Bea foi embora depois de assistirmos um filme. Bea era realmente minha salva-vidas. Eu ia bem na escola, mas tinha muitos problemas em fazer todos os trabalhos que eles mandavam para casa.

Ouvi a porta se abrindo e minha família inteira chegando. Meus pais haviam sido para buscar meus irmãos e para pegarem o jantar em um dos meus restaurantes favoritos, já que, afinal, ainda era meu aniversário.

Suspirei e olhei para Jack, deitado ao meu lado.

— Vamos jantar? - sorri

— Você já está com fome outra vez? - ele riu

Revirei os olhos.

— Você conhece meus irmãos? - perguntei

Foi a vez de Jack revirar os olhos dele.

— Eu conheço todas as crianças do mundo. - ele disse - Ou todas as pessoas que já foram crianças. Eu conheço todo mundo.

Fiz um muxoxo.

— Vou apresentá-los de qualquer forma. - eu disse - No nosso faz de conta, você ainda não os conhece. E não esquece de jogar o pó mágico no meu pai, para que ele te veja.

Jack riu e se levantou, me puxando em seguida.

— Você é muito preguiçosa, é impressionante. - ele disse

Sorri.

Desci as escadas e fui até a cozinha, onde estavam todos.

Meu pai estava desempacotando a comida, enquanto Carol pegava os pratos e Peter mostrava para minha mãe seu taco de Lacrosse.

— Liz! - sorriu Peter - Feliz aniversário!

Ele me deu um abraço.

— Valeu, Pete. - sorri

— Parabéns, filha. - disse meu pai vindo me dar um abraço e um beijo em minha testa. - Compramos seus pratos favoritos! E um bolo!

— Parabéns, Lizzie. - sorriu Carol

— Obrigada, gente. - sorri ainda mais.

Os três olharam para Jack.

— Então esse é o garoto que todos vieram me avisar que passou o dia com minha irmã, na escola. - disse Carol

Assenti.

— Temos um novo integrante na família. - eu disse - Esse é Jack Smith.

— Eu achei que você gostasse do Dave… - murmurou Carol, de modo que só eu e Jack ouvimos.

A fuzilei com os olhos e Jack riu.

— Eu sou um aluno de intercâmbio. - disse Jack - Sou novo na família porque vou morar com vocês por um tempo.

— Ah, certo. - riu Carol

— Vamos precisar dividir o quarto? - perguntou Peter

— Peter! - ralhou minha mãe

— Não, Pete. - ri - Jack vai ficar no quarto das visitas.

Pete assentiu.

— Jack, essa é Carol. - eu disse, gesticulando para minha irmã. - Ela tem quinze anos.

Jack sorriu para ela.

— Esse é Peter. - continuei - Ele tem onze.

— Prazer. - sorriu Jack - Eu tenho dezessete.

Sorri para ele, que deu de ombros.

— E esse é meu pai. - eu disse, dando ênfase em pai, para que Jack se lembrasse de jogar o segundo pó no meu pai, o que faria com que ele não estranhasse o intercâmbio.

— Muito prazer, senhor. - disse Jack apertando a mão de meu pai - Obrigado por me deixar ficar na sua casa.

Meu pai sorriu.

— Não é nada, seja muito bem vindo, Jack. - disse ele - Você é de onde?

— Do Canadá. - Jack respondeu - De Montreal.

— Que ótimo. - sorriu meu pai

Jack sorriu e assentiu.

Fomos para a sala e colocamos a mesa. A comida estava com uma cara maravilhosa.

— Você deu sorte, Jack. - disse Peter - Lizzie é super bem humorada no dia dela, você chegou no dia certo.

— Ela está super bem humorada? - disse Jack fingindo estar preocupado - Ela fica pior?

Dei uma cotovelada no seu braço, rindo.

— Irritante, eu sei. - ele riu

— Como foi na escola? - perguntou meu pai a Jack.

— Foi tudo ótimo. - disse Jack - Todos foram muito acolhedores.

Meu pai sorriu.

— Que bom! - ele disse - Você pratica algum esporte?

— Eu jogava hockey no Canadá, mas estou pensando em entrar no time de futebol americano, aqui. - disse Jack

— Você devia mesmo, o time da escola dos meninos é um dos melhores da região. - disse meu pai

— A Alice tem um grande amigo no time, o Dave. - disse minha mãe, a inocente - Ela pode te apresentar para ele e você pode conversar com ele sobre o time.

Com o canto do olho, vi Carol segurando o riso. Jack sorriu para minha mãe e assentiu.

— Fomos apresentados. - ele disse

Carol deu uma risada mais alta e eu tentei chutar sua perna por baixo da mesa, mas acertei Jack sem querer.

— Ouch! - ele disse

— Desculpa! Foi um espasmo. - murmurei

— É seu segundo espasmo hoje, Alice. - minha mãe disse - Está tudo bem?

Assenti, rindo.

Jack, durante o jantar, conquistou minha família por completo. Eles conversaram sobre o Canadá, sobre a escola, sobre como era ser um intercambista e tudo mais.

Na hora do parabéns, dei o primeiro pedaço a Jack, como forma de oferecer uma trégua entre nós dois. Ele aceitou a ambos.

De vez em quando, eu e Jack nos entreolhávamos e sorriamos. Dividindo um segredo importante que não pertencia a mais ninguém.

…

— Me acorde se precisar de alguma coisa. - murmurei para Jack depois que todos haviam ido dormir.

Nós estávamos parados estranhamente na porta do meu quarto.

— Você também. - ele disse

Ri.

— Valeu. - sorri

— Quer que eu te acorde amanhã? - perguntei

— Provavelmente vou consegui escutar seu despertador. - ele disse, dando de ombros. - Meu sono não é nada pesado.

—  As vezes eu esqueço quem você é. - sussurrei - Você não tem que fazer nevar em algum lugar lá fora?

— O inverno está acabando. - sussurrou ele - Não precisa de mais neve.

— Eu nunca achei que fosse te ouvir dizendo isso. - provoquei

Ele revirou os olhos.

— Vá dormir. - ele disse

Abri a porta do meu quarto

— Boa noite. - sorri

— Boa noite. - ele disse

Dei um passo para entrar no quarto mas senti a mão gelada de Jack no meu braço.

— Me leva no campo amanhã? - ele sorriu - Eu queria me inscrever no time mas não tenho certeza de que consigo achar o caminho certo nessa cidade desconhecida.

Ri.

— Faço esse sacrifício por você. - dei de ombros

Ele riu.

— Você é a melhor, Liz. - ele disse - Obrigado.

  – Até amanhã. - eu disse sorrindo.

Ele soltou meu braço e eu entrei no meu quarto, fechando a porta atrás de mim.

Deitei em minha cama e ri ao pensar no quanto meu dia havia sido estranho. Minha vida inteira iria mudar de uma forma surreal, pelo menos por um tempo, a partir dali. Começou a nevar lá fora e eu adormeci.

….

Na hora do almoço, me arrepiei ao sentir suas mãos geladas como gelo no meu rosto. Eu estava sentada com Bea em uma das mesas do refeitório, mas ela estava conversando com a Kelly, nossa colega, sobre matemática. Como eu não era tão fã da matéria, eu estava ocupada em devorar meu suposto creme de abóbora.

— Você realmente tem que parar de encostar em mim com essa mão gelada em mim. - murmurei

— Desculpe. - riu Jack - Eu preciso ir ao campo.

Bufei e ri.

— Você precisa aprender onde ficam os lugares aqui na escola, Jack. - eu disse - Eu não posso ficar te levando para lá e para cá.

Bea riu e eu me levantei.

— Seja gentil com o aluno novo, Alice. - disse ela - Leve-o até o campo.

— Certo… - sorri - Te vejo depois.

Dei um apertão na sua mão e sai do refeitório com Jack.

— Você acha que eu vou ter que fazer algum teste? - ele perguntou

— Talvez. - eu disse - Mas nada muito difícil, eles querem mais gente no time.

Jack assentiu.

— Está nervoso? - ri

Jack assentiu de novo.

— Você vai entrar! - sorri - Você tem reflexos ótimos!

Jack sorriu.

— Você vai conseguir! - ri

Ele assentiu.

— Quer ir de cavalinho? - ele perguntou

Sorri.

— Você é meu melhor guardião. - eu disse, com voz de criança

Ele se abaixou e me segurou.

— Não deixe Norte ouvir isso, ele fica bastante sentimental.

Ri.

Fomos até o campo rapidinho e, chegando lá, desci das costas de Jack. Dave nos viu e sorriu, vindo até nós em seguida.

— E aí, Jack! - ele sorriu - Veio se candidatar?

Jack sorriu.

— Vim. - disse ele - Lizzie me convenceu.

Dave sorriu.

— Você vai entrar também, Alice? - Dave perguntou, se virando para mim.

— Nah, vou deixar Jack entrar primeiro… - eu disse - Se fizéssemos o teste juntos ele iria ficar um pouco prejudicado por causa das minhas habilidades.

Dave riu.

— Que pena. - disse ele

Ri.

— Esperem aí, vou chamar o co-capitão. - disse ele voltando correndo para o centro do campo.

Jack sorriu para mim.

— Me ensine a flertar desse jeito. - ele disse

Ri.

— Cala a boca… - murmurei

— A propósito, eu preciso conversar com você sobre uma coisa. - ele disse

O encarei.

— O que? - perguntei

— Depois… - ele murmurou

— Mas agora você me deixou curiosa! - exclamei

Jack riu, mas vi Dave e John Shepard, o co-capitão, se aproximando.

— O famoso Jack Smith. - disse John - A escola inteira está falando sobre você.

Jack riu.

— Eu odeio ser o aluno novo. - ele disse

John riu.

— Ei, Liz… - ele sorriu

— Oi, John. - murmurei

— Jack quer entrar para o time. - disse Dave

— Isso é ótimo, eu vi a bola que você segurou ontem que iria acertar Lizzie. - ele disse - Foi impressionante.

— Valeu. - disse Jack

— Você pode fazer o teste hoje mesmo. Você já está praticamente dentro do time, mas a escola exige uma certa burocracia. - disse Dave

— Temos jogo no próximo final de semana, mas se você não estiver seguro, pode ser reserva. - disse John

— Certo - disse Jack

— É só vir aqui depois da aula. - disse Dave

— Vejo vocês mais tarde, então. - disse Jack

— Até mais. - disse John

— Até depois, Jack. - disse Dave - Aparece por aqui de vez em quando, Lizzie.

— Eu vou. - sorri - Tchau, meninos.

Ele voltaram para o campo e eu voltei para dentro da escola com Jack.

— O que você acha? - ele perguntou

— Eu acho que devo aparecer por lá de vez em quando. - sorri

Ele me deu uma cotovelada no braço, rindo.

— E você tem que me contar sobre o que precisa conversar comigo. - eu disse

Jack suspirou e olhou em volta.

— Entra nessa sala. - ele disse, apontando para um porta

— Por que? - perguntei

— Precisamos conversar. - ele disse

— É secreto assim? - perguntei - Todo mundo sabe que duas pessoas que entram em alguma sala na hora do almoço estão indo lá para se agarrarem. Podemos criar rumores indesejados.

— Você quer saber o que eu tenho para te falar ou não? - ele perguntou

Suspirei e entrei na sala.

No fundo, tinha um casal se beijando.

— Eu te falei. - murmurei

Observei o casal com mais atenção e vi que conhecia a garota.

— Carol? - ri

Minha irmã e Tom Green se separaram. Não sei quem ficou mais vermelho.

— Oi, Liz… - minha irmã suspirou

— Oi. - sorri - Oi, Tommy.

— Oi. - ele disse

Tom era amigo de Carol desde que os dois eram pequenos. Ele era irmão de um dos garotos do time. Eu não sabia que eles se gostavam.

Minha irmã franziu as sobrancelhas.

— Por que vocês entraram aqui? - ela sorriu

— Pelo mesmo motivo que vocês dois entraram. Jack e Lizzie sentados numa árvore se B-E-I-J-A-N-D-O. - cantei. - Eu tenho que garantir que vou ser a primeira menina da escola a beijar Jack, já que ele parece um deus grego, um guardião!

Carol assentiu, conformada.

Jack riu.

— Nós viemos conversar, Carol. - disse ele - Sobre um problema da minha família do Canadá.

Ela assentiu.

— Nós vamos embora. - ela disse - Espero que fique tudo bem com sua família.

Ele sorriu para ela.

— Eu não acredito que você acreditou no que eu disse! - protestei

Carol riu.

— Bom, ele realmente parece um deus grego. - ela disse

Ela segurou a mão de Tom e saiu da sala.

Jack riu.

— Agora me diga logo o que é tão importante a ponto de me arrastar para uma sala vazia no almoço. - eu disse, me sentando na mesa do professor.

Jack suspirou.

— Eu convidei Rachel para sair. - ele disse

— O QUE?! - exclamei - Como? Quando? Por que?

— Você sabe porque… - ele disse - Eu preciso conhecer as pessoas! Você sabe que eu estou aqui numa missão.

— Mas você não precisa sair com alguém horrível! - eu disse

— Ela não é horrível, ela é bem legal! - ele protestou -

— Por que não pode ser qualquer outra pessoa? - perguntei

— Liz, ela é bem popular. - ele disse - Eu me sinto horrível por usar ela dessa forma, mas eu estou usando todo mundo, na verdade. Eu estou te usando, estou usando o time…

Cruzei os braços.

— Por favor, não fique brava. - ele disse - E é só um encontro, pode ser que ela nem goste de mim…

Bufei.

— Como se isso fosse mesmo acontecer… - murmurei

Jack sorriu e fez um carinho em minha bochecha.

— Você quer que eu te beije? Já que você tem que garantir ser a primeira menina a me beijar? - ele riu

Revirei os olhos.

— Vai sonhando. - ri

Jack me abraçou.

— Me desculpe, eu sabia que isso iria e deixar irritada. - ele disse - Mas você sabe que eu só estou aqui por um motivo muito importante.

Assenti.

— Tudo bem. - eu disse - É sua sobrevivência versus minha arquinimiga de infância.

Ele sorriu.

— Talvez eu sair com ela pode aproximar vocês duas de novo.

Revirei os olhos.

— Ou não. - ele suspirou

Me levantei e apertei a mão de Jack.

— Vamos para a aula. - murmurei

Jack assentiu e me seguiu para fora da sala.

Eu demoraria um pouco para processar ele saindo com Rachel, mas ele realmente precisava fazer contato com muitas pessoas. O que estava em jogo era a vida dele, junto com a de seus melhores amigos. Eu não podia ser egoísta e controladora a ponto de ficar brava com ele por sair com alguém que eu não gostava.

— Você está brava? - ele sussurrou

— Eu supero. - sorri.