Ao se aproximar da porta da casa, Naruto pôde ver a mulher tentando atacar um homem e ele pôde ter certeza de quem deveria atacar.

—Rasengan!— Ele gritou, correndo para dentro da casa.

—Naruto, espere! Se você usar o Rasengan a vítima também será atingida! – Sasuke apareceu com Gaara a alguns metros atrás de Naruto, que tentou parar, mas sua velocidade era alta demais e ele estava próximo demais da mulher.

Quando ele estava a dois passos da mulher que tentava atacar o homem, que se defendia de qualquer forma, ela se virou, encarando Naruto que pôde reparar nos olhos de retinas brancas que ela ostentava, e se assustou com aquilo o bastante para forçar o Rasengan contra o peito da mulher, fazendo o jutsu explodir pelo resto do cômodo.

—Suna no Tate! — Gaara disse rapidamente, erguendo uma mão e uma grande quantidade de areia passou por Naruto e a mulher, formando uma parede densa atrás da mulher ao mesmo tempo em que Naruto a atingia com o Rasengan.

A mulher foi empurrada para trás e bateu com força na parede de areia de Gaara, enquanto Naruto forçava o Rasengan em seu peito. Ela gritou e esperneou, mas não parecia realmente estar sentindo dor, parecia mais que ela queria agarrar Naruto, mas não conseguia por causa do golpe que o garoto dava-a.

Naruto se afastou e a mulher caiu no chão, de cara. Ele teria entrado em pânico se não fosse o choro do homem caído no chão, protegido pela parede de areia de Gaara que começava a se dissipar.

—Hey, cara! – Naruto chamou o garoto, que ele tinha percebido agora ser bastante novo, talvez mais novo que ele mesmo. O garoto tinha os olhos arregalados e as lagrimas pulavam para fora de seus olhos com uma facilidade enorme. – Você está bem?

Naruto deu um passo afrente, mas o garoto se afastou, se arrastando pelo chão, em pânico.

—Hey, eu não vou te machucar. – Naruto tentou novamente, mas o garoto se arrastou até o canto da parede, chorando com mais intensidade.

—Desista Naruto! – Sasuke entrou na casa, sendo seguido por Gaara e Kakashi. – Ele está em estado de choque.

Kakashi se agachou ao lado da mulher caída no chão, pressionando dois dedos contra o pescoço dela, percebendo a pele gélida e a falta de batimentos cardíacos.

—Ela está morta. – O homem disse e todos o encararam surpresos, Naruto por outro lado, estava em choque.

—O que? – Ele gritou. – Kakashi-sensei, por favor, diga que isso é mentira!

—Não há motivo para pânico, Naruto. – Kakashi disse, enfiando as mãos nos bolsos. – Você fez certo. Protegeu um cidadão de Suna mesmo que para isso precisou matar outro.

Gaara se aproximou do corpo da mulher, usando a areia para virar seu corpo para cima a fim de ver o rosto da mulher. Assim que o fez, seu choque foi maior que qualquer outra coisa.

—Não pode ser! – Ele procurou pelos papeis que Temari havia lhe dado.

—O que foi, Kazekage-sama? – Kakashi foi até o garoto ruivo, preocupado.

—Essa mulher. – Ele disse enquanto passava as folhas, procurando pela que ele queria, a achando rapidamente. – Ela é Tachibana Mei.

—Hey, Tachibana Mei não foi uma das vítimas de assassinato? – Sasuke se sobressaltou e Kakashi pegou a folha da mão de Gaara.

—O que? – Naruto piscou confuso. – Do que estão falando?

—Eu não sei o que está acontecendo aqui, mas eu não gosto nada disso. – Gaara disse antes de dar as costas e ligar seu walktalk. – Nii-san, você pode trazer Sakura até a rua da Academia? Eu preciso dela aqui imediatamente, câmbio.

—Acho que Shikamaru-kun e Nova-kun conseguem dar conta daqui pra frente, certo, câmbio?— Kankurou perguntou pelo walktalk.

—Claro.— Shikamaru respondeu. – Acho que as coisas não irão esquentar por aqui, câmbio.

—Kazekage-sama – Kakashi chamou Gaara, que desligou o walktalk e se voltou para o homem. – Acho que você deve saber que, se Tachibana Mei estava morta e agora estava andando por aí atacando as pessoas, as outras vítimas também podem estar vivas.

—Eu sei. – Gaara respondeu. – Só temos que encontrar as outras vítimas.

—De qualquer maneira, - Kakashi disse, se aproximando rapidamente do garoto em pânico no chão e lhe dando um golpe rápido na nuca, o fazendo desmaiar. Os outros arfaram surpresos. – temos que cuidar desse aqui primeiro.

—Rin, precisamos de você na rua da Academia de Suna. Venha para cá rápido, câmbio.— Sasuke disse no walktalk.

—Certo.— Rin respondeu.

*

—Parece que fomos as únicas deixadas de lado nessa festinha que ta rolando na rua da Academia. – Temari comentou acida. Ela agora estava sentada na beirada do telhado do prédio enquanto Shiori estava de pé sobre a caixa d’agua.

—Você sabe, o Kazekage-sama talvez só queira protege-la. – Shiori tentou, olhando ao redor.

—Gaara tem que entender que eu que tenho que protege-lo. – Temari disse. – Eu sei que ele é mais forte que eu, mas eu sou mais madura.

Shiori não concordou com a afirmação da garota, mas resolveu não dizer nada. Com certeza se ela dissesse a verdade para a loira, levaria uma porrada.

Ela olhou para a rua vazia abaixo de si, imaginando como deveria ser aquilo durante os dias comuns. Era visível que Suna era bem maior que Konoha e também tinha mais habitantes.

Algo se mexendo na rua chamou a atenção de Shiori e ela percebeu que era uma tampa de bueiro.

—Temari-san, venha ver isso aqui. – Ela chamou a garota que rapidamente pulou para a caixa d’agua onde ela estava, olhando para onde Shiori apontava.

—Mas o que... ? – Ela franziu o cenho quando a tampa do bueiro foi totalmente retirada e algumas pessoas começaram a sair lá de dentro.

*

—Quando exatamente o Naruto matou essa mulher? – Sakura perguntou, agachada ao lado do corpo da mulher que Naruto havia matado momentos antes.

—A poucos minutos atrás. – Kakashi respondeu. – Quando o Kazekage-sama a chamou, eram apenas 2 minutos depois do ocorrido.

—Isso é impossível... – Sakura murmurou, com os olhos arregalados. – O que está acontecendo aqui?

—O que foi, Sakura? – Sasuke exigiu, cruzando os braços sobre o peito.

—Essa mulher está morta há no mínimo uma semana. – Ela disse, encarando Sasuke com medo claramente em seu olhar. – Seria impossível que Naruto tivesse a matado nesse exato momento.

—O que? – Naruto gritou. – Mas eu vi ela atacando aquele cara! – Ele apontou para o garoto desmaiado no canto da sala. – Você também viu, Kakashi-sensei! Diga à eles!

—O Naruto está certo. – Kakashi disse. – Eu também vi ela andando como se estivesse viva e inclusive atacou aquele garoto.

—Alguém usando o Edo Tensei novamente? – Kankurou arriscou, mesmo achando a ideia ridícula em sua própria cabeça.

—Não. – Gaara respondeu. – A técnica do Edo Tensei dá imortalidade aos ressuscitados por esse jutsu e essa mulher parece ter morrido para sempre agora.

—Talvez algum jutsu de controle do corpo, como o de Shikamaru. – Sasuke arriscou.

—Ela parecia agir por conta própria. – Naruto disse sacudindo a cabeça negativamente.

—Alerta! Estão invadindo a Vila!— A de Temari soou gritando nos walktalks.

—O que?— Kankurou foi o primeiro a se pronunciar. – Temari, explique isso direito!

—Pelo esgoto!— Ela gritou. – Centenas deles. Não parecem ser ninjas e não sentimos nenhuma fonte de chakra.

—Você tem certeza do que está falando, Temari?— Kankurou exigiu.

—Você acha que eu brincaria com uma coisa dessas, seu idiota?!— Ela rosnou do outro lado.

—Kazekage-sama, peço permissão para atacar.— A voz de Shiori soou do outro lado.

—Permissão negada!— Gaara disse sério, tentando manter a calma naquele momento. – Permaneçam onde estão até minha segunda ordem.

—Mas Gaara...— Temari tentou argumentar, mas foi interrompida pelo irmão mais novo.

—Não!— Ele insistiu. – Estudem o inimigo e o local. Não podemos nos arriscar nesse momento.

—O que Shiori e Temari-chan estão dizendo é sério? – Rin adentrou a sala, assustando um pouco os presentes. Ayame estava em seu encalço, parecendo preocupada.

—Parece que sim, Rin. – Kakashi respondeu.

—Finalmente uma batalha de verdade! – Ele sorriu animado e todos rolaram os olhos, menos Naruto, que parecia estar pensando o mesmo que o garoto.

—Eu te chamei aqui para você cuidar daquele garoto. – Sasuke apontou para o garoto desmaiado no canto da sala. – Leve-o para um lugar seguro e fique com ele.

—Ah, Sasuke! Mas eu quero lutar! – Rin protestou.

—É melhor você fazer o que Sasuke disse, Rin. – Kakashi disse. – Ainda não sabemos com o que estamos lidando e jogar um genin no meio de uma batalha confusa seria o mesmo que enfiar o dedo no ventilador esperando que a hélice pare.

—Sakura-san, é melhor você ir com ele. – Gaara disse, surpreendendo a garota. – Numa batalha, o único que não pode se ferir é o ninja médico, então o quanto mais longe você estiver da batalha, melhor.

—Certo! – Sakura assentiu.

Rin foi até o canto da sala, pegando o garoto inconsciente e o jogando sobre seu ombro. Ele e Sakura saíram da casa, subindo para os telhados em busca de proteção.

—Ayame-chan, venha comigo! – Kankurou a chamou e a mulher assentiu, o seguindo para fora da casa.

*

—Gaara só pode estar louco! – Temari esbravejou, vendo o caos na rua abaixou de si. – Eu não suporto ficar aqui em cima vendo isso acontecendo com minha Vila e não fazer nada!

—Temos que obedecer a suas ordens. – Shiori soltou um suspiro e ligou seu walktalk. – Shikamaru-kun, você tem alguma ideia de como podemos resolver essa situação?

Alguns instantes se passaram e Shikamaru não respondeu, o que preocupou Shiori. Ela estava prestes falar de novo quando a voz de Nova soou tímida no walktalk.

—Shikamaru-kun está pensando.— Nova disse e Shiori arqueou uma sobrancelha.

—E por que ele não responde?— Ela retrucou. – O que está acontecendo aí, Nova?

—Não se preocupe, Shiori-chan.— Naruto disse. – Shikamaru tem seu jeito peculiar de pensar.

—Naruto-kun, o que está acontecendo realmente?— Shiori perguntou preocupada. – Sakura fez a autopsia no corpo da mulher? O que ela descobriu?

—Algo muito estranho está acontecendo.— Kakashi disse ao invés de Naruto. – É difícil de explicar.

—Como assim? — Shiori ficou confusa.

—Sakura disse que a mulher que eu matei estava morta à no mínimo uma semana.— Naruto respondeu de vez, antes que Kakashi o interrompesse. – Mas eu tenho certeza que ela estava viva quando eu a matei!

—Isso não faz sentido.— Shiori franziu o cenho.

—Eu sei!— Naruto gritou. – Mas você tem que acreditar em mim!

—Eu acredito, Naruto-kun!— Shiori disse certa do que dizia. De todas as pessoas, Naruto era uma das que ela jamais desconfiaria. – Mas isso ainda não faz sentido. Toda essa situação não faz sentido!

Ela olhou para baixo, vendo as pessoas andando sem nenhum rumo na rua abaixo. Era como se estivessem perturbadas com algo, sem saber para onde ir ou o que fazer. Definitivamente, aquilo não era um comportamento normal para pessoas.