Tempo De Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 18
Presos no elevador


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Bad Girl, que me deixou muito animada para escrever este capítulo. Obrigada, Bad Girl!!! Não podia deixar de postar este capítulo o mais rápido possível depois desta recomendação. E aqui esta ele.



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Encontro Portia na sala de estar.

– Bom dia, Katniss – me diz com um sorrisinho sugestivo, indicando que está pensando besteira.

– Bom dia, Portia.

– O Peeta já está pronto? Estamos atrasados.

– Ele está se arrumando... – falo.

– Já estou pronto – fala Peeta, descendo as escadas.

Odeio este cara, mesmo com ressaca, ele parece que acabou de sair de uma capa de revista. Peeta usa óculos escuros, uma camiseta negra, que lhe cai perfeitamente, pois ressalta o seu peitoral, e uma calça também negra. Tenho que admitir, ele está lindo.

– Então, vamos! – fala Portia.

– Espera, preciso tomar um remédio para dor de cabeça... – fala, voltando para o quarto.

– Remédio para dor de cabeça? – me interroga Portia.

– O Peeta está de ressaca – respondo.

– Ele bebeu?! – diz Portia perplexa.

– Sim, bebeu... – isso me lembra da noite de ontem.

– Peeta não costuma beber, sua resistência ao álcool não é muito grande... – ela sorri. – Mas ele diz para todo mundo que sua resistência é ótima...

– Eu quem o diga...

Portia me olha e dá uma pequena risadinha.

Peeta aparece, vamos até o carro. Logo chegamos ao hotel em que iremos fazer a entrevista. Portia está falando ao celular.

– Não, ele não vai poder neste dia... Sim, eu sei...

Saio do carro, Peeta também sai do carro, sua cara não é das melhores, parece que o remédio para dor de cabeça ainda não fez efeito.

– Estou com ele aqui – fala Portia, saindo do carro. – Peeta, eles querem falar com você sobre o horário para gravar o comercial.

– Mas eu não resolvo estas coisas – fala de mau humor.

– Sim, eu sei, mas eles insistem – sorri.

Só mesmo Portia para suportar o mau humor de Peeta.

– Tá bom, eu falo com eles – diz, dando um suspiro e pegando o celular de Portia.

– Katniss, você pode entrar. Todos já estão avisados de sua presença, é só você pegar o elevador e ir para o sétimo andar, a entrevista vai ser feita na suíte 104 – fala Portia.

– Ok – digo.

Faço o que Portia disse, entro no saguão do luxuoso hotel. Pego o elevador, que está vazio, e aperto o botão do sétimo andar. As portas do elevador começam a se fechar, porém, são impedidas por uma mão. As portas se abrem, revelando Finnick. Só pode ser brincadeira, o que ele está fazendo aqui? Seria cômico se não fosse trágico, encontrar Finnick depois da noite de ontem...

– Bom dia, Katniss – diz, entrando do elevador, sorridente.

Este cara é mesmo petulante. Ele age como se nada tivesse ocorrido ontem, está em seu mais perfeito estado. Seja como for, não vou ficar no mesmo ambiente que Finnick, ainda mais ocupar um pequeno espaço, em que só estamos nós dois. Começo a sair do elevador. Porém, a mão de Finnick me retém. Olho para ele furiosa.

– Me solta!

– Tá legal – diz, retirando a mão de meu braço.

No entanto, é tarde demais as portas do elevador já se fecharam.

– Você vai sair daqui, no próximo andar! – falo, enquanto aperto o botão do próximo andar.

– Eu não vou, não.

– Então, eu vou!

– Não, vai não.

– O quê?

Sem me dar tempo para fazer qualquer coisa, Finnick aperta vários botões ao mesmo tempo.

– Idiota, pare com isto! Deste jeito você vai estragar o elevador! Você quer ficar preso no elevador?

Neste exato momento, o elevador para de funcionar. Ótimo, Katniss, você tinha que falar isto. Perfeito, estou pressa no elevador com a única pessoa no mundo que eu não quero ficar perto. Finnick me olha, sorrindo. É óbvio, que ele queria exatamente isto.

– Seu imbecil! – grito.

– Quietinha, Katniss, eles logo vão arrumar o elevador. Eu fiz isso porque quero conversar com você.

– Seu retardado, você não tem neurônios não? – estou muito furiosa.

Odeio estar presa com Finnick, odeio estar em sua presença, odeio o fato de que ele sabe como me irritar, odeio!

– Katniss, não seja assim, por favor, eu só quero conversar com você!

– Conversar? – rio, estou tão nervosa com esta situação que nem sei mais o que estou fazendo. – Você? E aqui está o cara que me tratou como lixo, ou coisa muito pior. E ele agora quer conversar! – falo sarcástica.

– Katniss, eu... – ele me olha.

– E você ainda queria conversar? – zombo.

– Katniss, você não entende.

– Não entendo o quê? – quase cuspo minhas palavras.

– Isso, este mundo! Você não pode continuar fazendo isto com o Peeta Mellark.

– E o que eu estou fazendo com Peeta? – o encaro.

Minha raiva é tanta que estou me segurando para não bater nele, ou fazer coisa pior.

– Você e Peeta estão fingindo que estão saindo – me olha.

– Da onde você tirou esta ideia? – mais do que nunca preciso de minhas habilidades de atuação.

– Eu sei como funciona isto – sua voz é calma, porém percebo que ele está se controlando para conter sua raiva.

– Do que você está falando?

– Eu já disse, eu sei como isto funciona. Eu já... – ele se interrompe e fica calado.

Será que Finnick já fingiu namorar outra pessoa? Ele nunca namorou uma pessoa publicamente... Ele já foi pego em fragrante algumas vezes, porém assumir um namorado, isto ele não fez. Como eu sei disso? Quando se odeia alguém, parece que aonde você vai tem algo relacionado a esta pessoa, e muito mais quando esta pessoa é famosa. Revistas de fofocas são o que mais há espalhado por aí. Não que eu ficasse bisbilhotando a vida de Finnick Odair, mas... Agora que eu penso nisto, existiu uma garota. Foi no inicio de carreira de Finnick. Cashmere, a bela vocalista da banda “As carreiristas”, uma das bandas mais famosas da atualidade. Ela é conhecida por seus inúmeros escândalos, teve um caso com um famoso multimilionário trinta anos mais velho do que ela, casado e com cinco filhos, já foi até para uma clinica de reabilitação devido a problemas com o álcool... Sua voz é bela, porém, é mais famosa por seus escândalos do que por seu talento.

Ainda me lembro do choque que levei. Havia um mês que ele tinha me humilhado daquela maneira cruel. Estava voltando para a casa, depois das aulas, passei em frente à banca de jornal que ficava próxima ao colégio. Uma das revistas me chamou a atenção. Lá estava ele, Finnick, estampando na capa aos beijos com Cashmere. O namoro durou cerca de seis meses, um verdadeiro recorde para alguém como Cashmere, diziam as revistas, e para alguém como Finnick, completava eu.

– Isso não vai terminar bem! Você pode se machucar muito! – fala Finnick tentando não alterar a voz.

– Não vai terminar bem? Me machucar? Escuta aqui! O que eu e Peeta temos é verdadeiro. Você só está dizendo isto, porque eu estou namorando com um cara que é muito mais famosos que você! Você só se importa com a fama! E mais, Peeta nunca me machucaria. Foi você que me machucou!

Finnick está furioso. É difícil ouvir o que você é de verdade. Eu não vou fugir de Finnick, vou falar tudo o que está há anos entalado em minha garganta como uma imensa bola que cresce a cada dia. Uma imensa bola que se alimentou de minha dor, em todos estes anos. Preciso deixar esta bola sair, quem sabe assim, eu possa respirar.

– Finnick, o que você fez comigo foi desumano. Você me usou, você mentiu para mim! Você me traiu da pior forma possível. Eu te amava, Finnick.

Estou ofegante, as palavras saem de mim sem me dar tempo para respirar. Elas são como cavalos indomáveis, deixo que as palavras saiam, não posso mais reprimi-las. Elas precisam sair antes que me sufoquem.

– Eu te amava, entendeu? – o encaro. – Mas você brincou com meu amor! Fez dele uma simples piada para você. Eu jamais vou te perdoar por isso.

– Katniss – ele me encara, confuso.

– Você me destruiu de tal forma que eu... – paro de falar, pois me falta ar.

Finnick se aproxima de mim.

– Não chegue perto de mim! Você me dá nojo!

Ele retrocede alguns passos, devo estar medonha.

– Sabe quanto eu sofri por sua causa? Sabe quantas lágrimas eu derramei? – o encaro, agora já não falo mais apressadamente, as palavras saem lentamente da minha boca. – Mas agora isto acabou! Você nunca mais vai me fazer sofrer. Aquela garotinha imbecil, já não existe mais! Eu mudei, Finnick, e prometi a mim mesma, que faria você sofrer. E eu vou cumprir minha promessa! Eu te odeio, Finnick!

– Katniss... – ele dá dois passos em minha direção, decidido.

Sou mais rápida que ele e antes que ele dê um terceiro passo, minha mão vai parar em sua face, dando um sonoro tapa. Descarrego todo a minha fúria neste tapa.

O tapa foi tão forte, que Finnick leva imediatamente, a mão a face. Ele lentamente volta a sua cabeça em minha direção. Espero ver em seus olhos fúria. No entanto, não há fúria, nem ódio, nem raiva, seus olhos me olham com um sentimento indecifrável, não consigo compreender a emoção que seus olhos verdes passam. Finnick se aproxima de mim e antes que eu possa fazer qualquer coisa, sou agarrada por seus braços, que me estreitam contra seu corpo.

Tendo lutar contra ele, me livrar de seus braços.

– Katniss – sussurra em meu ouvido de um modo que me remete ao passado.

Por uma fração de segundo, é como se estivesse nos braços daquele garotinho que salvei dos valentões do colégio. Não, Katniss! Tudo isso é mentira, ele só quer te humilhar novamente. Aquele Finnick não existe mais, na verdade, nunca existiu. Sei que ele quer apenas me confundir. Porém, não vai conseguir.

– Sai de perto de mim! – o empurro.

Finnick se afasta de mim.

– O que você pensa que está fazendo?

Finnick me olha e sorri. Eu estou certa, ele apenas quer me confundir.

– Provar que você não me odeia tanto assim!

Isto me irrita, Finnick não mudou nada. Ele ainda pensa que eu sou seu brinquedinho e agora quer brincar com ele mais um pouco. Não mais. Reúno todas as minhas forças.

– Você está enganado, Finnick, aquela Katniss que te amava morreu há muito tempo! – falo calmamente, olhando em seus olhos.

– Tem certeza?

Abro minha boca para responder, porém antes que eu faça qualquer coisa o elevador começa a funcionar e abre suas portas.

A primeira pessoa que vejo em minha frente é Peeta.

– Katniss? Finnick? – parece surpreso. Não sei, o que está pensando, realmente, pois os óculos escuros escondem seu olhar. No entanto, sei que seria impossível saber o que Peeta pensa de verdade, ele é um ator nato. Nada o pega desprevenido.

– Peeta – minha única reação é sair do elevador, indo direto para os braços dele.

– O que aconteceu? Você está bem? – ele me aconchega em seus braços, me aninhando em seu peito. – Fiquei sabendo o que o elevador quebrou, não sabia que você estava aí.

– Sim, estou bem – me aperto ainda mais contra o corpo de Peeta. – Só foi um inconveniente, nada de mais aconteceu! – sorrio.

– Podemos, ir para a nossa entrevista? – me pergunta, me dando um beijo na testa.

– Sim – sorrio.

– O elevador, já está funcionando – fala um dos empregos do hotel. – Ele já pode ser usado normalmente.

– Vamos? – Peeta pergunta.

Olho para Finnick que está dentro do elevador. Não posso recuar ou mostrar medo diante dele. Não quero me rebaixar ao nível de Finnick.

– Vamos – respondo, entrando com Peeta no elevador.

– Olá, Peeta! – cumprimenta Finnick.

– Como vai, Finnick? – pergunta gentilmente Peeta, me abraçando ainda mais. – Aonde você foi parar ontem, que não te encontrei mais? Aposto que encontrou alguma garota – fala de forma divertida. – Você perdeu a parte mais divertida da festa...

Finnick parece um pouco desconfortável ao escutar isto, embora ele tente disfarçar, enquanto Peeta fala como se contasse algo que não tem nada a ver com Finnick da maneira mais inocente possível. Peeta merece ganhar uma dúzia de óscares.

– Um cara pelado invadiu o jardim de Cato, e depois pulou o muro – olha para Finnick. – Todo mundo quase morreu de rir – dá uma gargalhada. – O cara só estava usando uma toalha de rosto. Você precisava ver Finnick! – fala em meio a gargalhadas.

Finnick está muito desconfortável, quer fugir, porém não pode. Apesar de tentar disfarçar, o nervosismo é visível nele.

– É mesmo? – tenta falar calmamente. – Que pena que perdi... Tive que sair mais cedo...

Peeta ri, e Finnick está constrangido.

– Katniss, pense naquilo que te falei... – Finnick tenta mudar o rumo da conversa, ele me olha.

– Katniss me contou que vocês foram amigos no passado – interrompe Peeta, tentando ficar sério após sua crise de riso.

– Ela te contou? – Finnick arqueia uma das sobrancelhas.

– É, contei – sorrio. – Eu e Peeta não temos nada para esconder um do outro.

– Estava pensando se podemos sair um dia destes. O amigo da minha namorada é também meu amigo – Peeta sorri, sinto que no fundo ele está divertindo com tudo isto. – Só nós três, irmos para um lugar mais calmo. Ontem na festa não deu para conversarmos direito... – fala de maneira divertida.

– É claro – se apressa em dizer Finnick, acho que ele não quer entrar no tema do cara misterioso que pulou o muro só com uma toalhinha de rosto...

O elevador se abre e Finnick sai. Uma mulher o espera, reconheço Johanna. Antes que as portas se fechem, Finnick me lança um olhar enigmático.

– Katniss? – fala Peeta.

Percebo que ainda estou em seus braços. Saio dos braços dele imediatamente.

– Finnick resolveu te perseguir? – sorri. – E sobre o que vocês conversaram?

– Eu sei lá, qual é a deste cara! – bufo. – Ele ainda está insistindo que nós não somos namorados de verdade – acrescento.

– Então ele acha que não somos namorados de verdade – ri. – E eu sei muito bem qual é a deste cara... – me olha, retirando seus óculos escuros.

– O quê?

– Não é óbvio?

O olho, esperando que prossiga.

– Finnick está querendo você de volta.

– Peeta, você bateu com a cabeça, foi? Você virou o boy on fire ontem por isso seus últimos neurônios pegaram fogo!

– Eu só estou dizendo a verdade – sorri. – Veja a maneira que ele te olha, qualquer um perceberia as intenções deste cara. E eu não virei o boy on fire, já disse que não me lembro de nada! E você pode muito bem estar inventando esta história toda, para me fazer esquecer da história da girl on fire!

– Já disse que não me lembro de nada! Mas ontem você quis me agarrar e eu não estou inventando nada!

– Eu tentei te agarrar? – dá uma gargalha sarcástica.

– É, você tentou – respondo zangada.

Por alguma razão misteriosa, a pequena briga que tenho com Peeta me faz esquecer do meu odiável encontro com Finnick Odair. Peeta de uma maneira estranha acabou de me salvar de Finnick.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Parece que o Finnick nunca vai aprender a lição, não? O que o Peeta tem que aprontar com ele para deixar a Katniss em paz? Será que o Peeta tem razão em afirmar que o Finnick quer a Katniss de volta?