D.N.A Advance: Nova Ordem do Século escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 149
O Mar das Trevas




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— Onde estou? Por que tenho um saco preto na cabeça? Aí, tem alguém aí? Estou sozinho...

— Não, você não está sozinho. Fisicamente está perfeitamente bem e mais saudável do que nunca. Passaram dois dias desde que eu te salvei da morte, portanto agradeça-me depois.

O saco preto foi tirado da cabeça de Blizzard Daregon. Ele foi preso numa cadeira com algemas e apenas acordou do desmaio naquele momento.

— Mas que droga...

— Acalme-se, homem! Eu sou o seu salvador, por isso mantenha a calma — disse Adrien King para o Weiz. Eles ficaram numa sala escura com uma luz iluminando apenas os dois.

— Que conversa fiada é essa?

— Eu sou o seu anjo da guarda. Eu te salvei de ser afogado depois do tiro que levou. Seu buraco foi totalmente curado.

— Lady B... Aquela vadia...

— Isso é o que dá confiar naquele velho e seus asseclas. Conheço aquele japa chamado Matsunaga e tive o desprazer de um dia dividir uma mesa com ele. Já fomos sócios, mas ele traiu o grupo por motivos pessoais. E ele te usou como sempre fez desde sempre.

— O que você quer de mim, cara?

King retirou um charuto do casaco, acendeu e fumou.

— Ajudá-lo. Vivemos em uma época predatória. Os mais fortes sempre vivem melhor, e você concorda comigo nesse ponto. Adolf Hitler, Saddam Hussein, Muammar Kadhafi, Stalin, o imperador do Japão durante a guerra... Todos estavam certos, todos! Eles eram ruins porque eram verdadeiros. Mas o que diferencia eles de Truman que jogou duas bombas nucleares, do Bush que iniciou a guerra do Iraque ou dos ultrarreligiosos que escravizam as mulheres no Oriente Médio? Os vitoriosos e os derrotados. Quem vence cria a narrativa, quem perde... perde. A vitória é um recurso que nem sempre anda junto com a bondade. Você pode ser presidente dos Estados Unidos, aumentar o emprego entre os seus, e que se exploda o resto. É a burocracia dos poderosos, a arma maior desse sistema. Ninguém é totalmente bom nem totalmente mau.

— Cara, mas que papo furado é esse? Quem é você, droga?

— Falo que os ditadores não são homens bons, mas verdadeiros. No entanto, a hipocrisia do mundo derrotou todos eles. Aí que entra o Matsunaga. Aquele velho filho da mãe foi genial. Não entrou na política, viu-se livre para agir nos bastidores e CONSEGUIU! Matsunaga de bobo não tem nada. Indiretamente até me fez o favor de deixar os digiescolhidos ocupados. E é isso que eu quero: status quo até eu entrar em cena. E é por isso que eu te salvei, porque posso dar uma vida mais digna... mais do que você teve na sua vidinha medíocre de bastardo do século XXII e quando trabalhou para o velho.

— Tá... eu topo. Apenas me solte.

— Acredito que aqueles meninos vencerão todos os lacaios do Matsunaga e irão para o enfrentamento final contra ele. Nesse meio tempo eu preciso que você trabalhe para mim e deixe aqueles digiescolhidos longe dos meus negócios. Farei-te o maior dos maiores, o grande soberano ali no Digimundo, sob a alcunha de Shadowlord.

— Parece interessante...

— E é. Antes eu tinha um lacaio com esse mesmo título, mas foi derrotado pela Lilithmon e virou amigo dos digiescolhidos.

Weiz levou um susto ao receber aquela informação. Desde quando ainda trabalhava na montanha Tucson, desde quando o Ray ainda era mau, Weiz sempre quis saber se aquele tal exército negro era alguma fachada ou alguém maior e mais forte estava por trás. A sua resposta veio naquele instante.

— Huhuhu... Eu sei que muitas informações estão na sua cabecinha, mas saiba que o CRIADOR do exército negro sou eu, Shadowking. A mente responsável por uma série de eventos no Digimundo e na Terra. Nem você nem o Matsunaga foram os únicos que mexeram os seus pauzinhos. Mas o que me deixa na vantagem é  que dos dez digiescolhidos atuais, apenas um sabe sobre mim.

— Existe mais um?

— Sim, mas não é um assunto para você, por ora. Vai aceitar fazer pacto comigo?

— Claro. Se for para me vingar dos fedelhos e do velhote, eu topo.

A cadeira libertou Weiz daquela condição. King jogou um casaco preto para o homem se vestir.

— Você precisa ser rápido e aproveitar que os digiescolhidos deixaram o Digimundo. Precisa retornar para lá.

— Hã? Não estamos no Digimundo?

— Eu não te disse? Dois dias desmaiados. Dois dias da Terra! Consequentemente passaram-se meses no Digimundo. Além da derrota daquele "Chanceler" e a vitória acachapante dos meninos, estes resolveram focar no Matsunaga. Veja — Um monitor de LED surgiu na escuridão mostrava o mapa do Japão e depois do mundo. — Em dois dias, Matsunaga conseguiu tomar 85% do país de origem dele e de onde ele fez a ponte Mundo-Digimundo. Os países do G7 decretaram estado de emergência, o embaixador japonês pediu que a ONU intervisse contra os invasores, mas será em vão. Os pontos em preto são os locais que o exército de Matsunaga conquistou, inclusive Tóquio. Em vermelho ele está agora, ou seja, na direção da China e do Havaí. Ele vai neutralizar as duas maiores potências econômicas do mundo, depois invadir a Rússia pela Sibéria e por fim a Europa e Washington. Nenhum armamento será páreo contra eles, porque possuem defesas contra bombas nucleares. Só o Matsunaga na forma como está é capaz de destruir um país inteiro.

— Difícil de acreditar...

— E é aí que você entra. As ilhas que foram parcialmente destruídas possuem cada qual um chip em seu interior contendo informações de dados que converterão elas num software poderoso. Preciso que faça isso, pegando Gennai desprevenido.

Weiz assentiu. Não restou mais nada para se vangloriar, perdeu tudo. Tentar reconquistar o prestígio e se vingar eram as suas metas. No entanto...

— Você não trabalhará sozinho.

— VO-VOCÊ?!

Astamon apareceu diante do seu antigo parceiro digiescolhido. King inclusive revelou que Astamon fora enviado por ele para espioná-lo no passado.

— Somos uma família, não somos? Huhuhuhuhuhu...

...

Dois dias antes...

Ilha Deep - Mar de Dagomon

A equipe infelizmente se separou quando a névoa pairou sobre a praia. Por poucos segundos eles foram separados para direções opostas, mas por causa da pouca visibilidade não notaram a tempo. O único humano que prosseguiu perto do limite entre a areia e a água era Aiko, que foi o primeiro a perceber a ausência das amigas, chamava sem parar por elas.

— Mia! Rose! Betamon! Palmon! Alguém responde.

— Acho que elas se perderam.

— Você falou algo bem óbvio ou quem se perdeu fomos nós. Esse lugar...

— Que foi?

Ele correu até encontrar uma colina na ponta da praia e sobra ela havia um farol branco com a luz acesa. Aquela imagem já havia sido vista por ele em algum momento no passado.

— Fala!

— Aquele farol... eu... eu já o vi antes. Isso foi na época logo depois que os meus pais morreram. Vamos, Agumon.

Os dois correram para perto do monumento cilindrico.

— Tá falando do tempo que o seu irmão era o Shadowlord?

— Antes. Pouco antes dele virar o Shadowlord. Eu era bem mais novo e lembro que havia recebido um vídeo de alguém chamado SKA via email. Era um vídeo parado, uma filmagem dessa parte e mostrou o farol. Foram vinte segundos.

— O que aconteceu depois?

— O vídeo acabou e a tela do computador ficou com uma mensagem querendo a minha confirmação para o pacto. Com medo, escrevi que não.

— Sinistro.

— Tenho uma leve impressão que o mesmo vídeo apareceu para o Raymond e ele respondeu sim. Caramba. Se tivesse confirmado, eu que seria o Shadowlord?

Uma sombra por dentro da areia se aproximou de Agumon e entrou no corpo do digimon. Ele ficou completamente paralisado, sem poder falar. Ao lado dele um Agumon surgiu com magia negra, ou seja, uma réplica do mal.

— Talvez tivesse aceitado o convite.

— Acha isso mesmo, amigo?

— Sim. Talvez ter poderes igual que o Ray conquistou fosse uma benção. Olhe para ele. Era ruim, ficou bom, mas continua com poderes.

Aiko se virou para ele. Viu o falso Agumon, porém não percebeu a diferença. O Agumon real ficou invisível aos olhos do humano.

— Se eu fizesse a escolha diferente, eu que teria enfrentado os meus colegas. Por que fala assim?

O impostor tentou ser amigável, segurando a mão do rapaz e fingindo ser o outro. Na sequência afirmou que a influência dos outros digiescolhidos afetou um possível protagonismo dele ou uma carreira solo. Sem perceber, as falácias do intruso foram absorvidas pelo rapaz.

— Talvez tenha razão. Será que eles ficariam magoados seu eu saísse do grupo?

— De maneira nenhuma. Tenho certeza que compreenderão. E você tem a mim, isso basta.

— É verdade.

Os dois continuaram a caminhar para além do farol. Já Agumon, paralisado e invisível foi surpreendido pelo espectro que vivia naquela região. A sombra saiu do chão e se apresentou como uma das três quimeras. Ainda não dava para ver a forma real da criatura, mas era notável um par de chifres como de Devimon.

— Não adianta gritar. O seu amiguinho nunca vai escutá-lo hehehe.

 

Na parte de fora do portão, uma pessoa apareceu acompanhada por Shoutmon. Era Oliver que resolveu aparecer em Deep depois que descobriu sobre The Rock.

— Olá?

— Será que não existem moradores nesta ilha, Oliver?

— Não, Shoutmon. Diferente daquela outra ilha, aqui existem criaturas vivendo — ambos pararam na casinha.

Minutos depois foram recepcionados por Sukamon e Chuumon.

— Obrigado pelo chá, mas precisamos entrar naquele portão de um jeito ou de outro.

— Como pretende? Eu já disse que outros humanos fizeram o mesmo e não conseguiram — alertou Sukamon.

— Precisamos entrar de qualquer maneira. Tudo que envolve o exército negro é a minha responsabilidade em investigar.

Do lado de fora viram o portão ser batido com violência. Os dois digimons falaram que era uma das quimeras que viviam por lá.

— Quanta besteira.

— O que pretende fazer, Oliver?

— Ainda pergunta, parceiro? Vamos entrar. Esses digivices ficarão comigo até eu reencontrar os outros e entregá-los.

— Não nos ouviu? É impossível passar...

O rapaz não escutou a advertência de Sukamon e foi para a frente do portão. Ciente de que era impossível destruir aquele objeto e sobrevoá-lo seria inútil, chamou um reforço. Drimogemon apareceu montado sobre Ballistamon que voava graças a propulsão.

— Faça o seu trabalho. 

— Eu não vou precisar entrar lá, não é?

— Claro que não. Apenas cave até o outro lado.

Drimogemon usou a furadeira no seu nariz para abrir passagem por baixo do portão. Aquilo pegou os dois digimons zeladores de surpresa, pois sequer imaginavam que dava para cavar ali. Foram apenas dez minutos até eles passarem para o outro lado. Oliver agradeceu ao digimon e pediu que Ballistamon levasse-o para baixo.

Os quatro passaram pelo túnel e saíram pelo outro lado. Havia um forte nevoeiro e saíram na floresta antes da praia.

— Eis a sua quimera batendo no portão. Conveniente para assustar os desavisados — disse Oliver apontando para um grande boneco de madeira batendo uma marreta e simulando sons assustadores.

— Nunca pensamos que passar sem se desfazer do digivice seria fácil. Vivemos há anos aqui e nunca tivemos essa ideia.

— Talvez porque não somos como o Drimogemon, Suka. Aliás, aquele Drimogemon é algum subalterno de vocês?

— Digamos que sim — respondeu Oliver.

— Tem algo ali.

Shoutmon correu na frente dos três. Oliver apenas seguiu o seu parceiro até chegarem na famosa praia. O digimon vermelho sentiu algumas presenças estranhas e foi checar. Já Sukamon e Chuumon vislumbraram aquele ambiente inédito para eles.

 

Rose e Palmon encontraram um comércio no meio da praia. Sentaram nos banquinhos e pediram filé de peixe com salada. O garçom era humanoide, com avental e chapéu de cozinheiro e uma máscara branca inexpressiva no rosto.

— Não acredito que existe algo tão bom assim num lugar como esse.

O homem trouxe dois pratos e pediram para que se servissem. Rose não esperou muito para se deliciar naquele prato.

— Agora consigo comer com os palitinhos... olha!

— Hashis.

— O que disse, Palmon?

 

No lado de Mia, uma criatura surgiu por trás dela e de Betamon. O espectro era grande, de forma humana e totalmente preto. No entanto, não era um criatura a princípio maligna. Logo os moradores da Ilha Deep saíram da caverna da praia e se mostraram transformados em digimons — porém era uma aparência falsa.

— Vocês querem que a gente derrote o governador daqui? Bom, foi pra isso que viemos...

— Então você pode se tornar a nossa rainha e dispensar esse Digimon?

— O quê?! — esbravejou Betamon.

— Calma lá. Por que estão me fazendo uma proposta absurda dessa? Betamon é o meu legítimo parceiro e qualquer coisa que eu fizer terá ele participando.

Os espectros rodearam Rose e Betamon. O líder deles explicou que precisa do poder de um digiescolhido para tomarem o poder da região. A coisa ficou feia quando Shoutmon deu uma voadora no espectro e aproveitou para fazer uma pequena entrada.

— Eu sou Shoutmon, rei da em ascensão. Vocês são os meus súditos, tenham gratidão!

Oliver apareceu para Mia e Betamon. Explicou que da mesma forma que na ilha Domo, a Deep estava conectada com ele por meio de uma pessoa que ele conhecia que agia ali. Entregou o legacy para Mia.

— Betamon não consegue digievoluir.

— Então deve haver algum poder oculto que impede isso. Mas eles não impedem a nós e a tecnologia.

A prancha que carregava os dois aumentou e deu para levar tanto Sukamon e Chuumon quanto Betamon e Mia.

— Essa ilha possui ilusões que são armadilhas. Talvez causadas por fonte natural ou por alguém — disse o rapaz enquanto conduzia o veículo. — Além de causar ilusão, impede que evoluções ocorram, além de impedir que voemos alto. Possivelmente esta ilha possui uma gravidade bem zoada e que é conveniente para não atravessar o portão do começo. E por falar nisso vocês foram tapeados. Era apenas um boneco gigante batendo lá.

— Como foi que entraram sem deixar o digivice fora? — perguntou Betamon.

— É simples: cavamos um túnel — respondeu Shoutmon.

Enquanto isso, o espectro que levou o golpe enfureceu-se, assustando os demais moradores. Ele ganhou forma pela primeira vez e revelou ser uma das quimeras. Sua aparência era a de touro bípede musculoso com pinças de caranguejo e cauda de escorpião. Sua intenção era de manipular Mia para ajudar Dagomon a se livrar da influência de Megidramon. Não era algo simples, requeria uma boa estratégia, mas nunca imaginou que outra pessoa chegaria de surpresa.

 

Rosemary parou imediatamente depois da resposta de Palmon sobre os hashis. Ela pediu que a digimon continuasse ali enquanto se ausentava para entrar no banheiro químico ali perto. Ela fingiu fechar a porta e deixou uma brecha para ver Palmon. Dito e feito, os olhos da digimon ficaram vermelhos e ela sorriu para o garçom.

Já um pouco longe dali, a verdadeira Palmon se encontrava enterrada na areia e com a cabeça à mostra. Por algum motivo ela desmaiou e dormia profundamente.

— Eu não acredito, é a Palmon — alertou Mia ao vê-la na areia.

Retiraram-na dali e tentaram acordá-la a todo o custo. Aos poucos ela recobrava a consciência, mas não se lembrava como apagou.

— Eu juro que tava bem perto da Rose quando o meu corpo paralisou. Vi uma impostora ao lado dela e depois disso eu apaguei. A Rose tá em perigo!

 

Aiko era levado por uma das quimeras até o mar. O rapaz seria sacrificado para ter a sua alma levada e o corpo invadido. Quando estava prestes a se afogar, uma canção surgiu por todos os lados. A música era eletrizante, típica do estilo rock'n roll. Imediatamente Aiko acordou do transe.

— Não! 

— Mas o que diacho está havendo comigo. Onde estou?

O impostor em forma de Agumon desapareceu na mesma hora. O som era um rock eletrônico vindo de onde Shoutmon estava. Inclusive era ele o cantor.

— Com certeza essa foi uma ótima ideia caso os outros estejam perdidos — disse Mia.

O som atrapalhou os planos da quimera perto de Aiko. O espectro se revelou para o digiescolhido. Este caiu na areia quando viu que havia ficado encurralado.

— Que que é isso! Onde está Agumon?

— Seja meu para sempre!

Uma bola de fogo atingiu o espectro. A paralisia de Agumon havia acabado no momento que a música começou a tocar. Brevemente explicou para Aiko sobre a criatura que havia enganado eles, que havia ficado paralisado e que um impostor ficou em seu lugar iludindo o rapaz até a tentativa de matá-lo afogado.

— Eu quis fazer do jeito mais fácil, mas parece que será do jeito difícil.

O espectro tomou forma. Ele tinha metade do corpo de Devimon — da cintura pra cima — os braços de Kabuterimon e o resto do corpo de Dokugumon.

A quimera assustou os dois pra valer.

E enquanto as quimeras tentavam parar o avanço dos digiescolhidos, a sombra de dentro do mar apareceu. Dois olhos vermelhos surgiram. Dagomon resolveu começar a agir por conta própria.

...

Ruínas da Ilha Volcano

Os digiescolhidos que sobraram ajudaram os moradores locais logo após a batalha contra o governador. Meramon acalmou os ex-escravos e com a ajuda de Nashi foram conduzidos para uma vila próxima dali. Slash explicou que não teriam tempo de despedidas longas, por isso os moradores logo foram deixados juntos com Meramon.

Coronamon sentiu-se impelido de pedir as mais sinceras desculpas aos moradores. Quando trabalhou para Major, ele foi severo com os escravos e até negligente com o sofrimento alheio.

— Eu sei que pedir desculpas não vai consertar os meus erros, mas estou sinceramente arrependido. Peço que me perdoem, mas se não quiseram eu entenderei.

— A gente te perdoa. Sabíamos que você não era mau. Nosso rancor ficou com Warumonzaemon, pois ele batia e humilhava a todos nós todos os dias. Felizmente ele foi destruído pelo próprio governador.

Os digimons escravos perdoaram Coronamon, porém Slash disse algo que assustou até mesmo Lúcia.

— Infelizmente preciso prender Coronamon. Ele cometeu crimes, inclusive aliando-se a um dos governadores, o que é crime também.

— Que é isso, Slash. Vai levar isso a sério? Não viu que os moradores já perdoaram ele? — indagou Lucas.

— É o protocolo. Recebi esse pedido do Gennai. Se puder prender todos os traidores que se aliaram ao governo, prenda. Foi uma promessa que fiz ao Gennai.

Coronamon parecia convencido de que ia para a prisão depois dali quando Lúcia se meteu na frente dele e desafiou Slash.

— Se vai prendê-lo, prenda a mim também. Não vou permitir que faça isso com Coronamon, que foi usado pelo governador. Ele se arrependeu e quer começar uma vida nova ajudando as vítimas desse governo mundial.

— Ora ora... acho que tenho um problema aqui.

— Lúcia, não precisa me defender. Você não me conhece direito. Eu fui fraco em me aliar ao Major e causei sofrimento para aquelas pessoas. Talvez o meu destino seja ficar preso pelo resto dos meus dias.

— Coronamon, você precisa calar a boca e deixar eu resolver isso — disse dando um cascudo nele. — Eu sei que fez coisas más, porém fez isso por divertimento? Capricho? Conheço pessoas boas que já fora corrompidas no passado. Meu irmão, Lucas e meu padrasto. Mas eles voltaram atrás e trabalham para o bem. Coronamon já provou ser bom quando me ajudou quando era SkullMeramon. Slash, você é o meu irmão, não é? O Paulo do futuro. Você sabe que já trabalhou para o lado mau, Monodramon também. Se tem um pouco de remorso, deixe Coronamon livre. Eu tomo conta dele.

Slash se comoveu com as palavras da sua irmãzinha. Realmente ele não parou para pensar nisso, haja vista passaram tantos anos. Ele era um soldado há muito tempo e meio que perdeu o senso de empatia no meio do caminho. Respirou fundo e assentiu. Permitindo que Coronamon continuasse com a condição de que Lúcia tomaria conta dele.

— Galera, vamos para a arca — falou Nashi.

Antes, porém, Coronamon pediu para que houvesse uma breve parada na sua antiga moradia. Por conta da queda da ilha, provavelmente estaria destruída. O seu intuito era de pegar algo especial lá antes de partir com os humanos.

— Tem certeza que não quer ajuda? — perguntou Kotemon.

— Claro que tenho! Eu sou forte pra mover isso. — Ele pôs extrema força para mover a porta de pedra, mas sequer moveu. Depois que seu poder foi tirado por Major, consequentemente a força física também. Kotemon e Monodramon ajudaram-no.

A casa de Coronamon ficou em ruínas, mas o pequeno baú acabou intacto. Ele pegou a chave dentro de uma gaveta e abriu o objeto. 

— Aqui a prova.

— Isso só pode ser brincadeira! Quer dizer que o Chanceler já foi bondoso? — Nashi ficou impressionado.

A foto com os três colegas serviu de prova para Coronamon explicar sobre o seu amigo Strabimon. Deveras soube há pouco tempo que o Chanceler Merukimon era a forma mega de Strabimon.

— Precisamos pará-lo o mais rápido possível. Muita coisa ruim aconteceu depois que ele virou o Chanceler, e nem mesmo Major podia ser tão mau quanto ele, mas ele com certeza pode voltar a ser o que era antes.

— Não sei. Não me parece prudente tentar extrair algo de bom em alguém tão perverso. As maldades do Chanceler são muito perenes desde que se tornou governante. Não me parece que esteja sendo manipulado — concluiu Slash.

A pouca coisa que Coronamon pegou na sua casa foi comida não perecível. Levou uma trouxa para a arca.

— Uau. Que grande.

— Nosso transporte desde que nos separamos. Espero que nos juntemos logo, porque enfrentar o Chanceler não será fácil e as coisas ficarão mais sérias daqui para frente — disse Nashi preocupado.

 

Capitólio, Nevraska

A sede da defesa da ilha foi invadida pelos digiescolhidos e por Freezemon. Aproveitando-se dos poucos segundos que restavam, entraram sem serem notados, colocaram uma bomba no gerador do edifício. A explosão literalmente destruiu alguns andares, mas os soldados do Chanceler não sofreram danos severos. Jin aproveitou cinco minutos depois da explosão e do tumulto para implantar um bug no sistema de defesa.

Na saída, os funcionários corriam com medo. Eles se misturaram na multidão como forma de escapar sem serem vistos, apesar do disfarce ter acabado. Bingo, o alarme não acionou em Capitólio depois que voltaram ao normal. Entretanto, uma poderosa força aproximava-se deles, obrigando Pinocchimon e Gokuwmon a intervirem.

— Tô curioso pá sabê como conseguiram destruir a sede da defesa? Aquela explosão foram cês que fizeram? — perguntou Gladius Bearmon. Era nítida a tensão que se formou ali. — Desculpe, mas... mas eu num posso deixá cês escapar. 

Freezemon ficou tenso depois que Gladius apareceu. Ele sabia perfeitamente que aquele digimon era extremamente forte e um dos três maiorais do Chanceler. Os soldados mais fortes do governo mundial, mais fortes até mesmo que muitos governadores. Aquela informação chocou os digiescolhidos por um momento breve.

— É, parece que não temos escolha. Vamos ter que lutar de qualquer jeito contra ele — concluiu Gokuwmon.

O inimigo deixou Freezemon tenso, porque ele o conhecia perfeitamente. Que ligação Freeze e Gladius possuem?

...

Praia das Trevas

A quimera em metade Devimon metade Gokugumon tentou atacar Aiko, porém sofreu um um ataque de Agumon. Os dois viram a forma grotesca da criatura e, apesar de assustadora, o digimon não hesitou em enfrentá-la.

— Você nem ao menos consegue digievoluir. Não temos o legacy.

— Aquele monstro pouco liga para isso. Acho que terei que lutar sem evoluir mesmo.

A incerteza de lutar sem evoluir deixou os dois tensos. Mia White apareceu com Betamon e entregou o legacy a ele.

— Muito obrigado.

— Agradeça a outra pessoa. Ele resolveu aparecer de última hora. Melhor você evoluir de uma só vez.

Agumon sentiu o seu poder de volta. Antes era certeza que não evoluiria, mas agora a certeza era contrária. Aiko não esperou duas vezes e permitiu que o seu parceiro virasse Geogreymon.

O causador da inibição da evolução era o farol na praia. Intuitivamente, Oliver pediu para que Ballistamon e Shoutmon destruíssem as paredes da construção. Assim sendo, revelaram uma superfície preta por baixo da alvenaria; era uma torre negra estrategicamente colocada lá. Aquilo fora obra do governador Megido para impedir que os digiescolhidos evoluíssem seus digimons.

A quimera touro-escorpião se revelou para Oliver.

— Vamos arrebentar, Olie — disse Shoutmon fazendo pose de cantor.

No lado do Aiko, Geogreymon lutou contra a quimera demônio-aranha. O poder do réptil era suficiente para derrotar o monstro. A quimera caiu dentro do mar.

— Conseguimos!

Um redemoinho surgiu um pouco distante da praia. Uma explosão ali fez surgir uma coluna de água que caía por todos os lados. A criatura mais temida da área das trevas surgiu.

— Ooooooooh... oooooooh...

— Essa voz... — disse Aiko tremendo de medo e sentindo calafrios. — Essa voz escutei nos meus sonhos.

— Como assim? Do que está falando? — perguntou Mia.

— Quando Ray se tornou maligno, essa voz várias vezes tentou me influenciar. Ser como o meu irmão. Assim como aquela quimera fazia há pouco. Então era ele.

Oliver e Shoutmon conseguiram destruir a quimera touro. Sentiram um forte vento arrastar a neblina para longe. Dava para ver a sombra gigante no meio do mar. Logo depois a forma verdadeira do digimon com vírus mais puro apareceu.

A função de reconhecimento de dados dos legacys de todos os digiescolhidos não funcionava. Eles estavam prestes a enfrentarem um inimigo desconhecido.

— Dagomon...

— O que disse, Mia? — perguntou Betamon.

— Lembra que Gennai falou dele? É a criatura mais primitiva dos digimons vírus. O dono do mar das trevas. Aquele que guarda os dados dos digimons ruins.

— Isso quer dizer que...

— Ele deve saber os poderes dos inimigos que enfrentamos. Pelo menos daqueles que não renasceram. Dagomon. Chegou a tua hora de parar de brincar com os sentimentos alheios.

Mia também sentia calafrios, mas mantinha-se mais calma que Aiko. Ela também reconheceu aquela voz.

Continua...


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