No meio da rua onde tudo estava voltando ao normal pouco a pouco, aquelas duas bonecas humanas saltavam de casa em casa. Elas tinham o boneco chave que a boneca “Queen” necessitava. Elas iam o mais rápido que conseguiam, a impaciência da boneca era completamente incompreensível. Foram questões de segundos para que as duas companheiras entrassem naquela grande casa comandada pelos bonequinhos que ali estavam. Na verdade, a família que ali vivia tinha feito uma viagem pequena para uma vila e iriam voltar em pouco tempo. As meninas olham uma para a outra e começam a andar de encontro ao quarto onde estava a boneca mais velha e mais forte. Mal param á frente da porta ela é aberta magicamente, ou não, pela boneca de cabelos castanhos e olhos vermelhos sangue. A estatura da mesma aparentava ser média pois, a mulher estava sentada, a sua pele era alva e um pouco morena e o seu corpo era bem definido por isso não tinha como não chamar-lhe de uma mulher.

- Voltamos Dollyene-sama! – Dizem e logo fazem reverência. Dão um passo adiante e a porta de trás se fecha bruscamente. Revelasse então a cara sem emoção de Dollyene que estava sentada na poltrona do quarto esperando as bonecas.

- Hum… - Foi o que responde. A boneca estica a mão e a porcelana começa a flutuar de encontro a ela. – Bom trabalho Luise, Akira. – Diz suspirando e dando um beijo no boneco.

Uma boneca que conseguia transformar simples bonecos em humanos, uma coisa completamente rara, talvez só dois ou três bonecos o conseguissem fazer, isso era uma coisa que tornava a boneca mais especial. Mas tinha uma diferença: Por conta da pedra da vida e pela vontade da mesma quando Dollyene fazia isso, o boneco automaticamente ficava impuro.

- Dollyene-sama queria-lhe pedir permissão para perguntar onde estão o resto dos bonecos. – A menina mais baixa de nome Luise pergunta olhando para a boneca á sua frente. Ela olha para ela outra vez sem expressão e então se levanta pousando os seus sapatos delicadamente no chão e então contornando a poltrona ainda olhando para Luise.

- Foram procurar a pedra da vida. – Diz desmotivada. - Akira, eu tenho um trabalho um pouco sério para você, será que era capaz de o completar? – Indaga passando o dedo em alguns livros nas prateleiras, sem tirar os olhos das bonecas á sua frente.

- Claro Dollyene-sama, o que deseja que eu faça? – Pergunta cruzando os braços.

- Eu quero que com a ajuda de Luise você tome conta do meu boneco. – Diz indo agora em direção á janela. – Quero que o tornem forte e quero que ele consiga ser um boneco do mesmo nível que todos vocês. – Os olhos vermelho sangue aterrorizadores e ameaçadores que acompanhavam aquela voz calma e sinistra que Dollyene possuía era o suficiente para mexer com qualquer um, era o suficiente para que alguém que a conhecesse bem curvasse perante ela.

- Assim o farei Dollyene-sama! – Diz fazendo outra reverência. – Pudemo-nos retirar? – Indaga.

- Sim e mais uma coisa… - A boneca faz um movimento com a mão e as bonecas vão de encontro á parede e ficando suspensas do chão, logo em seguida sentem algo as apertar com força a garganta. – Da próxima vez que quiserem usar o puder que eu confiei a vocês pelo menos sejam responsáveis com ele e não o usem para porcarias… - Os olhos de Dollyene começaram a ficar mais intensos e a brilharem com mais força. – Fiz-me entender? – Pronunciou a frase suave e pausadamente, fazendo com que as bonecas confirmassem num sinal positivo com a cabeça e quando estavam prestes a perder o ar dos seus pulmões por completo elas se sentem soltas e caem no chão tossindo e com uma respiração acelerada. – Estão dispensadas. – Diz desaparecendo daquela sala.

…Não muito longe dali…

- O que era tão importante assim? – Uma menina que saltava de casa em casa pergunta chateada. – Batava ver um pássaro e teve que correr atrás dele? – Diz cansada.

- Cala a boca! – Diz um rapaz um pouco atrás dela apanhando o ritmo para igualar o ritmo da menina. – Não fiz nada de mal! – Diz bufando.

- Pois… Por sua causa perdemos o rumo dos outros bonecos. E AGORA AMOSTRA DE GENTE? – Ela parecia visivelmente chateada mas continuava a seguir o seu caminho.

- Nee Sasha! – Ele chama parando e olhando para uma árvore ali perto!

- Hum? – Pergunta ainda saltando de um prédio para o outro, mas o rapaz com mãozinhas de gato, a segura e vão rapidamente para ao lado de uma casa. – O que foi? Quer-se atrasar mais do que já esta? – Ela pergunta ainda nervosa.

- Xiiu… - Ele mete o indicador á frente da boca e olha para a árvore outra vez. – Está vendo ali na árvore? - Eles os dois se inclinam e vê alguém de cabelos azuis bagunçados, um pouco alto e estava sentado num ramo da árvore calmamente, calado e sem preocupações algumas. Sacha sorri maldosamente e olha para o companheiro. – Ele não é humano…Ou é? – Ele se vira para a menina com um olhar duvidoso.

- É um boneco… Cheshire é um boneco puro! – Ela demonstra estar alegre. – Será que se a gente levar-lhe para Dollyene ela fique satisfeita connosco?

- Hehehe! – Ele ri mostrando as suas garras. – Só tentando para saber os resultados. – Ri.

…Em casa de Rachel…

A lua ainda estava na vista daquela cidade mas muitos dos bonecos continuavam acordados. Anicky que estava em forma de humana a horas atrás, agora estava na forma de boneca, em cima da cama. Yumi tinha recuperado os sentidos e estava sentada numa cadeira ali perto da cama. Olhando para as estrelas.

- Ei Yumi-san pretende ficar ai por quanto tempo? – Hikaru pergunta olhando para a menina enquanto entrava no quarto.

- Até entender como e quando Dollyene se recuperou e ganhou tanto puder assim! – Ela suspira.

- Continue mofando então! – Kikyou diz numa cadeira ali perto. O tom de voz muito baixo. – Para começo de conversa, bonecas querendo se mostrar são desnecessárias. – Yumi rapidamente volta o seu olhar para Kikyou.

- Onde está querendo chegar? – Pergunta desconfortada com tais palavras.

- Somos um grupo. Se quiser se mostrar mais forte, mas não valer nem um pouco do que está se mostrando… Vá em frente. – Ela se vira para Yumi olhando bem nos olhos dela, conservando a voz calma e baixa. – Mas será desnecessária.

- Se somos um grupo devíamos ser mais unidos e você não está mostrando isso… - Hei diz na porta do quarto.

- Sua voz é a última que eu quero ouvir quando ela se dirige a mim! – Kikyou se levanta calmamente. – Você para mim foi, é e sempre será um traidor. – A voz dela para além de ser dirigida de uma maneira fria para Hei também era uma maneira de ela mostrar que, para ela, Hei não era flor que se cheire.

- Porque está dizendo essas coisas Kikyou? – Ayame cruza os braços. – Não é engraçado falar desse jeito com as pessoas que são suas companheiras. – Afirma um pouco zangada. Nesse mesmo momento Anicky acorda mas ninguém notara pois, o clima dentro do quarto estava bem tenso.

- Calcule comigo Ayame. Ele foi um dos cãezinhos privados de Dollyene, ele era nosso imigo, ele lutava contra nós e acham que ele poderia ser nosso amigo só porque decidiu mudar de time?

- O coração dele é puro, ele nunca matou um dos nossos e sempre nos ajuda quando precisamos. – Hikaru o protege.

- E não se esqueça que tudo o que está falando está no passado. – Yumi também defende.

- Eu já não irei discutir com vocês! - Kikyou vai andando embora.

- Talvez a única pessoa aqui que é nosso inimigo seja você. – Hei fala quando a menina se aproxima dele.

- Veremos. – Diz passando pela porta á sua frente e num tom quase inaudível. Um tom em que, apenas Hei conseguisse ouvir.

- D-desculpem interromper… - A boneca faz-se ouvir. – Essa porta não estava trancada? – Anicky pergunta coçando a nuca.

- Sim, mas nós podemos abri-las e fecha-las como bem nos apetecer. – Ayame fala se aproximando de Anicky.

- Coisas de bonecos como nós! – Hikaru também dirige a palavra para Anicky.

- Como se sente? – Ayame se agacha na berma da cama.

- Mais leve. – Afirma se levantando e sorrindo. – S-sinceramente não me lembro de muita coisa.

- Não se preocupe… o importante é que está bem. – Hei diz sorrindo e se aproximando da porcelana.

- Vocês poderiam explicar-me quem eram aquelas meninas? – Fala um pouco vermelha.

- São as empregadas de Dollyene. – Diz Yumi voltando a ficar normal.

- Dollyene? – Anicky vira a cabeça ligeiramente para o lado.

- Sim… Dollyene é uma boneca que possui coração impuro. Há algum tempo atras os bonecos de Dollyene tiveram uma luta connosco. Nós conseguimos ganhar, acho que foi quase como um milagre isso ter acontecido, mas agora, a pedra da vida está se fazendo sentir. A pedra que domina todos os bonecos. Se essa pedra calhar em mãos erradas estaremos perdidos. – Explica Hikaru sorrindo travessamente.

Anicky ainda estava um pouco confusa e tinha-lhe passado pela cabeça perguntar a razão da pequena discussão mas, decidiu não tocar no assunto, tinha medo de ser mal interpretada. Depois de alguns tempos conversando Shuu entra no quarto um pouco alegre e com uma garrafa. O que para Anicky era uma garrafa, para os outros era, claramente, outra coisa.

- A miss TPM saiu de casa com passos pesados. – Diz rindo.

- O que você está bebendo? – Anicky, num tom curioso, pergunta olhando para a garrafa.

- Isto…? Ah, quer provar um pouco? – Pergunta esticando a garrafa para ela. Ainda um pouco duvidosa ela decide esticar as mãos para provar.

- Ha…

- Não obrigada! – Ayame para á frente da menina. – Ela não quer.

- Mas… - A menina fica com cara de dó.

- Nem mas, nem meio mas. – Ayame diz virando-se para o lado.

- Sinceramente… - Hei olha com um olhar reprovador em direção a Shuu. – Dar uma garrafa de cerveja para uma menor provar… Você não aprende não é mesmo? – Indaga, dando logo depois um suspiro pesado.

- YUKI-KUN… Me perdoa! – Diz saltando para cima de Hei e o abraçando. – Não foi minha intenção! – Diz dando inúmeros beijos na bochecha do rapaz.

- ME SOLTA SEU BICHA!! – Fala o atirando para o chão.

- Ele nunca aprende! – Yumi fala no seu assento.

- YUMI-CHAAAN VOCÊ ESTÁ BEEEEM! – O rapaz parte para cima de Yumi para lhe dar um grande e forte abraço mas Yumi se levanta e com uma madeira que tinha ali perto e, despreocupadamente, taca no rapaz o fazendo voar de encontro á parede do quarto.

- Tarado! – Diz se sentando de novo na sua cadeira.

- Bem… Eu acho que irei atrás da Kikyou… - Ayame fala se calçando e se preparando para sair.

- Tenha cuidado! – Deseja Hikaru enquanto acena adeus com as mãos.

… Do lado de fora…

Kikyou andava sem rumo um pouco emburrada com a atitude dos bonecos. Ela de uma certa maneira detestava ter Hei no seu grupo, mas, talvez deva ser o simples facto de ele ter feito parte de Dollyene. Ela conhecia o peso de seu coração, e sabia que o mesmo era impuro. Kikyou, mesmo assim, negara a ser companheira de Dollyene. O que Kikyou punha em ultimo lugar de todos os seus objetivos era juntar-se aquela boneca sem coração. Depois de uns metros a boneca ouve uma pequena explosão e, rapidamente, a menina corre para saber qual era a razão para tal acontecimento. Depois de correr durante uns segundos ela vê dois aliados de Dollyene, Sasha e Cheshire. E do lado oposto alguém que ela conhecia bem, no chão, indefeso e completamente machucado com o pé de Sasha na sua cara.

- Kikyou! – Ayame vinha logo atrás da menina correndo apressada e ofegante. – Kikyou finalmente t… - Kikyou, num movimento rápido, vai para a frente da menina e tapa a boca dela.

- SHHH! – Diz pondo o dedo indicador em frente a sua boca e logo puxa a menina consigo a mostrando o companheiro caído no chão.

- EEH? Aquele não é o… Miki?! – A menina pergunta admirada arregalando os olhos.

- Sim. – Kikyou responde continuando fixa no que os impuros faziam.

- Eu pensei que ele estivesse morto! – Afirma ainda mais surpresa.

- Todos nós pensamos. – Kikyou Pega no seu facão manchado com sangue e se agacha preparando para atacar.

- Kikyou… É perigoso… - Ayame se preocupa com a companheira que levanta a mão rumo á sua cara. – Hm?? – Ayame olha para a mão e de seguida para Kikyou.

- Fale para a mão. – Diz com um sorriso brincalhão e logo vai em direção de Sasha.

- EEHH??? – A menina fica com uma poker face e logo enervada parte para cima de Cheshire. – Não é assim que se trata uma companheira Kiky-san…

- Olha só quem está aqui! A equipa maravilha! – Sasha diz ironicamente saltando para trás assim como Cheshire.

- Vieram resgatar a princesa. – Cheshire brinca se agachando com as mãos no chão como um gato. – Sejam bem-vindas ‘Cavaleiros’ .

- HA HA HAA! – Ayame ri sarcasticamente abanando a cabeça. – Desculpe-me plebeu de quinta… não tem esmola para pobres. – Diz piscando o olho esquerdo e mandando um beijo para Cheshire!

- Hunf… - As suas unhas prateadas aparecem e ele fica com uma expressão não muito amigável.

- Cheshire… não temos tempo para brincarmos com elas. – Diz baixinho. – Temos que continuar o nosso rumo… daqui a pouco amanhece.

- Tsk… eu quero brincar… - Diz partindo para cima de Ayame que defende o golpe de Cheshire. O boneco recua dando uma pirueta, Ayame se concentra nele e acertando nas costas de Ayame que se ajoelha no chão mas que nem por isso permanece nele.

- O gato de rua quer brincar… Pena que não trouxe veludo para que você se entretenha com ele. – Ayame salta com a sua Ceifa que aparece magicamente na sua mão e tenta acertar no rapaz mas apenas passa de raspão no seu braço. Cheshire não deixa barato e, assim que vê a oportunidade perfeita crava as suas unhas nas costas da menina que se vira rapidamente para o acertar. Uma tentativa falha, mas que não deixou a menina cabisbaixa pois mais uma vez tenta o acertar.

Enquanto a luta entre Ayame e Cheshire, Kikyou e Sasha também lutavam, porém, cada uma tentava cravar as suas armas no corpo da sua adversária. Kikyou começava-se a irritar por não conseguir fazer com que o seu facão se encontrar com corpo de Sasha. A menina praticamente se afastava quando via a aproximação de Kikyou e de seguida, sem a boneca de Rachel perceber dava um golpe por trás, não importava como ou o quanto que ela se virava era tudo da mesma forma e a menina sempre caia na mesma armadilha.

Ayame e Kikyou, já um pouco cansadas de lutar são surpreendidas com a chegada de Luise e Akira que defendem Cheshire e Sasha. As bonecas “puras” voltam para o chão e ficam de frente para o seu companheiro á algum tempo esquecido. As impuras fazem um movimento com a mão de cima para baixo e os bonecos de Dollyene, sem conseguindo violar as leis da gravidade, caem no chão como pedras.

- Olá olá outra vez! – Luise cumprimenta feliz.

- Você de novo… Peste? – Ayame faz pose cruzando os braços.

- Também te amo mas… - Ela pega em Sasha. – …Não vim aqui bater papo furado com você.

- Hai… temos mais com que nos preocupar do que com purinhas sem classe. – Diz ajudando Cheshire a se levantar.

- Dollyene vai adorar falar com vocês Sasha, Cheshire! – Luise fica mais do que alegre. – Bem… Então, Jya Nee… -Diz desaparecendo acompanhada de Akira que desaparece também e com elas levam os oponentes de Ayame e Kikyou.

- AAHH! – Kikyou suspira se virando para o companheiro sentado no chão e esticando a mão para o mesmo. – Vá… Vamos voltar para casa! – Diz num tom de voz baixo, o companheiro depois de um tempo segura na mão da menina que o dá um abraço forte, assim como Ayame que o abraça igualmente.

- Pensamos que você estava morto Miki-chan… - Ayame diz calmamente.

- Era suposto estar mas… algo me salvou! – Miki diz sério. – Algo mais poderoso do que Dollyene.

- Poderia isso ser a Pera da vida? – Kikyou pergunta se afastando de Miki.

- Não… não era a pedra da vida! – Diz. – Não sei bem dizer o que era… se era um boneco ou se era um humano.

- Tá… Por agora iremos apenas voltar para casa. Está tarde e temos que cuidar desses ferimentos senhor problemas. – Ayame diz brincalhona.

Ayame e Kikyou ajudam o antigo companheiro a levantar-se e então caminham com ele até casa. Ayame olha uma última vez para trás.

“ Pedra da vida… Hum… interessante…”