D.N.A Advance: Nova Ordem do Século escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 46
Ryuu Matsunaga


Notas iniciais do capítulo

Kari está encurralada. Agora que a sua vida está traçada pelo poderoso chefão, Matsunaga, tem 2 caminhos. O primeiro é seguir fazendo com o que o velho quer ou contrariá-lo. Porém, contrariá-lo deverá lhe custar muito caro.

Enquanto isso, Paulo continua rebelde. Depois de brigar com Jin, ele sabe que Impmon fugiu, mas não se importará; além disso, ele vai anunciar algo terrível no final.

Naomi continua com o seu projeto de acabar com a vida da sua rival. Conseguirá ela afastar o casal mais homogêneo desta história?



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CAPÍTULO 143

― Não conheço o senhor, mas parece que quer falar comigo?

― Exatamente. Eu contei as horas para que esse dia chegasse e aqui estamos. Sente-se, senhorita Yagami. Eu serei breve, porque também sou uma pessoa muito ocupada.

Kari ficou olhando para o idoso à sua frente.

― Prefiro ficar de pé mesmo, se o senhor não se importar.

― Claro que não. Como eu disse, serei muito breve com você. Quero esclarecer algumas coisas muito importantes que poderão mudar o rumo da sua vida e da minha. Enfim, a primeira coisa é que está havendo uma briguinha pessoal entre você e a minha neta, o que é vergonhoso já que duas adultas estão se comportando como crianças, mas, mesmo a Naomi sendo minha neta, eu não tenho nada a ver com isso; o que acontece entre as duas não me diz respeito. A segunda coisa é que será impossível você se demitir desta escola agora pois será uma peça-chave para alguns planos que eu tenho para o futuro.

― Olha, senhor, não sei quem é. Está só fazendo perder o meu tempo com essa conversa fiada. Quanto à Naomi, ela foi quem começou tudo isso. Com licença.

― Pode não se importar com você, todavia se importa com o seu noivo, ou a sua mãe Yuuko, seu pai talvez; ou o irmão que acabou de viajar para os Estados Unidos; ou que tal se importar com seus amigos como a Mimi Tachikawa, Sora ex-Kamiya e agora novamente Takenouchi, Yamato Ishida, Kouchiro, Joe e os seus parceiros digimons.

A mulher parou e olhou para o homem. Ela voltou e se sentou na cadeira.

― Quem é o senhor?

― Melhor assim. O nosso diálogo será mais frutífero. Bom, eu me chamo Ryuu Matsunaga o homem que comprou esta pocilga. Sou um bio-cientista, historiador e um dos homens mais poderosos do Japão, por isso eu quase sempre consigo o que quero. Pode estar se perguntando o motivo de eu falar com você, mas para mim isso é quase sempre uma pergunta retórica, minha filha. Eu sou um macaco velho neste mundo e posso jurar categoricamente que nunca me arrependi do que já fiz na minha carreira e olha que eu fiz 60 anos de carreira e 80 de vida, o que corrobora a minha afirmação. O mundo que vivi e que ainda vivo guarda muitos segredos, mistérios do mundo e quero pelo menos descobrir alguns deles. É a lei da descoberta. Não é fascinante quando lemos nos livros de história e nos deparamos com a imagem de Hitler como sendo um monstro nazista que matou milhões de inocentes e aí depois descobrimos outras histórias que antes eram ocultas? Por exemplo, Hitler tinha uma cadelinha pastor alemão que ele amava muito e a sua adorada amada, Eva Braun; sabia que ele amava comer doces? Nossa, era um chocólatra de plantão. Aí, puff! Some a figura do líder carrasco e entra o cidadão normal ― a mulher apenas ouvia. ― Venho trabalhando para o desenvolvimento dos digimons antes mesmo de seu pai nascer. E a pergunta mais fascinante é que se um dia poderemos visitar o digimundo sem restrições? Lembra de Yukio Oikawa? Ele trabalhou para a Genetech durante meses e até desenvolveu um protótipo digimon, mas não passou de borrões de pixels. Foi um horror. Mas os monstros digitais do mundo digital foram criados a partir da Genetech, agora, porém, não temos mais controle disso. Só que continuamos lutando para que, de alguma forma, criássemos digimons muito mais fortes que os que nascem normalmente no digimundo.

― Ainda não entendi o porquê de querer a minha ajuda.

― Ah, sim. A pressa é a inimiga da perfeição. Por isso o meu trabalho teve que se alongar por anos a fio para quando o dia certo chegasse não desse nada errado. Chegamos nesse dia, sobretudo agora que o tempo e o espaço de lá foram modificados graças às constantes lutas que os atuais digiescolhidos travaram. Enfim, eu tenho um projeto revolucionário e preciso que seja participativa para o bem dos seus entes queridos. Porque sou tão poderoso que poderia calar todos ao mesmo tempo e a polícia nunca descobriria a autoria dos crimes. Hehe, não fique nervosa, minha querida, se você fizer exatamente o que eu quero, deixo todos em paz. Mas se fracassar então terá que sofrer as consequências, e posso dizer que já calei muita gente até poderosas. Vamos por partes: a primeira coisa que exijo de você agora é que vá neste endereço onde fica a minha mansão, à tarde, e escute o que tenho para dizer de mais detalhes, aqui não é ambiente adequado para eu dizer o que tenho a dizer. Não falte. Em segundo lugar, não conte isso para ninguém, nem autoridades nem familiares; sabe do que sou capaz. Fique com o meu cartão, pois a minha mansão fica muito longe daqui. Entre na minha casa sozinha ou senão a outra pessoa será expulsa pela matilha de rotweillers que tem na minha propriedade.

― Posso ir?

― Claro que pode, minha querida. À tarde, eu te espero para termos uma conversa bastante agradável. Vai ser para um bem maior. Pode sair.

Hikari saiu arrasada da sala. Tominaga tentou perguntar a amiga o que havia acontecido, porém a digiescolhida não quis contar nada. Os demais professores foram autorizados a entrar no ambiente. As duas saíram dali e voltaram para o andar das classes.

― Agora me conta o que aconteceu.

― Eu preferiria não ter que te contar, mas você é a minha melhor amiga e confidente. Vamos para o refeitório dos alunos. Prefiro conversar por lá.

Naomi seguiu as duas até o lugar. Ela não sabia o que o seu avô havia dito, por isso estava bastante curiosa.

Kari sentou-se à mesa e ficou conversando com a amiga. A digiescolhida contou tudo o que o velho cientista havia dito. Mesmo não sabendo de muito coisa, ela desconfiava que era algum trabalho sujo que estava prestes a fazer. Talvez servir de bode expiatório para algum plano maquiavélico. O problema é que ela ainda não entendia o motivo claro dela ter sido a escolhida. Tominaga logo ficou bastante preocupada com a amiga, já que ela nunca se meteu com esse tipo de pessoa; até deduziu que tudo isso era alguma armação de Naomi, contudo Kari desacreditou nisso.

― Não se mete com esse tipo de gente.

― É tarde demais, amiga. Não sei quais são as motivações daquele senhor, porém tenho certeza de que não são nada nobres. Eu tenho que ir lá e ouvir o que ele tem para me propor. O ruim que não posso falar com mais ninguém sobre isso, promete guardar segredo?

― É difícil, mas eu prometo. Em que enrascada a minha amiga se meteu, meu Deus.

― E põe enrascada nisso. Não quero nem que o TK sonhe que isso esteja acontecendo. Seria muito perigoso.

Naomi sorriu quando terminou de ouvir. Era isso que queria saber, pois Kari novamente estava escondendo as coisas para o noivo e não será nada difícil tirá-lo da outra.

...

Impmon conseguiu fugir para o mais longe possível, porém ainda sim continuou no bairro de Nerima. Ele preferiu ficar sobre os postes ou árvores para a sua maior segurança. A visão da cidade podia ser vista da altura que estava.

Uma neblina pairou sobre parte da cidade. A temperatura diminuiu drasticamente. E isso aconteceu depois do meio dia.

O pequeno roxo se encostou no poste e ficou sentado. Alguns pombos se aproximaram dele e tentaram pousar sobre ele. Um dos pássaros defecou nele.

― Vai ver só seu maldito pombo ― Impmon formou uma bola de fogo e acertou o bicho. O pombo caiu queimado. ― Um churrasquinho de piu-piu.

O táxi retornou para Nerima e parou na casa dos Kyoto. Paulo pagou ao motorista, saiu do veículo e entrou em casa. O rapaz gritou desde o jardim sobre o paradeiro de Impmon. Lucas ficou com muito medo de sofrer algum tipo de represália por parte do adolescente. Lúcia teve que acalmar o próprio irmão.

― Que gritos são esses?

― Cadê ele? Cadê?!

― Se está falando do Impmon, se foi.

― Como assim?

― É claro que se foi. Depois que ligaram da casa do Jin dizendo que você estava furioso querendo expulsá-lo de casa, aí ele decidiu ir embora.

― Que ótimo, pelo menos evitou que eu tivesse muito trabalho. Sabe o que ele aprontou? Esperaria não ter que te contar isso, mas eu vou contar. Sabe o nosso pai, que achávamos que morreu...

― Ele não morreu, eu sei. É o Impmon ― Paulo ficou mais confuso. ― Ele me confessou ainda hoje que era o meu pai. Eu o critiquei, mas logo se explicou e disse seus motivos de ter feito o que fez. E eu o perdoei.

― Não posso ter ouvido isso. Então se você o perdoou só mostra o quão fraca é! Você deve estar louca!

― Não, é você quem ficou louco. Nem ouviu o lado dele, a versão dele. Você quer devolvê-lo ao digimundo, mas esquece que também é o meu pai.

― Mas é o meu parceiro digimon!

― Ah, agora você se lembra que ele é o seu parceiro. Eu cresci sem um pai e quando eu o descubro você quer tirá-lo de mim?

― Você já tem o traidor do Lucas que inclusive estava querendo me sacanear tirando o exame para eu não ver. Deveria estar mancomunado com o outro! Lucas, covarde, cadê você?

Paulo passou pela sua irmã e invadiu o quarto da mesma. Lucas ficou assustado ao ver o maior segurá-lo pela gola da camisa.

― Solta ele! Solta! Para, Paulo!

― Quer dizer que você sabia de tudo e nunca me contou?

― Eu prometi que não falaria. Eu pensei que se o próprio Wesley falasse a verdade seria melhor. Mas você descobriu tudo de uma outra forma.

― Cara, você é um maldito traíra! ― ele o largou. Lúcia logo ficou no meio dos dois. ― Estou cercado de traidores na minha própria família. Esse merda deveria ter me contado tudo quando teve a chance, mas preferiu esconder isso de mim.

― Eu jurei ao Impmon porque ele me pediu. Nós somos digimons e eu, como digimon, sei do que ele está passando. Ser tratado como uma aberração pelo mundo e ainda ser vítima do próprio parceiro que ainda por cima é o seu filho.

― Ah, disso você se lembra. Conveniente que só agora você reconheça que é um digimon. Fala sério, se passando por humano e não é. Nem que você queira ser, porque querer não é poder. Vai ser sempre o Lucemon de sempre e nada de Lucas. Um ser humano cansa, sente frio, sente dor, calor, ama, faz sexo, tem filhos que não precisam nascer de um ovo... Lucemon não passará de um Lucemon e ponto.

― Chega! Sai daqui! ― gritou Lúcia.

― Saiba que agora eu vou sair definitivamente do grupo dos digiescolhidos, pois são um bando de fracassados.

Lúcia não aguentou e o seguiu até a sala.

― Fracassados uma ova. Quantas e quantas vezes vencemos os vilões no passado? Na última luta contamos com a ajuda do Freddy, lembra-se?

― O Leo tem razão. Eu não preciso de otários para puxar o meu saco.

― Você falou barbaridades para o Lucas e ainda acha normal?!

― Opa, calma aí vocês. Lá de fora deu para escutar a gritaria. Não vou admitir que os meus netos fiquem se xingando assim --- disse Alice.

― Garotos, se a mãe de vocês visse isso ficaria chateada --- falou seu Alencar.

― Ele implicou com o Lucas e comigo. Esse garoto deveria apanhar com um cipó nas costas e amarrado num poste como no tempo da escravidão do Brasil. Eu tô de saco cheio.

― Lúcia, quer saber, vá pro inferno! ― ele saiu para o quarto.

― Ah, meu Deus. O que está acontecendo com esse garoto? ― perguntou a avó.

― Ele está virando um homem. São os hormônios, querida.

Paulo aproveitou que todos estavam distraídos e subiu ao andar superior, onde ficava alguns quartos de hóspedes e a suíte de Márcia. A empregada terminava de arrumar as coisas quando o garoto chegou.

― Kazumi, já chega. Os meus avós chegaram e precisam de ajuda.

― Mas eu ainda não terminei de passar as camisas do senhor Kyoto.

― Depois você faz isso. Vai logo ajudá-los, por favor.

A empregada saiu do quarto deixando o adolescente sozinho. Paulo quis apenas isso para fazer algo horrível. Foi até o closet e pegou uma pequena caixa de madeira que a sua mãe guardava algum dinheiro e pegou uma quantia considerável de ienes. Havia mais, mas ele preferiu pegar apenas o combinado.

Antes de toda aquela discussão com a irmã, ele havia ligado ainda no táxi para Leo. A finalidade era buscá-lo para os dois irem ao jogo. O carro parou na frente da sua casa. Paulo guardou o uniforme, chuteiras, etc, dentro da mochila e saiu.

― Demorou um tempão.

― Eu tive uma briga lá em casa. Quem é esse?

― Um amigo. Mas relaxa, ele é maior de idade. Vambora.

Jin ainda não entendia como Paulo ficou tão descontrolado. Em todo o tempo que o conheceu, nunca o viu tão diferente. Por isso teve a ideia de se conectar com os seus outros amigos digiescolhidos e contar a verdade a eles.

A diferença de fuso horário não permitiu que eles se falassem ao vivo, mas o japonês mandou um recado para falarem ao mesmo tempo com o Paulo.

...

Tominaga fez companhia a sua amiga. As duas foram até o bairro onde ficava a mansão de Ryuu Matsunaga. Depois de minutos tentando procurar a residência, elas perceberam que o muro de pedra que circulava uma área de mais de dez quarteirões era a mansão do velho.

― Querida, eu nunca vi uma propriedade tão grande assim ― falou Tominaga.

― Deve ser aqui mesmo. O endereço é este e ali deve ser a entrada.

A entrada tinha um grande portão com uma guarita bem no alto e outros seguranças tomando conta. Elas pararam o carro um pouco distante.

― Aqui não parece ser brincadeira. Tem certeza que ficará bem?

― Vou ficar bem. Afinal o velho deve me querer viva para fazer o tal serviço.

Kari desceu do carro e continuou caminhando. Um dos guardas chegou até ela e perguntou; a moça respondeu dizendo o seu nome e por isso o homem permitiu que ela entrasse. O segurança a acompanhou ao longo da vasta entrada até a porta principal. Uma senhora idosa aguardava.

― Senhora Nakawa, a moça que o senhor Matsunaga solicitou.

― Você deve ser Yagami. Seja bem-vinda. Sou Nakawa, a governanta pessoal da família. O meu chefe pediu para que a acompanhasse até o escritório. Venha comigo.

― Como um senhor idoso vive sozinho numa casa enorme assim? Por acaso a Naomi mora aqui?

― Não. A senhorita Naomi mora no centro. Não é do feitio dela viver sob o mesmo teto que o avô. Apesar do dinheiro, aqui não é um exemplo de família perfeita.

― Por isso que a minha mãe sempre diz que o dinheiro não traz felicidade.

― Deve ser uma filha de sorte. Se o dinheiro trouxesse felicidade, Naomi seria completamente diferente e o meu chefe menos amargurado. Pronto, depois desta porta está o senhor.

― Senhora Nakawa, parece-me tão diferente dos seus patrões.

― Porque a minha única função é servir a esta casa. Já vi tantos segredos, mas eles morrerão comigo. Boa sorte.

Depois de muito tempo andar elas finalmente chegaram na porta do escritório. Kari girou a maçaneta e abriu. Matsunaga se encontrava com um segurança. Este usou um detector de metais portátil e passou no corpo da mulher. Apreendeu o celular dela e permitiu que ficasse sozinha com o seu chefe.

Matsunaga mexia num notebook, não deu atenção à moça. Até que ele a percebeu e se levantou para colocar mais café na xícara.

― Quanta coragem, quanta espirituosidade. Quando vejo estas cenas eu fico deveras inspirado ― ele girou a tela do notebook e mostrou um vídeo sobre a primeira invasão dos digimons.

― Senhor Matsunaga, é um prazer está na sua casa.

― Por favor, minha querida, sem hipocrisias. Assim poderemos ter um diálogo fluente e realmente verdadeiro. Sente-se ― ela sentou de frente para ele. ― Quer algo para beber?

― Não, obrigada.

― Não precisa dessa vigilância. Seria um paradoxo terrível eu querer matá-la e ao mesmo tempo precisar de um serviço seu. Mas, enfim, estamos aqui.

Matsunaga sentou-se à bela mesa de mogno e marfim que dava um charme conservador ao gabinete.

― Sabe qual a desvantagem de ser poderoso e conhecido? É que esse tipo de pessoa não se atém aos detalhes da vida. Eu nunca, na minha juventude, consegui o que realmente queria de verdade. E sabe por quê? Porque o mundo é hipócrita. Enquanto o mundo está se matando com governos falidos, guerras, milícias, consumismo... Comunismo versus capitalismo, pobres vesus ricos, políticos versus honestidade. Enquanto alguns países fracos dependem da boa vontade de potências governamentais que só governam para o seu bel-prazer. O que vemos nos livros de história é a pura relatividade disfarçada na sagacidade de historiadores que são pagos pelas potências que mencionei. É um jogo perigoso, porque virou um círculo vicioso. Quando nos lembramos do 11 de setembro nem nos damos conta que foi o próprio governo daquele país que encomendou os terroristas; quando nos lembramos da morte do presidente Kennedy nem imaginamos que foi um assassino contratado por aquele próprio país; quando nos lembramos de Hiroshima e Nagasaki encaramos aquele tempo como que foi culpa dos japoneses, mas os americanos mataram instantaneamente crianças e inocentes; quando nos lembramos da guerra na Faixa de Gaza nem nos damos conta que havia crianças e inocentes numa região em que parece mais um presídio a céu aberto. É igual a uma vítima de roubo quando amarra o meliante num poste e o açoita numa tortura até a morte. Agora pode ver que o mundo é hipócrita? Vivemos numa selva de pedra onde os melhores sobrevivem, Charles Darwin. Como eu disse, tudo é relativo e nada é absoluto. O fascismo só foi marginalizado porque não é hipócrita, porque mostra a sua real faceta. Se hoje eu encontrasse Benito Mussolini, Adolf Hitler ou até mesmo o pai do nosso atual Imperador eu os saudaria e os convidaria para a minha humilde mansão. Nunca fui hipócrita travestido de democrata.

― Uma pessoa que tem apreço a esse tipo de gente só pode ser louca.

― Sou a pessoa mais lúcida que você já conheceu. Sou um estrategista, consumista, capitalista e niilista. Não faço nada sem sentido, tudo para mim faz sentido. Até o fato de você ter contado a verdade unicamente para a sua amiga professora, por isso ela veio contigo e está lá fora. Sabe qual a regra de reis e deuses? Matar ou morrer. Fique vive e que os outros pereçam. Soa meio poético, mas é isso mesmo que acontece. O que faz o Klu Klux Klan ser tão odiado não é o seu racismo étnico, mas a sua falta de cinismo. Eles são verdadeiros, odeiam negros; os governos são falsos, pois odeiam negros e pobres, porém disfarçam. E quero acabar com isso. Já pensou numa nova forma de governar, numa nova humanidade e num novo planeta sem sair deste? Finalmente eu encontrei um jeito de acabar com os problemas da humanidade e por isso não vou descansar enquanto não conseguir. E você é uma peça importante para isso.

― E se eu escolher me negar?

― Escolherá as trevas. Porque numa fração de segundos a sua vida poderá virar um inferno. Imagine um dia acordar e toda a sua família e seus amigos morrerem. Eu tenho um relatório completo de cada familiar seu. É só mandar a Yakuza exterminá-los. Você quer essa segunda opção?

― Não. Mas por que eu?

― Você é uma digiescolhida, da luz. Conhece os atuais escolhidos. Eu poderia mandar algum espião meu, mas se você trabalhar para mim vai chamar menos atenção. Você é o sol e os demais digiescolhidos giram ao seu redor.

― O que o senhor quer de mim?

― Quero governar o mundo. Só que do jeito que tá não vai dar. É imprescindível que haja um estímulo e já tenho. Já ouviu falar de hibridismo? É quando duas espécies diferentes se juntam para formar uma nova. Pegue o DNA humano com um de animal e verá que não vai dar certo; portanto, aposte no DNA de digimons. Isso mesmo, senhorita, eu crio híbridos de humanos e digimons. São digi-humanos. Com aparência de humano, porém com a força avassaladora e sobre-humana que só os digimons têm. Eu já tenho dois protótipos e poderá vir o terceiro e principal.

Matsunaga mostrou a imagem do dragão roxo segurando uma esfera de trevas. A digiescolhida não entendeu do que se tratava. Ele explicou que era um digimon.

― Nunca vi um digimon assim.

― Foram anos de pesquisas para chegar a um consenso: existe este digimon, mas ninguém o viu. Talvez tenha visto só que de uma outra forma. Como um homem belo e encantador que é por fora, mas que por dentro é um psicopata estuprador de crianças. Esse digimon pode ser uma criatura bela, um anjo; todavia há um monstro muito poderoso por dentro. Já pensou se eu o controlar? Terei o poder na palma da minha mão. Como? É fácil criar híbridos, mas leva tempo. Quero o DNA desse monstro para criar híbridos e mesclar com as células de um ser humano adulto. Para isso eu já tenho a máquina que desintegra o nosso DNA e permite que os dois corpos sejam apenas um. Eu já tenho um voluntário e posso garantir que ele fará tudo o que eu quiser. Agora, para isso acontecer, eu preciso muito da sua ajuda. Você vai espionar os seus amigos digiescolhidos para descobrir se algum dos digimons deles é o DNA que procuro.

― O que garante que ele esteja aqui e não no digimundo ou em qualquer lugar do mundo?

― Como disse, não faço nada por acaso. É claro que criei radares orbitando o planeta e as informações que o sinal vem da cidade. Ele está aqui e o quero para mim. Vai ser a troca da sua vida anterior com a última peça do meu quebra-cabeça.

― Como vou saber que o digimon é o que procuro?

― Tome isto. Parece um aparelho de dar choque, contudo ele emite um raio esverdeado que automaticamente reconhece o alvo. Aqui na tela vai aparecer “Alvo detectado” para o nosso sortudo. Não me interessa se for o seu parceiro digimon, traga-o para mim. É melhor você fazer o que eu pedi, pois a vida dos seus familiares estão nas minhas mãos.

Matsunaga retirou um envelope grande da gaveta e deu para a mulher. Kari abriu e viu várias fotografias de parentes e amigos.

― Não me decepcione. Já pode se retirar ― Matsunaga sorriu.

Nakawa acompanhou a professora até a saída e deu-lhe o celular. Pouco tempo depois ela voltou ao veículo.

― O que houve lá?

― Aquele tal Matsunaga é um doente ― entregou as fotos para Tominaga ver. ― Estou mais perdida do que nunca. Agora nada nem ninguém vai me proteger, apenas eu.

― Qual é o plano?

― No caminho eu te conto.

O carro saiu da frente da casa e foi embora.

...

Márcia jantava com a família enquanto percebia duas coisas: a primeira que Impmon não foi sentar à mesa e segunda que os filhos estavam muito calados.

― Cadê o Impmon?

― Ele precisou voltar ao digimundo, pois o Gennai chamou ele. Para que eu não sei. Vai demorar um pouco.

― Lúcia, querida, por que está assim?

― Ah, não se preocupe com a pequena Lúcia, filha. Ela só não se sentiu bem hoje. Mas tudo está tranquilo porque já dei toda a assistência ― disse Alice.

― Os jovens nessa idade tendem a ser problemáticos ― disse o avô.

― Ray, você pegou mil que estavam na caixinha que deixei no closet?

― Não, amor. Sumiu?

― Não me lembro de ter pago a academia, sei lá. Eu pensei que tivesse colocado lá.

― Ah, querida, hoje tem academia. Depois do jantar nós vamos.

Paulo ficou calado quando ouviu a conversa da sua mãe.

Horas depois chovia bastante na capital. Lúcia não conseguia dormir pensando no seu pai.

― Pensando nele?

― Lucas, não consigo dormir. Não é justo o Impmon ter fugido de casa porque o Paulo estava transtornado.

― Deve ter algo errado com o teu irmão.

― Eu sei que está chateado com ele, mas releve. Paulo tava com raiva, não pensava. Mas realmente há algo errado com o o meu irmão e vou descobrir.

Impmon se escondeu dentro da caçamba de lixo protegendo-se da chuva que insistia em cair. Por sorte o lugar estava vazio. Seu único jeito de se aquecer era por meio das chamas que ele mesmo produzia. Só que a fome e a fraqueza eram inevitáveis. O estômago começando a roncar já era um sinal.

Um ladrão fugia da polícia quando entrou no beco e entrou na caçamba. Impmon assustou o homem que havia saído e deixado a bolsa da mulher para trás. O digimon pegou a carteira e tirou o dinheiro.

― Eu não estou roubando, quem roubou foi ele. Eu apenas estou pegando algo que foi deixado aqui.

Impmon abriu a tampa e percebeu que a chuva diminuiu um pouco. Ele rapidamente saiu dali enquanto os policiais ficaram apenas olhando.

No dia seguinte, Paulo acordou tão bem que nem ele mesmo soube dizer o motivo da sua felicidade. Era como se tivesse esquecido das brigas do dia anterior e virado a página. No café da manhã todos até estranharam a alegria dele.

Lúcia, no entanto, não esqueceu de tudo o que ele fez. Paulo tomou a refeição quieto. Na hora de ir, ele avisou que iria com Leo para a escola. Antes de sair deu um beijo na mãe, avó e irmã.

― Lúcia, você fez cara feia quando o seu irmão te beijou.

― Vovó, é que eu ainda tenho sono.

Paulo abriu a porta do carro e entrou nele. Foram para a escola.

Impmon acordou com os pássaros pousando no telhado perto dele. Não aguentava mais de fome e não saberia onde pegar comida. Lembrou-se do pouco dinheiro que havia pego na bolsa. Desceu o telhado do edifício e procurou algo parecido com uma padaria. Por sorte havia uma ali perto.

Entrou no estabelecimento e foi ao caixa. A atendente levou um susto ao ver o digimon; não só ela como as pessoas que estavam ali dentro. Ele percebeu o embaraço e logo corrigiu.

― Que foi? Parecem que não viram uma criança numa fantasia? Eu quero isso aqui de pães, rosquinhas e bombas de chocolate.

Ele deu o dinheiro e a atendente colocou tudo numa sacola. As pessoas continuaram assustadas.

― O senhor pode abrir pra mim? ― disse ele para um idoso que também estava para sair.

― Claro ― ele abriu a porta de vidro.

― Obrigado.

Minutos depois ele estava comendo no beco. Um senhor mendigo, que estava dormindo perto dali, viu o digimon comer. Impmon foi até ele e deu o que sobrou. O homem agradeceu.

Agora Impmon ia até a direção da escola em que os seus filhos estudavam. Ele pulava de telhado em telhado até ser surpreendido por um golpe que o atingiu no rosto. Ele foi lançado para perto do parapeito de um terraço.

BlackTailmon apareceu diante dele com o punho fechado.

― Tailmon?

― Não, BlackTailmon. Eu sou a BlackTailmon.

― O que quer comigo?

― Nada de especial. Estou aqui há algum tempo e nunca te vi por essa parte da cidade.

― Não costumo vadiar como os outros fazem. Eu sou digiescolhido, não sou selvagem. Mas estou há três anos aqui e também nunca te vi, por isso vai logo contando quem é e por que me acertou desse jeito.

― Eu também sou digiescolhida. Mas, diferente de você, eu procuro alguns adversários para me divertir. A vida neste mundo me entedia. Eu vou adorar bater em você.

Impmon se levantou.

― Não pense que sou fraco ― ele correu na direção dela. Black preparou a sua garra para acertá-lo, só que ele se teletransportou antes que ela acertasse. Ela ficou procurando por ele.

Impmon já estava bem longe da outra.

― Não sou burro de enfrentar uma digimon que tem o nível superior ao meu.

...

Takeru se recuperou bem da gripe e foi à escola retornar com as aulas. Ele foi com a noiva. No estacionamento ambos se separaram, pois ela teria logo a primeira aula e ele estacionaria o carro. Enquanto isso, Naomi observava tudo atrás de um pilar. Assim que percebeu o homem sozinho foi ao seu encontro.

― Professor, eu não sabia que você vinha só.

― Professora Naomi que surpresa. Bom, a minha noiva decidiu sair logo. Ela estava atrasada.

― Em primeiro lugar agora eu sou diretora e proprietária da escola. Agora o nome é Matsunaga Genetech High School. E em segundo lugar, que falta de compreensão dela porque se eu fosse noiva, a minha família viria primeiro.

― Você é jovem e bonita. Vai arranjar um noivo logo logo.

― Não quero qualquer pessoa ― ela se aproximou dele. ― Quero você.

― Quê?

― Eu sei, claro. Você ficou chocado, mas é a mais pura verdade. Eu me apaixonei por você e não sei o que fazer. T.K, separe-se dela e fique comigo.

― Naomi, não. Eu amo a Kari, somos amigos desde a infância. Desculpa, mas nesse sentido eu não posso te ajudar.

Takeru tirou as mãos dela de seu corpo e continuou a andar. Naomi fingiu que estava passando mal para chamar a sua atenção, e conseguiu. O professor foi ajudá-la, abraçando-a para não cair. Um fotógrafo que estava escondido tirou algumas fotos.

― Você está bem?

― Acho que comi algo ruim no jantar. Desde cedo eu não passo bem.

Ele a ajudou até a entrada.

Duas aulas depois, era o intervalo. Leo chegou perto de Paulo e avisou que sairia mais cedo, apesar de não ter nenhuma declaração que o permitiria isso. Na verdade, ele iria faltar as últimas duas aulas. Paulo pensou muito bem e disse que toparia sair com ele.

Leo, de algum jeito, conseguiu a chave da classe, abriu, pegou as duas mochilas, devolveu a chave e desceu ao térreo. Eles pularam o muro e foram embora. Ambos correram quando o celular de Paulo tocou.

― Alô, Jin, não tenho tempo para falar agora. Liga mais tarde.

― Cara, esse nerd maluco de novo! Desliga logo isso. Você deve tomar logo uma atitude e mandar esses nerds para os seus lugares.

― Hoje eu tomarei uma atitude.

Paulo fez exatamente isso e foi embora com Leo.

Jin apenas queria informar ao amigo para se conectar aos demais escolhidos.

Impmon ficou cansado de tanto fugir. Viu uma loja onde poderia se abrigar. Entrou sem que ninguém percebesse. Era uma loja de brinquedos.

Deu 18 horas quando o digiescolhido rebelde resolveu ligar o PC e se comunicar com os seus amigos. Por meio da webcam ele conseguiu observar os demais digiescolhidos. Mia, Ruan, Rose e Jin dividiram a tela.

Ruan: Soubemos que você tá aprontando, cara.

― Porra, já vem sermão. Eu não aguento nem da minha mãe quanto mais de um marmanjo que é da minha idade.

Mia: Mas é verdade. O Jin avisou para nós que ultimamente você está um pouco rebelde.

― Ele tá exagerando.

Jin: Eu, exagerando?! Você quase me engoliu naquele dia que eu te contei a verdade. Ah, eles já sabem sobre Impmon.

Mia: Paulo, me escuta. Você deveria perdoar o Impmon e escutar o que ele tem para dizer.

― Agora não tem mais remédio, porque ele se foi.

Jin: Como assim? Não acredito que expulsou ele daí.

― Não, bocó. O próprio saiu com as próprias patas. Melhor assim já que eu tava disposto a dar com o pé na bunda dele.

Ruan: Não devia falar assim. Ele é o seu parceiro e praticamente quase morreu em várias situações só para te ajudar!

Rose: Gente, acho que algum alien abduziu o Paulo.

Jin: Não foi nenhum alien. Foi alguém chamado de Leo que deixou ele assim.

― Mais sermões. Vocês tiraram o dia para esculachar.

Mia: Mas Paulo, tudo isso é para o seu bem. Você pode não perceber, mas se você se acompanhar com tolos, tolo será.

― Pô meu, chega! Já deu! Quer saber de uma coisa, eu tomei uma atitude que vai me fazer bem. Estou me separando de vocês. É isso mesmo que ouviram. Eu não sou mais digiescolhido!


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