Tempo De Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 23
Suas costas são...


Notas iniciais do capítulo

Passando rapidinho para deixar o capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/380494/chapter/23

Acordo antes de Peeta, ainda estou pensando no que aconteceu ontem. Peeta não vai deixar isso passar em branco, não acredito que me atirei sobre as costas de Peeta! Quero bater em mim mesma. Com todas as costas no mundo por que eu tinha que me interessar pelas costas de Peeta? Acho que se eu tivesse assinado minha sentença de morte teria sido menos doloroso.

Tomo um banho rápido e vou para o restaurante do hotel, não quero que Peeta acorde e me veja por perto.

– Não vai cumprimentar seu amado diretor? – diz uma voz a minha direita quando entro no restaurante.

Me volto em direção a voz. E aqui está ele, Haymitch, responsável por 50% dos meus problemas. Foi ele quem teve esta maldita ideia de colocar eu e Peeta em um mesmo quarto. Neste exato momento, minha vontade é de matar Haymitch com requintes de crueldade. Porém, me controlo ao perceber que ele está sentado na mesa junto com algumas pessoas da produção.

– Olá, Haymitch – falo irônica. – Bom dia, pessoal – cumprimento o pessoal da produção. – Quando vocês chegaram?

– Ontem à noite – responde Haymitch.

– E por que não avisaram? – pergunto.

– Porque não queria acordar os pombinhos apaixonados – piscas um dos olhos para mim.

Dou meu sorriso mais falso.

– Que gentileza a sua pensar em nós – falo sarcástica.

– Você sabe o quanto penso em vocês! – diz ele.

– E como eu sei!

– Estamos discutindo sobre algumas coisas do filme, sente-se conosco – convida Haymitch.

Aceito seu convite. Haymitch acerta alguns detalhes técnicos com o pessoal da produção.

– Nesta cena quero que uma luz que ilumine o rosto de Peeta...

– O que tem eu? – pergunta Peeta interrompendo Haymitch.

Sou surpreendida por sua voz, por isso olho para ele. Não, ele só pode estar querendo me provocar! Você está declarando guerra contra mim, Peeta? Ele está usando uma camiseta negra, daquelas bem justas, que contorna seus músculos, realçando todos os contornos de seu torso. Todos os olhares femininos do restaurante estão voltados para ele. Por que ele não veio sem camiseta? Chamaria menos atenção.

– Estamos discutindo sobre as cenas que gravaremos amanhã, sente-se aqui, Peeta, para conversarmos – responde Haymitch.

Peeta contorna a mesa. Ou eu estou ficando muito neurótica, ou Peeta está querendo se divertir as minhas custas, já que ele vai até o lugar que Haymitch indica na mesa bem lentamente, e quando chega até dá uma pequena virada, para mostrar suas costas para mim. Peeta Mellark, é melhor você parar com isso!

Eu e Peeta não trocamos nenhuma palavra. No entanto, por alguma razão estou totalmente consciente da presença de Peeta e de seus gestos. Depois de Haymitch discutir os detalhes técnicos, ele nos leva até os lugares em que vamos gravar as cenas, explicando como quer cada cena. Fazemos uma pausa para o almoço.

Haymitch começa a explicar algumas coisas sobre o roteiro, enquanto nossos pratos não chegam.

– Peeta, nesta fala queria que você usasse um tom divertido e sedutor – Haymitch faz um circulo na fala.

A mesa em que estamos sentados é de quatro lugares. Estou sentada em frente a Haymitch, e Peeta no lugar que fica entre nós dois. Peeta se curva sobre a mesa para olhar o roteiro que está com Haymitch, suas costas ficam próximas de mim. Suas convidativas costas... Peeta, eu sei o que você está tentando, mas eu não vou cair em seu truque, e vocês, malditas mãos, nem ousem chegar perto destas costas, nem ousem!

Depois do almoço, vamos até ao parque que fica em frente ao hotel, iremos gravar amanhã uma cena aqui.

– Katniss, quando o Lory perguntar para a Nick se tem alguma chance e ela não responder nada, você olhara para Lory enigmaticamente, quando ele se afastar você corre para ele e o abraça por trás, certo?

– O quê? Abraço por trás? – quase grito.

– É, um abraço por trás – responde Peeta de forma divertida. – É só você agarrar as minhas costas... – me olha maliciosamente. – Pensei que você iria gostar disso...

Peeta volta as suas costas para mim. Katniss, você tem que ser profissional aqui, não vai querer rumores de que a namorada de Peeta Mellark bate no príncipe da nação. É capaz das fãs dele me processarem, e eu já tenho uma dívida para pagar. Vou mostrar para Peeta que não me importo com suas costas.

– Haymitch, eu seguro assim?

Abraço Peeta por trás e encosto meus rosto em suas costas. Eu sou uma profissional aqui, eu sou uma profissional aqui, uma profissional!

– Isso mesmo, Katniss, perfeito! – responde Haymitch.

Solto as costas de Peeta.

– Viu, Peeta, não sinto nada especial por suas costas – digo em voz baixa, quando Haymitch vai conversar com alguém da produção.

– Sei... – ele sorri. – Vou fingir que acredito em sua atuação, e que você não ficou o dia inteiro com os olhos grudados em minhas costas...

– Engraçadinho – dou uma gargalhada. – Vai sonhando, Peeta!

Quando percebo o dia já se foi. Ficamos acertando os últimos detalhes com Haymitch até tarde da noite.

– Acho que terminamos por hoje – anuncia Haymitch.

– Ótimo – digo.

Vou para meu quarto, após me despedir do pessoal da produção. Já faz algum tempo que Peeta saiu da reunião para atender uma chamada telefônica, o espertinho deve ter aproveitado o momento para ir dormir e não voltar mais para a reunião com Haymitch. Abro a porta, me deparando com uma cena que me deixa intrigada. Peeta fala com alguém no seu celular quase aos berros. Nunca havia visto ele desta maneira, está realmente furioso.

– Eu estou cansado, Gale! Eu já disse que vou fazer isto! Eu devo isto a ela – ele grita. – E você não vai me impedir! Não vai! Você sabe o quanto ela sofreu por minha causa? Gale, você não manda mais em mim! Eu vou fazer o que quiser, entendeu? O que eu quiser! – grita, desligando o celular e o jogando furiosamente em cima da cama.

Peeta senta-se na cama com um olhar furioso e distante. Fico alguns segundos com a mão na maçaneta da porta, indecisa sobre o que fazer, até que ele se dá conta da minha presença.

– O que você viu? – seu tom é seco, cheio de fúria.

– Nada – respondo cautelosamente, fechando a porta. – Desculpa, eu não queria ter te atrapalhado.

Ele nada responde, apenas fica com seu olhar distante.

Vou para o banheiro e tomo um banho demorado, seja lá o que aconteceu, Peeta precisa ficar sozinho um pouco. Saio do banheiro. Ele ainda está sentado na cama.

– Katniss, me desculpa por eu ter falado com você daquela maneira – ele me olha.

– Eu não deveria ter visto aquilo – digo me sentando na cama, longe de Peeta. – Isso é um assunto privado...

– Não tem importância, esta é só mais uma das minhas brigas com Gale... – ele se deita na cama, ficando com seus pés no chão. – Nós dois temos muito destas brigas, o que você viu hoje é uma discussão até amigável – sorri levemente, e fecha seus olhos. – Eu sei que não seria o que sou hoje sem Gale, mas ter minha vida controlada por ele cansa. Eu odeio que cada passo que eu dou seja calculado por ele, não tenho nem direito de fazer minhas próprias escolhas pessoais... Sabe, Katniss, ser o príncipe da nação, o cara perfeito cansa – ele abre os olhos e me encara. – Queria muitas vezes ser um cara normal, e não o cara perfeito...

Peeta pronuncia estas palavras de uma maneira extremamente sincera. Ele não está atuando. Peeta não me parece mais o cara arrogante que conheci, nem o príncipe da nação, o bom moço, agora ele só é um rapaz de vinte e um anos como qualquer outro.

– E eu queria ter seu talento – me deito a seu lado, nossos ombros se tocam levemente. – Você atua com perfeição!

Peeta me olha e sorri.

– Então você admite que eu atuo bem? – fala em tom divertido.

– Ei, eu nunca disse que você atua mal – respondo também em tom divertido.

Nós dois rimos.

– Mas você também atua bem... – ele me olha.

Eu escutei direito? Peeta Mellark disse que eu atuo bem?

– Cadê as câmeras? – digo, me sentando na cama e olhando ao meu redor.

– Você realmente é uma pessoa desconfiada! – fala em tom brincalhão.

– Eu acabei de ouvir você falar que eu atuo bem! Isso só pode ser uma pegadinha. Anda, Peeta, confessa que tem uma câmera aqui no quarto!

Ele ri.

– Você realmente tem uma péssima opinião sobre mim.

– E que opinião eu teria de você? Eu te conheço muito bem, Peeta Mellark!

– Já que estamos no momento confissões, que tal você confessar que minhas costas te atraem, hein? – diz, sentando-se na cama.

Olho para ele, que me encara de maneira divertida.

– Suas costas são razoáveis...

– Razoáveis, é? Minhas costas são razoáveis? – fala em tom decepcionado. – Sabe, Katniss Everdeen, você é a primeira mulher que considera as costas de Peeta Mellark razoáveis! Razoáveis? Francamente, minhas costas são sexy, atrativas, elas não têm nada de razoável.

– Ei, a modéstia telefonou e disse que nunca mais vai voltar aqui! – digo, rindo.

– Eu só falo a verdade! – diz, se levantando e pegando o controle da TV. – Que tal um filme? Você pode escolher, desde que não seja água com açúcar.

– Ah, você descobriu o meu plano – digo fingindo que estou decepcionada. – Só porque eu queria ver um daqueles atores ingleses lindos...

– E por que você iria querer ver eles, se Peeta Mellark está ao vivo e a cores em sua frente, em 3D?!

– Senhor modéstia!

– Senhorita reclamo de tudo!

Nós dois caímos na gargalhada.

– Agora, escolhe um filme! – diz, me passando o controle.

Escolho uma comédia qualquer, daquelas bem bobas. São quase duas horas da manhã quando o filme acaba. Me deito e durmo, cansada do dia de hoje e um pouco feliz pelas gargalhadas que dei enquanto assistia ao filme ao lado de Peeta. Filmes de comédia me fazem feliz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Gostaram? Odiaram? Críticas?