Tempo De Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 22
Problemas de fuso horário


Notas iniciais do capítulo

O que acontece quando se tem um problema de fuso horário rsrsrsrs



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Estou olhando para Peeta e o homem que tenho em minha frente alternativamente. Alguém poderia me explicar tudo isto?

— É claro que vou trazê-la aqui mais vezes, Gale – fala Peeta em um tom cordial, porém seco. – Vejo que já conheceu meu empresário – dirige-se a mim. – Katniss, este é Gale, meu empresário.

— E irmão – acrescenta Gale. – Você sempre esquece desta parte, irmãozinho – sorri.

Espera aí, estes dois seres tão distintos são irmãos?

— Desculpa por não ter me identificado antes – justifica-se Gale. – É que vi você ali sozinha e resolvi puxar assunto, seria meio estranho se eu começasse a conversa com: ”olá, meu nome é Gale, sou o irmão e administrador da carreira de seu namorado”.

— Pelo menos agora eu sei que você não é alguém que pode ler mentes ou tem o poder de adivinhação, já estava começando a me assustar – falo de maneira divertida.

Gale ri.

— Por que você veio tão repentinamente para Londres, não poderíamos ter discutido tudo pelo telefone? – Peeta pergunta em um tom seco e educado.

Nunca tive um irmão, mas sei que esta maneira que Peeta se dirige ao irmão não lembra nenhum um pouco uma relação fraternal, lembra mais uma relação estritamente profissional, nada mais do que isso.

— Estava com saudades de você – responde Gale de maneira gentil e carinhosa.

— Estava? – sua voz tem uma pequena dose de ironia.

— E precisava discutir com você algumas coisas pessoalmente... – toma um gole de seu chá. – Amanhã já estou voltando... Quer que eu peça para você um chá?

— Não, não precisa, eu mesmo peço – Peeta chama o garçom.

— Prove este biscoito – Gale pega um pequeno biscoito e me oferece. – É uma das especialidades daqui.

Pego o biscoito, realmente é uma delicia, desmancha em minha boca, nunca havia provado algo assim antes.

— E então? – olha para mim sorridente.

— Está ótimo! – exclamo.

— Podemos discutir nossos negócios mais tarde? – pergunta Peeta, tomando um gole do chá que o garçom acaba de trazer. – Estou um pouco cansado...

— Como você preferir, irmãozinho.

Olho para Peeta que parece impassível, seu olhar é distante.

— Gale! – cumprimenta Portia se sentando a mesa. – Como está?

— Ótimo – responde. – Espero que meu irmãozinho não tenha te dado muito trabalho...

Portia apenas ri, enquanto Peeta toma seu chá silenciosamente.

— Acabei de saber que abriu um restaurante aqui perto com um chef francês, considerado um dos melhores da Europa. – fala Portia empolgada. – Estou doida para ir lá. O que vocês acham de irmos lá hoje à noite?

— Infelizmente, Portia, não posso, preciso discutir algumas coisas com Peeta...

— Que pena – diz desapontada.

— Mas o que você acha de irmos lá, Katniss?

E Portia ainda pergunta?

— É claro – respondo.

Peeta nada diz, seu silêncio está me intrigando, olho para ele. Porém, não consigo decifrar o que está pensando. O chá prossegue com o silêncio enigmático de Peeta, a tagarelice de Portia sobre Londres, e a gentiliza de Gale. Uma cena bastante peculiar, principalmente com este mutismo de Peeta. Mais cedo, ele estava tão diferente, o que fez Peeta ficar assim? Será a presença de Gale? Por que ele se comporta assim na presença de seu irmão mais velho? Isso está deixando meus neurônios exaltados.

Depois do chá, Portia me arrasta para seu quarto para ver as roupas que comprou em seu dia de folga. Não entendo nada de moda, mas como ela estava muito animada com tudo isto, resolvo fingir que estou entendo tudo, e que ela não está falando mandarim.

Não vejo mais Peeta depois do chá, fico no quarto de Portia, que até me arruma para o jantar, me emprestando suas roupas e me maquiando. Portia ama a moda, não sei por que ela não seguiu a carreira de estilista em vez de trabalhar de babá de alguém como Peeta.

Vamos para o restaurante. Ele tem um ar moderno e sofisticado. Portia pede vários pratos.

— Aqui parece ótimo! Nunca tinha vindo aqui antes. Sempre que venho a Londres vou a um restaurante que é muito bom. Se tivermos tempo vou te levar lá, foi Gale quem me apresentou...

Ao ouvir o nome de Gale me lembro da cena do chá...

— Portia, o Gale e o Peeta não parecem ser... – falo um pouco hesitante.

—Irmãos... – completa Portia. – É, os dois são bem diferentes. Gale é dez anos mais velho que Peeta, tem trinta e um anos. Ele é empresário de Peeta desde quando ele estreou como ator quando tinha dez anos. Gale sempre cuidou da carreira de Peeta.

Portia toma um gole de água.

— Peeta tem muita sorte de ter Gale como seu empresário. Peeta tem talento, muito talento, ele nasceu para ser um ator, mas neste meio ter talento não é tudo, o que mais importa é a imagem. Sabia que Gale foi quem praticamente criou a figura de Peeta Mellark, o príncipe da nação? Sem Gale, tenho certeza que a carreira de Peeta não seria o que é hoje. Ele sempre soube quais seriam os melhores trabalhos para Peeta, a melhor postura que Peeta deveria tomar.

Gale parece ser alguém muito importante para a carreira de Peeta. Neste instante, o garçom aparece com nossos pedidos. Começamos a comer e Portia deixa o assunto de Peeta e Gale de lado. Voltamos para o hotel depois do jantar, Portia até queria ir para outro lugar, porém amanhã temos trabalho a fazer, e precisamos acordar cedo.

Entro no quarto, Peeta está deitado na cama assistindo a um filme. Ver Peeta deitado na cama me faz lembrar de uma coisa que havia esquecido completamente: há apenas uma cama neste quarto, e há duas pessoas nele, não gosto nenhum um pouco da conclusão a que cheguei.

— Katniss, eu sei que sou lindo, mas você não precisa ficar me olhando desta maneira. Vou começar a cobrar – diz Peeta, interrompendo meus pensamentos. Ele ainda está com os olhos presos na tela da TV.

— Ei, quem disse que estava olhando para você? Estava olhando para a cama. Estou muito cansada, tudo o que quero é dormir – finjo bocejar. – Vou tomar um banho – aviso, entrando no banheiro.

Se fosse possível ficaria por séculos no banheiro, só de pensar no que vem depois de sair daqui... Visto meu velho pijama, composto de uma camiseta e um moletom, e saio do banheiro.

Peeta está esparramado na cama, ainda continua vendo o filme.

— Peeta – chamo.

— O que foi? – pergunta sem tirar os olhos da TV.

— Você vai dormir na cama?

— Você está vendo outro lugar aqui que não seja a cama para dormir?

— Você poderia sei lá... ir dormir em outro quarto – falo, me aproximando da cama.

— Engraçadinha, você – ele me olha. – Não há mais quartos disponíveis aqui, tem que fazer as reservas com antecedência. E não sei do que está reclamando, já dormirmos juntos duas vezes.

Isso é verdade. Porém, era outra situação e um de nós estava bêbado.

— Além disso, dormir com Peeta Mellark é o sonho de dez entre dez mulheres do país.

— O quê? Peeta, sei que você se acha a última coca-cola do deserto, mas isso não é ir um pouco longe, não?

— Katniss, isso está nas pesquisas – me responde calmamente. – Dez entre dez mulheres querem passar a noite com Peeta Mellark.

Solto uma gargalhada.

— Peeta, não sei quem fez esta pesquisa, mas tenho certeza, absoluta, que ela está errada. Você fica lendo estas pesquisas ridículas e isso aumenta ainda mais o seu ego. Você precisa urgentemente cair na real.

— Ridícula ou não é uma pesquisa – dá os ombros. – E você vai ou não vai deitar? – desliga a TV.

Deito na beirada da cama, o mais longe possível de Peeta, de costas para ele. Estou cansada, porém é muito estranho saber que ao seu lado está o cara mais desejado da nação, por isso o sono demora um pouco a vir.

Algo quente e macio está encostado em meu corpo. Isso é tão bom, me aconchego ainda mais nesta coisa quente e macia que está perto de mim. O que será isso? Abro os olhos, me deparando com... Não acredito que a coisa quente e macia era as costas de Peeta! Como eu pude agarrar as costas de Peeta? Como? Mais do que depressa retiro meus braços que envolvem suas costas e me afasto dele. Que raios eu fiz?

— Pensei que tinha virado um ursinho de pelúcia substituto – fala Peeta sem se virar.

Só faltava esta! Katniss Everdeen, a garota mais sem sorte da face da terra!

— É claro que não, eu só me encostei em você! Acontece, sabia? Além disso, não vai tirar nenhum pedaço! – falo calmamente, tenho que manter a calma aqui.

— É claro – diz ele se virando. – E o fato das minhas costas te atraírem não tem nada a ver com isso – fala irônico, me olhando.

— Eu, atraída por suas costas? – digo sarcástica. – Só nos seus sonhos.

— Então, meus sonhos estão muito realistas, já que agora eles também têm baba – ele se senta na cama e me mostra suas costas.

Onde está o buraco mais próximo para eu me esconder? Sua camiseta tem uma mancha de baba. Me sento também na cama.

— O que me diz disso? Vai negar que é sua baba aqui?

Tenho duas opções neste momento:

1. Negar até a morte, e ser eternamente lembrada deste fato por Peeta.

2. Confessar meu crime, e enfrentar as consequências.

Olho para Peeta, respiro fundo.

— É, esta é a minha baba! E não vejo problema nenhum nisto – olho para ele.

— Então, você confessa! – ele me encara. – Agora só falta confessar o motivo desta baba. Anda, Katniss, diz que minhas costas te atraem tanto que você até babou nelas – seu tom é divertido.

— Suas costas me atraem? – digo irônica. – É claro, assim como me sinto atraída por ornitorrincos.

Ele continua me encarando.

— Sei... – sorri maliciosamente, não gostei deste sorriso. – Eu deixo você tocar nelas – diz dando suas costas para mim. – Vai, Katniss, pode tocar, sei que você está louca para fazer isso.

Estou pronta para dar uma resposta daquelas e mandar Peeta para certo lugar, porém observo as costas de Peeta, não tinha reparado nelas antes... juro... quer disser eu já dei uma olhada nas costas dele, mas foi uma coisa rápida puramente por interesse profissional, já que eu tinha que gravar uma cena em que abraçava Peeta por trás. Esta vez não vale, ok? Eu estava lá, gravando a cena que, aliás, precisei filmar várias vezes, e não pude deixar de notar o quanto suas costas eram... digamos interessantes. Ok, confesso, elas são bem convidativas, aconchegantes, umas costas que pedem por um abraço. Calados, pensamentos malditos! E agora elas estão em minha frente, pedindo por um... abraço.

— Katniss, não vai aproveitar o momento? Eu estou aqui, deixando você tocar minhas costas... – ele se aproxima ainda mais de mim.

Fico a poucos centímetros das costas de Peeta. Essas costas são tão convidativas. A camiseta de Peeta é branca, daquelas justas que caem como uma luva em seu corpo, realçando os contornos de suas costas. Não, parem de me encarar desta maneira, costas, e me chamarem assim, parem. Ah! Estou ficando louca, deve ser o fuso horário que está tirando minha razão. Quando percebo minhas mãos vão parar nas costas de Peeta, e não só minhas mãos, encosto meu rosto em suas costas. Isso é tão aconchegante...

— Katniss, você realmente está gostando disso! – fala em tom divertido.

Droga! Esqueci completamente quem é dono destas costas. Imediatamente me afasto das costas de Peeta. Deito na cama, com minhas costas voltadas para Peeta. Fecho meus olhos bem forte. Que raios, você fez, Katniss Everdeen? Você acabou de... Maldito fuso horário que está me deixando confusa, bem confusa.

— Espero que tenha matado sua vontade de agarrar minhas costas – Peeta se curva sobre mim e sussurra em meu ouvido, com uma voz... sexy, só estou pensando isso por causa do fuso horário, que fique bem claro. – Não quero mais nenhuma baba em minhas costas.

Bufo, continuo com os olhos fechados e nem me movo. Peeta ri e deita-se na cama. Katniss Everdeen, o que acabou de acontecer aqui? Ainda bem que estou muito cansada (nem quero pensar o que eu faria se estivesse sem cansaço) por isso, depois de algum tempo caio no sono.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Críticas? O que acharam do Gale? E destes probleminhas de fuso horário da Katniss?