Tempo De Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 15
Não é possível voltar no tempo


Notas iniciais do capítulo

Era para mim ter publicado este capítulo antes... Mas, sabe aquelas semanas em que tudo parece conspirar contra você? Tive uma dessas, minhas "férias" terminaram, e este semestre a coisa está tão tensa, que um dia desses quase que eu olho no meu horário para confirmar se estava na sala certa, e não entrado por engano na aula de grego, vai saber, né? Mas chega de falar de mim, aqui está o novo capítulo...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/380494/chapter/15

Olho para Plutarch tentando assimilar o que ele acabou de me falar. Como assim vou ter que atuar como amiga de Finnick? Tudo o que desejo neste momento é me manter o mais afastada possível dele. Finnick me fita, sua expressão é divertida.

– Plutarch, você pode me dar um minuto? Preciso fazer algo...

– Ok, Katniss. Mas volte rápido, temos ainda várias cenas para filmar e preciso encerrar as gravações ainda hoje...

Vou para o banheiro, jogo um pouco de água no rosto. Miro minha figura no espelho.

– Katniss, você é uma atriz, este é mais um de seus trabalhos! – murmuro para mim mesma.

Eu sei que posso fazer isto. Só preciso pensar que quem estará na minha frente não será Finnick, mas um personagem. Sim, quem estará na minha frente será o amigo da garota que estou interpretando... Ela gosta muito deste amigo. Quem estará na minha frente não é Finnick, quem estará na minha frente não é Finnick, quem estará na... repito a frase várias vezes como um mantra.

Volto para o local em que estamos gravando a cena. Olho para Finnick que conversa com o diretor. Lembre-se, Katniss, quando as câmeras começarem a filmarem, não é Finnick que estará em sua frente, é o amigo da sua personagem.

– Vamos começar – fala Plutarch ao me ver. – Quero que vocês ajam como amigos! Certo?

Faço sinal afirmativo com a cabeça.

O cenário é o pátio do colégio. Na cena, devo fazer algumas coisas de amigos, como sorrir, fazer algumas brincadeiras. Plutarch pede para agirmos naturalmente, como se fossemos amigos há anos. Olho para Finnick, respiro fundo, lembrando que ele já não é mais o cara que eu conheço, mas o amigo de minha personagem.

Plutarch pede para nos darmos às mãos. Sou a primeira a estender a mão para Finnick. Ele aceita a minha mão com um sorriso imenso no rosto.

– Comecem a conversar. Vocês podem conversar sobre qualquer coisa – fala Plutarch.

– Isso não te lembra de nada, Katniss? – pergunta, sorrindo, em voz baixa o suficiente para que ninguém além de nós dois possa escutar a conversa.

– Finnick, estamos atuando e você é, agora, o amigo de minha personagem. Isso não tem nada a ver com o passado – respondo também sorrindo.

– Você pode estar atuando, mas eu não estou – responde ele.

– Mas eu estou e, por favor, se comporte. Você não sabe o esforço que estou fazendo para me concentrar e não ter ver como Finnick, o cara que eu odeio, e sim como o amigo da minha personagem que ela tanto adora – falo estas palavras calmamente, por fora pareço estar tranquila, porém por dentro quero esganar ele aqui mesmo.

– Se você pede... – sorri.

– Assim está melhor.

– Dê um abraço nela! – pede Plutarch.

Finnick se aproxima de mim e me abraça, estremeço ao sentir seu toque, fico tensa. Lembre-se, Katniss, você não está abraçando Finnick, está abraçando o amigo de sua personagem. Finnick me aperta ainda mais contra seu corpo.

– Não abuse, Finnick – murmuro entredentes. – Posso parar de atuar... – advirto.

– Mas não foi você mesma que disse que estamos apenas atuando – ri.

Finnick está abusando de minha paciência. Vamos, concentre-se, Katniss! Concentre-se!

– Ótimo! – fala Plutarch.

Me afasto de Finnick imediatamente.

– Agora suba nas costas dele, Katniss!

Olho para Finnick, hesitante. Ele se agacha, e me olha.

– Vamos, Katniss! Precisamos terminar de gravar a cena! – fala Finnick.

Ele tem razão em uma coisa, quero terminar com isto o mais rápido possível. Subo nas costas de Finnick. Passo meus braços por seu pescoço. Meu corpo novamente fica rígido ao sentir o contado de seu corpo contra o meu. Finnick segura em minhas pernas e se levanta.

– Preparada, Katniss?

– Preparada para quê? – pergunto, preocupa, ao sentir o tom divertido na voz de Finnick.

– Para isto!

Imediatamente, Finnick começa a girar em alta velocidade, tanto que sem perceber minhas pernas se cruzam sobre a cintura de Finnick, e meus braços apertam mais seu pescoço.

– Para! – grito.

– Não! – grita.

– Para, vou vomitar! – falo, ofegante.

– É claro que não! Você era bem resistente, lembra?

Sim, eu era bem resistente. Finnick fazia isto quando éramos crianças, ele me colocava em suas costas e começava a girar em alta velocidade. Adorava isto, sentia uma vertigem que deixava-me sem pensamento algum, eu só sentia, não pensava, parecia que eu iria voar. Porém, estes tempos ficaram para trás.

– Pare, eu não sou mais criança! Eu mudei!

Sim, eu mudei, agora eu odeio esta sensação. Não quero ver nada mais girando ao meu redor.

– Finnick, eu vou vomitar!

– Tá legal – diz, diminuindo o giro até parar.

Assim que ele para, salto das costas de Finnick.

– Já temos material suficiente? – pergunto, olhando Plutarch. – Estou um pouco zonza, acho que preciso de uma pausa.

– É, temos material suficiente! – responde Plutarch. – Vamos gravar outra cena.

– Obrigada! – falo, segurando minha cabeça.

– Katniss? Você está bem? – pergunta Finnick, se aproximando de mim.

– Não me toque – digo em voz baixa, para que ninguém ouça, me afastando dele.

– Katniss? – ele ignora minha advertência e tenta se aproximar de mim.

– Deixa que eu cuido dela! – sinto o toque de Peeta em meus ombros. – Obrigado, por se preocupar com minha namorada – ele enfatiza bem a palavra namorada.

Peeta me faz encostar a cabeça em seu peito, seus braços me cercam e me levantam do chão. Passo meus braços por seu pescoço.

– Ela está bem? – pergunta Plutarch.

Algumas pessoas nos cercam preocupadas.

– Ela só precisa de água e descansar um pouco. Vou levá-la para o camarim. Não se preocupem, ela vai ficar bem – fala para o pessoal da produção que me olham preocupados.

Peeta me leva até o camarim, e me deita sobre o sofá que fica em um canto. Ele conseguiu fazer com que ninguém nos seguisse até o camarim.

– Tome – diz, me oferecendo um copo de água e sentando-se na beira do sofá.

Me ergo um pouco no sofá e aceito o copo de água que ele me oferece.

– Você está bem?

– Não foi nada... Eu só fiquei zonza... Eu não fazia isto desde que era uma criança... – bebo lentamente a água e depois entrego o copo vazio para Peeta.

– Quer mais?

– Não... eu já estou melhor. Acho que posso voltar – começo a me levantar. Porém, sou impedida pela mão de Peeta que segura meu braço.

– Não, Katniss, fique aqui mais um pouco. Vou pedir para Plurtach gravar a cena em que você não aparece. Fique aqui e descanse.

Concordo com a cabeça.

– Tem certeza que você está bem?

– Estou sim, pode ir, Peeta.

Ele me olha hesitante, porém termina por se levantar e sai do camarim.

Fico no camarim cerca de meia hora. Contudo, tenho que voltar para o set o mais rápido possível. Não quero que Finnick pense que ele causou qualquer tipo de sentimento em mim. Na verdade, não foi apenas o giro que me deixou assim, mas sim me recordar de todos aqueles momentos que brincava com Finnick desta maneira e como ele me traiu daquele modo; e a tensão de atuar amigavelmente com Finnick, enquanto reprimia meu instinto de querer saltar sobre ele e exterminar com sua existência. Tudo isto vez com que eu ficasse desta maneira. Como eu pude ser tão fraca?

Volto para o set. Peeta está conversando com Plutarch e Finnick, me aproximo de Peeta e o abraço.

– Você já está melhor? – pergunta preocupado, colocando uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha, mas sei que ele só está atuando.

– Sim, estou – digo, sorrindo.

Faço com que Peeta se incline e lhe dou um beijo na bochecha.

– Não se preocupe comigo.

– E como não vou me preocupar, se você é minha namorada? – sorri de modo doce e gentil.

– Katniss, eu pensei... que você não ficaria assim – fala Finnick, me olhando. – Se soubesse não teria feito...

– Tudo bem, Finnick, já passou – falo de maneira despreocupada. – Peeta já cuidou de mim – apoio minha cabeça no peito dele.

– Fico feliz em saber que você já está melhor – fala Plutarch. – Agora vamos gravar uma cena em que você não participa. Você pode voltar para o camarim e descansar. Chamo você quando formos gravar uma cena com você.

– Não, obrigada. Eu estou bem. E eu quero ficar aqui, vendo o Peeta atuar – olho para ele, tentando parecer a garota mais apaixonada da face da terra.

– Ah, o amor! – ri Plutarch. – Faz nós agirmos sem juízo nenhum.

– Katniss, Plutarch tem razão você deveria voltar para o camarim – fala Peeta.

– Peeta, pare com isto. Eu estou bem, eu juro. Só quero ficar aqui, vendo você atuar... – o olho com olhos suplicantes.

– Tudo bem – diz ele, acariciando meus cabelos. – Mas me prometa que se você sentir qualquer coisa, você vai me avisar.

– Ok – sorrio.

Peeta me dá um beijo na testa. E se afasta juntamente com Finnick e Plutarch. Percebo um olhar de Finnick sobre mim, parece aborrecido e irritado.

Sento-me em uma cadeira que um dos assistentes de Plutarch trás para mim. A cena é de uma briga entre os personagens de Finnick e Peeta. O personagem Finnick deve dar um soco no de Peeta, este deve atuar como não se importasse, não revidando, pois sabe que aquele é o melhor amigo de sua amada.

O soco é cinematográfico, Finnick só deve encostar sua mão no rosto de Peeta.

– Ação – grita o diretor.

Os dois se olham. Finnick lança seu punho sobre Peeta e... lhe dá um soco. Este soco não foi de maneira nenhuma cinematográfico.

– Desculpa! – fala Finnick, se aproximando de Peeta. – Foi sem querer.

– Acontece, cara! – diz Peeta, sorrindo.

Nestes últimos dias, que tenho fingido ser a namorada de Peeta, aprendi algumas coisas sobre ele, e sei que aquele sorriso está cheio de raiva. Peeta não gostou nenhum um pouco de receber um soco de Finnick.

– Vamos gravar a cena novamente – fala Plutarch. – Todos em seus lugares! E... ação!

Novamente, os dois se encaram. Finnick dispara seu punho contra Peeta, o deixando no chão.

– Me desculpa. Eu não sei o que está acontecendo comigo! – fala Finnick.

– Tudo bem – Peeta sorri. – Se você me bater acidentalmente de novo, siga a cena, sim? Não se preocupe comigo, eu sei me virar.

Os dois voltam a gravar a cena. Peeta recebe outro soco, que não tem nada de cinematográfico novamente. Ele olha para a câmera com uma expressão suave, como se não ligasse para o soco.

– Corta! – grita o diretor. – Perfeito! Peeta, seu olhar foi perfeito!

Peeta sorri e me olha. Ele vem em minha direção. Se inclina sobre mim.

– Katniss, seu ex-namoradinho está com ciúmes da cena que ele viu mais cedo... – sorri. – Agora ele quase desfigurou meu rosto com seus socos – apesar do sorriso em seus lábios, Peeta está irritado. – Isso não foi nenhum um pouco legal...

– Ahã? – o olho, interrogativa. – Ciúmes? Não, não é isso...

– Então me explica o que são todos estes olhares assassinos que ele está me lançando?

– Finnick só está aborrecido porque eu mudei e já não sou mais aquela garota de dezessete anos – e porque estou namorando Peeta Mellark, o príncipe da nação, o cara que todos adoram, e que é um bilhão de vezes mais famoso do que ele. Porém, não falo esta parte. Peeta já se acha demais, se eu falar isto seu ego vai aumentar ainda mais.

– Seu ex-namoradinho vai me pagar! E já sei até sei como.

Peeta se aproxima ainda mais de mim, roça seus lábios em minha orelha. Um escalafrio percorre meu corpo ao sentir a respiração de Peeta perto de minha orelha.

– Não falei que ele quer me matar – ri.

– O quê?

– Ele está vindo, furioso.

Peeta volta a sua posição normal.

– Foi mal, Peeta, pelos socos – fala Finnick atrás de mim.

– Não foi nada! – responde um sorridente Peeta. – Em minha profissão estou já acostumado com isto.

– Não medi minha força, sou mais forte do que eu pensava – ele caminha até meu campo de visão. – Peço desculpas...

– Não foi nada, Finnick. Para mostrar que não foi nada, que tal depois das filmagens do clipe nós irmos, os três, a uma festa que Cato, um amigo meu, vai dar? – sorri.

Que raios o Peeta está fazendo?

Finnick olha para mim e depois para Peeta. Meu rosto apenas demonstra indiferença, como se Peeta tivesse falado qualquer banalidade. No entanto, este convite de Peeta me pegou de surpresa.

– Humm... Hoje eu não tenho nenhum compromisso à noite, acho que vou aceitar sua proposta...

– Perfeito. Assim que acabarmos as gravações podemos ir!

Finnick se afasta de nós.

– O que você está fazendo? – falo em voz baixa.

– Nada, só quero mostrar uma lição para este seu ex-namoradinho, ninguém bate em Peeta Mellark e fica impune! – ri.

Já ouvi esta frase antes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? Odiaram? Críticas? Já viram que o Peeta não gostou nada de levar três socos na cara, e está armando um plano maquiavélico rsrsrs... E parece que o Finnick não desistiu da Katniss, o que será que ela precisa fazer para ele largar de encher o saco?