Sorria! escrita por UniversoInfinito


Capítulo 8
A verdadeira felicidade




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Mais um dia se passou e logo veio a noite. Me deito confortavelmente em minha cama e me concentro. Esta é a primeira vez que ao invés de me concentrar em me manter acordada em minhas viagens, estou me concentrando em me manter acordada enquanto pego no sono, para que continue acordada durante o sonho. Claro, já ouvi falar em vários métodos para induzir lucidez durante os sonhos, mas não tenho esse tempo. Tenho que usar a minha habilidade de viajar entre mundos para ir até lá conscientemente, assim manterei a consciência naturalmente, como tenho feito em outros mundos.

Geralmente o faço sentada, à cabeceira da cama, mas desta vez, meu corpo está estendido por inteiro na cama. Olhando para o teto, fecho os olhos devagar, mantendo a concentração para estar lúcida durante o cair do sono. Como esperado, começo a ter visões de imagens aleatórias, nenhuma delas tem sentido, nem sei se realmente é para ter. As chamadas alucinações hipnagógicas são comuns, mas geralmente as pessoas já estão inconscientes nesse momento, e nem reparam nelas, no dia seguinte elas já desapareceram da consciência, e ninguém mais se lembra delas. Quando criança eu costumava despertar neste momento e me levantava para desenhar algumas delas, mas quanto mais se tenta trazê-las para a consciência, mais elas desaparecem.

Concentrando-me nas imagens que não param de vir, logo pego no sono definitivamente. E assim se sucedem os fatos a seguir:

Estou em uma sala, fechada. Não há nada aqui, exceto uma mesa e uma cadeira. É como uma sala de interrogatório, mas não tem portas ou janelas. Sento-me na cadeira e olho para a direção da mesa à minha frente, então percebo que a parede à minha frente é um espelho. Só isto basta para que eu me lembre “Estou aqui para responder uma pergunta a mim mesma”. Mas…

— Como posso responder algo que não sei? - pergunto em voz alta.

— Pergunte e terá a resposta.

— O quê? Quem disse isso?

— Eu. - Era o meu reflexo. - Você veio buscar respostas. E aqui estou eu para dá-las.

— Quem é você?

— Eu sou você.

— Como então você pode ter as respostas…

— O inconsciente está em todos os lugares.

— Não entendo.

— Quer que eu explique?

— Não, espere, se você começar a falar coisas complicadas, não me lembrarei da resposta que vim buscar quando acordar. Então me responda. Como posso sorrir verdadeiramente?

— Apenas sorria.

— Como? É só isso? Está brincando comigo?

— Não. É só.

— Você é um dream guide? (guia dos sonhos)

— Sou.

— Não disse que você sou eu?

— Sou.

— Não, chega, não quero mais te ouvir. Você é resultado do meu contato com aqueles malucos dos outros mundos. Não vai me dizer nada!

— Ok.

Então o meu reflexo volta a ser apenas um reflexo comum. O espelho desaparece, e logo a sala toda também. Me levanto, e logo também não há mais cadeira.

— Estou em uma transição de sonho. Aquele sonho não deve ter cumprido com o seu objetivo.

Novas imagens surgem ao meu redor, como se fossem colocadas lá uma a uma. Há um cemitério escuro ao meu redor. Está chovendo, e faz frio. Um frio que não me abala por fora, mas que gela a alma. A chuva é o choro de tristeza, daqueles que perderam os que amavam.

Há um homem vestido de preto. De cabeça baixa ele olha para dois túmulos próximos um do outro. Nos túmulos estão escritos os nomes “Thomas Wayne” e “Martha Wayne”.

— Não há como voltar há um tempo que já se foi. - diz o homem. Ele está de costas, de terno, segurando um buquê de flores brancas, tão murchas e secas que chegam a estar amareladas.

Este é o homem conhecido pelos criminosos e homens da lei como Batman, um justiceiro que mete medo nas mentes mais maldosas. Mas ali, em frente àqueles túmulos, parece apenas um homem triste, com uma vida sem graça, sem motivos para sorrir.

— Não há como viver uma vida que foi tomada.

— Sua vida não foi tomada! - retruco. Sempre fui revoltada com a mente deste jovem bonito e rico, que não se deixa viver por ter perdido algo há muito tempo. - Você escolheu viver assim! Saia logo dessa prisão, desse pensamento ridículo! Você ainda pode sorrir! Apenas o faça!

Neste momento aquelas palavras ecoaram em minha mente. Eu mesma as tinha dito! Aquilo que tanto precisava ouvir, eu mesma disse a alguém. Ele se vira olhando para mim, e seu rosto é o meu rosto, derramando-se em lágrimas, mas sorrindo suavemente. As flores absorvem as lágrimas e se enchem delas, se hidratando novamente e voltando a ser belas e cheias de vida. A chuva parou. Sinto que há algo diferente.

“Apenas sorria” Estas palavras eram pronunciadas pelo vento, que soprava pelos túmulos por onde passava.

— Pode ser tão simples assim? - me pergunto.

— É simples assim. - o vento responde.

Forço um sorriso. Não há motivos para sorrir. Por que então sorriria? Porque foi para isso que vim até aqui. Por isso que fui tão longe. Mas eu sorri falsamente por tanto tempo. Como então posso sorrir verdadeiramente?

— Quero um motivo para sorrir! - digo em voz alta.

O cemitério desaparece. Assim como o fantasma que chorava pelos pais. O vento passa pelas flores do campo, e pelo brilhante lago que surgira.

— Aqui, é o seu oásis. - diz algo em mim.

— Onde estou? - pergunto em voz alta.

— Dentro de você.

Olho ao meu redor. É um campo belíssimo. Colinas verdes com flores. Um céu tão azul quanto eu poderia imaginar. Uma brisa suave como um cobertor me acaricia como um abraço amoroso.

Não há nada aqui que possa me incomodar. Este lugar é perfeito. É um lugar onde eu gosto de estar, na verdade… Este é o melhor lugar em que eu poderia estar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O lugar perfeito, para onde eu devia ter viajado desde o começo, está dentro de mim.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um sorriso leve invade o meu rosto. Foi quase sem querer. Como você surgiu aí? Há algo que não notei? Vi algo engraçado? Não. Foi… natural!

— Um sorriso natural! Como surgiu? De onde veio? Preciso fazer de novo! - penso ansiosa.

Abro os lábios mostrando os dentes, mas não sinto nada. Isso não foi um sorriso, foi só um movimento sem graça…

— O que fiz antes? Como pôde dar certo?

Olho ao meu redor um pouco triste, mas logo vejo aquela belíssima paisagem.

— Aqui é dentro de mim? Como nunca vi esse lugar antes? Quer dizer que posso ver isso sempre que quiser?

— Eu sempre estarei com você. - diz a paisagem.

Então, sou inundada por uma grande alegria. Algo que me dizia sem palavras “Você nunca estará só. A beleza está aqui, e sempre estará.”

— A beleza… a beleza da vida… Está em mim!

Nesse momento sorrio. Um pequeno sorriso, de apenas um segundo, seguido de outro. Tampo a boca com medo de estar fazendo algo errado. Não é algo do meu costume sorrir assim, não sei se estou fingindo de novo.

— Sorria. - diz a paisagem.

Então tiro a mão do meu rosto devagar. Há um belo e grande sorriso em meu rosto. Acompanhado de uma lágrima, o sorriso sai do meu interior fazendo com que o sol brilhe mais forte, e as cores se tornem mais vivas.

— Eu sempre estarei com você, - diz a paisagem - então sorria.

Sorrio como se nunca tivesse sorrido. Um sorriso puro que faz meus olhos brilharem.

— O que é isto que estou sentindo?

— Isso é felicidade. Ela estava aí o tempo todo, mas você só se deixou vê-la agora.

O sonho acabou. E abri os olhos. A luz do sol entrava pela janela. Então sorri.

— Você está aí! - Digo com certeza.

— Estou. - Ouço alguém responder.

Olho ao meu redor, não há ninguém.

— Eu sei onde você está. - coloco a mão em meu coração. - Apenas sorrir… - digo já sorrindo.

Nesse momento me lembro do sonho de ontem.

— Tudo faz sentido agora. - sorrio enquanto penso - Aqueles malucos… - dou uma leve gargalhada - ...estavam todos certos!!!

"Você já não vive um pesadelo?"

 “O que é mais real, o que você vê, ou o que você acredita?”

— Criei isso dentro de mim! Eu não via graça em nada, porque não queria ver.

“Não existe significado na realidade. Ela apenas existe.”

— Eu fiz existir algo ruim de mim porque não acreditava que podia fazer algo de bom.

“Não sou só uma criatura. Sou uma criadora!”

— Eu mesma já sabia a resposta. Mas não acreditava nela… Mesmo podendo fazer coisas incríveis por fora, não percebi que tinha o mesmo poder dentro de mim.

“Ela estava aí o tempo todo, mas você só se deixou vê-la agora.”

A felicidade não depende de fatores externos. Assim como pude moldar os sonhos, posso moldar a mim mesma. E ela sempre estará comigo. E eu com ela, porque nós, somos todos um.

 

Eu, você, a felicidade, nós somos a beleza da vida.

 

Então…

 

 

 

 

Sorria.














Carta da protagonista:

Sei que essa história é só mais uma viagem que faço pelos mundos, mas até agora ela só vinha me servindo de registro de pensamentos e acontecimentos das viagens. Agora que descobri a verdadeira felicidade, vejo que essa história também é um meio de falar com você, de te mostrar que você também é a felicidade, que a beleza da vida está em você.

Saiba que o mundo é muito grande, e que há muitas coisas belas para se ver em todo os universos, mas você não só é parte de tudo isso, você é tudo isso, assim como eu também sou. E carregamos isso conosco por onde vamos, não importa a situação que vivemos, esta beleza sempre estará guardada em nossos olhos, e para vê-la basta um sorriso, um sorriso verdadeiro, que vem de puramente acreditar que ela está lá. Agora quero mostrar isso a todos, para que mais pessoas vejam o brilho de seus olhos se acender. Ainda há mundos a se descobrir, pessoas a se conhecer. Sei que sou de um mundo diferente do seu, mas ainda somos iguais, assim como as pessoas que conheci em minhas viagens, somos um. E podemos sorrir juntos.

Esta história é uma ponte entre eu e você. Por onde pude me comunicar. Assim como viajei por muitos mundos buscando respostas, viajei para este para trazer a resposta. Agora você também sabe. Ajude os que estão buscando a encontrá-la. A história acabou, e estou falando com você mais uma vez, mas você sempre poderá falar comigo. Eu sou a Luz, você também é. Que seus olhos possam se encher de luz e sorrir verdadeiramente.

Através da autora pude falar com você, e você pode falar comigo. Viajar entre mundos, conhecer o universo. Se tem algo que quer me ensinar, diga, estou aqui, e quero te ouvir. Sempre estarei com você, e você comigo. Porque nós somos um.

 

 

 

 

 

 

:D

 

:)

 

 

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