Target escrita por Katherine, Katherine


Capítulo 22
Capítulo 21 - Set You Free




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Who are you anyways? I can count how many days you weren't here...The walls were closing in on me, but I don't live in there, no more.

— Você parece radiante. – Lara tagarelou enquanto eu me esticava para alcançar um livro, corei na mesma hora.

— Por que acha isso? – perguntei relutante, se Lara era capaz de desconfiar de alguma coisa, o que diria meus pais? Me virei para encara-la.

— Posso ser um tanto velha, mas uma coisa que sempre fica claro a mim é o amor, adolescentes apaixonados. Jacob, não é?

— O que? Ah, não! Não, não e não! Jake é...Como um... Irmão para mim.

— Um irmão, uh? – ela ergueu uma de suas sobrancelhas e me dirigiu aquele sorrisinho de canto de boca, aquele maldito sorriso.

— Talvez eu goste dele um pouco mais do que devia, mas não interessa, nos desentendemos ontem e não acho que isso vá mudar tão cedo. Ele não é bem o que eu possa chamar de cavaleiro, ou melhor amigo, ou um cão protetor. – tentei a todo custo evitar um sorriso em meu rosto quando falei a última frase.

— Um coração dividido.

— Perdão?

— Querida, ainda não ficou claro?

— Não estou entendendo...

— Você ama esse Jacob, mas parece ponderar novas decisões.

— Na verdade, nunca pensei nisso. – admiti envergonhada.

E era a verdade. Jacob sempre fora meu melhor amigo, aquele com quem eu me sentia protegida e negar meus sentimentos por ele seria como contar uma mentira, por sorte eu era uma boa mentirosa. Não era como se eu estivesse apaixonada por ele, não. Não mais.

Como uma borracha, eu estava ficando desgastada, Jake não era mais meu porto seguro. Mas era certo pensar assim? Talvez sim, talvez não. Do que importava? Até onde sei, ele podia estar mentindo o próprio nome.

— De qualquer forma, isso não importa mais. – me apressei a falar quando a vi abrir a boca – Tenho problemas maiores do que romances bobos.

— Nessie, querida... A única pessoa, a única coisa no caminho entre você e a felicidade é você mesma. Não pense demais, assim nunca vai aproveitar o que essa vida tem de bom.

— Eu...

— Alec é uma boa pessoa, acho que você já começou a perceber isso. – disse ela. Ah, se ela soubesse...

— De onde você o conhece? Ele quase nunca vem aqui e...

— Sua mãe chegou. – ela ergueu a cabeça sob o ombro e disse apressadamente, segui seu olhar e encarei o carro preto estacionado ali em frente.

— É melhor eu ir.

Minha mãe não era pontual a menos que algo estivesse acontecendo, e eu sabia muito bem o que viria a seguir. Era incrível a capacidade que ela tinha de proteger Jacob a qualquer custo, entrei no carro dando um sorriso tão forçado que senti minhas bochechas arderem. Não fale nada, não fale nada, não fale nada...

— O que está acontecendo entre você e o Jacob?

É, ela falou.

— O que quer dizer? – perguntei com indiferença.

— Você sabe bem o que eu quero dizer, vocês eram melhores amigos e agora vivem discutindo, qual é o problema?

— O problema é o mesmo, vocês que insistem em fingir que não existe uma solução.

— Nessie, eu...

— Mãe, não. – falei firmemente. Bella apenas me encarou por alguns segundos e então suspirou baixinho, era estranho quando acontecia pelo simples fato de que ela não precisava respirar.

O caminho até a mansão Cullen foi silenciosa, assim como o percurso até o chalé. Bella apenas me entregou as chaves e disse que precisava resolver algumas coisas, já me imaginei entediada esperando o tempo passar e agradeci por isso por pelo menos 10 segundos, porque fora esse o tempo até eu perceber que não estava sozinha ali. Me virei para encarar Bella, que já não estava mais ali. A brisa levava consigo as últimas evidencias de que ela esteve mesmo ali, seu marcante cheiro de morango, que agora era substituído por uma coisa mais forte, não precisei me virar para saber que era ele.

Alguém precisa te avisar o que significa privacidade, esta é minha casa.

— Eu sei, mas precisamos conversar.

— Ah, claro, vamos conversar. Sobre o que você pode conversar comigo? – perguntei revirando os olhos, eu não queria conversar com Jacob, não aqui, nem agora e nem nunca.

— Vou te contar tudo que precisa saber.

— Já ouvi isso antes... – resmunguei passando por ele, Jacob segurou meu braço e me fez encara-lo, seus olhos escuros me encaravam com certa tristeza e senti um aperto no peito contra a minha vontade. – Entre.

Eu odiava esse negócio de não ser durona quando era necessário, lidar com ele era como ter um filhote. Era fofo e companheiro, aprontava muito e eu precisava dar broncas constantemente, mas era só olhar naqueles olhinhos que minha raiva evaporava. Não era exatamente assim que as coisas funcionavam agora, porque se eu fosse ignorar todas as mentiras que ele já havia me contado – ou todas as coisas que ele se recusava a me contar -, nós estaríamos bem longe de Forks agora.

Ele me acompanhou até o sofá e se sentou na outra ponta, respeitando meu espaço. Nos encaramos por um tempo, o tempo suficiente para minha mente viajar em como as coisas eram boas antes dele resolver estragar tudo, ou então em como ele era bom em me iludir. As coisas estariam diferentes agora se eu já soubesse de toda a verdade? Nunca vou saber a resposta.

— Nessie, por onde começar...

— Não precisa dar uma de palestrante, o que eu quero saber é bem específico, o que Sam estava querendo dizer com iprim... Uh, esse negócio aí.

— Imprinting, é uma coisa de lobo.

— Uma coisa de lobo. – repeti com uma falsa emoção – E por que eu estou metida nisso?

— Um imprinting é o que os humanos gostam de chamar de “ amor a primeira vista “. É como se um lobisomem encontrasse a pessoa certa só através de um olhar, quando um lobo encontra sua alma gêmea. Nada mais importa no mundo, só ela. Como se a gravidade não fosse o que te prende na terra, como se sua vida finalmente encontrasse um propósito e toda sua visão fosse clareada. É isso que ele quis dizer, Nessie.

— Ele... quer dizer que... você e... – gaguejei sem jeito, me levantei do sofá as pressas e levei minhas mãos a cabeça. O que estava acontecendo? Eu pedi a verdade e agora teria que lidar com ela.

— Sim, foi difícil para mim no começo mas... Eu não queria causar problemas entre mim e sua mãe, você sabe. Aconteceu na primeira vez em que eu te vi, quando você acabara de nascer, eu queria... Bem, não queria que fosse desse jeito, mas deixei você fazer suas escolhas e fico feliz por ter escolhido o certo.

— O que quer dizer?

— Nessie, você foi feita para mim. – ele disse se aproximando, seus olhos estavam fixos aos meus.

— Jake... – gaguejei, estávamos próximos demais... Suas mãos foram para minha cintura e parte de mim queria abraça-lo, beija-lo ou qualquer coisa que o momento permitisse; mas eu não podia simplesmente ignorar todos os nossos problemas porque ele teve um imprinting. Os sentimentos dele por mim eram baseados nisso, uma coisa de lobo.

Ele não estava apaixonado por mim porque quis, porque me conheceu e ficou interessado em mim, não. Ele estava apaixonado porque teve uma visão que mostrava a vida perfeita ao meu lado, por conta disso, me afastei, segurando suas mãos nas minhas. Seus olhos me encaravam com curiosidade, respirei fundo e revirei minha mente, procurando uma boa resposta para tudo aquilo.

— Que romance nauseante.

— Alec. – seu nome soou como um suspiro irritado... E aliviado por ele estar aqui. A situação não podia ficar mais embaraçosa.

— Vá embora daqui, isso não é da sua conta.

— Pelo contrário, bola de pelos, tudo relacionado a Renesmee é da minha conta.

— Acha que eu não sei o que você e aqueles sanguessugas estão planejando?

Alec inclinou a cabeça para o lado lentamente, como se estivesse nos analisando, todos os seus movimentos eram precisos e calculados, tudo nele era simplesmente fantástico. Ele se apoiou na porta e simplesmente deu de ombros, uh, aquilo foi tão... Alec.

— Nem todos precisam de planos, Renesmee me acha um charme, portanto... – ele parou no meio da frase e me encarou com um sorriso de canto, reuni todas as minhas forças e serrei os olhos em sua direção.

— Se você não sair daqui agora eu vou...

— Você vai o que? – seu tom de voz aumentou e eu me encontrei despreparada, encolhi os ombros e engoli seco diante de sua reação. Seu rosto agora estava sério e ele estava perfeitamente posicionado – Vai me morder? Pode ter certeza que cães raivosos estão em último na minha lista de coisas que me intimidam, que por sinal é bem pequena.

— E o que o mantém aqui? Essa não é sua missão, você realmente acha que ela seria capaz de gostar de você?

— Jacob! – o encarei incrédula.

— Você sabe que é verdade, você nunca poderia gostar dele, você não deveria gostar de ninguém...

— Ninguém além de você? Jacob, olhe o que está dizendo! Eu sou obrigada a amar você, é isso? Sou obrigada a me entregar para você por causa de uma visão estúpida? Olhe, o destino pode parecer claro para você, mas saiba que apenas eu faço meu destino. – passei por ele e parei no meio do percurso, no meio dos dois.

Neguei com a cabeça e então estendi minha mão, eu não precisava dizer nada. Alec veio até mim e pegou minha mão estendida, me puxando delicadamente para fora de casa. Continuamos caminhando para longe do chalé e quando me dei conta, já estávamos no meio da floresta. Escutei o tremor de patas atingindo o chão e fechei os olhos com força, tentando expulsar as lágrimas.

— Ei – Alec me puxou para um abraço, eu não tinha como discutir com ele também.

— Tudo por causa de uma visão... É tudo tão cansativo, você entende? Claro que não, nunca deve ter passado por isso.

Alec não respondeu. Em vez disso, apenas beijou minha testa e me apertou contra seu peito, seu abraço era tão reconfortante que eu quase esqueci o porque de estarmos ali, quase. O tempo parecia ter congelado naquele instante, até meu estômago roncar, eu ainda não havia almoçado.

— Droga. – resmunguei irritada, senti meu corpo tremer levemente quando Alec começou a rir.

— Você precisa comer, Nessie. Vamos. – e então me puxou floresta adentro, andamos de braços dados por um tempo até que chegamos a cidade. Era um tanto estranho, porque ainda não estava acostumada com toda a velocidade que possuía.

Chegamos a um restaurante que ficava perto da biblioteca, mas como eu tinha algumas horas antes de voltar ao trabalho, isso não tinha importância. O cheiro de comida que preenchia o local fez meu estômago reagir rapidamente, nos sentamos numa mesa perto de uma vidraça que dava visão a rua parada, Alec agia com uma indiferença que chegava a ser constrangedora e não mudou sua postura nem quando a garçonete chegou para anotar nosso pedido. Meu pedido, no caso, mas não era exatamente no pedido que ela estava interessada, isso ficara evidente em seu rosto.

— O que desejam? – perguntou, segurando a caneta em seu bloquinho de notas. Ela me olhou rapidamente e então se virou para encarar Alec com um sorriso nada amigável. Ela estava praticamente subindo em cima da mesa, ela podia estar em dúvida em relação ao nosso pedido, mas o que ela pediria estava mais do que evidente.

— Um ravióli, por favor. – me esforcei para sorrir, ela anotou e então arrumou sua blusa “ disfarçadamente ”, e só aí pude ver o que ela estava vestindo, um short curto que mostrava muito mais do que devia e uma blusa justa, que milagrosamente não era tão curta assim.

— Algo mais?

Solo. – Alec disse enquanto repuxava os lábios num sorriso.

A garçonete parecia um tanto desapontada, mas apenas sorriu e se inclinou para limpar a mesa. Era inacreditável. Eu conseguia ver seus seios sendo massacrados por um sutiã apertado, mas não era exatamente isso que estava me incomodando, o fato de Alec também ter percebido, sim. E então – finalmente – a garçonete nos deixou a sós, rebolando de um jeito exagerado, como se seu traseiro fossem sinos de igreja.

— Qual o problema, Cullen? – perguntou inocentemente.

— Problema nenhum, Volturi. Só achei muita falta de profissionalismo aquela garçonete, ela devia ser demitida. – e então ele riu, sua risada era melodiosa e contagiante, não pude deixar de sorrir. – De certa forma ela não tem culpa.

— Ah, não?

— É, ela não tem culpa do fato de você deslumbrar as pessoas. – me inclinei na mesa.

— Eu deslumbro você? – perguntou enquanto se inclinava também.

— Lógico. – revirei os olhos.

Quando a comida chegou, pedi para que ele me contasse um pouco mais sobre o mundo dele, que girava em torno de Aro e Jane, eles eram inseparáveis, eu já havia percebido isso. Em um certo momento da história, Alec parou e simplesmente ficou me observando, corei e parei de comer na mesma hora. Ele revirou os olhos e cruzou os braços, apoiando as costas na cadeira e me encarando com aquele olhar sério, um olhar de Volturi. Fiquei confusa e então ouvi uma voz familiar se aproximando.

— Renesmee, o que está fazendo aqui? – perguntou meu pai.

— Comendo? Não queria ficar em casa com Jacob, então Alec me trouxe.

— Era isso ou ficar escutando seus resmungos. Mas qual é o problema, Cullen? Quer que eu pague um prato para você também? – Alec perguntou, ele dizia como se cada palavra fosse extremamente comum.

— Vamos para casa. – Edward disse apenas e então saiu, eu sabia que se não estivesse no carro em cinco minutos, teria problemas.

Me levantei da mesa e virei para encarar Alec, sua expressão havia suavizado e ele logo fez o mesmo, saímos do restaurante lado a lado, mas a cada sinal de proximidade, ele se afastava como se me tocar pudesse o afetar de alguma maneira.

— Da próxima vez, não se esqueça de se alimentar. – disse, e entendi como um “ até logo ”, apenas sorri.

— Eu sei me cuidar.

Entrei no carro de Edward e então percebi minha mãe sentada ao seu lado, seu olhar estava longe e ela parecia perdida em pensamentos. Encostei minha cabeça a janela e apenas observei a cidade ficando para trás, eu sabia que assim que estivesse em casa, iria começar tudo de novo. Brigas, discussões e mentiras. Eu não queria nem imaginar o que aconteceria se Jacob estivesse lá.

E pela primeira vez em muitos dias, eu não me importava.

 


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Notas finais do capítulo

Por onde começar? Talvez dando um feliz ano novo pra vocês! Deus, que vergonha...Enfim, eu queria ter postado antes, mas meio que me perdi da história, sabe? Agora eu realmente quero voltar a escrever, então estou vendo coisas para um perfil novo e novas histórias. Por que não postei antes? Meu computador queimou e eu tinha esse episódio prontinho, junto com um " molde " do próximo, fiquei muito puta com isso e aí esperei pelo meu computador novo, que só chegou mês passado, ou seja, fiquei 5 meses sem computador nenhum e já tentei escrever pelo celular, é um saco. Fiquei feliz que algumas pessoas tenham se lembrado da história e isso foi o que me motivou a postar, porque essa sempre vai ser a minha fave. Obrigada pela paciência e mil desculpas por toda essa demora, não sei como vai ser daqui pra frente, mas juro que vou dar o meu melhor. Eu gosto de escrever, mas não quero prometer algo que não sei se posso cumprir, vocês entendem? Enfim, espero que tenham gostado do capítulo e nos vemos um dia desses.
Mais uma vez, me desculpem.

Xoxo.