Let It Snow escrita por AliceFelton


Capítulo 1
Capítulo 1




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— Feliz aniversário, Lizzie! - escutei, ainda de olhos fechados.

Suspirei e deixei escapar um sorriso. Meu aniversário era um dos meus dias favoritos do ano e, naquele, especialmente, eu daria uma festa no meu quintal. Eu e minha mãe havíamos preparado muita comida de piquenique e havíamos pensado em várias brincadeiras ao ar livre. Ainda estava um pouco frio, mas as previsões do tempo diziam que não nevaria nem choveria naquele dia.

Abri os olhos e corri para a janela, me deparando com a cidade cheia de neve.

— Mãe! Está nevando! - gemi

Minha mãe me abraçou.

— Está tudo bem, querida. - ela disse

— Não está não! - eu disse - Meus amigos não vão poder vir para o meu aniversário de oito anos!

Minha mãe fez um afago no meu cabelo.

— Eles podem vir e a gente faz uma maratona de filmes e jogos na sala, com direito a chocolate quente. - ela disse

Assenti.

— Vai ser muito divertido, eu prometo. - sorriu minha mãe

Ela me deu um beijo na testa e saiu do quarto, me deixando sozinha sentada no banco da janela.

— Você estragou meu aniversário, Jack Frost. - resmunguei, observando a neve na calçada.

Um garoto de cabelos brancos e olhos azuis apareceu, de repente, na minha frente. Ele usava o de sempre, calça marrom e um moletom azul. Também carregava seu fiel companheiro, o seu cajado mágico. Era Jack Frost, o guardião.

Jack e eu nos conhecíamos desde sempre. Meu avô sempre me contava histórias sobre ele e, um dia, ele apareceu para mim. Jack era divertido e era realmente emocionante brincar na neve com ele, mas eu estava irritada demais para pensar nas suas qualidades naquele momento.

— É claro que eu não estraguei o seu aniversário. - ele sorriu, sentando ao meu lado - Eu só mudei um pouco a programação.

Bufei.

— Lizzie… vai ser mais divertido com neve! - ele riu

— A gente ia fazer um piquenique, Jack. - eu disse - Um piquenique não é mais divertido com neve porque você congela!

Ele sorriu.

— Vocês podem fazer outra coisa, eu ouvi sua mãe falando algo sobre chocolate quente… - ele disse

— Mas você estragou meu aniversário de antes. - murmurei

— Se você quiser, eu posso começar uma guerra de bolas de neve quando seus amigos chegarem. - ele disse

— Não quero. - eu disse

— Deixa, deixa! - ele riu

— Não! - exclamei - Você é muito irritante!

Jack deu de ombros.

— Sou mesmo. - ele disse, sorrindo. - Mas, apesar de tudo, feliz aniversário.

Ele desenhou um bolinho de aniversário no vidro embaçado do meu quarto e saiu voando.

 

9 ANOS DEPOIS

 

— Feliz aniversário, Lizzie! - escutei, ainda de olhos fechados.

Certas coisas nunca mudam.

— Bom dia, mãe. - eu disse me sentando na cama - E obrigada.

Ela sorriu e me entregou uma caneca.

— Fiz chocolate quente para você.

Sorri e dei um gole, ficando com bigode de leite.

Olhei para a janela e vi neve caindo.

Suspirei.

— Todo ano…  – murmurei

Minha mãe riu.

— Jack Frost não te dá um ano de folga, não é? - ela disse

Neguei com a cabeça.

— Nunca. - murmurei

Me levantei.

— Eu vou me arrumar. - eu disse

Minha mãe assentiu.

— Pegue um casaco bem quentinho, parece que está bem frio lá fora. - ela disse 

Assenti e peguei roupas quentes no armário.

Ela saiu do quarto ao mesmo tempo em que eu entrava no banheiro. Escovei meus dentes e lavei meu rosto, agradecendo mentalmente pela presença de agua quente saindo da torneira. O dia estava realmente bem friozinho. Coloquei minhas roupas rapidamente, pois estava sentindo um vento frio.

Quando saí do banheiro, vi um menino deitado no parapeito de minha janela. Um menino que eu não via há muito tempo.

— Sentiu saudades? - Jack Frost sorriu

— Na verdade, não. - desdenhei

— Você não mudou nada. - ele sorriu

— Nem você. - ri

— Qual é, Lizzie? - ele riu - Você não me vê há oito anos? Nove?

— Nove. - eu disse

— A propósito, feliz aniversário. - ele disse, desenhando um bolinho na minha janela embaçada.

— Você veio pedir desculpas pelo meu aniversário de oito anos? - perguntei

Ele deu uma risadinha, mas negou.

— Eu preciso de sua ajuda. - ele disse, sorrindo.

— Você? - revirei os olhos - Desde quando Jack Frost precisa de ajuda de alguém?

— É sério. - ele disse, com a expressão fechada, dessa vez.

Sentei do seu lado.

— O que está acontecendo? - perguntei

— As crianças. - disse ele, visivelmente triste - Elas estão diferentes.

— O que está acontecendo com elas? - eu disse, segurando sua mão gelada.

— Elas não acreditam mais em nenhum de nós. - ele disse - Elas compram seus próprios presentes de natal e ovos de páscoa. Elas acham que os pais colocam a moeda embaixo do travesseiro delas quando elas perdem os dentes. Elas não sonham mais, elas acham que a neve é só científica.

— Isso é horrível, Jack. - eu disse

Ele deu uma apertadinha na minha mão e assentiu.

— Como vocês ainda não desapareceram? - perguntei - Eu achei que vocês perdessem os poderes e sumissem se as crianças deixassem de acreditar em vocês. Pelo menos, foi isso que meu avô me contou.

Jack sorriu.

— Essa é a única parte boa. - ele disse - Elas não deixaram de acreditar, no fundo. Estamos aqui porque as crianças ainda têm um pouquinho de fé em nós.

Sorri e soltei sua mão.

— Por que você precisa da minha ajuda? - perguntei - Quero dizer, eu não sou mais uma criança.

Jack sorriu.

— Eu sei. - ele disse - Eu preciso conversar com a próxima geração de pais, os adolescentes. Tudo isso é culpa dos adultos que não incentivam as crianças a serem imaginativas e a acreditarem nas histórias.

Assenti.

— Parece justo. - eu disse, me levantando. - Fique tranquilo que eu vou incentivar meus filhos e vou contar todas as suas histórias para eles, mas eu não tenho previsão de ter filhos por agora, espero que você entenda.

Jack riu.

— E boa sorte. - eu disse - Os adolescentes de hoje em dia são difíceis. Acho difícil eles concordarem com um lunático que surja do nada para falar algo como “seus filhos têm que acreditar nos guardiões”.

Jack continuou rindo.

— Por que você está rindo!? - exclamei

— Você realmente acha que vai ser fácil assim você se livrar de mim? - ele perguntou

— O que mais você quer? - ri - Ter filhos comigo? Honestamente, Jack, você é um pouco velho demais para mim.

— Você pode parar de falar e escutar o plano? - ele pediu

Suspirei e assenti, sentando novamente ao seu lado.

— Como você gentilmente apontou, os adolescentes não vão escutar um lunático que surja do nada para falar algo como “seus filhos têm que acreditar nos guardiões”. - ele disse - Eu preciso interagir com os adolescentes, ser um deles.

Franzi as sobrancelhas.

— Ir pra escola… - ele murmurou

— Não. - retruquei - Você quer ir para a escola comigo?

— Quero. Quero muito. - ele disse - Lizzie, você estuda lá desde pequena! Você é conhecida. Vai ser mais fácil eu me entrosar sendo seu amigo.

— Jack, eu não acho que você sendo meu amigo você vá ficar imune de ser o lunático que surgiu do nada para falar algo como “seus filhos têm que acreditar nos guardiões”.

Jack riu.

— Por favor! - ele disse - Eu prometo que vou ser legal e que não vou agir que nem um lunático. Vou ser sutil, prometo.

Suspirei.

— Tudo bem. - murmurei

Jack sorriu e beijou minha bochecha.

— Mas você nunca vai estragar o aniversário de nenhum dos meus filhos! - sorri

— O que? Chantagem? - ele riu

— Pagamento pela boa ação. - sorri - Quer se salvar ou não?

— Você é uma cobra. - ele bufou

Sorri.

— Promete? - murmurei

— Prometo. - ele disse, me olhando nos olhos.

Sorri.

— Precisamos comprar roupas novas para você. - eu disse

— Por que? - ele perguntou

— Você pretende ir para a escola todos os dias com a mesma roupa? - ri

Ele riu.

— Certo, vocês tendem a trocar. - ele disse

Assenti.

— E além do mais, alguém poderia reconhecer você com suas roupas normais.

Ele sorriu.

— Tudo bem. - ele disse

Me levantei de novo.

— Vamos descer. - eu disse

Ele se levantou e assentiu.

— Minha mãe consegue te ver? - perguntei

— Não. - ele disse

— Você pensou em alguma desculpa para dar pra ela? - perguntei

— Aluno de intercâmbio. - ele disse, sorrindo.

— Você sabe que alunos de intercâmbio não chegam na sua casa de uma hora para a outra, não é? - ri

— Podemos falar que eu tive um problema com minha host family e que você se ofereceu para me abrigar, já que tem um quarto sobrando. - ele disse

— Certo. - eu disse

— Vamos? - ele perguntou

Assenti.

— Você continua irritante. - murmurei

— Eu sei. - provocou ele.

Desci as escadas com Jack ao meu lado. Felizmente, ele era absolutamente silencioso. Minha mãe estava na cozinha, e o café da manhã estava na mesa.

— Oi mãe. - murmurei

— Com quem você estava falando? - ela sorriu

— Bea. - respondi rapidamente. - Ela ligou para dar os parabéns.

— Eu achei que ela tivesse ligado meia noite. - minha mãe murmurou

— Também. - respondi - Ela gosta de falar parabéns várias vezes.

Minha mãe assentiu.

— Eu sempre me lembro do seu aniversário de oito anos. - ela sorriu - Bea trouxe três bolos.

Ri e assentiu.

— Foi mesmo. - eu disse

— Foi a única coisa que fez com que você parasse de reclamar de Jack Frost, naquele dia. - ela disse - Você dizia que ele era muito chato e irritante.

Jack, que estava sentado na bancada da cozinha, sorriu para mim.

— Ele deve continuar chato e irritante. - murmurei

Jack riu e congelou meu dedão do pé.

— Ouch! - exclamei

— O que foi? - perguntou minha mãe

— Nada. - murmurou - Só um espasmo.

Ela franziu as sobrancelhas mas não disse nada.

Encarei Jack com minha melhor expressão de "se-você-me-irritar-eu-não-te-ajudo".

— Mãe. - murmurei - Posso ir ao shopping?

— Agora? - ela perguntou, confusa.

— É. - eu disse - Eu não tenho aulas muito importantes hoje de manhã. Posso ir para a escola na hora do almoço.

— Você não prefere ir depois? Com Bea? - ela perguntou

— Não. - murmurei rapidamente - Eu quero ir cedo, pra não correr o risco de perder alguma coisa pra outra aniversariante do dia que acordou cedo para ir ao shopping.

— Lizzie, shoppings têm estoques. - ela disse, sorrindo - As duas aniversariantes podem comprar coisas.

— Eu estou me sentindo particularmente supersticiosa hoje. - eu disse - Estou sentindo que preciso ir ao shopping, agora.

Minha mãe suspirou.

— Certo. - ela disse - Não exagera.

Assenti.

— Obrigada, mãe. - eu disse, beijando sua bochecha.

— O meu cartão está na bolsa. - ela disse

Assenti.

— Você precisa do carro? - ela perguntou

Neguei.

— Posso ir andando. - sorri

Ela assentiu.

— Te vejo mais tarde. - sorri

Ela sorriu e eu sai da cozinha, junto com Jack.

Depois de pegarmos o cartão e minhas coisas, Jack e eu saímos de casa. Rumo ao shopping.

Eu não sabia descrever como estava me sentindo. Era estranho pensar que Jack realmente precisava de minha ajuda para uma questão séria. Eu nem sabia que Jack conseguia levar alguma coisa a serio. De uma coisa eu estava certa, dali para a frente, os meus dias seriam completamente incomuns.


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Notas finais do capítulo

Ei, o que acharam? Essa foi a "pré-esteia" dessa fic, eu queria saber se ela ia ser bem aceita e etc. Divulguem, comentem.... O próximo capítulo sai dia 1/8/13...Obrigada pelo carinho.