Depois de horas dirigindo, eu vejo, pouco mais a minha frente, algumas construções e uma placa que – com a minha visão, que é muito boa por sinal – dizia “Bem Vindo a Forks”. Esta visão me fez suspirar de alívio. Minhas mãos finalmente iriam soltar este volante de couro preto. Meus olhos, menos marejados agora, ardiam e eu lutava comigo mesma para mantê-los abertos. Quando entro na pequena cidade, começo a observar melhor meu novo lar. Nada diferente da descrição de Esme! As florestas preenchiam o vazio das estradas e a grossa camada de musgo infiltrava na cidade. É visível a densa neblina que cobria as ruas, eu mal cheguei aqui, mas já gostei.

Peguei meu celular e digitei uma rápida mensagem para Esme: “Estou a caminho da casa de Edward e Bella”. Guardei o mesmo e fui à direção que eu havia aprendido. Uma trilha, sendo mais específica. As cores me deixavam maravilhadas, nunca vi tantas flores coloridas. “Claro, você só viu flores três vezes” – minha mente ironiza - e é verdade. Eu nunca havia visto flores, só quando Esme e eu passeamos um dia em Seattle.

Agora eu serei, oficialmente, Renesmee Carlie Cullen. Quanto tempo eu rezei para esse dia chegar? 17 anos! Pensava todos os dias: O que diabos dois adolescentes querem comigo? Não que eu tenha algo contra os dois, eu nunca os vi na vida. Mas eles podem muito bem ter um bebê, por que gastar o tempo comigo? Claro, vai ser estranho entrar em casa e olhar para os meus pais, e me lembrar de que eles têm idade suficiente para serem meus irmãos mais velhos. Minha linha de pensamento foi interrompida quando vi um chalé, não muito longe de onde eu estava.

Meu coração dispara. Em menos de dois minutos estava na frente da casinha, suspiro três vezes e saio do carro. Comecei a andar para perto do chalé, e então percebi as duas figuras pálidas que sorriam para mim. Bella Cullen tem tudo para ser uma boa modelo, seus cabelos são castanhos e caiam em graciosos cachos até a cintura. Tinham o mesmo cheiro de morango que o meu. Seus olhos são de um tom dourado, assim como de seu parceiro, Edward. Ele tem um cabelo do mesmo tom que o meu, acobreado, os fios estavam arrepiados, como se tivesse acabado de levar um choque. Ele é incrivelmente bonito, bem... Uma luta para não me apaixonar pelo meu pai.

–Renesmee! É tão bom te conhecer!- Bella se aproximou de mim e me puxou para um abraço

–É bom conhecer você também, Bella – murmurei, retribui o abraço e sorri.

–Agora a família está completa – Edward disse enquanto se aproximava de nós e em questão de segundos, estávamos abraçados. Os braços desse casal eram tão familiares, assim como seus rostos. “Abraço de urso” a frase vem em minha cabeça e então some, na mesma velocidade que apareceu.

–Vem, venha conhecer a casa – Bella me puxou para dentro do chalé – Pegue as coisas dela! – murmura para Edward.

Entramos no chalé e eu arregalo meus olhos. Apesar de a casa ser pequena, era mais do que eu poderia querer. O chão de madeira tinha um cheiro tão bom! A parede, do lado esquerdo, tinha uma pequena parte que imitava uma cascata. Uma lareira perto de duas poltronas me fez imaginar como será passar as noites mais frias aqui. Ao lado da lareira, algumas fotos chamaram a minha atenção, Bella percebe isso e me vira para um corredor. Ela me puxava rapidamente, por isso, tentei guardar bem tudo que eu estava vendo, e então, paramos em frente a uma porta, que estava escrito “Renesmee” com uma caligrafia excelente, em cima de uma espécie de placa dourada.

Assim que a porta é aberta, fiquei cega por alguns minutos. As paredes eram brancas, com cortinas presas a janela. Uma escrivaninha, com um notebook e outras coisas que eu exploraria depois. O ambiente é tão convidativo quanto a grande cama de casal, ao lado direito. Um quarto pequeno, porém, muito aconchegante. Senti que já estivera aqui, mas é meio impossível isso ter acontecido.

–Gostou? – ela me perguntou. Não consegui responder de início, então forcei meus lábios a sussurrarem:

–É perfeito – e num movimento rápido, me sento na cama.

–Edward já trouxe suas coisas, se quiser arrumar um pouco, fique a vontade. Vou preparar alguma coisa para você comer, acho que não almoçou. – disse Bella enquanto se sentava ao meu lado

–É... Obrigada Bella, eu realmente amei – continuei olhando em volta, absorvendo alguns detalhes mais nítidos. Ela dá um suspiro triste – O que foi?

–Nessie... Será que pode me chamar de mãe? – perguntou, com os olhos transbordando de ansiedade.

–Claro, mãe! – falei, um sorriso brota de seus lábios – É bom chamar você de mãe – pensei alto.

–É bom ouvir isso... Bem, mãos a obra – ela se levantou e então se retirou do quarto.

Nem havia percebido que minhas malas já estavam ao meu lado, a abri e comecei a guardar as roupas. Percebi que eu tinha um closet, que já estava quase cheio, então o trabalho de guardar as roupas foi parcialmente reduzido. Inesperadamente, fui atacada por uma pontada aguda em minha cabeça, arfo e fui andando para fora de meu quarto.

–O que aconteceu? – esbarrei em Edward no meio do caminho

–Nada, só preciso de um remédio para dor de cabeça – continuei caminhando para a cozinha.

–Eu já ia te chamar! – ela sorriu – O que foi?

–Dor de cabeça – sussurrei me sentando a mesa.

–Já pego o remédio... Coma seu pudim, Esme me contou que gosta – ela pisca e se vira. Encarei o prato em minha frente. Pudim de chocolate, meu favorito. Sorri e comecei a comer devagar.

–Obrigada – sussurrei, baixo demais, ela provavelmente não tinha ouvido.

–De nada – ela respondeu – Tome seu remédio – disse ela, estendendo um comprimido e um copo de água. Tomei os dois e continuei comendo – Quer ajuda com o quarto?

–Não precisa, já estou terminando – terminei o pudim e corro para meu quarto, onde minha mala se encontrava aberta em cima de minha cama, cheia de coisas que praticamente imploravam para ser guardadas.

Me arrastei para a cama e comecei a guardar alguns sapatos, quando fui pegar um salto exageradamente alto que Esme havia me dado, tropecei em outros pares e caí na cama. E assim, sou vencida e levada pela inconsciência.