Sorria! escrita por UniversoInfinito


Capítulo 3
A felicidade de uma flor




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“Indefesa é algo que não sou” pensei.

A faca desce pesadamente sobre o meu rosto. Fecho os olhos, mas não tenho medo. Quando abro já estou atrás dele. A cadeira cheia de fitas adesivas no formato do meu corpo. E eu, segura e livre.

— Como…

— Então você não tem a resposta?

Ele ri.

— Para mim, sorrir é natural. Se encontrar uma resposta para isso, vê se fala com aquele morcego, teu amigo. Quem sabe ele não começa a entender as minhas piadas? Ele não ri nem quando um circo pega fogo.

Fecho os olhos, e logo estou sentada em minha cama. Ainda tenho um pouco de conexão com o último lugar que fui. Ouço uma risada. É o Coringa. Ele ri e depois diz:

— É... Igualzinho ele...

A meditação terminara. Olho pela janela, o céu está escuro e as estrelas parecem sorrir. Lembro de um menino, um menino cujo sorriso era lembrado pelas estrelas. Talvez ele tenha a resposta. Então fecho os olhos, e me concentro no espaço. Lá estava, no meio da imensidão do universo, um pequeno asteroide, com três pequenos vulcões, que não chegam nem a bater na altura do meu joelho.

— Oi. - disse uma voz assim que pousei. Procurei ao meu redor e não vi nada. - Aqui em baixo! - disse a voz.

— Olá. - falo agachando ao lado dela.

— Olá querida. Está perdida?

— Não, vim para falar com o menino que mora aqui.

— Ah, ele… Ele não está. Na verdade nem sei se vai voltar.

— Que pena. Não sabe onde ele pode estar?

— Não, você vai procurá-lo?

— Acho que não. Estou um pouco desanimada.

— Vai desistir assim tão fácil? O que te deixou desse jeito?

— Não encontro ninguém que me dê a resposta que preciso.

— Que resposta?

— Quero saber como é possível que alguém possa sorrir do fundo do coração.

— Ah, minha flor, mas isso é muito simples.

A flor parece saber muito bem do que está falando, então acho que vou ouvir. Só não gostei de como ela se dirige a mim, mas para a flor todas as moças devem ser flores.

— Quando o meu amor estava aqui, ele me dava tudo o que precisava, água, proteção, companhia para conversar… Eu me sentia completa. E por isso podia sorrir tranquilamente. Quando ele se foi eu não sorria mais como antes. Aquelas lagartas não eram boa companhia. Só sabiam comer e de nada me serviam para as minhas necessidades. Depois que viraram borboletas elas logo se foram e me deixaram sozinha de novo.

— Mas você estava sorrindo quando cheguei aqui.

— Mas é claro! Surgiu uma pessoa para conversar, me dar água e me proteger! Não é o meu príncipe, mas já serve para o que eu preciso.

— Sinto muito senhorita, mas não pretendo ficar. Tenho que encontrar a resposta.

— Mas eu já não lhe dei? Fique comigo agora!

— Sabe… Algo está errado na sua resposta. Seu sorriso não parece puro, nem vem de algo profundo de dentro de si. Tanto que você precisa que alguém te satisfaça para sorrir. Ainda falta algo que não entendo.

— Ah, fique pelo menos para ver o pôr do sol!

— Desculpe, não tenho tempo para isto. Preciso continuar a minha busca.

— Não se preocupe com tempo! Logo logo o sol vai descer.

— Mas cheguei aqui no meio da tarde!

— Não há problema! Aqui os dias são curtos. Logo você verá um belo pôr do sol. Ah… Como era belo, seus cachos dourados brilhando ao pôr do sol. Eu me lembro como se fosse ontem, mas já faz anos que ele se foi. É claro, num planeta tão pequeno, anos não é muito tempo. Ele estava tão bonito naquele dia… Limpou o planeta todo e se arrumou como nunca. Ainda me lembro quando aquele bando de pássaros o levou para longe...

“Já que a rosa não para de falar, acho melhor ir embora.” Penso enquanto me levanto. Ela nem percebe. Faço uma breve mesura, e dali desapareço.

— Estava achando que isso foi uma grande perda de tempo, mas até que a rosa deve ter razão em alguma coisa. A Lebre sorriu quando pôde tomar chá. O Chapeleiro e o Gato tinham tudo o que queriam também. E o Coringa parecia bem satisfeito com a vida que leva. Também conheço o Batman. Ele é um homem rico, pode ter tudo o que quiser ter, mas não superou a perda dos pais, apesar de ter todo o conforto, e ele não é bem humorado... Será que uma pessoa rica, bem sucedida e com tudo o que alguém pode desejar, consegue sorrir do fundo do coração?

Sentada em minha cama, espero que as estrelas me contem algo. Mas elas permanecem caladas. Apenas piscando e piscando. “Será que elas sabem que não entendo código morse? Ou será que estão caçoando de mim por eu não entendê-las?”

— Para mim nada é engraçado. Nada é divertido. Será que todos que riem são loucos? Aquela rosa não me pareceu muito sã. E se o engraçado for, fazer da vida uma piada? Isso não me parece divertido de forma alguma! Não sei a quem devo procurar… O Deadpool deve ser pior que o Coringa… O Homem-Aranha é um adolescente… Ai, como eu detesto adolescentes… Espero fazer 18 anos logo, assim vou me aturar melhor… E ainda me faltam 5 anos!!! Como vou aguentar até lá? Já sei. Vou procurar um homem feito. Rico, que viva com o amor da sua vida, que tenha amigos e goste de si mesmo. Se ele sorrir do fundo do coração, a rosa tinha razão.

Fecho os olhos, e ao abrir estou em frente a um grande prédio.

— É aqui.

Entro.


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