D.N.A Advance: Nova Ordem do Século escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 42
Exame de DNA - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Voltei!!! Voltei!!! Com muitas novidades, mas antes vamos ler. Boa leitura a todos, meus queridos. ^^



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CAPÍTULO 139

Flashback - 1989

No hospital central de Tóquio, uma paciente estava prestes a dar a luz a uma criança. O seu marido assistia ao procedimento e não saía do seu lado. A mulher sentia as dores, mas tentava se controlar para fazer força e assim colocar o seu filho no mundo.

O médico pediu para que ela reunisse forças e expelisse o bebê. Aos poucos a criança foi saindo até o doutor segurá-lo. Alguma coisa errada aconteceu, pois o bebê não chorava nem com os tapas que o obstetra dava.

O pai perguntava desesperado sobre o que havia acontecido com o seu filho. Porém não teve a resposta de imediato.

Quero ver o meu filho. Quero saber dele.

Acalme-se, mãezinha. Eu mesma me encarregarei dele. Não foi nada disse a enfermeira.

Yuuko tenha calma. Eu vou falar com o médico. O nosso filho não pode ter tido problemas.

A espera era desesperadora. A enfermeira responsável levou a criança, uma menina, para a incubadora. Não havia mais ninguém além dos bebês ali. A menina estava respirando, mas não chorou.

Ela rapidamente a colocou na incubadora pertencente a outro bebê que falecera horas antes. O corpo da outra criança estava enrolado numa toalha branca. A mulher colocou o morto no lugar em que a filha de Yuuko deveria ficar. Pouco depois o médico havia chegado.

O que houve com a criança?

O menino não está reagindo. Parece que nasceu morto.

Mas essa criança está tão fria. Parece que morreu há muito tempo. Meu Deus, como explicarei isso à mãe?

Yuuko ficou chocada ao saber que “o seu filho” havia nascido morto.

A enfermeira levou a menina para os braços de outra mãe. A mulher beijou a filha trocada.

Parabéns, senhora Susuka. Sua filha é uma linda garotinha disse a enfermeira. Veio do ventre daquela sua amiga que a senhora falou. Por sorte ela pariu aqui no mesmo andar.

Obrigada, enfermeira Kiba. Sei que não é certo dar um golpe dessa gravidade na minha amiga, mas o meu sogro insistiu. Na frente dele eu não sou ninguém.

A enfermeira saiu e foi falar com dois homens. Um com idade acima de cinquenta anos, outro mais jovem.

Senhores Matsunaga, o meu serviço está feito.

O meu filho agora terá um herdeiro e você uma recompensa gorda. Nunca mais vai passar fome na vida.

 

Fortaleza, Ceará, Ano 2000

Uma jovem garota acabou de chegar da balada com muitos enjoos. O seu namorado a deixou na porta do prédio onde morava. Ela subiu um pouco tonta, mas não pelo excesso de bebidas; bebeu quase nada.

Seus pais estavam dormindo, que milagre! Sua mãe quase sempre era a última a dormir. Ficava acordada depois da meia-noite. Porém hoje era um dia especial, quase inacreditável. A moça caminhou vagarosamente até o banheiro e vomitou a noite toda.

No dia seguinte, não teve forças para ir à faculdade. Uma amiga a visitou para entregar um teste de gravidez que ela tanto pedia. O resultado foi positivo.

Um tempo depois...

Eu não posso ter esse filho sozinha. Precisamos criar ele.

Márcia, ele vai atrapalhar os nossos estudos. A gente vai perder a faculdade pra criar um moleque? Meu, aborta ele.

A mulher deu um tapa na cara do rapaz.

Eu não fiz esse filho sozinha. Eu não tenho coragem de fazer isso ela saiu correndo.

Márcia, espera.

Não, Wesley. Se você não o quer, eu o crio sozinha. Mas nunca mais olhe para a minha cara.

Desculpa, desculpa. Eu vou assumir o nosso filho ele a abraçou.

Ano 2004

Márcia havia tido mais um filho com Wesley, uma menina. Os dois agora moravam sozinhos, viviam num apartamento. Paulo já estava com três anos. Quando alguém tocou a campainha. Um entregador mostrou um embrulho, ela assinou e recebeu. Era um DVD numa capa anônima. Ela colocou no aparelho e viu imagens picantes do seu noivo beijando outra mulher no trabalho. A fúria subiu à sua cabeça.

A infelicidade dos dois aumentou com o passar dos dias. Wesley já não escondia as traições. Mesmo assim, a traída o amava e não queria deixá-lo. Porém, o homem já deixou a sua fidelidade de lado.

Num dia desses, era muito tarde da noite e nada dele voltar. Pensou em enfiar uma faca na barriga dele, esquartejá-lo e enterrar os restos do corpo num terreno baldio. Quando o seu telefone tocou e um policial falou com ela.

Eu sinto muito, senhora. O seu marido faleceu num acidente de carro na BR-116. Parece que ele era o carona e um amigo dirigia a 120 por hora. Bateram num poste. Não escapou ninguém. O carro ficou completamente despedaçado.

A princípio ela ficou pasma, mas logo deu um sorrisinho.

...

Arco: D.N.A

PERSONAGENS:

WESLEY OU IMPMON OU BEELZEBUMON;

NAOMI MATSUNAGA /// HIKARI YAGAMI;

PAULO VICTOR /// MARIA LÚCIA;

YUUKO YAGAMI /// LUCAS/LUCEMON;

MÁRCIA KYOTO /// TAILMON

RAY KYOTO /// BLACKTAILMON;

TAKERU TAKAISHI /// KENYAKO MATSUNAGA (TIA AKO)

PATAMON /// NAKAWA (GOVERNANTA);

AIKO KYOTO

AGUMON

JIN FUKUDA

MUSHROOMON

SORA YAGAMI

TAICHI YAGAMI

DOUTOR MÜLLER

NABUCODONOMON

AGUMON (DO TAI)

PYOMON

LADY B.

BELPHEMON SONECA/ OU PROJETO D-49

KIRA (FILHO MAIS NOVO DE MÁRCIA)

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DE:

CYBERDRAMON

WEIZ (BLIZZARD DAREGON)

SLASH

RYUU MATSUNAGA como o novo Imperador dos Digimons.

 

 

LABORATÓRIO WARREN II, SUÍÇA

Um helicóptero preto começou a se aproximar da região onde ficava o laboratório. A aeronave transportava algumas pessoas, dentre elas um homem que vestia uma jaqueta preta, usava uma máscara vermelha, seus cabelos eram prateados. Ele era bem mais alto que os demais.

Um dos homens que também entrariam lá entregou algo que parecia uma metralhadora enorme.

O homem não se intimidou com a altura de cem metros e pulou dali mesmo. Caiu sobre o gramado do jardim, fazendo uma ligeira cratera. Alguns seguranças que faziam a vigília do local correram para ver e o homem atirou neles sem nenhuma piedade. Logo em seguida fez um buraco na parede com apenas um tiro.

— Alguém está invadindo o perímetro. Usar arma de fogo no ato — disse um dos seguranças.

Ele tentou ligar o sistema de segurança das outras alas, mas nada acontecia.

Os guardas ficaram nos corredores do laboratório.

O homem apareceu na frente de alguns e correu na direção deles. Estes começaram a atirar, mas não o atingiam. Ele golpeou todos apenas com golpes físicos.

A próxima ala estava tomada por vários homens fortemente armados. Uma chuva de balas surgiu sobre todos eles, pois o inimigo estava sobre todos eles. Os homens morreram na mesma hora que foram atingidos.

— Fechar a área de segurança máxima. Chamar a guarda principal.

Um dos seguranças se armou com um lança-foguete. Ele ficou num corredor aguardando o invasor chegar. Dito e feito, o invasor ficou frente a frente com ele.

— Quero ver você segurar essa — ele preparou o foguete e lançou o projétil. O homem segurou o objeto com apenas uma mão. — IMPOSSÍVEL! ISSO NÃO É HUMANO!

— Eu sou o Nabucodonomon. Não sou humano mesmo — ele soltou o foguete na direção do homem que explodiu com o contato.

Enquanto a invasão acontecia, o doutor Strong se preparava para ir embora. Todavia, os guardas impediram que ele passasse, pois o local estava muito perigoso. Os cientistas que ainda estavam ali se esconderam. Os barulhos de tiros e estrondo eram ouvidos nos laboratórios.

— Meu Deus. Acho que vieram me buscar.

— Senhor, do que está falando? — perguntou sua ajudante.

— O projeto DNA. Eu tenho que pegá-lo.

Nabucodonomon conseguiu se infiltrar na ala em que o doutor Strong ficava. Ele conseguiu matar mais de quarenta seguranças que guardavam todo o local.

Strong conseguiu pegar o pendrive com as informações do seu projeto.

— Doutor, é melhor nós irmos para a câmara de segurança máxima — disse um guarda com uma fuzil na mão.

Strong, sua assistente e pelo menos uns dez guardas entraram num ambiente em que tinha uma porta com uma espessura de um metro de aço. A porta abriu com uma senha e eles entraram. Outros soldados ficaram na parte de fora.

— Não sei como invadiram aqui. O sistema de segurança não funcionou — disse um dos seguranças.

No mesmo instante ouviram um barulho de tiros e muitos gritos. Logo depois um silêncio terrível. Todos apontaram as armas na direção da porta.

Nabucodonomon destruiu facilmente a porta de aço. Os soldados começaram a atirar sem parar. Strong e a assistente se abaixaram. O invasor recebeu os tiros, mas não quis sair do canto. Assim que todos terminaram, tiveram uma surpresa. O homem continuou em pé e olhando para eles. As balas estavam no chão.

— Agora é a minha vez — ele segurou a sua metralhadora e matou os guardas.

Strong tentou sair, mas o homem o segurou pela gola da camisa.

— Não, por favor.

— Deixa ele — a assistente pegou um extintor de incêndio e tentou acertar a cabeça do indivíduo. Nabucodonomon deu um soco nela.

— O que você quer comigo?

— Está com medo, doutor? Não é de mim que deveria ter medo. Preciso de uma coisa que você tem e o meu chefe quer.

— Não tenho o que você quer.

— Mentiroso — ele enfiou a mão no bolso do jaleco dele e pegou o pendrive. — Acho que é isto. Mas o meu chefe também pediu para que eu o levasse vivo até ele. Farei isso sem me queixar.

Nabucodonomon segurou o doutor e aguardou alguns segundos. O teto do laboratório explodiu e os homens saltaram do helicóptero com bolsas e um saco plástico preto. Eles entraram e colocaram explosivos em alguns lugares, pegaram o saco preto, retiraram um corpo de um homem recém morto, colocaram uma agulha no braço de Strong e passaram parte do sangue dele para o morto. Soltaram o morto e subiram pelas cordas.

— Calma doutor. O senhor agora está a salvo — Nabucodonomon apertou um botão e o laboratório inteiro explodiu. Ambos subiram no helicóptero e foram embora para o próximo destino.

ALGUNS DIAS DEPOIS...

Um agente caminhou um longo caminho que dava acesso à cela. O corredor era úmido, apesar de ser ventilado com o ar condicionado. O homem parou em frente a uma porta metálica, passou um cartão numa pequena abertura e digitou uma senha. A porta se abriu revelando uma aconchegante cela.

Havia algumas mobílias no cômodo. Sobre uma cama estava deitado um homem usando ainda as roupas do corpo.

— Doutor Strong, venha.

— Finalmente conhecerei o meu raptor — calçou os chinelos e saiu acompanhado pelo homem. Este portava uma pistola na cintura e com certeza estava pronto para atirar.

Quanto mais andava pelo corredor, maior ficava a sua curiosidade. Dois dias após a sua captura e mal sabia onde foi parar. Apenas soube que alguém muito poderoso havia pedido para sequestrá-lo. Devia ser um esconderijo muito ruim de se achar, pois com certeza a imprensa mundial soube do atentado.

Enfim, eles pararam num elevador. O segurança apertou um dos botões e subiram uns dois andares. A porta abriu. Outro corredor apareceu, porém este era mais moderno, com paredes brancas e bem iluminado. Andaram até o final. Havia mais dois seguranças guardando a entrada de uma sala no final do corredor. Aquele que trouxe o doutor abriu a porta e pediu para que o cientista entrasse só. Strong viu um pequeno escritório com apenas uma mesa, duas cadeiras e um computador. Um homem estava sentado lendo um livro.

— Sente-se, por favor.

Strong se sentou na cadeira de frente para o homem.

— Não sei se você me conhece, doutor Strong. Contudo, eu te conheço perfeitamente.

— Acho que sei quem é o senhor... parece o mais célebre cientista de toda a Ásia. O tal Matsunaga.

— Ótimo. Detesto apresentações, portanto pularemos a parte da enrolação e vamos ao que realmente interessa. Há anos eu venho estudando os digimons e tentando entender a natureza deles. É claro que os meus planos iniciais eram provincianos como por exemplo, ganhar o prêmio Nobel de Ciência. Entretanto, essa realidade foi perdendo alicerces por outra mais realista. Por isso, eu, nos últimos anos, estou misturando os dnas dos digimons com de humanos formando seres híbridos. O senhor sabe que nós, cientistas, arriscamos muito para que a nossa tarefa seja cumprida.

— O que quer de mim, senhor Mastunaga? Por que teve que me sequestrar?

— Eu sempre tive ambição de imperialismo. Sempre tive afeição pelo fascismo. Mussolini e até Hitler me inspiraram com o que eu mais quero: poder. O primeiro passo já foi dado. Gostou do híbrido que eu mandei capturá-lo? Pois bem, já pensou o que seria de um homem dando ordens em super humanos como aquele, milhares e milhares de digi-humanos híbridos com poderes de Nefilins bíblicos. É disso que eu procuro. Entretanto, como nem tudo são mar de rosas, não posso controlá-los por completo se eu não tiver todas as ferramentas para isso. É relativamente fácil mesclar os genes das duas raças, mas é quase impossível transformar um homem em um digimon; eu disse “quase”. E é por isso que eu o convoquei à força.

— O que o senhor está falando é uma tolice. Não há como transformar uma pessoa num digimon. É loucura...

— Nem tente! — Matsunaga retirou do bolso do seu casaco um pendrive. — Aqui tem as informações do projeto Digitalização de DNA. Eu pensava que transformar humanos em digimons era impossível até eu descobrir isto. O que o senhor tem a dizer?

— O que quer de mim? Já tem o meu trabalho, solte-me.

— Eu não quero te soltar. Pelo menos não agora. O senhor é o único que sabe fazer a máquina do projeto, portanto só ficará livre quando concluí-la. Eu já sei como conseguir o digimon certo, ou seja, o hospedeiro e sei quem se oferecerá para virar cobaia do projeto. Só peço que faça a máquina, aí eu te deixo livre.

— Eu não posso aceitar! Isso vai contra as éticas da ciência. Usá-la para o crime é imperdoável. Não compactuarei com isso — disse Strong se levantando.

— Acho que, apesar de estarmos dialogando em inglês, não estamos falando a mesma língua. Mas acho melhor reconsiderar a minha proposta se não quiser que algo aconteça com a sua filha, Sophie, e a sua mulher, Adriene. Eu tenho muitos contatos na Europa e sei que ambas estão agora em Londres. Semana passada elas estavam em Washington pedindo ajuda à CIA e ao presidente Obama para que te achasse. Em vão. No entanto, se eu fazer uma ligação, a vida das suas duas amadas estarão em risco. O que acha?

Strong ficou apavorado com tal declaração. Agora estava sendo chantageado por um homem poderoso. Não tinha como revidar, muito menos proteger as pessoas que mais amava.

— Eu não brinco em serviço. Qual a sua resposta?

— Sim, eu faço a máquina.

— Ótimo. Agora estamos nos entendendo.

Matsunaga se levantou, retirou uma foto do bolso do casaco e colocou sobre a mesa. Na imagem apareciam a esposa e a filha de Strong. Este ficou chocado, porque tudo o que o mais velho disse era verdade. Ele tinha muito poder.

— Faça o que quero, e eu não mexo com o que está quieto — colocou uma rosa vermelha dentro do bolso da camisa do doutor. — Pra você, meu caro, como recordação da nossa conversa.

Ryuu saiu da sala deixando o outro ainda dentro. Strong pegou a foto e ficou observando as duas numa rua qualquer. Era fato que teria que trabalhar para o mal e assim poupar a vida das suas duas amadas.

...

TÓQUIO, 3 MESES DEPOIS

A onda de frio continuará sobre toda a região de Tóquio e suas adjacências. Em Hikarigaoka os termômetros marcaram as menores temperaturas desde o ano de 2011. Na província de Sendai começou a nevar como nas outras províncias perto. Cerca de quarenta províncias estão sob a neve há uma semana.

Kindra, parece que a nevasca que atingiu a região metropolitana diminuiu nessas últimas horas.

Isso mesmo, Pou. Segundo o instituto de meteorologia, só parará de nevar daqui a duas semanas.

Bom, mudando de assunto: ontem à noite foram presas duas pessoas...

Nevava na cidade inteira e até nas províncias e distritos perto.

Impmon se acordou bem cedinho e foi olhar a paisagem da rua no telhado da casa. Mesmo fazendo um frio de apenas 5 graus, ele não sentiu incomodado nem foi agasalhado. Ficou observando tudo, deitado e com os braços sob a cabeça.

A torre de Tóquio era visível a olho nu da casa dos Kyoto, entretanto, como a neve caía e havia uma neblina, isso era impossível no momento.

Ele se assustou quando ouviu um barulho no telhado. Era Lucas que também havia acordado bastante cedo. O garoto estava enrolado num agasalho.

— Opa, tem calma. Só vim aqui porque fiquei sem sono e quase não dormi à noite.

— Será que sente tanto frio assim? Digimons são bem resistentes ao frio.

— É, mas eu não. Também corre DNA humano nas minhas veias. Você queria sentir o mesmo frio que a gente sente, não é mesmo?

— É o preço que se paga por um erro. Eu deveria ter me recusado naquela noite. Recusado em ter entrado naquele carro. Hoje eu provavelmente estaria ainda como humano e com o meu filho me chamando de pai.

Lucas também se deitou.

— Cara, não sei o que eu sinto. Mas acho que vai chegar o momento em que o Paulo vai te chamar de pai.

— Não sei. Foram tantas mentiras. Uma atrás da outra. Eu sei que eu devia ter contado a verdade para o meu filho assim que tive a chance. Antes de ser morto por aquele SkullMeramon, na ilha Arquivo, não me lembrava de nada. Foi apenas quando retornei como Impmon naquele navio rumo ao continente.

— Eu sei que não vai ser fácil pra você, mas um dia tem que dizer a verdade ao Paulo. Tem que sair de você. Contar o que aconteceu, contar os motivos pelos quais veio a mentir.

— Eu sou um covarde, tenho medo de ser rejeitado por ele. Meu filho nunca me aceitaria nessa forma.

— Não é um covarde. Você foi herói diversas vezes. Espero que o Paulo e a Lúcia compreendam isso.

Lucas saiu de cima do telhado deixando apenas o digimon ali. Impmon ficou em devaneio depois que esses três meses passaram. Desde a última missão, Paulo ficou um pouco afastado. Focou-se mais nos esportes da escola do que dos amigos. Se antes era difícil ter que dizer a verdade, agora era praticamente impossível.

Paulo acordou seis horas em ponto. Toda vez ele acordava depois da sua mãe e padrasto. O rapaz se espreguiçou e não viu Impmon dormir na outra cama — a beliche foi abolida. Foi tomar um banho e se vestir para ir à escola. O jovem estava um pouco mudado da última vez que teve missão no digimundo. Cortou os cabelos, agora usava um topete. Começou a usar pulseiras, braceletes e até cordões e anéis. Márcia não gostou dessa repentina mudança de gosto dele.

A mesa estava pronta e Márcia estava pondo o café para Lúcia e Lucas. Os dois estavam arrumados para estudarem.

— Bom dia, mãe; bom dia, Lucas; bom dia, baixinha.

— Não me chama de baixinha. Já tenho onze anos e tenho idade suficiente para namorar.

— Olha aí, mãe. A nossa baixinha já tá pensando em namoro — brincou Paulo.

— Não quero que os dois venham me falar de namoro em plena a adolescência. Quem vier com o papinho de namorar eu faço isso — Márcia fez o sinal no pescoço com a mão como se fosse degolá-los. — Entenderam?

Os dois concordaram.

— Amor, o campeão aqui quer a fantasia do Batman — disse Ray com o filho nos braços.

— Não sei se eu compro para esse danadinho.

— Ah mamãe, mas eu quero.

— Vem cá, meu amor. Estou brincando. Vou arranjar um tempo para comprar no centro.

Ray sentou-se à mesa.

Márcia sentiu a falta de Impmon e perguntou ao Paulo se ele o viu. O adolescente fez ouvido de mercador, pois não parava de mexer no celular.

— Meu filho, eu lhe fiz uma pergunta.

— Ele deve tá la fora. Disse que ia espairecer um pouco.

— Paulo, por favor, não me faça ir aí e tomar esse celular. Agora tudo o que faz é com esse celular na mão.

— Calma, mãe. É o Fernando, meu amigo, aqui no whatsapp.

— Não me interessa se é o Fernando ou um colega que você fez aqui no Japão. Guarda o celular agora. Nada de celular na hora do lanche da manhã.

Paulo colocou o celular dentro da mochila. Impmon chegou e se sentou. Márcia observou o quão seco estava a relação dele com Paulo.

— Impmon, você vai levar o Paulo até a porta da escola e vai buscá-lo.

— Não precisa me buscar. A mãe de um colega meu vem me deixar de carro depois da aula. É que nesses últimos dias estamos participando de um grupo de estudos.

Impmon olhou para Lucas. Lúcia observou os olhares.

— E que grupo de estudos é esse? — perguntou a mãe.

— Ah, mãe. Agora a senhora quer saber de tudo. Qualquer passo que eu dou agora querem saber.

— Não fale assim com a sua mãe — disse Ray.

— Deixa, querido. Ele amanheceu com o ovo virado. Bom, se você não se importa mais com o seu digimon deveria mandá-lo de volta para o digimundo e quebrar o aparelho digivice e nunca mais vê-lo. Se também não quiser a sua família me manda um zapzap, querido. Depois a gente se acerta.

Márcia se levantou da mesa e saiu para o trabalho. Ray e Kira foram com ela.

— Olha o que você fez. Nunca pensei que responderia a mamãe desse jeito — repreendeu Lúcia.

— Acho que eu peguei pesado. Puxa, olha a hora. É melhor nós irmos. Vem Impmon.

Os quatro saíram de casa e a trancaram. No meio do caminho para a escola um carro parou perto dos quatro. Uma mulher baixou o vidro. Um rapaz também apareceu.

— Fala, Paulo. Vem, minha mãe vai levá-lo.

— Isso, querido. Pode levar os seus irmãos.

— Não vai dar, mãe. Eles estão com um cachorrinho. A senhora tem alergia a pelo de cachorro — Impmon se sentiu ofendido.

— Não importa. Eles não querem ir mesmo. Vocês não se importam de ir a pé? — perguntou Paulo.

Lúcia e Lucas fez sinal de negação. Paulo entrou no carro e os deixou pra trás. Lúcia ficou muito irritada.

— Melhor vocês irem. Eu não sou mais útil por hoje — disse Impmon.

— Você é sempre útil. O Paulo é que tá virando um idiota — respondeu a garota.

Eles se separaram.

Enquanto isso Kari e T.K já estavam prontos para irem à escola. Acordaram bem cedo, pois fariam provas aos alunos e por isso deviam estar mais cedo. O homem estava bastante empolgado com esses últimos dias já que marcaram a data do casamento e o dia estava chegando. Em contrapartida ficaram desanimados com a notícia em que Sora e Tai estariam se divorciando.

— Fico triste pelos dois, mas a decisão é somente deles. Tai e Sora são adultos, responsáveis e sabem o que fazem. Não fique tão preocupada assim.

— Takeru, você fala isso com tanta naturalidade. Tenho medo que o meu irmão possa sair dessa magoado e nunca mais ame outra mulher.

— Não fique preocupada com isso. Se eles decidiram assim é porque querem assim.

Takeru dirigia o carro enquanto a outra ficava no banco do carona. Os dois fizeram um silêncio até chegarem na escola. Ambos estacionaram o carro ao lado do carro de alguém que eles sabiam perfeitamente.

— Aquele não é o carro da Naomi?

— Amor, se você quiser eu posso estacionar em outro lugar — disse ele.

— Não, querido. Não tenho nada contra a essa mulher. Vamos. E adeus à Kindra e ao Pou — desligou o rádio.

— Não esquece o casaco.

Naomi havia chegado há pouco tempo. Mal entrou na escola e já recebeu uma ligação indesejada da sua única tia e a mais indesejada também. A mulher passou da catraca do estacionamento e atendeu.

— Tia o que foi? Mesmo sendo obrigada pelo meu avô a trabalhar nesta escola, preciso respeitar os horários dos professores.

Não vou demorar muito, queridinha. Estou ligando para dizer que precisamos nos encontrar novamente. Muito raramente conversamos nesses meses e por isso quero a sua companhia.

— Para falar nada proveitoso, aposto.

Minha queridinha não tenha tantos escrúpulos assim. O que vamos falar é estritamente pessoal ou quer que eu te lembre de um episódio escuso da sua vida pelo celular?

— Certo. Encontre-me no restaurante Hokkaido ao meio-dia. Pode ser? Ótimo. Até lá.

Ao finalizar a ligação, Naomi se encontrou com o casal Takaishi mais uma vez. A professora de ciências olhou penetrantemente para Takeru que ficou desconcertado com o olhar dela. Há poucas semanas, Naomi começou a se interessar pelo loiro.

— Olá professor Takaishi. Que bom que nos encontramos.

— Matsunaga, nós sempre nos encontramos. Trabalhamos no mesmo prédio, lembra?

— Quero dizer que ultimamente nós nos víamos pouco.

— São as circunstâncias da vida. Têm colegas meu que já não vejo há um mês.

— Oi Naomi.

— Hikari.

O casal saiu de perto dela.

T.K. e Kari foram os últimos professores a saírem da sala de reunião. A diretora teve que sair por um momento.

— Puxa vida esqueci de novo a lista de chamada — T.K se separou da noiva e voltou para a sala dos professores. Quando chegou lá deu de cara com Naomi que estava para sair da sala, por isso esbarraram.

— Opa, que susto. Eu me esqueci da chamada.

— Eu também, com licença — ele a deixou e foi abrir o seu armário. Naomi deixou cair todos os seus livros no chão. O rapaz foi ajudá-la. Ela tocou-lhe em sua mão e os dois se olharam. — Pronto aqui estão os livros.

— Muito obrigada por ter me ajudado...

Kari chegou bem na hora.

— Amor, eu ajudei a senhorita Matsunaga. Ela havia derrubado os livros.

— Esqueci a minha caneta — ela foi até uma mesa e pegou o objeto. — Vamos, querido.

Naomi sorriu para a colega. Percebeu que ela estava com ciúmes.

Paulo estava mais popular na escola depois que entrou para o time de futebol no inter classe. O rapaz tornou-se artilheiro em pouco tempo e foi ovacionado pelos torcedores. As garotas também queriam uma casquinha dele, mas sempre foi fiel ao seu namoro com Mia. É inegável que o garoto mudou seu comportamento de três meses pra cá, o que deixou a sua irmã fula da vida com ele.

— Cara, vai ter um jogaço hoje. A gente espera que esteja inteiro para massacrarmos aqueles fracotes do oitavo ano.

— Pode contar comigo para o que der e vier. Somos irmãos ou não somos?

— Ai é o Paulo. Posso tirar uma selfie contigo antes da aula começar? — uma garota chegou com um celular.

— É claro que pode — eles tiraram a foto.

— Vou colocar agora mesmo no meu facebook, instagram e whatsapp. Tchau, meu lindo dos olhos azuis — saiu contente da vida.

— Tem muita garota que quer uma casquinha tua. E você com essa história de namoro à distância.

— Leo, eu conheço a Mia há muito tempo. Ainda gosto dela. Mas não se preocupa que no dia que eu deixar de gostar dela eu a deixo sem pensar duas vezes.

O celular de Paulo tocou pouco antes do sinal soar. Ele atendeu e era Jin na linha. O japonês queria falar algo muito importante sobre a última vez que tiveram no digimundo só que o brasileiro deu pouca atenção e desligou na cara do amigo.

— O que houve, Jin?

— Mushroomon, o Paulo foi seco comigo e desligou na minha cara.

— Vai ver que a aula dele começou. Por que você não estuda lá?

— Não espere que eu responda. A minha vida tá neste bairro. Eu não vou pra Nerima e estudar na Hyoko Higata High School só porque o Paulo não quer falar comigo pelo telefone.

— E então o que você vai fazer?

— Levarei a pena do Beelzebumon para o meu professor de biologia pesquisar e tirar amostras de DNA. Se o que eu penso tiver certo vamos ter uma grande surpresa principalmente o Paulo. Agora eu já vou — Jin pegou o casaco e deixou Mushroomon sozinho em casa. — Não me olha com essa cara. É tudo pelo bem de todos.

Mushroomon ficou preocupado, pois essa história poderia prejudicar Impmon muitíssimo.

...

Impmon ficou sozinho em casa, treinando alguns movimentos no jardim de frente. O carteiro tocou a campainha da casa e o digimon que atendeu. O homem olhou para baixo e ficou espantado com o ser à sua frente.

— O que foi moço? Nunca viu uma criança fantasiada? — disfarçou a voz.

— Os seus pais estão aqui?

— Não. Me dá isso aqui — ele pegou a conta e fechou o portão.

Entrou para colocar o papel sobre a mesa de centro quando o telefone tocou. O digimon atendeu e teve uma surpresa.

Olá pequeno Imp. A minha filha tá em casa?

— Senhora Alice! Há quanto tempo! A dona Már... a mamãe não tá.

Avise a ela que estamos chegando hoje para Tóquio. Eu tô ligando do avião, não sei como consegui. Se aeromoça me pega. Eu tentei ligar várias vezes, mas parece que o celular dela dava fora de área. Avise, querido.

— Avisarei.

Parece meio desanimado. O meu neto tá se comportando contigo, não tá?

— Ele tá meio rebelde, ultimamente. Mas acho que é só uma fase.

Como é que é? Nem que esse avião ganhe um turbo eu vou chegar o mais rápido para resolver isso. O vovô também tá aqui comigo. Até daqui a pouco.

— Certo.

Depois da ligação ele tentou ligar para Márcia, mas só dava na caixa-postal. A chegada dos pais dela seria uma surpresa.

Enquanto isso na escola, Paulo vestiu a farda de educação física para jogar bola com o time. A torcida era grande. O jogo começou e logo um gol foi feito pelo digiescolhido. O time perdedor tava levando uma lavada, pois o amigo do brasileiro — outro brasileiro — fez mais outro gol. Paulo fez mais um fechando o placar do primeiro tempo em 3 a 1.

No segundo tempo, o time perdedor estava mais forte e conseguiu fazer um gol. Quando Paulo estava prestes a chutar a bola para o gol, um aluno do time adversário deu um carrinho violento no garoto. Paulo ficou deitado no chão sentindo muita dor. O professor de educação física pediu ajuda, o aluno pediu desculpas e houve um tumulto.

— Ai, professor. O meu tornozelo. Acho que tá quebrado.

— Calma, Paulo. Vamos levá-lo à enfermaria e se possível para o hospital.

O professor de Educação Física atrapalhou a aula de Lúcia para chamá-la; Lucas foi atrás. Na enfermaria, Paulo estava deitado numa maca sentindo muita dor.

— Maninho, o que houve?

— Não precisava se incomodar. Colocaram gelo e já enfaixaram.

— Eu preciso falar com a mamãe.

— Lúcia, não. Não quero que ela perca o dia de trabalho dela por causa de mim.

— Mas o seu pé tá quebrado?

— Não, Lucas. Eu apenas o contundi. Mas ainda dói pra caramba.

O professor de educação física e o médico chegaram. Em Hyoko Higata havia um pronto-socorro para casos assim.

— O caso dele não é muito grave. Não houve fraturas, apenas uma contusão. Mesmo assim precisamos ligar para a mãe e avisar a ela para vim buscá-lo.

— Não! Tá decidido. A mãe do Leo vai me deixar em casa. Não quero ser um peso para a minha mãe. Por favor, doutor.

— Tudo bem. Quero falar com esse Leo e ligaremos para a mãe dele.

Lúcia achou uma atitude muito errada. O seu irmão está tendo companhias prejudiciais e as mudanças já estão acontecendo.

...

Jin havia acabado de assistir à aula de matemática quando aproveitou o intervalo para ir ao laboratório de química para falar com o seu professor. Ele entrou com a mochila, viu apenas o homem e fechou a porta.

— Olá, Jin. Posso ajudá-lo?

— Sobre o DNA do digimon que eu disse. Aqui está o que eu prometi trazer — ele retirou a pena negra de dentro da mochila.

— Nossa, isso é mais do que o suficiente — o professor retirou uma tesoura do bolso e cortou um pedaço da pena. — Só preciso examiná-la e mais alguns dias. Depois teremos o resultado do DNA.

— Espero que o senhor mantenha a discrição. O senhor disse que é um digiescolhido.

— Claro que sou um. Um dia eu te mostro o meu parceiro.

Jin ficou satisfeito. Deu o primeiro passo para descobrir a real identidade de Beelzebumon.

Continua...


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