com a cabeça. Me encaminho até o corredor que me levará até Finnick. Chego em frente a porta de seu quarto. Olho apreensiva para a porta. Coloco a mão na maçaneta, e a giro.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Odiaram? Gostaram? Críticas? E se alguém se interessou pela música, ela se chama Rose, e é de uma anime chamado Nana, aqui está o link: http://www.youtube.com/watch?v=SYtLk2GwLLs
É assim que imagino o estilo musical de "As carreiristas".