– Eu estou morrendo – sussurrei, coberta pelo cansaço. Minha visão ficava embaçada sempre que eu obrigava meus olhos a se abrirem. Desisti de lutar e me entreguei.

– Renesmee Carlie Cullen, levante desta cama agora e pare de drama!

– Poxa, Alice, fui dormir quase três horas da manhã ontem e você me obriga a acordar as sete! Faltar o trabalho um dia não mata ninguém, ok? Poderia muito bem dizer que estava mal. – revirei os olhos e levantei-me da cama, encarando a mesma logo em seguida.

Ela era tão grande... Macia... Quente... Tentei me jogar nela novamente, mas a baixinha me impediu.

– Você começou com esta história de emprego. E além do mais, trabalhar numa livraria não dá trabalho nenhum. – caminhei até meu closet – A onde pensa que está indo?

– Escolher minhas roupas? – revirei os olhos.

– Ah, não... Cabeceira. Se troque e desça logo. – encarei a cabeceira de minha cama, que estava com uma linda roupa. Suspirei, vestindo a mesma e encarando-me no espelho logo em seguida. Não estava tão mal... O que ficaria “ mal ” quando fora escolhido por Alice Cullen?

Fui ao banheiro e escovei meus dentes, penteei meu cabelo, que estava mais cacheado esta manhã, e então corri para fora.

– Finalmente, bela adormecida – Emmett riu – Achei que não conseguiria e não vai conseguir, aposto que estará dormindo hoje no trabalho. Que feio.

– Não sou fraca igual você, Emm – sorri diabolicamente – Quer apostar?

– Agora falou minha língua – ele levantou do sofá e correu para minha frente – O que estaremos apostando?

– Duzentos dólares. E, se eu perder, você poderá escolher o que eu terei de fazer... Mas se você perder, terá de se vestir de salsicha e entregar panfletos na rua – imaginei a cena e caí na gargalhada, assim como toda a família.

– E onde diabos eu arrumarei uma fantasia de salsicha? – ele perguntou incrédulo.

– Perto da livraria, tem uma lanchonete que está precisando de algum idiota para entregar os panfletos, e você será esse idiota. – dei-lhe um beijo na bochecha e caminhei para fora da mansão, procurando meu carro na garagem.

Comecei a dirigir pelas ruas de Forks, agora mais movimentadas, pois eu estava atrasada e já deveria ser tarde. Bocejei e cocei meus olhos, eu realmente estava com sono. Mas eu colocaria pregos em meus olhos se fosse preciso, eu tinha medo das escolhas de Emmett, e não poderia ficar a mercê do mesmo assim... Tão fácil.

– Perdão, Srta. Petersson, eu realmente não queria me atrasar – corri até o balcão desesperada.

– Oh, não se preocupe, menina. É segunda-feira e não temos muito movimento, apenas o de sempre – ela sorriu docemente, fazendo-me suspirar aliviada – Nessie, poderia recolher os livros da estante cinquenta? – perguntou ela.

– Claro, são os de mitologia, não são? – perguntei, ligando meu celular e iniciando um chat com Emmett, cheio de ameaças.

– São sim, mas tome cuidado. Aquelas estantes são muito velhas e temos alguns livros muito grossos lá, é perigoso quebrar algum osso se a mesma cair em cima de você. Não se preocupe, apenas tente encostar nela o mínimo possível. Farei as fichas e responderei alguns e-mails – e novamente, me retirei dali.

Andei pelos corredores, procurando pela estante. A biblioteca estava calma e quieta... Muito quieta. E eu gostava assim: Apenas eu e mim mesma. O silêncio era reconfortante, talvez me acostumara a passar as tardes com Jasper ouvindo algumas músicas dramáticas e lendo livros antigos. Finalmente achei a tal estante, era bem grande. Eu morreria fácil. Comecei a retirar os livros, olhando e passando a mão pela capa dos mesmos, os deixando empilhados ao meu lado. Um deles me chamou a atenção: Lendas Quileutes.

Estava muito em cima, não conseguiria pega-lo e muito menos poderia me apoiar na estante. Olhei em volta, e procurando um meio de pegar aquele livro sem causar minha morte e prejuízos para Lara Petersson. Ah, achei. Não... Nem sonhe com isso Renesmee. Eu não poderia... Eu fiz.

Subi nos livros, tentando me equilibrar para não cair, estiquei meu braço e consegui pega-lo. Não era um livro grande, para minha sorte. Encarei a capa, era chamativa, a leitura seria interessante... Então dou-me conta de onde estava, em uma perna só, equilibrada num monte de livros, tarde demais. Caí no chão.

– Maldição – sussurrei irritada. Levantei-me sem jeito e arrumei minha roupa, encarei o monte de livros em minha frente, alguns estavam sujos: Que bela assistente eu era, ironizei.

Suspirei, me abaixando, preparada para recolhe-los. Quando, sem um motivo humanamente lógico, olhei para frente, e percebi que alguém me encarava. Bufei, encarando o indivíduo, mas paralisei assim que o “ enxerguei ” melhor.

Algo nele me dizia para manter-me longe. Talvez suas roupas sadomasoquistas. Ou seus olhos curiosos, que me examinavam de cima a baixo. Corei levemente e desviei o olhar. Ele era lindo, mas mesmo assim, algo em mim me alertou para não me aproximar. Mas como não? Eu não conseguia desviar meu olhar, estava hipnotizada. Meu coração batia num ritmo frenético, na verdade, eu estava apavorada. Provavelmente sairia correndo e gritando feito louca. Só que não.

Ele sorriu. Ah, e que sorriso... Espere, dês de quando eu penso essas coisas? Balancei a cabeça e pisquei algumas vezes, voltando a realidade. Amontoei os livros num novo monte e, sem querer, ergui a cabeça para encara-lo. Péssima ideia. Levantei-me e dei dois passos para trás, os passos foram mais rudes do que deveriam e acabei batendo em alguma coisa.

– Oh, merda – murmurei, me virando para encarar a estante que balançava. Os livros foram para frente e caí de joelhos instintivamente, enquanto a estante sedia e caía em minha direção. Protegi minha cabeça e fechei os olhos e então esperei, mas nada aconteceu.

Abri os olhos e ergui a cabeça, a estante estava normal em seu lugar, assim como os livros. Olhei para trás, mas ninguém se encontrava ali. Meu coração estava prestes a atravessar meu peito, então tentei recompor minha pessoa. Suspirei duas vezes e me virei novamente, enquanto terminava de recolher os livros.

(...)

– Está tudo pronto, Nessie? – Lara perguntou, se aproximando, enquanto eu terminava de amontoar os livros.

– Sim – murmurei, apontando para a pilha de livros – O que preciso fazer agora?

– Nada, preciso responder a mais um e-mail e depois vejo o que há para fazer – ela sorriu gentilmente e se retirou. Peguei o livro sobre os Quileutes e comecei a lê-lo. Minhas pálpebras foram ficando pesadas, mas eu não poderia dormir... Ah, ninguém está vendo. Olhei em volta e me sentei numa poltrona, realmente não havia ninguém. Me acomodei na poltrona e iniciei minha leitura. Ao passar do tempo, fui cochilando, e quando entrei no estado de semiconsciência...

– Nessie? Ness? – alguém me chamava diversas vezes.

– Ah! O que? – me sentei com raiva e então bufei – O que você quer?

– Nossa, que bela recepção.

– Ah, oi Jake – sorri para o moreno, que retribuiu meu gesto – O que está fazendo aqui? Ainda é cedo.

– Na verdade, já estamos em horário de almoço – ele murmurou e eu pulei.

– Como assim? Mas eu cochilei um pouco e...

– Você estava quase dormindo – ele começou a rir.

– Ainda bem que você disse quase – revirei os olhos, sentindo um cheiro diferente – Emmett está aqui? – sorri maliciosamente.

– Está, ele estava contando que você estaria dormindo.

– Ela estava! Você viu! – Emm saiu de trás de uma estante e dizia desesperado.

– Lamento grandão, mas você perdeu – comecei a rir, levantando da poltrona e correndo para a recepção – Bom, nos vemos de tarde Srta. Petersson.

– Até mais, Nessie – sorri para ela e corri para fora da biblioteca.

– Próxima parada, lanchonete – encarei Emmett que bufava enquanto me seguia.

– Por que vamos a uma lanchonete? - Jacob perguntou.

– Por que Emmett perdeu a aposta... Por pouco – encontrei o homem e comecei a conversar com ele, Emm seria o “ homem salsichão ” amanhã, o dia inteiro. Com apenas um intervalo para o horário de almoço.

– Tchau, Emmett – comecei a rir de sua cara de irritado, ele nem olhou para mim e entrou em seu carro – Grosso – revirei os olhos em seguida.

– Nessie? – Jacob me chamou.

– Sim? – me virei para encara-lo, parando na frente de meu carro. - Podemos sair hoje? De novo...

– Claro, Jacob – sorri – Será um prazer.