One Dance For A High Heel escrita por MahDants


Capítulo 1
Capítulo Único




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Era uma vez um reino... Não, não um reino e sim o reino, afinal estamos falando da Inglaterra. Há muito tempo, em uma noite fria, nos meados de Julho em pleno século XVI, um loiro e uma morena, forte e frágil, pobre e rica, se viram pela primeira vez. Sim, eram opostos em praticamente tudo: no físico, nas classes sociais, no modo de pensar... Exceto por uma coisa: ambos estavam perdidamente apaixonados um pelo outro.

Naquele dia, entretanto, eles não sabiam disso ainda. Estavam afastados demais para perceberem. Ela, cercada por suas riquezas, caminhando com sua dama de companhia pelas ruas da cidade. Ele, cercado pelo suor, consequência do seu trabalho duro durante o dia para conseguir alimentar sua família.

Ele terminou de limpar e engraxar o sapato que acabara de fabricar e fechou a loja de calçados do pai. As ruas de Londres estavam movimentadas, mesmo que a maioria das lojas estivesse fechada. As calçadas de pedra já estavam iluminadas pelo fogo das lamparinas, apesar do fato de que o Sol ainda não estava completamente posto. E havia ela.

Cato jamais se esqueceria de como ficava linda com uma expressão irritada no rosto e a testa franzida, formando uma careta. Ou o modo como rapidamente relaxava a expressão e sorria meigamente. Sua postura era sempre impecável e algumas sardas detalhavam seu pálido e delicado rosto. Mas, de tudo, o que mais marcara não foram os negros fios que saíam de sua cabeça, ou a altura relativamente baixa em comparação a ele... Foram seus olhos. Incríveis olhos carregados de mistérios e divertimento, ora verdes, ora castanhos, que brilhavam de tal forma que até de longe Cato poderia ver.

É claro que ele a conhecia. Clove Fuhrman, filha de Júlio e Isabelle Fuhrman, beirando seus 15 anos, tinha o famoso sangue azul. Caso sua prima, Katniss, renunciasse ao trono, ela se tornaria a herdeira legal dele. E Cato sabia de uma coisa que ninguém mais sabia: Katniss renunciaria o trono. Ela e o irmão dele, Peeta, planejavam a fuga faz um tempo, por estarem perdidamente apaixonados. O conhecimento desse fato só enchia mais ainda o coração do pobre sapateiro de esperanças em relação à Clove.

Quando ela e a loira que a acompanhava passaram por ele, o mesmo não pôde deixar de ouvir a doce voz da morena reclamando:

- Ora cara Glimmer, eu estou carecendo de um novo calçado para o baile que papai dará ao anoitecer de 15 de Agosto. Pagaria qualquer valor para qualquer alma generosa que queira me ajudar.

- Tu estás fazendo pouco caso, senhorita – respondeu Glimmer. – Qualquer plebeu lutaria pela honra de ajudar-te. Não sejas tão pródiga com eles.

- Não sou pródiga! – retrucou rapidamente. – Apenas não destrato esses pobres...

Cato não conseguiu ouvir mais, ele e Clove atingiram certa distância. Com a doce voz dela ainda ecoando em sua cabeça, seguiu a caminho de casa.

Parou diante de uma pequena casa amarela que abrigava sete Ludwigs: ele, seu pai, sua mãe e seus irmãos Marvel, Peeta, Madge e Prim. O jardim era uma vergonha, a casa estava caindo aos pedaços, mas todos viviam felizes. Bom, todos menos Cato, que era quem mais trabalhava ali. Ele estava cansado de sua rotina e revoltado com o peso da responsabilidade em suas costas tão cedo.

O que ele mais queria era poder sentar sozinho na praça da cidade às cinco horas, enquanto todas as famílias ricas estariam tomando seu chá de fim de tarde, e relaxar. Ou então pegar sua espada que ganhara do pai quando completara 13 anos e cortar troncos de árvores nos limites de Londres.

E se ele sequestrasse Clove e fugisse da cidade? Riu desse pensamento enquanto entrava em casa. O que ele estava fazendo? Cato Ludwig estava mesmo pensando na pequena e frágil Clove? Justo ele, que era conhecido como o brutamonte alto e revoltado da cidade, estava perdendo seu tempo pensando naquela garota rica e mimada? Quantos outros será que já perderam seu tempo pensando nela?

Acenou rapidamente a cabeça para a família e se dirigiu ao único banheiro presente na casa. Ela precisava de um sapato... Pagaria qualquer coisa... Ele era um sapateiro... Ao terminar o banho, viu que continuaria pensando nela ou em assuntos relacionados a ela e decidiu visitar as dependências do castelo e invadir seu quarto na calada da noite.

Vestiu uma camisa branca, empunhou a espada e saiu rua a fora, rumo ao castelo da área leste de Londres.  

--X—

Clove estava relaxada em seu quarto lendo a peça recém-publicada Romeu e Julieta, de William Shakespeare.

Teve um dia cansativo. Passara em diversas sapatarias e nenhuma conseguiu lhe oferecer um bonito salto para a festa de seu pai. Quando estava disposta a desistir, Glimmer, sua dama de companhia, propôs a morena que mandasse fazer o salto. Depois disso, andaram mais uma vez a procura de alguém, mas ninguém estava disposto a trabalhar em um modelo tão complicado e caro quanto aquele.

Suspirou quando viu que se desconcentrara novamente do livro que lia e deixou-se preocupar-se com algo tão fútil quanto um sapato. Fechou o livro, apagou a vela que iluminava o quarto, e repousou a cabeça na cama, sem conseguir dormir. Clove era teimosa, quando cismava com algo, tinha que conseguir. Talvez a palavra certa para isso seja mimada, mas a morena preferia teimosa, então, quem contestaria?

Foi quando ouviu um barulho do lado de fora de sua janela e sua atenção foi desviada. Levantou o colchão e pegou a faca que guardava ali, pronta pra atacar qualquer um que fosse.

E então ele entrou. Ela jamais se esqueceria de como ele era bonito e forte. Usava roupas simples e um pouco sujas. Seus cabelos loiros estavam penteados em um topete bagunçado e seus olhos eram incrivelmente azuis. Tinha algumas cicatrizes no braço e um sorriso sacana no rosto.

- Ladrão! – ela berrou e ele logo se adiantou para tampar sua boca.

- Calma bela dama – ele pediu. – Não sou um ladrão.  Vou soltar sua boca e você... Ai! Você me mordeu!

- Ninguém manda em mim – ela rosnou de olhos cerrados. – O que fazes aqui? Como as pessoas costumam te chamar? Anda, responda-me!

- Estou oferecendo ajuda a ti – ele informou. - Não seja ingrata bela dama. Chamo-me Cato Ludwig. Ouvi que precisa de um sapateiro e...

- Ora, seu plebeu esfarrapado! – ela insultou. – Sois um...

- Um o que? Ora bela dama...

- Não me chame de bela dama.

- Mas tu és uma bela dama.

- Prossiga. O que vieste fazer aqui?

- Eu sou um sapateiro, vim oferecer-te ajuda, já disse.

- Farias qualquer calçado que te pedir?

- Qualquer calçado – ele concordou.

- E o que queres como retribuição?

- Prometo-lhe que irei pensar – ele disse. – Agora, hei de ir. Almejo-te uma bela noite.

- Tolo.

Ele pulou da janela da morena, e sumiu nos mistérios da noite.

--X—

No dia seguinte, Cato caminhava decidido em direção ao castelo enquanto lembrava-se do rosto pálido, frágil como o de uma boneca de porcelana e marcado apenas com algumas sardas na maçã do rosto de Clove. Na noite passada, seus enormes olhos verdes brilhavam furiosos sob a luz da lua que entrava pela janela e seus lisos cabelos negros estavam desalinhados de um modo atraente.

Passara o dia pensando no quanto ele poderia pedir para a princesinha dos Fuhrman. Poderia pedir rios de dinheiro e tirar sua família da miséria, mas então ele se lembrou da expressão raivosa dela e desejou poder vê-la em seu rosto de novo. Ela ficava bonita com raiva.

Escalou a árvore e pulou na varanda, já decidido do que pediria. Ela penteava seus sedosos cabelos quando ele bateu na janela, pedindo permissão para entrar. Ela acenou brevemente a cabeça e ele entrou sem hesitar.

- Eis o plebeu tolo... – ela debochou ao vê-lo.

- Uma dança – ele disse.

- Uma dança...?

- Sim, bela dama, meu preço é que me conceda uma dança.

- Porque queres uma dança comigo? – seu rosto ficou vermelho e Cato não saberia dizer se de raiva ou de vergonha. Sorriu.

- Algum empecilho?

- Sois um aproveitador!

- Ora, por quê? Bela dama conceda-me apenas uma dança! Juro-te que te deixo em paz e faço seu precioso calçado. Vim de longe para ajudar-te. 

- Não ouse tocar em mim – ela se esquivou. – Deixai essas imundas mãos longe.

- Ter preconceito é feio, bela dama.

- Irei gritar! – ela avisou. – Afasta-te.

- Fugiria antes que me encontrassem.

Ela rapidamente pegou uma faca escondida debaixo de seu colchão e jogou-a na parede. Fora tão rápida que caso Cato não tivesse visto o brilho característico do metal no objeto jamais saberia do que se tratava. A expressão dela era mortífera e naquele momento ele soube que de frágil como boneca de porcelana ela só tinha o rosto.

- Bela... Pontaria.

- Há outra embaixo do colchão.

- Já entendi – ele levantou as mãos em sinal de rendição e afastou-se. – Mas é melhor não tentar nada. Caso contrário, ficarás sem calçados, bela dama.

- Já. Disse. Para. Não. Chamar-me. De. Bela. Dama.

- Porque a raiva, bela dama? – ele indagou.

- Suma daqui!

- E seu calçado?

- Maldição... – ela praguejou. – Posso dar o dinheiro que quiser e pedes uma dança?

- Sim.

- Suma daqui – ela ordenou e pegou a outra faca.

Rindo, ele aproximou-se dela, beijou-lhe a bochecha e saiu correndo dali. No dia seguinte, ele novamente decidiu ir lá, visto que ela não contaria para ninguém suas visitas noturnas.

- Boa noite, bela dama.

- Que vieste fazer aqui?

- Encantar os meus olhos com seu belo rosto – ele disse e pôde jurar que a viu corar.

- É? Pois saiba que amanhã meu querido e amado pai estará aqui em meu quarto. Apareça!

- Virei.

Dizendo isso, beijou-lhe a bochecha novamente e saiu correndo pela janela, quase quebrando o pé. No dia seguinte, entretanto, ele ficou observando do lado de fora, esperando o pai da morena chegar e tirar-lhe a vida.

- Mas é um covarde... – ela disse abrindo a janela.

- O que...?

- Papai não está aqui – ela esclareceu e ele entrou. – Mas seu ato de espionar só mostrou o quanto sois um grande covarde.

- Vou te mostrar quem é o covarde!

Dizendo isto se aproximou no intuito de beija-la. Colocou as mãos grandes na sua pequena cintura e aproximou os rostos. Em seguida sentiu uma dor, bem embaixo. Sim, a morena atingira seu ponto fraco com um chute.

- Oh, Clove, porque fizeste isso?

- Sois um aproveitador barato! Eu estava certa.

Então ele foi embora, lamentando-se de dor. Durante duas semanas ele continuou indo até o castelo, invadindo o quarto da morena e sendo expulso por xingamentos e tapas.

Até que em uma bela noite, antes de entrar, percebeu que alguém entrara pela janela antes dele. Uma mulher. Escalou a árvore e ficou observando a conversa das duas.

- O que fazes aqui, querida prima?

- Vim dar-te um aviso – Katniss respondeu. – Irei matrimoniar-me.

- Disso eu sei. E virará uma rainha.

- Não entendes... – ela suspirou. – Irei casar-me com um plebeu e fugirei daqui. Sois por direito, herdeira do trono, então.

- Tenho apenas quinze anos! Não posso governar um reino...

- Então fujas, querida prima.

- Sozinha? Como conseguirei fugir?

- Não sabes manusear facas? São armas, de qualquer forma.

- Sei disso. Mas pra onde irei? Como sobreviverei?

- Não sei... Apenas vim dizer-te isso e alertar-te que caso não queira assumir o trono...

- E eu não quero.

-... Tu deves fugir daqui o mais breve possível.

Dizendo isso, trocaram um abraço caloroso e Katniss preparou-se para sair. Cato escondeu-se por detrás das plantas e esperou alguns minutos antes de adentrar o local, fingindo nada ter escutado.

- Uma bela noite, não é, bela dama?

- Cato! – ela correu para os braços dele pela primeira vez desde que se conheceram e dispôs-se a chorar. – Oh, querido plebeu, não quero a responsabilidade tão nova.

- O que houve?

- Katniss irá se casar com um plebeu!

- Com Peeta Mellark Ludwig. Meu irmão.

- Seu irmão? Convença-o a desistir! Arranje uma mulher pra ele...

- Serias capaz de estragar a felicidade de tua querida prima apenas por medo de governar o reino?

- Não é medo.

- Oh, evidente que não! – ironizou.

- Ajuda-me a fugir.

- Vosso pai ficaria preocupado.

- Por favor.

Ele então viu a oportunidade para finalmente conseguir a dança que tanto queria. Sorriu maroto e disse:

- Claro, bela dama. Contanto que me conceda uma dança.

- Não creio no que meus ouvidos ouvem – ela disse irada. – Peço-te uma ajuda em um momento de desespero e não deixas tua personalidade de canalha de lado! Sois um aproveitador...

- Toda noite dizes isso, bela dama – ele falou. – Já que se incomoda tanto com a presença de um aproveitador, porque não chamaste teu pai para matar-me com suas próprias mãos?

- Tudo bem – ela se rende. – Concederei uma breve dança.

- E um beijo?

- Ora, sois...

- Vais me chamar novamente de aproveitador? – ele riu. – No fim não resistirás a mim. Sinto algo, bela dama. Amor.

- Não sejas tolo!

- Sim – ele retrucou. – Sou tolo. Um tolo apaixonado por sua pessoa.

- Cala essa boca e ajuda-me a organizar minhas coisas e fugir.

- Fazeis assim: arruma suas coisas que irei arrumar as minhas.

- Vais fugir também?

- O que não faço pela dança de uma bela dama por quem sou apaixonado?

Ela revirou os olhos e ele beijou-lhe a bochecha, como sempre fazia e partiu. Chegando em casa, falou com seu único confidente ali: Peeta. Este aconselhou o irmão a ir para Oxford, a cidade quase vizinha. Cato sorriu, abraçou o irmão uma última vez, pegou duas blusas e duas calças, água e sua espada.

Chegando no castelo, Clove estava pronta ao lado de Glimmer, que tinha conseguido um pouco de comida e água. Clove tinha na bagagem roupas de sua dama de companhia, o colar de sua mãe, a caixinha de música que seu pai lhe dera e suas duas facas amigas.

- Cuide bem dela, Cato – disse Glimmer.

- Tenha certeza disso, Glim – disse ele. – Peço-te, por favor, que não conte nada para Madge.

- Vocês se conhecem? – indagou Clove.

- Evidentemente – respondeu Cato. – Crescemos praticamente juntos, até Glimmer decidir servir a sua família.

- Interessante – a morena disse. – Adeus, querida criada. Jamais vos esquecei de ti! Foste além de dama de companhia, foi uma irmã pra mim!

- Clove – chamou Cato. – Vais à frente, eu te peço. Já te sigo! Preciso falar com sua dama de companhia...  

--X—

Clove mordeu os lábios ao sair do castelo. O que Cato queria falar com Glimmer? Poderia ser algo familiar e Clove não gostaria de se meter, mas sim, ela estava curiosa. Ou talvez com ciúmes. Porque ele não falara com ela? O que não podia ser dito na sua presença? Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de Cato e logo começaram a caminhar.

Depois de um tempo, sua testa brilhava de suor. Ela estava cansada. Muito cansada. Jamais se imaginou caminhando por entre as árvores com um simples plebeu. Jamais se imaginou também, fugindo de alguma coisa, deixando para trás sua história. Clove jamais imaginou que pudesse viver uma aventura de verdade, seguir seu próprio caminho. Em parte, estava agradecida por Cato tê-la chamado. Aquele pobre plebeu estava dando-lhe a oportunidade de liberdade.

Mas a liberdade tem um preço. Céus... Só Deus sabia o quanto ela estava cansada!

- A fadiga já irá me atingir, querido plebeu – Clove resolveu pronunciar-se.

- Precisamos sair do alcance deles, bela dama!

- Carrega-me, por favor?

- Estás falando sério?

- Por favor?

- Segurai então – disse estendendo a mão com as coisas dele.

Seus dedos roçaram de leve e ele sorriu com isso, pegou-a no colo e começou a andar. Ela observou seu rosto, seus traços de homem perfeitamente delineados e a imensidão tão azul quanto o céu da manhã que eram os seus olhos. Então se permitiu olhar para seus braços... E seu pescoço... Uma gota de suor descia ali e se perdia no pano da camisa...  

- Sois um cavalheiro, no fim das contas.

- Entenderei isso como um “Cato, meu amor, eu amo a ti mais do que amo minha própria vida”.

- Tolo – ela retrucou sorrindo.

- Tolo apaixonado. Já falei.

- Levas mesmo essa história adiante?

- Que história?

- De dizer-se apaixonado por mim? Não vês que isso é tolice? Sois um plebeu e eu, uma dama da alta sociedade...

- Perdoe-me, Clove, mas acho que isso está errado – ele diz fazendo uma careta devido ao peso da morena. – Sois uma plebeia agora.

- Ora, seu...

- Perdoe-me – ele se desculpou. – Mas abandonaste o cargo na alta sociedade ao decidir fugir das suas responsabilidades.

- Não fugi das minhas responsabilidades.

- Perdoe-me novamente, mas...

- Ora! Pare de pedir perdão!

- Perdoe-me – ele disse sorrindo e ela revirou os olhos. – Mas sim, fugiste. Deixaste o reino nas mãos de quem? Não há herdeiros!

- Papai e mamãe acharão um! – ela disse. – Não respondeste minha pergunta. Levas mesmo essa história adiante?

- De estar apaixonado? – ele pergunta. – Assim como a Lua chegará ao anoitecer e sumirá ao amanhecer, dando lugar ao...

- Dize sim ou não, apenas – ela o interrompeu.

- Sim, bela dama, sou um tolo apaixonado. É uma das poucas certezas que tenho.

Aquela frase ecoava em sua cabeça. Existe frase mais bonita do que “Sou um tolo apaixonado”? Ela suspirou e encostou a cabeça no peito dele, fechando os olhos em seguida e pensando nos últimos dias que se passaram.

Cato invadia sua casa todas as noites, ele era insuportável e metido demais para um plebeu, mas mesmo assim ela podia dizer que gostava de sua companhia. Seria isso o amor? Seu coração batia mais forte quando via Cato e agora, ele dizendo-se apaixonado por ela... Sua cabeça estava a mil.

- Descansai querido plebeu – ela ordenou. – Agonia-me sua expressão de cansaço! Ponha-me no chão!

Ele obedeceu e acenderam uma fogueira, em meio à floresta escura. Clove teria medo das sombras feitas pelo galho, mas ele estava lá com ela. Ele tirou a espada da cintura e esquentou-a no fogo, cuspindo na ponta laranja em seguida. Ele ficava insuportavelmente bonito daquele jeito.

- Porque não dançamos agora? – ela perguntou e ele abriu um sorriso.

- Estás mesmo disposta a dançar? Não quero forçar-te a nada. Falei da boca pra fora aquilo. Não sois obrigada a nada.

- Achas mesmo que depois de tanto me ajudar ficaria sem recompensa?

- Com que música dançaremos?

- Podes cantar alguma.

- Eu? Não sou um homem das artes, bela dama.

- E fazes sapato... Isso é arte.

- Mas não sei cantar. Aposto que tens uma bela vez.

- Não canto. Não mais.

- Não mais? Por quê? Antes cantavas?

- Sim, cantava. Cantava e encantava a todos. Minha prima, Katniss, e eu temos esse dom. Até os pássaros paravam para nos ouvir.

- Então cante bela dama! Cante e assim dançaremos.

- Não entendes! – ela se levantou. – Não canto mais. Nem eu nem a Katniss.

- E por quê? – ele também se levantou e se aproximou.

- Afasta-te. Ainda tenho minha faca!

Mas é claro que ele não obedeceu. Clove estava com o sangue fervendo, mas tudo pareceu acalmar-se quando ele pôs a mão na cintura fina dela. Até o frio dissipou-se. Ela levantou os braços para coloca-los nos ombros do loiro e só então percebeu que ele era pelo menos trinta centímetros mais alto.

 - Eu canto então – ele disse. – Apenas não ria da minha desafinada voz.

- Não cante. Ouça. Ó natureza, obrigada por isto.

Ele de inicio achou que ela estava louca, mas então ouviu melhor. Sim, de fato a natureza cantava. Os ventos que passavam pelos ocos troncos assobiavam e as folhas no chão arrastavam-se em certo ritmo. De fato a voz de um dos dois não era necessária.

Os pés de Clove deslizaram para um lado e Cato a acompanhou maravilhado. Sim, finalmente ele estava tendo a dança que tanto queria. Mas só Clove sabia que não era por um par de sapatos. Nem por tê-la ajudado a fugir. Era porque ele estava certo. No fim, ela não resistiria a ele.

E com esse pensamento, quando a dança terminou, depois de minutos e longos minutos, ela ficou na ponta dos pés e tentou beijá-lo, mas céus, ele era alto! Ele riu da expressão raivosa dela e inclinou a cabeça para baixo. E finalmente se beijaram.

Como toda história clichê, Cato e Clove chegaram em Oxford dias depois, disfrutando o amor um do outro e lá, eles viveram felizes para sempre. Fim.  


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Notas finais do capítulo

Tá, foi uma história besta e muito mal escrita. Deixem REVIEWS!
Leiam também minha short-fic de três capítulos FINNICK e ANNIE: http://fanfiction.com.br/historia/357924/Os_Olhos_Verdes/