Tempo De Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 2
O senhor maturidade


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer as leitoras lindas que comentaram no último capítulo. Meninas, fiquei muito feliz com os comentários de vocês, e dizer que vou continuar sim a postar a fic :D.



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— Peeta, o que aconteceu com você? – pergunta Cato, olhando para a mancha de café da camiseta de Peeta.

— Algum idiota resolveu me dar um banho de café – olha para mim, me lançando um olhar mortífero.

Sinto que acabei de ser fuzilada pelos olhos de Peeta. Ele olha para a mesa, procurando um lugar vazio. Oh, não! A única cadeira que está vazia, se encontrada exatamente ao meu lado. Peeta olha hesitante por um curto momento, porém decide se sentar ao meu lado.

— Muito bem, vamos começar! – anuncia Haymitch. – Primeiro, vamos fazer a leitura do roteiro.

Ainda não conheço quem irá interpretar os outros personagens. Normalmente, quando se tem estrelas do porte de Peeta, Clove e Cato o anúncio de sua participação em um projeto se faz com meses de antecedência. No entanto, não foi o que aconteceu aqui. Nem mesmo a mídia sabe deste filme. Madge acredita que depois daquele fracasso do último filme de Haymitch, todos estão com tanto medo que resolveram não anunciar nada. Agora, penso que ela pode estar certa. Afinal, quem iria querer o príncipe da nação envolvido na produção de um filme de Haymitch Abernathy. Seria capaz de haver protesto para a retirada de Peeta do filme. Haymitch há tempos não tem boa fama. Acredito que eles resolveram não se arriscar e só anunciar quem são os atores quando a rodagem do filme já houvesse começado. Ou então é marketing mesmo. Anunciar de última hora sempre causa um certo impacto.

Descubro, para meu alívio, que quem irá interpretar o primo da minha personagem é Cato. Isto significa que não tenho muitas cenas com o chato mor da nação. Nick, minha personagem, mantém uma paixão platônica por seu primo, Peter, que é apaixonado por Mary (Clove). Esta por sua vez é apaixonada por Lory (Peeta). Já Lory nem percebe a paixão de Mary e o motivo por qual Peter se afastou deles, depois que terminou o colégio. Lory realmente combina com Peeta, desde o primeiro instante que li o roteiro não fui com a cara dele. Lory é chato da mesma maneira que seu interprete.

Assim que terminamos de ler o roteiro, saio da sala de reunião e vou até a recepção, onde está o equipamento mais importante do trabalho, a  máquina de café. Desta vez vou, finalmente, poder tomar um café. Os outros atores conversam entre si na recepção ou com Haymitch na sala de reunião.

Café! Café! Café... pego o copo de café preparada para levar a boca o líquido que me manterá acordada por algumas horas. Já sinto o gosto do café em minha boca e... Olho... Mas... Não entendo nada. O café que deveria estar em minha boca foi parar em minha blusa. Ela está completamente encharcada de café.

Olho em minha frente. Peeta tem um sorriso vitorioso em seus lábios. Sério, que ele esbarrou em mim, só para se vingar do café que caiu nele? Este cara tem sérios problemas!

— Mas, o que você fez? – digo furiosa.

— Nada – diz, ainda sorrindo. – Só estou pagando o favor que você me fez.

— Qual é o seu problema?

Peeta apenas sorri. Enquanto eu tento limpar a enorme mancha de café em minha blusa. Peeta com certeza é o rei da maturidade. Sua vingança é tão idiota, parece aquelas crianças da pré-escola. Aliás, melhor nem comparar, as crianças da pré-escola têm mais maturidade do que ele.

Sem pensar duas vezes, ou melhor, minha perna pensa por si mesma, solto minha perna em sua canela, com toda força que consigo, e saio andando. Nem olho para Peeta, que deve estar querendo me atirar pela janela do décimo segundo andar. Sei que Peeta não irá fazer nada, pelo menos em público, ele não vai querer manchar sua reputação de bom moço, com tantas testemunhas por perto.

Tento dar um jeito nesta mancha enorme de café, no banheiro. Porém, não consigo fazer muita coisa. Assim que volto à sala de reunião, percebo olhares sobre mim.

Peeta está sentado no mesmo lugar. Me sento na cadeira ao seu lado, é claro, que antes recebo um olhar furioso dele. O chute na canela realmente deve ter conseguido fazer algum estrago.

A reunião termina sem outros incidentes. Após a reunião terminar, vou imediatamente para o ponto de ônibus, e pego o primeiro ônibus que vejo em minha frente. Nem quero pensar o que aquele maluco fará se me ver em sua frente. Peeta realmente tem uma mente de psicopata.

No entanto, não vou deixar que aquele idiota, com maturidade de um garoto de dois anos, atrapalhe minha chance. Desde que sai da pequena cidade em que vivia, venho trabalhando dia e noite, incansavelmente, para me tornar uma grande atriz. Há quatro anos, eu jurei que iria me tornar uma grande atriz e me vingar dele... A pessoa que me humilhou, que me traiu, que me causou a pior dor possível, que rasgou o meu coração em mil pedacinhos. Vivi durante quatro anos fazendo aulas de atuação e trabalhando em diversos empregos. Já fiz um monte de coisas, fui entregadora de panfletos, colei cartazes na rua... Há dois anos, consegui entrar na agência Panem. Já fiz tantos e tantos testes que deveria ganhar um prêmio por isto.

— Katniss, como foi? – pergunta Madge ao me ver entrar no apartamento. – E essa mancha de café? Já ouvi muitas coisas sobre Haymitch, mas que ele joga café em seus atores, é a primeira vez. 

Desabo no sofá, ao lado de Madge. Aliás, este é o único sofá que temos.

— Nem te conto, Madge! Você não vai acreditar com quem vou trabalhar! – coloco meus pés em cima do sofá.

— Quem?

— O pesadelo em forma de pessoa, o castigo de todos os meus pecados...

— Diz, logo! Você fala como se tivesse conhecido a pior pessoa do mundo.

— E eu não conheci? Peeta Mellark é definitivamente a pior pessoa que existe!

Conto a Madge tudo o que aconteceu, sem poupar os detalhes sórdidos. Ela quase tem uma crise nervosa como eu, só de ouvir o meu relato.

— Você não tem ensaio, hoje? – falo, após soltar todas as palavras que estavam engasgadas em minha garganta.

— Tenho sim. Acho que já estou quase atrasada – verifica o horário no celular. 

Madge, assim como eu, quer se tornar uma grande atriz. Ela também é contratada da agência Panem. E agora está atuando em uma peça.

— Ligaram do banco! – avisa Madge, quando já está na porta.

— Obrigada, por avisar, Madge.

Já até havia me esquecido de fazer o pagamento este mês. Há três anos venho tentando pagar as dívidas que meus tios deixaram.

Meus tios me criaram desde que eu tinha cinco anos, após meus pais morrerem em um acidente. Eles eram a parte rica da família. Não digo, rica, rica, mas com o suficiente para terem uma casa razoavelmente grande e dois carros na garagem. A minha tia, irmã de minha mãe, nunca perdoou minha mãe por ter se casado com um homem pobre, enquanto tinha um cara rico, dono de uma padaria na cidade, querendo se casar com ela. Acho que foi por isso, que eles nunca gostaram realmente de mim. Por mais que eu tentasse os agradar, eles nunca se importavam comigo. Com o tempo fui deixando de me importar com eles, já que eles nem percebiam a minha existência.

Eles nem ligaram quando eu resolvi deixar aquela cidade. Acho que até ficaram felizes por ter se livrado da sobrinha, filha da parte pobre da família. Entretanto, um ano depois recebi uma notificação do banco avisando que eu tinha dívidas enormes para pagar. E se eu não pagasse iria ser processada, e até poderia ir parar na cadeia. Acontece que meus tios queridos, haviam feitos dívidas enormes, sabe-se lá como, e fugiram do país, deixando tudo para que eu pagasse. Quase morri do coração. Devido a isso, venho trabalhando neste monte de empregos temporários.

Com minha participação no filme, vou poder, finalmente, me dedicar exclusivamente à atuação por algum tempo. Já que recebi um bom dinheiro pelo meu trabalho no filme.

Depois de ligar para o banco, caio exausta na cama.

Acordo com o toque de meu celular.

— Alô – atendo sem ao menos ver quem é, sonolenta.

— Katniss? – pergunta a voz de um homem do outro lado da linha.

— Sim, sou eu.

— Sou Darius, o assistente de Haymitch. Liguei para avisar que hoje toda a produção e o elenco do filme vão se encontrar para comemorar o novo projeto.

Darius me passa o endereço do restaurante, em que todos irão se reunir. Ele me recomenda que eu não falte, já que Haymitch organizou isso, e quer todos na comemoração.

Se Haymitch organizou, melhor não desobedecer, ainda me lembro de suas palavras: “Minhas regras são: eu mando e você obedece”. Sei lá o que ele pode fazer.

E parece que não foi só eu que resolveu obedecer a Haymitch, encontro o restaurante lotado, que foi fechado só para o elenco e a produção do filme.

Vejo Clove e Cato conversando com alguns atores. Me sento em uma das mesas do restaurante. Percorro meus olhos pelo recinto, não avistando em nenhum lugar Peeta. Acho que o senhor maturidade resolveu que era muito importante para aparecer na comemoração. Melhor para mim, não vou precisar ver sua cara por hoje.

Um garçom passa em frente da mesa com uma bandeja cheia de aperitivos, não penso duas vezes em pedir para que ele me sirva. Estou com uma fome horrorosa. Não pertenço ao time destas pessoas que se importa com dietas.

— Se eu fosse você, não ficaria aí me empanturrando de comida – diz Peeta, sentando-se em minha frente.

De onde este cara surgiu? E ele vai ficar me perseguindo pelo resto da vida?

— Mas, não é!

— Ainda bem – diz ele, me olhando.

— Escuta aqui... – Não consigo terminar minha frase, pois sou interrompida pela voz de Haymitch.

— Queria dizer que esta festa marca o início de nosso projeto! – diz Haymitch, pegando o microfone e subindo no pequeno palco do restaurante.

— Escutar o quê?! – indaga Peeta em tom baixo, me olhando. – Você ainda vai me pagar por aquele chute na canela. Você sabe em quem bateu?

— Sim, para minha felicidade – respondo irônica.

— Ninguém bate em Peeta Mellark e fica impune!

Começo a rir, quem iria falar de si mesmo neste tom? Peeta confirma cada vez mais minha teoria que sua maturidade é menor do que uma criança de dois anos de idade. Desculpem pela comparação, crianças de dois anos. 

— E nem adianta agir desta maneira. Eu não estou brincando – aponta o dedo para mim. – Espere e verá o que vou fazer com você! – Peeta levanta-se e saí. 

Ui, estou morrendo de medo do senhor maturidade. O que ele vai fazer, colocar tachinhas na minha cadeira? Jogar um balde de tinta em meu cabelo? Nem vou dormir a noite com medo de suas maldades.


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Notas finais do capítulo

Quero saber o que acharam do capítulo? Curiosos para saberem o que o Peeta vai aprontar com a Katniss?