Sorria! escrita por UniversoInfinito


Capítulo 2
Por que você não está sorrindo?




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— Tchau! - gritou a Lebre me atirando uma xícara enquanto os outros riam. Abaixei a cabeça como de costume e a xícara foi se espatifar numa árvore à minha frente.

— Malucos...

— Aqui todo mundo é

— Gato!

— Olá! – disse tirando as orelhas da cabeça como se fossem um chapéu. Sorriu e começou a desaparecer.

— Espere! – ele volta – queria que você me ensinasse...

— O quê?

— A sorrir.

— Oh, isso? É um dom natural. Todos os gatos de Cheshire sabem sorrir, e a maioria o faz.

— Mas seres humanos também sabem rir.

— Sim, como o Chapeleiro. Aqueles malucos lá atrás riem de qualquer coisa.

— Mas eu não. E vim aprender.

— Oh, então deveria pedir ajuda a um humano como você.

— Como eu?

O gato desaparece e fico parada naquele bosque escuro e sombrio. Não tinha medo, pois em minhas viagens já havia aprendido muitas coisas, e algo que eu não sou é indefesa.

— Preciso encontrar uma pessoa séria que não tem problemas para rir... – uma ideia maluca me veio à cabeça, talvez influenciada pela atmosfera do mundo subterrâneo, mas eu acreditava que poderia dar certo.

Sentei-me em meditação para concentrar meus poderes psíquicos. Fechei os olhos e quando abri me vi sentada na calçada de uma rua de uma grande cidade. Uma moça atravessava a rua com o carrinho de bebê. Seu enorme chapéu parecia lhe tampar bastante a visão.

Dois carros vieram correndo com alguns homens nas janelas atirando para trás. Eles desviaram da moça que gritou estridentemente. Um terceiro carro, preto e um pouco comprido vinha atrás. A moça tirou o chapéu mostrando seu rosto pintado de várias cores. Ali estava a pessoa que eu procurava. O Coringa. Ele tirou uma enorme bazuca do carrinho de bebê e atirou no carro que vinha em sua direção, o carro apenas desviou e foi embora atrás dos outros.

— Droga! Eu errei!

Ele olhou para mim e fez um sinal. Um carro saiu das sombras de uma esquina, suas portas abriram e me puxaram para dentro, e depois pegaram ele também. Ele fez sinal de silêncio com o dedo indicador sobre os lábios enquanto um homem amarrava meus braços nas costas. Então pulou para o banco do motorista o jogando na rua enquanto o carro corria. Atirou para frente e gritou de raiva.

— Ele sumiu! Esses inúteis! – olhou para trás e atirou no homem que estava me segurando, que morreu na hora. – Estou me sentindo melhor agora.

— Vou acabar morrendo desse jeito – pensei. Tenho que sair daqui.

Tomando cuidado para não fazer nenhum movimento brusco tentei me livrar do que me amarrava, porém eram fitas adesivas muito resistentes, e puxar só as apertava mais.

Ele colocou uma máscara de gás e jogou alguma coisa perto de mim. Só estávamos nós no carro agora. O objeto começou a soltar uma fumaça, e tudo ficou escuro.

Quando abri os olhos estava numa sala escura. Ele estava sentado numa mesa olhando para mim bastante sério. Tentei levantar do chão e notei que estava acorrentada.

— Eu sei que já te vi antes. Você é amiga do morcegão não é?

— Não exatamente...

— Já vi vocês juntos, há alguns meses.

— Sabia que o Batman não conseguiria te pegar tão cedo.

— Sabia?

Confirmei com a cabeça.

— Ele não pegou, porque eu não quis. – ele sorriu até as orelhas – este jogo está sob o meu comando.

Fiquei calada, sabia que qualquer coisa que falasse poderia me trazer problemas, mas não podia ignorar duas coisas: eu estava acorrentada sob os cuidados de um sádico terrorista, e eu fui até lá para encontrar uma resposta muito importante. Ele segurava uma faca repousada sobre sua coxa direita, a faca manchada de sangue me dizia para ter muito cuidado com o que fosse falar. Sabendo que o que eu queria era uma audiência com o Coringa, preparei as palavras na mente.

— Eu estava te procurando.

— A mim?

— Sim, vim para falar com você.

— Então tudo correu de acordo com o seu plano?

Pensei um pouco, não era meu plano estar acorrentada presa com um maluco num lugar desconhecido, mas a única coisa que eu podia fazer neste momento era conversar. Porém eu já tinha aprendido muitas coisas em minhas viagens, e não tinha medo do que ele podia fazer com aquela faca.

— É.

Ele se aproximou sorrindo e colocou a faca perto do meu rosto dizendo:

— Então... Por que você não está sorrindo?

Séria, olhei para a faca sem medo, ele pareceu não gostar. Seu sorriso desapareceu da face, ele se afastou um pouco para me ver de longe.

— Eu vim aqui atrás de uma resposta que você parece ter, mas receio que um maluco como você não conseguirá responder. – parei de falar assim que percebi que poderia tê-lo irritado, mas ele me surpreendeu com um sorriso.

— Eu não conseguirei responder? – ele riu ironicamente e olhou para mim ainda sorridente – E que resposta tão complicada é essa?

— Eu quero saber, como uma pessoa pode sorrir do fundo do coração.

— Isto? Ahahahahahahahaha. Você se colocou no meu caminho arriscando a sua vida por algo tão medíocre como isto? Já que veio até aqui, e ainda não deu nenhum sorriso vou colocar um sorriso no seu rosto que não sairá nunca mais.

Ele veio andando devagar na minha direção com a faca levantada no ar pela mão direita. Segurou o meu rosto com a esquerda e disse:

— Sorria... – levantando a mão direita um pouco mais e então descendo de uma vez.


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Notas finais do capítulo



(Batman tomando chá em casa:
— Salvar quem? Aonde?)

É, acho que não.




Escreva um Review e me conte o que está achando da história. Beijinhos leitores! ;D