Tempo De Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 10
Girl on fire


Notas iniciais do capítulo

Sabe quando você faz uma besteira sem tamanho e quer mudar de nome, trocar de país... Foi isto o que aconteceu com a Katniss...



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Eu e Peeta sorrimos, esperando pacientemente as pessoas a nosso redor se dissiparem. Isso é o preço que se tem a pagar para salvar Cato e consequentemente o filme.

Na primeira oportunidade que tenho, vou para o buffet comer alguma coisa, já que da última vez não pude comer praticamente nada.

– Katniss – a voz que soa em meus ouvidos faz até o meu último fio de cabelo se arrepiar, um suor gelado começa a escorrer pela minha nuca.

Me viro e aqui está ele, Finnick, que sorri para mim.

– Nossa, você mudou tanto, quase nem te reconheci! – fala Finnick.

O olho, lhe lançando um olhar furioso. Tento conter minha fúria. Não, não posso me descontrolar aqui, não posso! Lembre-se Katniss, qual é seu objetivo. Você quer acabar com a raça deste imbecil da pior forma possível, arrancando o que ele mais ama, a fama; quer faze-lo sofrer; quer se vingar.

Um garçom passa com uma bandeja cheia de bebidas. Não sou uma pessoa que recorre ao álcool, mas desta vez vou recorrer, pego um copo da bandeja e o viro de uma só vez em minha boca. Sinto a bebida arder em minha garganta.

– Katniss, não quer me contar as novidades? – sorri de uma forma maliciosa.

Preciso sair daqui, antes que eu cometa um assassinato neste exato momento.

– Você não é... – Peeta diz, se aproximando de nós.

– Finnick Odair – fala, como se seu nome fosse um daqueles nomes que todo mundo ao escutar fica: uau.

– Finnick Odair? Você é um novo ator? – pergunta Peeta, o analisando.

Neste momento, Finnick lança um olhar mortal para Peeta, como se este houvesse acabado de praticar uma heresia.

– Eu sou Finnick Odair, considerado o próximo rei da música.

Peeta ainda o olha interrogativo. Um leve sorriso aparece em meu rosto. Acredita que fui salva por um idiota de cometer um crime?

– Katniss, tenho que ir – pisca um dos olhos para mim. – Mas ainda nos vamos encontrar muito!

Quando dou por mim, estou com minha mão cravada no braço de Peeta, para me impedir de me atirar sobre Finnick e tirar aquele sorriso idiota da cara.

– Katniss? – ele me olha, parece tentar entender o que está acontecendo. – Não acho que Haymitch ficara feliz em saber que seu protagonista está com o braço quebrado – diz, olhando para minha mão que segura fortemente seu braço.

Retiro minha mão de seu braço.

– E você andou bebendo? – pergunta, olhando para o copo vazio que seguro.

– É, acho que sim... – respondo, olhando para o copo vazio.

– Você conhece este cara? Quem é ele?

– É Finnick Odair, aquele cantor em que fomos ao show esta semana... – olho para Peeta que faz uma careta, tentando recordar o fato. – Você não disse que considerava ele um grande cantor naquela entrevista?

– Ah, isso! – parece se recordar. – Nunca ouvi falar nele, e muito menos ouvi as músicas dele!

Sorrio, sei lá, mas isso me pareceu engraçado, penso como Finnick ficaria se ouvisse isso. E deve ser efeito da bebida que tomei. Porém, meu sorriso se evapora do meu rosto ao ver Finnick conversando com algumas modelos em um canto do salão. Repentinamente, ele me olha provocativo.

Neste instante outro garçom passa ao meu lado com uma bandeja de bebidas, não hesito em pegar mais um copo e virar em minha boca, e em seguida outro.

– Katniss? – Peeta me olha como se tivesse diante de uma louca.

Já mencionei o fato de eu não ser resistente a bebidas? O álcool começa a me subir a cabeça, começo a ver tudo girando.

– Peeta, já te falei que você está muito gato neste smoking? – digo, olhando para Peeta e rindo.

– Katniss, você está bêbada?

– Só um pouquinho...

– Era só que me faltava – resmunga Peeta, me envolvendo em seus braços. – Tenho que te tirar daqui sem ninguém ver. Não quero ser conhecido como o cara que tem uma namorada bêbada! Isso acabaria com minha reputação.

Peeta esconde meu rosto em seu peito.

– Hum... Você cheira tão bem.

Peeta acaricia meus cabelos e sorri, me levando até a entrada do banheiro. Ele mantem meu rosto escondido em seu peito, enquanto fala em seu celular.

– Darius, não fale meu nome, finge que está falando com outra pessoa e agora venha até o banheiro...

Em menos de um minuto o assistente de Haymitch aparece.

– Preciso tirar a Katniss daqui, sem que ninguém veja!

– O que você quer que eu faça? – pergunta Darius, sem questionar a atitude de Peeta, e me lançando um olhar.

– Pegue meu carro e traz para a porta dos fundos. Não deixe que ninguém te veja! E este lugar tem a saída de emergência?

– Tem sim, fica perto daqui – responde Darius, passando instruções para Peeta.

Darius sai. Olho para Peeta, que segura minha cabeça contra o seu peito.

– O que é saída de emergência? – pergunto, levando minha mão aos cabelos de Peeta.

– Lugares assim, costumam ter portas especiais, usadas pelas celebridades, quando elas não querem ser vistas saindo. Snow com certeza iria escolher um lugar com saída de emergência, já que ele sabe como as celebridades podem dar escândalos – olha para mim.

– Seu cabelo é tão macio, que shampoo você usa?

Ele apenas olha para mim, fazendo uma expressão de descontentamento. Me apertando ainda mais contra seu corpo. Ficamos assim, por algum tempo, enquanto Peeta olha impacientemente para seu celular. Até que finalmente ele toca.

– Você pegou meu carro?... E ninguém te viu?... Ótimo, estou saindo com a Katniss.

Peeta começa a andar comigo envolvida em seus braços. Em poucos minutos estou no carro de Peeta e depois tudo é um grande borrão.

Acordo com o sol batendo em meu rosto, minha cabeça dói, parece ter sido pisoteada por uma manada de elefantes. Aliás, todo o meu corpo dói. É por isso que nunca bebo, por que eu tinha que ter quebrado minha regra, ontem?

Me viro na cama, me preparando para abrir meus olhos e enfrentar a pior dor que já suportei... Abro de uma vez só os meus olhos, vejo... Será que ainda estou sobre o efeito do álcool? Só pode ser isso! Com certeza, a imagem que tenho em minha frente não é real... Peeta está do meu lado... sem camisa? Um lençol cobre a outra parte de seu corpo... Será que ele está nu? Sim, estou bêbada! É só eu tocar nesta imagem, que ela vai desaparecer. Meu dedo indicador toca o peito de Peeta e... Oh, meu deus, ele não desapareceu! Não estou sonhando, isso é real.

Espera, estou na cama com Peeta?... Olho para meu corpo. O quê? Estou vestindo uma camiseta que vai até quase meu joelho, que não é minha, é uma camiseta masculina... E este não é meu quarto com certeza. Olho ao meu redor, constatando que estou em um quarto do tamanho de meu apartamento inteiro!

Olho, novamente, para Peeta, olho para mim, para o quarto. Eu... eu... eu... Não, eu não fiz isto! Não, nem estando caindo de bêbada eu poderia ter feito isto! Eu não fiz, certo?

Peeta começa a se mover do meu lado.

– Peeta! – grito.

– O que foi? – diz ele, se levantando de imediato.

Ele me olha.

– Por que você gritou? – pergunta, esfregando os olhos.

– Peeta... nós?

– Então, você não se lembra? – pergunta. – Você fez aquilo comigo e não se lembra?!

– Não, eu não fiz! Você que tomou minha virgindade de mim! Por que eu nunca iria me entregar para um canalha que nem você! Nunca. Você abusou de mim, só porque eu estava bêbada. Vou te denunciar, quem você pensa que é? – grito.

– Ahã, você é virgem? – pergunta ele, me analisando. – Mas espera, eu nunca iria abusar de ninguém! E se alguém abusou de alguém aqui foi você! – aponta o dedo para mim.

– Eu? E por que eu faria isto? Acorda Peeta! Eu que bebi e foi você que ficou bêbado? A última pessoa com que eu faria qualquer coisa seria você! – continuo falando com minha voz alterada.

– Mas não pareceu, já que ontem você estava bem animadinha. Não se lembra do carro? Você estava querendo tirar minhas roupas!

Imagens vêm a minha cabeça. Peeta havia me ajudado a entrar no carro, ele entrou depois de mim, estava falando no celular.

– Darius, me avise quando der para eu sair daqui. Ninguém pode nos ver agora, não quero ficar fugindo de paparazzi – desligou o celular.

– Peeta – falei com uma voz melosa, a onde eu consegui esta voz? – Seu cabelo é tão macio! – me aproximei de Peeta.

– Katniss, você está bêbada, fica quietinha, que já vou te levar para sua casa – ele tenta retirar a minha mão que está em seu cabelo.

– Você cheira tão bem – aproximei meu rosto do peito de Peeta. – Nossa! – exclamei, colocando minha mão no peito de Peeta e o apalpando. – Você tem... um corpinho, heim? Que músculos são estes?!

– Katniss, por favor, chega! Ei, o que você está fazendo?

Neste momento estava tentando subir a camisa de Peeta.

– Nossa tem botões! – comecei a desabotoar a camisa dele.

– Para com isso!

– Só quero ver seus músculos!

Peeta pegou minhas mãos e as segurou. Neste instante seu celular tocou, e ele se viu obrigado a soltar uma de minhas mãos para atender.

– Ah, graças a Deus! – disse atendendo ao celular. – Posso ir?

Minha mão livre foi parar dentro da camisa de Peeta, comecei a percorrer seu peito.

– Katniss, para com isso! – disse Peeta, desesperado, sem saber o que fazer. – Darius, estou saindo! – desligou o celular.

– Peeta, eu sou uma girl on fire! – comecei a cantarolar a música. – Preciso que alguém apague meu fogo!

Não acredito que fiz isso, quero me jogar pela janela, depois cavar um buraco que me leve até a China, e trocar de nome.

– Vai dizer que não se lembra? – pergunta Peeta com os braços cruzados, me olhando.

– Não, é claro que não – me apresso em responde. Nunca revelarei este segredo ao mundo, nunca.

– Depois de tentar tirar minha roupa, você... – olha para mim com raiva. – Me mordeu e vomitou em mim.

Mais imagens vêm a minha mente.

– Preciso apagar meu fogo! – gritei, tirando minha mão de dentro da camisa de Peeta.

– Katniss, vou levar você daqui – ele ligou o carro, e começou a dirigir.

– Peeta, sou uma girl on fire! – me aproximei da orelha de Peeta e dei uma mordida.

Peeta parou o carro imediatamente.

– Katniss! Você me mordeu?! – falou, enquanto segurava sua orelha com medo de mais um de meus ataques.

– E vou morder outra coisa! – dei uma risada e me aproximei dos lábios de Peeta.

Porém, antes de fazer qualquer coisa, algo começou a querer sair de minha garganta, soltei tudo em cima de Peeta.

– Katniss, você não fez isso?! – disse ele, sem reação, paralisado pelo choque.

– É fiz... – disse, limpando minha boca com a mão.

– Vamos embora daqui, antes que eu mude de ideia, e te deixe na rua!

Peeta começou a dirigir, enquanto eu cantarolava a música girl on fire.

Eu vomitei em Peeta Mellark? Pelo menos eu fiz uma coisa boa, quando estava bêbada. Olho para Peeta que está ao meu lado.

– Eu não me lembro disso! E como eu vim parar aqui? – preciso mudar de assunto, antes que ele desconfiei que eu me lembro desta parte.

– Os paparazzi começaram a nos perseguir. Eu estava todo vomitado, com um cheiro horrível, e para despistar os paparazzi tive que atravessar praticamente a cidade inteira. Estava muito longe de onde você mora, e quase tinha certeza que os paparazzi podiam aparecer novamente a qualquer momento, decidi que o melhor era vir para minha casa.

Agora eu sei onde estou, na casa de Peeta.

– Mas por que eu estou assim? – indico a camiseta que estou vestindo. – Você tirou minha roupa?

Peeta solta um suspiro.

– Você acha que ia querer tirar sua roupa? Francamente, Katniss, não sei da onde você tira estas ideias! E quem queria me ver sem roupa era você! Foi você mesma colocou esta camiseta.

Novamente minha mente é invadida por imagens.

Peeta tenta me tirar do carro.

– Katniss, sai logo deste carro! – disse, pegando em meu braço.

– Eu não vou sair daqui. Eu sou uma girl on fire.

Peeta deu um longo suspiro, e me pegou em seus braços.

– Tente não vomitar de novo em mim! – disse, enquanto me carregava até a entrada de sua casa.

Passei meus braços por seu pescoço. Peeta me colocou no chão para abrir a porta de sua casa.

– Vem, Katniss! – pegou em minha mão, me levando para dentro de sua casa.

– Uau, sua casa é igual a dos astros do cinema! Ah, é, você é um astro do cinema!

– Fique aqui, Katniss, enquanto eu vou trocar de roupa!

Peeta subiu as escadas. Depois de alguns minutos também subi as escadas. Vi uma porta aberta no imenso corredor do andar superior da casa. Me aproximei da porta aberta. Era o quarto de Peeta.

Ele havia acabado de tomar banho, pois seus cabelos estavam molhados. Vestia uma calça de moletom, enquanto colocava a camiseta. Porém, antes que ele colocasse a camiseta, retirei-a de suas mãos.

– Katniss, o que você está fazendo aqui?

– Quero esta camiseta para mim.

– Tá legal, pegue a camiseta – falou, já cansado demais para tentar me impedir de fazer qualquer coisa.

Começo a retirar, meu vestido.

– Katniss! – me repreendeu.

No entanto, o ignoro e continuo a retirar meu vestido. Peeta saiu do quarto e voltou depois de alguns minutos com algo nas mãos.

– Tome isso – disse, me estendo uma caneca.

– O que é isso? – perguntei, pegando a caneca de suas mãos.

– Remédio, beba isso, pelo menos sua ressaca amanhã será menor.

Engoli o conteúdo da caneca.

– Isso é ruim – fiz uma careta.

– É ruim, mas vai deixar você com menos ressaca. Não quero gravar amanhã, com alguém de ressaca.

– Vamos dormir! – disse me aproximando de Peeta.

– Está bem, você pode dormir no quarto de hóspedes que fica no final do corredor.

– Não, vamos dormir juntos!

Saltei sobre Peeta e o agarrei em um abraço. Peeta tentou se soltar, mas não conseguiu muita coisa – da onde eu tirei tanta força? – no final Peeta se deu por vencido e desistiu de lutar contra mim. Eu o empurrei até a cama, cai em cima de seu corpo, apoiei minha cabeça sobre o peito nu de Peeta e dormi com ele entre meus braços.

Olho com o canto dos olhos para Peeta.

– E então? – ele me encara.

–Você está mentindo!

Jamais vou admitir que fiz isso. E eu estava bêbada! Foi o momento mais vergonhoso de toda a minha vida. Ninguém precisa saber que eu lembro, ninguém. É isso Katniss, foi apenas um pesadelo, você não deu em cima do Peeta, não mesmo! Odeio, minha versão bêbada.

– Ah, eu estou mentindo! – fala sarcasticamente. – E o que você fala da minha roupa toda encharcada de vomito? Meu vomito é que não é. Me explica isso! – me encara. – Estou esperando.

– Eu não lembro de nada, então você pode muito bem ter vomitado!

– Peeta! – uma jovem bate na porta, interrompendo nossa discussão, reconheço Portia, a assistente de Peeta.

– Me desculpa! – fala Portia. – Não sabia que você estava acompanhado... – ela parece envergonhada, tentando não olhar para mim ou para Peeta. – É que você está atrasado para as gravações... por isso vim te acordar... O carro está te esperando...

– Tudo bem, Portia. Pode sair, eu já vou – fala Peeta, se levantando da cama.

As gravações, tinha esquecido completamente disso. Hoje volto a filmar. A semana de folga das gravações terminou.

– Katniss, nem pense em me seguir até o banheiro! – diz, me olhando.

– E por que eu faria isto?

– Depois da noite de ontem, eu não duvido de mais nada!

– Aquilo foi um acidente... Eu estava bêbada... E... eu não lembro de nada!

– Sei... – me lança um olhar sugestivo. – De qualquer forma, temos gravações hoje... Acho melhor você tomar um banho... Desde que não seja comigo – acrescenta.

– É óbvio que não quero tomar banho com você! – resmungo.

Peeta está pedindo por outro soco na cara?

– Tem um banheiro, no quarto de hóspedes e... – pega uma muda de roupa no guarda-roupa – Vista isto...

– Por quê?

– Porque não dá tempo para você ir até sua casa trocar de roupa, já estamos o suficiente atrasados para isto. Você não vai querer, aparecer nas gravações com aquele vestido de ontem? – pergunta, vendo minha hesitação em aceitar suas roupas.

Minha intenção é recusar as roupa, mas não tenho alternativa, não quero aparecer no set de gravações, com o vestido de ontem, que está horrível, todo amarrotado, ele está jogado em um canto do quarto. Bufo e pego as roupas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? Odiaram? O que acharam do modo bêbada da Katniss? Será que o Peeta vai dar mais bebida para ela?