PDV Lyra

Quando eu desci na hora do jantar o pessoal das outras casas ainda estavam comentando sobre o boato de Draco e eu, e a coisa só aumentou quando eu vi aquele loiro vir em minha direção bufando de raiva.

-Anderson! –Ele gritou.

Todos os alunos nos corredores pararam para ver.

-Eita povinho fofoqueiro! –Falei olhando as corvinais ali perto.

-Que história é essa de que eu e você estamos juntos? –Ele perguntou me puxando pelo braço e levando para o lado para que ninguém ouvisse.

-Não fui eu ok? Aquelas garotas que nos viram no corredor quando eu caí em cima de você criaram esse boato.

-Pois trate de acabar com isso! –Ele falou irritado.

-Pode ficar tranquilo que eu já dei um jeito, Ah, mas se eu pegar a Parvati sozinha aquela vadiazinha não me escapa.

-O que você fez? –Ele perguntou confuso.

-Eu dei umas tapas na cara da Lilá.

-Você... Bateu nela? –Ele me olhou incrédulo.

-Claro! –Falei como se fosse óbvio.

Ele me encarou boquiaberto por uns segundos e então soltou uma risadinha baixa e espontânea.

Ele riu? DRACO MALFOY ACABOU DE RIR! Isso não é algo que se vê todo dia, pelo menos não sem um pingo de sarcasmo.

Não pude evitar sorrir de lado. Então uma dúvida surgiu na minha cabeça de repente e uma sombra caiu no meu rosto.

-Draco...?

-O que é? –Ele perguntou arqueando a sobrancelha.

-Se seu pai descobrir essa história pode acontecer a mesma coisa que aconteceu no beco diagonal ano passado? –Perguntei baixinho.

O loiro ficou rígido e fez uma careta.

-Não é da sua conta! –Falou ríspido.

Então ele virou as costas e saiu bufando.

Eu tinha que dar um jeito de acabar com esse boato ou quem sofreria as consequências não seria eu, mas o Draco.

---

PDV Rose

Quando eu desci para o salão principal na manhã seguinte o comentário do dia era sobre a briga de Lyra e Lilá, ainda bem que o boato sobre o caso deles foi desmentido pelo pessoal da Grifinória e todo mundo desacreditou da Lilá.

-Bom dia Gina. –Falei sorrindo e sentei-me à mesa.

-Bom dia. –Gina sorriu e ficou olhando para a porta.

-Esperando alguém? –Perguntei com a sobrancelha arqueada.

-O quê? –Ela virou o rosto para mim, um pouco confusa.

-Eu perguntei se você está esperando alguém! –Falei rindo.

Ela pareceu um pouco vermelha e baixou o rosto.

-Está esperando meu irmão não é?

Ela acenou que sim e eu dei uma gargalhada.

-Mas não é por isso que você está pensando. –Ela foi rápida em me corrigir. –É que ele está com a nova Firebolt e eu estou louca para ver a cara dos sonserinos.

Gina estava com uma expressão malvada e seu olhar era um pouco obsessivo.

-Nossa! –Falei um pouco assustada. –Você leva essa briga de Grifinória e Sonserina bem a sério.

-É claro. Sonserinos são cobras Rose e estão apenas esperando uma fraqueza nossa para dar o bote. –Ela falou firme.

Dei um risinho nervoso.

-Você é louca. –Falei por fim.

-Se eu sou louca você não vai reclamar que eu faça isso.

Ela colocou o dedo dentro de um potinho de geleia e melecou minha bochecha e começou a rir.

-Deixa só eu te pegar e você vai ver quem ri por último. –Falei ameaçando-a.

Neville que estava ao meu lado fez uma careta.

-Eu queria essa geleia. –Ela falou tristemente.

Eu passei o dedo na geleia do meu rosto e coloquei no pãozinho que ele segurava.

-Aí sua geleia! –Falei simples.

-Eca! –Simas falou olhando o pãozinho.

Gina começou a rir e eu ri junto com ela.

---

PDV Nate

Quando Harry acordou eu já estava acordado, o cara estava animado com o jogo de quadribol e eu tinha até medo de levantar na cama e olhar Lyra, a garota devia estar um poço de nervos.

-Você vem Nate? –Harry perguntou, ele levava a firebolt nos ombros.

-Vou sim. –Sorri.

Eu, Harry e Rony fomos conversando até o salão principal e quando chegamos... O pessoal parecia achar que a vassoura merecia um lugar de honra então colocaram ela bem no meio da mesa da Grifinória.

-Povo estranho, é só uma vassoura! –Falei rindo.

-Só uma vassoura?! –Alguém gritou ofendido.

Olhei para trás e Lyra estava com a boca aberta e as mãos no peito como se tivesse levado uma facada, ela veio em minha direção.

-Bom dia Lyra. –Falei sorrindo.

-Não é só uma vassoura! É A vassoura! Você não entende! –Ela bufou irritada.

-Bom dia Lyra! –Rose passou ao nosso lado segurando uma torrada com geleia.

-Bom dia. –Lyra respondeu sorrindo e voltou a me olhar séria. –Como você pode falar dela como se fosse uma vassoura qualquer? É até um insulto...

-Bom dia Lyra. –Hermione falou passando por nós e sentando ao lado de Gina.

-Bom dia. –Lyra respondeu e continuou sua discussão. –Você devia procurar saber mais sobre ela antes de falar alguma coisa, ela é incrível, parece responder aos pensamentos ao invés do toque...

Ela continuou falando e falando e falando...

Sentei-me à mesa e peguei um copo de suco de abóbora enquanto Lyra encanava num monólogo sem fim sobre as qualidades da nova firebolt.

-Nate você está me ouvindo?! –Ela reclamou.

-Não! –Falei simples e mordi um cookie.

Todo o pessoal do time que estava por ali começou a rir e Lyra deu um sorrisinho sarcástico.

-Seu chato! –Ela reclamou rindo.

Dei um beijo na bochecha dela.

-Você está nervosa com o jogo? –Perguntei.

-Um pouco. –Ela disse por fim.

O pessoal das outras casas ficava passando para olhar a nova vassoura do Harry, Cedrico Diggory veio cumprimentar Harry e parabenizar por ter achado uma substituta tão perfeita para a sua Nimbus, a namorada no Percy, Penélope, também deu uma passadinha por lá e pediu para pegar.

-Ora, ora, Penelope, nada de sabotagem. –Percy disse cordialmente. –Penelope e eu fizemos uma aposta, dez galeões ao vencedor da partida!

Penelope devolveu a vassoura para Harry sorrindo e agradeceu voltando para a sua mesa.

-Harry não deixe de ganhar! –Percy falou num sussurro urgente. –Eu não tenho dez galeões! Estou indo Penny.

Então ele correu para comer uma torrada com a garota.

-Tem certeza que você sabe montar nessa vassoura Potter? –Uma voz arrastada e fria falou.

Todo o time da Grifinória virou para ver, Draco e seus dois brutamontes, Crabbe e Goyle.

-Acho que sim. –Harry disse descontraído e até deu um sorrisinho convencido.

-Tem muitas características especiais não é? –Malfoy falou com os olhos brilhantes, aí vem coisa. –Pena que não venha com um pára-quedas, para o caso de você chegar muito perto de um dementador.

Crabbe e Goyle deram risadinhas sarcásticas.

-Pena que você não possa acrescentar braços na sua Malfoy. –Harry falou irônico. –Assim ela poderia apanhar o pomo para você.

Essa nem eu aguentei, todo o time da Grifinória começou a rir, Lyra estava com a mão em frente a boca, rindo, e olhava Harry impressionada.

Os olhos de Draco se estreitaram e ele se afastou.

-Quem é você e o que fez com meu melhor amigo? –Lyra perguntou fazendo graça.

---

PDV Lyra

Eu entrei no vestiário e respirei fundo.

-Geralmente quem fica nervoso assim nas partidas é o Harry. –Fred falou sorrindo.

-Não sei o que está acontecendo comigo! –Falei séria.

-Isso tem alguma coisa a ver com o boato? –Jorge perguntou.

-Talvez! –Falei sincera. –Eu ainda to puta da vida, queria meter umas tapas bem dadas na cara da Parvati e estaria com a alma lavada.

Fred e Jorge riram animados.

O time já estava todo pronto e Olívio olhou pra todos e cada um de nós.

-Vocês sabem o que fazer. –Ele disse nervoso. –Se perdermos essa partida estaremos fora do campeonato. Vocês só tem que voar como fizemos no treino de ontem e vamos nos dar bem!

Então todos começaram a sair para o campo, eu e Harry ficamos por último, antes que Fred saísse do vestiário ele virou em minha direção.

-O que foi Fred? –Perguntei.

Para minha maior surpresa ele desceu o rosto até o meu e suavemente juntou nossos lábios por não mais que dois segundos.

-Para dar sorte! –Ele disse sorrindo de lado e saiu andando como se nada tivesse acontecido.

Fique estática. Não consegui me mexer depois disso.

-Então... –Harry disse meio desconfortável.

Olhei para ele e o garoto estava com um sorriso sarcástico.

-Não fale nada. –Eu disse revirando os olhos.

Harry soltou uma gargalhada enquanto me empurrava para o campo. Os jogadores da Corvinal já estavam por ali e eu me dirigi para perto das meninas. Olhei ao redor no campo e notei a apanhadora da Corvinal sorrir brilhantemente para Harry, o garoto pareceu engolir seco.

-Mas que vadia! –Reclamei.

As meninas me olharam confusas.

-O que foi Lyra? –Angelina perguntou.

-A apanhadora da Corvinal, está usando a beleza dela para deslumbrar o Harry!

As meninas olharam para a tal Cho Chang com as bocas ligeiramente abertas, numa expressão incrédula.

-Wood, Davies, apertem as mãos. –A professora Hooch gritou. –Montem as vassouras quando eu apitar... Três... Dois... Um...

Subi na vassoura e voei em direção as meninas que estavam perto das balizas.

-Vamos acabar com esse time meninas, agora é questão de honra, ninguém mexe com meu irmão. –Falei irritada.

As meninas sorriram e voaram aceleradas.

-Foi dado início a partida e a novidade é a Firebolt que Harry Potter está montando pelo time da Grifinória. Vassoura essa que será escolhida pelos times nacionais para o Campeonato Mundial esse ano... –Jordan Narrou.

-Jordan se importa de nos contar o que está acontecendo no campo? –Mcgonagall perguntou.

-Claro, professora, eu só estava situando os ouvintes. Aliás, a nova Firebolt tem freio automático...

-Jordan! –Ralhou Minerva.

-Ok, Grifinória tem a posse da bola, Katie Bell está voando em direção a Baliza...

Desliguei-me da narração e fui ajudar Katie com a Goles, ela jogou para Angelina e depois para mim, que joguei de volta para Katie que marcou ponto!

-Isso! –Gritei.

-Não parem, não parem! –Olívio gritou voando ao meu lado.

A posse da Goles estava com Corvinal e eu voei em direção ao artilheiro.

Ouvi um ‘ohh’ da torcida e percebi que Harry quase levara um balaço.

Angelina passou pela frente do garoto que deixou a Goles cair, voei por baixo e peguei a goles rapidamente jogando para Katie que estava próxima das balizas e fez mais um ponto.

-De novo! –Eu e Angelina gritamos animadas.

Tive tempo de olhar para Harry e notei que ele era seguido de perto pela tal de Chang, eita garotinha chata hein. Fiz um barulhinho de desagrado na garganta. O jogo continuava, nós estávamos ganhando de lavada e eu e as meninas não demos trégua, num certo momento Fred passa do meu lado com um sorriso convencido como se o beijo dele que tivesse me ajudado a marcar os pontos.

-Nem ouse falar nada ou vai dar azar! –Gritei.

-Eu nem abri a boca! –Ele gritou de volta.

Angelina passou ao meu lado e jogou a goles nos meus braços, voei em direção as balizas, o goleiro estava me esperando, fingi que iria por baixo e puxei o cabo da vasoura indo por cima, joguei meu corpo para o lado e fiquei de cabeça para baixo, joguei a Goles no aro e marquei mais um ponto.

-Grifinória lidera por oitenta pontos a zero e olhem só o desempenho daquela Firebolt! –Lino narrou impressionado. - Potter está realmente mostrando o que ela é capaz de fazer, vejam como muda de direção, a Comet da Chang simplesmente não é páreo para ela. O balanceamento preciso da Firebolt é...

-JORDAN! VOCÊ ESTÁ GANHANDO PARA ANUNCIAR A FIREBOLT? VOLTE A NARRAR O JOGO!- Mcgonagall gritou.

Corvinal começou a jogar na retranca e conseguiu marcar trinta pontos, agora a Grifinória estava apenas com cinquenta pontos de diferença, se Cho apanhasse o pomo antes de Harry Corvinal ganharia a partida.

Olhei para Harry e ele estava perto das balizas da grifinória, deu um impulso para frente, mas Cho Chang o bloqueou, Harry parou para não derrubá-la e evitar uma colisão.

-O quê?! –Gritei irritada.

-HAARY ISSO NÃO É HORA PARA CAVALHEIRISMOS! –Olívio gritou. –SE FOR PRECISO DERRUBE-A DA VASSOURA.

-Isso! Até que enfim alguém deu um conselho que preste. –Falei irritada voando em direção ao artilheiro da Corvinal que estava em posse da Goles.

Naquele momento o campo parou, Harry havia dado um mergulho, provavelmente viu o pomo, ele subiu em seguida com Chang na cola dele, então foi aí que aconteceu, do lado esquerdo do campo vinham voando três dementadores, grandes e negros.

-Não é possível! Nem está frio! –Falei surpresa.

Voei em direção a Harry, mas antes que eu fizesse alguma coisa meu amigo tirou a varinha das vestes e gritou.

-EXPECTO PATRONUM.

Uma coisa prateada irrompeu da varinha dele, era grande e... Incrível! Eu parei e sorri impressionada. Harry ao contrário de mim não parou e continuou voando em direção ao pomo e então suas mãos se fecharam sobre aquele minúsculo ponto dourado.

O apito soou!

-A gente ganhou! –Eu gritei.

Todo o time voou em direção a Harry e logo ele estava perdido num mar de vermelho e dourado, só tive tempo de lhe dar um beijo animado antes que as meninas me puxassem para um abraço em grupo.

Olhei ao redor no campo e os torcedores começaram a invadir, Rony estava na frente e logo Harry era levantado por uma multidão Grifinória, parecia que tínhamos ganhado o campeonato ao invés de só um jogo. Voltei para perto de Harry e segurei seu braço, ele sorriu feliz para mim.

-Aquele Patrono foi lindo! –Falei baixinho para que ele ouvisse.

-Sim! –Rony gritava. –Sim! Sim!

Rose conseguiu entrar pelo meio das pessoas e a vi se jogar nos braços de Harry passando as pernas pelo corpo dele, que a segurou num abraço apertado.

-Você ganhou! Você ganhou! –Ela repetia e começou a dar beijos animados no rosto dele.

-Grande partida Harry! –Percy falou alto. –Dez galeões para mim! Preciso falar com Penelope, com licença...

-Parabéns Harry! –Simas falou.

-Brilhante! –A voz de Hagrid soou grossa pelo campo.

-Foi um patrono impressionante. –Eu e Harry ouvimos uma voz falar atrás de nós.

Viramos juntos e o Prof Lupin olhava para nós sorrindo, Harry ainda segurava Rose num abraço apertado.

-Os dementadores não me afetaram nada! –Harry disse excitado, seus olhos brilhavam. –Eu não senti nada!

-Engraçado, eu também não senti! –Falei rindo. –Nem frio.

-Foi por que eles... Hum... Não eram dementadores. –Lupin explicou.

-O que?! –Eu e Harry exclamamos juntos.

-É verdade, venham ver... –Rose disse animada e desceu do colo do Harry.

Lupin então puxou Harry e eu para a lateral do campo, Rose veio junto.

-Você deu um grande susto no senhor Malfoy. –Disse Lupin.

Fiquei chocada! Amontoados no chão estavam Crabbe, Goyle, Malfoy e Flint, o capitão da Sonserina, lutavam para tirar umas vestes longas e pretas, com capuz.

-Desgraçados! –Reclamei.

Mcgonagall estava ali com eles, com uma expressão de fúria no rosto.

-Um truque indigno! –Ela brandou irritada. –Uma tentativa baixa e covarde de sabotar o apanhador da Grifinória. Detenção para todos e menos cinquenta pontos para Sonserina! Vou falar com o prof. Dumbledore, não se iludam. Ah, aí vem ele!

Wood se aproximou de nós e começou a gargalhar olhando os quatro.

-Vamos Harry! Lyra! –Jorge chamou animado. – Festa! Sala comunal da Grifinória! Agora!

-Certo! –Harry respondeu sorrindo e soltou um suspiro de alívio.

Eu não lembrava de tê-lo visto tão feliz há algum tempo, sorri animada, Rose estava agarrada ao braço do irmão, Rony comemorava animado no campo com Simas e Dino, notei Nate e Hermione indo em direção ao castelo, conversavam animados, Nate olhou em minha direção e acenou com os polegares para cima.

Suspirei contente.

-O que foi? –Lupin perguntou para mim.

-Todos que eu amo estão felizes. –Falei olhando em sua direção. –E eu fico feliz.

-Você é uma garota muito boa Lyra.

-Gosto de pensar que sou.

---

A festa no salão comunal da Grifinória durou o dia inteiro, num certo momento do dia Fred e Jorge sumiram pelos corredores e eu os segui. Eles foram direto para a estátua da bruxa de um olho só.

-Meninos! –Eu falei.

Os dois deram um pulo e viraram em minha direção.

-Lyra! –Eles exclamaram juntos.

-Indo dar um passeio em Hogsmead? –Falei sorrindo.

-Talvez. –Jorge disse sorrindo.

-Posso falar com você rapidinho Fred? –Perguntei.

Jorge encostou-se à parede e Fred veio falar comigo.

-Pode falar.

-Por quê? –Perguntei.

Ele sabia do que eu estava falando, o beijo que ele me deu antes da partida.

-Deu sorte não foi?

-Já ganhamos algumas vezes antes sem precisar que você me beijasse Fred. –Falei sarcástica.

-Sei lá, você é tão... Beijável. –Fred deu de ombros.

Franzi o cenho.

-O que? –Perguntei confusa.

Ele sorriu maroto.

-Depois a gente se fala Lyra, tenho que ir pegar umas cervejas amanteigadas.

Fred virou as costas e Jorge veio em minha direção sorrindo, antes que eu processasse Jorge desceu seus lábios sobre os meus e me deu um selinho rápido, como o irmão havia feito.

-Ele já beijou duas vezes e eu nenhuma! –Jorge falou rindo.

-Ei! Cada um que venha e tire uma casquinha? –Falei revoltada. –O que vocês acham que minha boca é?

Os dois sorriram idênticos.

-Gostosa. –Falaram juntos.

-Calem a boca. –Falei rindo e voltei para o salão comunal.

Ok, eu tenho que aprender a lidar com essa fixação estranha dos gêmeos pela minha boca e pará-la antes que essa história fique perigosa para a minha sanidade.

---

Quando voltei para o salão comunal todo mundo estava comemorando, todos menos uma pessoa...

-Mione você vai ficar maluca. –Nate disse sentado ao lado dela.

Hermione lia um livro de título Vida doméstica e hábitos sócias dos trouxas britânicos. Por que ela lê isso se os pais dela são trouxas?

Harry se aproximou dela no mesmo momento que eu.

-Você ao menos foi ao jogo? –Harry perguntou.

-Claro que fui! –Hermione respondeu com a voz aguda sem tirar os olhos do livro.

-Ela estava do meu lado. –Nate respondeu.

-E estou muito contente que a gente tenha ganhado, achei que você jogou muito bem, mas tenho que ler isso até segunda-feira. –Ela falou.

-Tempo parece ser seu maior problema ultimamente não é? –Falei, sabia que ele iria entender a indireta.

-Vamos Mione, venha comer alguma coisa. –Harry pediu.

-Não posso. Ainda tenho quatrocentas e vinte e duas páginas para ler. –Ela respondeu num tom ligeiramente histérico. –Além do mais, acho que ele não quer minha companhia. –Ela olhou para Rony.

Quando a isso não existe dúvida, por que Rony escolheu aquele momento para dizer.

-Se perebas não tivesse sido devorado ele podia ter comido uma mosca de chocolate, ele gostava tanto.

Hermione o encarou, chorosa, e saiu correndo soluçando.

-Hermione! –Nate gritou correndo atrás da garota.

Virei irritada em direção a Rony e lhe dei uma tapa na cabeça.

-Ai Lyra! –Ele reclamou.

-Você está sendo cruel! –Reclamei.

-Será que você poderia dar um tempo a ela? –Harry pediu.

-Não! –Ron falou firme. –Se ela ao menos mostrasse que lamenta, mas jamais vai admitir que errou. Continua a agir como se perebas tivesse saído de férias ou coisa do gênero.

Fiquei muito irritada, bufei e subi as escadarias atrás de Hermione, ela estava deitada na cama e enxugava as lágrimas.

-Mione... –Falei carinhosa. –Não ligue para o Rony, ele é um idiota.

Eu deitei com ela na cama e fiquei fazendo carinho no seu cabelo, não demorou muito para que ela dormisse. Pude ouvir a professora Mcgonagall grita lá em baixo para que os alunos fossem dormir e vários pares de pés começaram a se arrastar para os quartos, portas bateram e camas rangeram.

Logo o silêncio reinou.

Levantei da cama da Hermione e fui para o banheiro tomar um banho, não estava com um pingo de sono, amarrei meu cabelo num coque frouxo e vesti minha camisola, desci para o salão comunal apreciando o silêncio e deitei a cabeça na poltrona olhando o fogo na lareira.

Toquei meu colar delicadamente e suspirei.

-AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH. –Um grito cortou a noite.

Levantei num pulo e olhei ao redor, do dormitório masculino uma sombra desceu correndo e foi em direção ao buraco do retrato, mas na metade do caminho a sombra estancou e virou em minha direção. Aproximou-se a passos lentos, meu coração batia tão rápido e alto que eu tinha a impressão de que aquele estranho poderia ouvir.

Então a luz da lareira iluminou parte do seu rosto e eu pude ver...

-Sirius Black. –Ofeguei.

Então a sombra virou de volta para o buraco do retrato e saiu correndo, pude ouvir passos pelas escadarias e saí atrás dele sem pensar no que estava fazendo, corri em direção ao som dos passos e quando estava perto do jardim parei. Ele estava parado, me esperando.

-Você está usando o colar. –Ouvi a voz grossa falar.

Olhei para a sua mão que se movia nervosamente, ele segurava firme o cabo de alguma coisa e eu vi o brilho da lâmina.

-Você está com uma faca. –Falei sufocada.

Dei um passo para trás e ele correu na direção contrária a minha sumindo na escuridão do castelo. Fiquei ali parada, estática, então alguma coisa pareceu encaixar na minha cabeça, eu havia ouvido um grito e Sirius Black desceu do dormitório masculino.

-Harry! –Gritei.

Corri de volta para o salão comunal da Grifinória tão rápido como se minha vida dependesse disso. Parei em frente ao retrato.

-Górgonas galopantes! –Gritei.

Sir Cadogan falou alguma coisa antes de abrir a porta, mas eu não dei atenção, o retrato se abriu silenciosamente, toda a Grifinória estava ali, inclusive a professora Mcgonagall, ninguém havia me visto ainda, todos estavam concentrados em Rony que gritava.

-NÃO FOI UM PESADELO. PROFESSORA EU ACORDEI E SIRIUS BLACK ESTAVA PARADO AO MEU LADO SEGURANDO UMA FACA.

A professora o encarou séria.

-Não seja ridículo senhor Weasley, como seria possível ele passar pelo buraco do retrato?

-Pergunte a ele! –Eu falei irritada apontando para o retrato de Sir Cadogan.

Toda a Grifinória olhou para mim, Mcgonagall franziu o cenho.

-Senhorita Anderson, onde você estava? –Ela perguntou severa.

-Eu estava no salão comunal quando alguém gritou e Sirius Black desceu as escadarias do dormitório masculino! –Falei séria. –Eu o segui, mas ele conseguiu fugir.

Um silêncio incômodo desceu na sala, o ambiente pareceu se tornar um pouco mais frio.

-Isso não é possível. –Mcgonagall sussurrou chocada.

Ela empurrou a porta e olharam para Sir Cadogan, todos procuraram escutar. Nate veio em minha direção junto com Harry e Rony, eu balancei a cabeça indicando que contaria mais tarde.

-Sir Cadogan, o senhor acabou de deixar um homem entrar na Torre da Grifinória? –Minerva perguntou.

-Certamente que sim, minha boa senhora. –O cavaleiro exclamou.

Fez-se um silêncio de espanto dentro e fora do salão comunal.

-O senhor... O senhor deixou? Mas... E a senha? –Ela perguntou.

-Ele sabia! –O cavaleiro respondeu com orgulho. –Tinha as senhas da semana inteira, minha senhora. Leu-as num pedacinho de papel.

Eu abri minha boca em espanto. A professora Mcgonagall voltou a fechar o retrato e entrou no salão da Grifinória, branca como giz.

-Quem foi a criatura abissalmente tola que escreveu as senhas num papelzinho e as deixou por aí?! –Ela perguntou com a voz trêmula.

Um gritinho abafado de terror foi ouvido e Neville Longbottom, tremendo da cabeça aos pés, levantou a mão.