PDV Rose

Harry deitou a cabeça da poltrona e suspirou. Estava rodeado de livros e pergaminhos.

-Você está cansado. –Falei séria. Harry levantou a cabeça e sorriu para mim.

-Só ando fazendo muita coisa ao mesmo tempo.

-Eu sei. –Sorri divertida. –Quadribol... Aulas extras com o professor Lupin... Além das aulas normais e os deveres.

-Você anda informada. –Ela riu, divertido.

-Lyra. –Dei de ombros. –Ela também está tão atarefada quanto você.

Ele se acomodou na poltrona e me olhou constrangido.

-Desculpe Rose... Eu prometi a você que iríamos ficar mais próximos e não tenho te dado tempo. –Ele disse genuinamente arrependido.

Eu sorri carinhosa.

-Harry, com toda essa história acontecendo eu entendo que você não tenha tempo. Não estou guardando mágoa. Nós temos a vida toda pela frente e agora que você sabe que eu sou sua irmã não vai ser ver livre de mim tão fácil. –Falei divertida.

-E eu não pretendo. –Ele disse sincero.

Ela baixou o rosto para as mãos e eu soube que ele iria falar algo íntimo, eu estava o conhecia cada vez melhor.

-O que foi? –Perguntei.

-Eu... –Ele suspirou. –Eu não quero que você se afaste Rose. Eu gosto de saber que existe outra Potter além de mim. Eu não estou sozinho.

Eu sorri.

-Você nunca vai estar sozinho, você tem amigos, a Lyra, o Rony, Hermione, Nate...

-Mas a minha irmã é você. –Ele falou sorrindo carinhoso. –Existe algo em você que eu nunca terei com eles.

Senti lágrimas nos meus olhos, mas consegui conter. Puxei seu rosto para cima e olhei em seus olhos... Beijei sua fronte.

-Eu amo você. –Falei emocionada.

Harry pareceu encabulado. Sentei no chão em frente a ele e peguei um dos livros.

-O que está fazendo? –Ele perguntou.

-Eu vou te ajudar e terminar esses deveres, pelo menos assim você terá mais tempo para descansar.

Harry sorriu e começamos a fazer o trabalho juntos.

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PDV Lyra

Hermione estava sentada no salão comunal, ela escrevia num pergaminho que já devia ter uns cinquenta centímetros. Aproximei-me.

-Você terminou os argumentos para o caso de Hagrid? –Perguntei.

Ela acenou que sim sem parar de escrever.

-Na verdade já entreguei a ele. –Ela falou com um ar cansado.

Sentei ao seu lado, olhei ao redor no salão comunal, Nate e Rony jogavam um pouco de xadrez e Harry guardava alguns pergaminhos na companhia de Rose, os dois sorriam volta e meia. Já Hermione do meu lado não tinha tempo de notar isso tudo.

-Você não acha que está com muitas tarefas? –Perguntei como quem não quer nada.

-Não tenho tempo para conversar. –Ela falou suspirando.

-Você não tem tempo nem de respirar! –Reclamei. –Essa história de vira-tempo saiu pela culatra.

-Xiii... -Ela falou exasperada. –Não diga isso em voz alta.

-Ok desculpe. –Levantei as mãos.

-Olha Lyra, eu não posso conversar sobre isso agora, tenho que terminar isso.

Eu suspirei cansada de discutir.

-Tudo bem Hermione, dá um espaço que eu vou te ajudar a terminar isso.

-Jura?! –Ela me olhou com olhos brilhando.

Sorri e peguei uma pena.

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Os dias estavam passando e Harry parecia sempre mais angustiado, a professora Minerva estava com sua Firebolt e a partida contra Corvinal estava cada dia mais próxima.

As aulas antidementadores também não iam muito bem para o meu amigo, ele não conseguia manter o feitiço por muito tempo e nesse aspecto eu estava muito melhor que ele. Isso o deixava irritado. Nenhum de nós conseguiu um patrono corpóreo ainda.

-Você está esperando demais de si mesmo Harry. –O professor Lupin disse certa vez. –Para bruxos de treze anos, até mesmo um patrono pouco nítido é um grande feito. Você não está desmaiando mais, não é?

Eu decidi ficar quieta, pois o fato de estar melhor do que ele nisso o deixava amuado, principalmente por que ele precisava aprender e eu não.

-Eu pensei que... O Patrono transformasse os dementadores em alguma coisa. –Harry disse meio incerto. –Fizesse-os desaparecer...

-O verdadeiro Patrono faz isso. Mas você já faz muito em pouquíssimo tempo. Se os dementadores aparecerem na sua partida de quadribol você vai poder mantê-los a distância tempo o suficiente para voltar ao chão.

-O senhor disse que é mais difícil quando há muitos deles. –Harry comentou.

-Tenho total confiança em você, além do mais a Lyra vai estar lá certo?

Eu acenei que sim e sorri, Harry sorriu de volta, meio melancólico.

-Tomem... Vocês mereceram isso, uma coisa do Três Vassouras. Vocês não devem ter provado antes. –Professor Lupin falou pegando três garrafinhas da maleta.

-Cerveja amanteigada! Ah, eu gosto disso! –Harry exclamou de repente.

Olhei para ele de modo sugestivo e o garoto se encolheu levemente percebendo o que fez. Como ele iria gostar de cerveja amanteigada se nunca foi a Hogsmead para experimentar?

Lupin ergueu uma sobrancelha, desconfiado.

-Eu também gosto Harry. –Sorri falsamente. -Agradeço a Hermione por trazer.

-É... –Harry falou me acompanhando rapidamente. –Rony, Nate e Hermione trouxeram para nós de Hogsmead.

-Entendo. –Lupin falou, mas era óbvio que não acreditou em nós. –Bem... Vamos brindar a vitória da Grifinória sobre a Corvinal! Não que um professor como eu deva tomar partido...

Eu ri gostosamente.

-O senhor era da Grifinória? –Perguntei.

-Sim. –Ele sorriu e ficou olhando para cima, pensativo.

Então nós começamos a tomar a cerveja, um silêncio confortável caiu na sala, cada um pensando em alguma coisa.

Olhei para a porta e vi um vulto... Conheceria aquela cabeleira loira em qualquer lugar.

Draco Malfoy.

-Er... Eu tenho que falar com Hermione. Vejo você no salão comunal? –Olhei para Harry.

Ele acenou que sim, sorri para o professor.

-Até a próxima semana. –Acenei e fui saindo da sala.

Abri a porta da sala.

-Professor, o que é que tem debaixo do capuz de um dementador?

Pude ouvir Harry perguntar antes de fechar a porta.

Fui para o lado em que o loiro seguiu, andei pelos corredores correndo, passei pela Luna, ela olhava pela janela e mexia distraidamente no seu colar de garrafas.

-Luna, você viu o Draco passar por aqui? –Perguntei.

Ela virou para mim e sorriu.

-Ah, oi Lyra. Você disse Draco? Aquele garoto loiro?

-Sim, esse mesmo.

-Sim, ele seguiu naquela...

Não deixei nem ela terminar e corri na direção que ela apontou.

O que você está aprontando senhor Malfoy? Pensei comigo mesma sorrindo. A vontade de pegar o loiro fazendo alguma coisa errada me dava uma coisa no pé da barriga, como um frio estranho, uma excitação. É claro que eu sabia que não contaria a ninguém e isso me assustava, essa certeza de que eu não tinha vontade de prejudica-lo.

Eu sabia o que queria... Queria guardar um segredo dele. Queria que ele me contasse os seus segredos e essa constatação me assustava mais do que tudo.

Virei o corredor e dei de cara com a pessoa que eu estava procurando, nós nos esbarramos fazendo com que ele caísse para trás e eu caísse por cima.

-O... O quê? –Draco falou meio aéreo colocando as mãos na cabeça.

-Ah meu Deus! Eu machuquei você? –Perguntei preocupada.

-O que deu em você para correr pelos corredores desse jeito?! –Ele gritou irritado.

-Desculpe! Desculpe! Desculpe! –Falei arrependida.

Ele me olhou nos olhos e arqueou a sobrancelha.

-Está confortável? –Ele perguntou sarcástico.

Naquele momento notei que ainda estava em cima dele e meu rosto ficou quente. A porta que estava a nossa frente abriu fazendo um barulho alto e chamando a minha atenção e a de Draco, viramos o rosto ao mesmo tempo, de lá de dentro saíram Lilá e Parvati.

-Wow. –Parvati falou surpresa. –Desculpem, não queríamos atrapalhar.

Levantei-me rapidamente e me afastei do loiro que estava momentaneamente surpreso. Lilá colocou a mão em frente a boca surpresa e pude ver um sorriso malvado brotar.

-Com licença. –Ela falou cheia de sarcasmo e saiu dando risadinhas.

-Droga! –Resmunguei.

A maior fofoqueira da Grifinória acabou de me ver deitada em cima de Draco Malfoy num corredor... Eu estou ferrada.

-O que foi? –Draco perguntou levantando e tirando a poeira da roupa.

-Nada... Você está bem? –Perguntei preocupada e tentei tocar nele.

O garoto bateu em minhas mãos e fez uma careta.

-Não acha que já fez demais?! –Ele reclamou.

-Deixa de ser reclamão Draco.

Coloquei a mãos nos cabelos dele no lugar onde ele havia tocado antes e pude perceber uma pequena elevação no couro cabeludo antes que ele puxasse minhas mãos.

-Eu estou bem, ok? Agora dá para sair da minha frente Anderson?! –Ele quase gritou.

Virei de lado e fiz uma reverência irônica esperando que ele passasse.

-Você precisa colocar um pouco de gelo nesse calo. –Falei antes que ele fosse embora.

O loiro fingiu não me ouvir e passou direto, me ignorando.

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Voltei para o salão comunal e o pessoal estava todo animado, Harry estava com a sua Firebolt, pelo jeito Mcgonagall achou que estava na hora de devolver, ele olhou para mim e sorriu apontando para a vassoura, eu sorri de volta. Notei pelo recanto do olho Lilá e Parvati cochichando e mandando risadinhas em minha direção a olhei subindo para o quarto que, infelizmente, nós dividíamos.

Fui logo depois.

-Escuta aqui sua hiena superdesenvolvida, eu acho bom você não contar para ninguém sobre o que viu naquele corredor ou eu juro que vou fazer da sua vida um inferno. –Falei irritada.

Ela virou sorrindo malvada.

-Não sabia que gostava de Sonserinos Lyra, escolheu justamente o melhor deles não é? Eu sabia que era uma interesseira!

-Eu estou te avisando. Se alguém descobrir...

-O que você vai fazer?! –Ela perguntou petulante.

Aproximei-me dela sem desviar de seus olhos.

-Você não vai querer saber. –Falei sombria.

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PDV Nate

Eu estava sentado ao lado de Hermione, nós fazíamos o dever de Aritmancia... Quer dizer, eu fazia o dever de Aritmancia, ela estava fazendo o de Runas antigas, Estudo dos trouxas também.

Notei que Harry trazia sua vassoura nova e todo o salão comunal estava vibrando

-Está vendo Mione. –Rony falou. –Não havia nada de errado com ela.

-Bem... Mas podia ter havido! Quero dizer, pelo menos agora você sabe que ela é segura.

-Bem, eu suponho que sim. –Harry falou sorrindo, acho que nada o deixaria triste hoje. –Eu vou guarda-la lá em cima.

-Eu levo! –Rony exclamou ansioso. –Tenho que dar o tônico ao perebas.

Rony pegou a vassoura delicadamente como se pudesse quebrar ao menor toque, não pude evitar uma risadinha.

-Posso me sentar então? –Harry perguntou.

Eu ia responder que sim, mas percebi que ele perguntou a Hermione, eu sabia que o clima entre eles não estava dos melhores.

-Suponho que sim. –Hermione falou meio incerta e olhou para mim, eu sorri a encorajando.

Ela tirou alguns pergaminhos da cadeira ao seu lado e Harry se acomodou.

-Como é que você está conseguindo dar conta de tudo isso? –Harry perguntou confuso olhando para o grande número de pergaminhos.

-Acredite, eu vivo me perguntando isso. –Falei para Harry.

-Ah, bem... Vocês sabem, trabalhando a beça. –Ela disse simples e deu de ombros.

Lembrei-me do dia em que perguntei sobre isso a ela.

FLASHBACK

-Como você consegue conciliar isso tudo? Eu já teria ficado doido. –Falei surpreso.

Nós estávamos na biblioteca... Estudando.

-Eu dou o meu jeitinho. –Ela disse meiga.

Sorri.

-Hermione... –Falei em tom de aviso. –Você está notavelmente cansada, sério, está pior do que eu em noites de lua cheia.

Ela me encarou por um segundo e desatou a rir.

-Eu ainda não entendo como você consegue fazer comparações com isso tão livremente.

-A gente acostuma. –Dei de ombros. –Só... tente relaxar um pouco ok?

-Tudo bem Nate, vou tentar.

FIM DO FLASHBACK

Eu sei que ela não tentou, pois está cada dia pior e eu me preocupava.

-Por que você não tranca algumas matérias? –Harry sugeriu.

Ela fez uma cara tão ofendida que parecia que Harry tinha acabado de xingar o gato dela.

-Eu não poderia fazer isso! –Ela exclamou.

-Aritmancia parece horrível. –Harry tentou. Ele apanhou uma tabela numérica e olhou como se fosse grego ali escrito.

-Ah, não, é maravilhosa! –Hermione exclamou.

-Nisso eu tenho que concordar. –Falei dando suporte.

-É a minha matéria favorita! É...

Mas ela não conseguiu terminar sua fala, pois naquele momento um grito estrangulado ecoou pelo salão comunal vindo direto do dormitório masculino. Todo o salão caiu num silêncio repentino e eu ouvi dois pares de pés descerem as escadas, um do dormitório feminino e outro do masculino.

Lyra e Rony apareceram juntos na entrada, Rony trazia um lençol junto com ele. Senti cheiro de sangue no momento em que ele apareceu.

-Rony...? –Lyra tentou falar com ele.

Mas o garoto tinha destino certo, ele veio em direção a nossa mesa.

-OLHA! –Ele gritou em direção a Hermione. – OLHA!

Ele começou a sacudir o lençol na cara dela.

-Fique calmo Rony! –Reclamei. Ele também não precisava gritar tanto.

-Rony, o que...? –Hermione perguntava confusa.

-PEREBAS! OLHE! PEREBAS! –Ele gritava irritado.

Fui para frente de Hermione, fazendo espaço entre ela e Rony, ela se afastou do lençol, estava perplexa, havia uma enorme mancha vermelha no centro.

-SANGUE! –Rony gritava, todo o salão comunal ficou em silêncio atordoado. –ELE DESAPARECEU! E SABE O QUE TINHA NO CHÃO?

-N-não! –Hermione gaguejou.

Rony jogou alguma coisa em cima do pergaminho de Runas antigas, Harry e Mione se aproximaram para ver, mas eu já sabia o que era.

Vários pelos de felino, cumpridos e amarelos.

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